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A SEMANA
EDITORIAL
Hora de juízo democrático e de união
O juízo democrático que faltou em 2018 a grandes parcelas da elite brasileira — a setores conservadores, lideranças partidárias da direita e da centro-direita, a empresários e a tantos outros segmentos hostis à esquerda que propagaram falsas equivalências e alimentaram uma campanha antipetista de tal forma insana que acabaram por alimentar a besta-fera do bolsonarismo — agora mostra-se um pouco mais presente.
O recente lançamento da candidatura Lula-Alckmin tem ganhado ares de movimento democrático, com paralelo recorrente até mesmo em relação ao momento de reabertura após o longo período da ditadura militar do pós-64. Está cada vez mais claro que a chapa é a que consegue combinar popularidade com capacidade de diálogo e de estabilização do cenário político e econômico do país. Um novo pacto está em construção.
Um grande sinal desta tendência aconteceu na última sexta, 13, com a divulgação de declaração de voto do ex-senador por São Paulo Aloysio Nunes (PSDB), ao jornal O Estado de São Paulo. “O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, disse, adicionando que “não existe essa terceira via; só existem duas: a da democracia e do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos”.
O tamanho da reconstrução civilizatória da qual precisa o país é gigantesco em todas as áreas. Serão necessários entendimentos, maiorias sólidas nos parlamentos, para uma grande virada de chave após este período nefasto de destruição e ódio. Todo o campo democrático precisa estar unido.
Espaço continua aberto
Os leitores e leitoras mais atentos devem ter percebido que esta seção do Nascente mudou: não traz mais, a partir desta edição, o Espaço Aberto. Com todas as possibilidades de interação oferecidas pelos diversos canais do sindicato, no site e nas redes sociais, a demanda por expressão por meio do boletim caiu nos últimos anos e faz-se, agora, a opção de dedicar este local a mais informes curtos à categoria e à sociedade. Este espaço, no entanto, continua aberto (com a mesma política descrita no Expediente), e poderá abrigar contribuições eventuais em forma de pequenos artigos de todos os interessados e interessadas.
Baker Hughes
Petroleiros e petroleiras da Baker Hughes têm assembleia nesta quinta, 19, às 19h, para avaliar e votar a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho 2021/2022 apresentada pela empresa. A assembleia é em modo virtual e para participar é necessário se inscrever pelo link is.gd/assbaker190522. O Departamento de Trabalhadores do Setor Privado reforça a importância da participação.
Oiltanking
Em assembleia no último dia 12, os trabalhadores e trabalhadoras da Oiltanking decidiram reprovar a proposta apresentada pela empresa com relação ao Acordo Coletivo de Trabalho 2022. A proposta foi rejeitada por 96% dos participantes, tendo uma abstenção e nenhum voto favorável. O Sindipetro-NF iniciará uma nova negociação com a empresa, visando atender as demandas da categoria.
Hotelaria
O NF se reúne com a Petrobrás nesta terça, 24, para tratar dos problemas de alimentação, higiene e conforto à bordo das unidades da Bacia de Campos. A entidade orienta a categoria a enviar relatos sobre estas condições para o e-mail [email protected]. Na edição passada do Nascente foram publicados casos graves de alimentação de má qualidade, banheiros sujos e problemas na climatização em plataformas como P-25, P-35, P-37, P-43, P-48 e P-50, mas o sindicato sabe que podem haver outros.
Transpetro 1
A Transpetro apresentou na segunda, 16, o resultado dos indicadores da PLR, onde atingiu 99,9% das metas. Sendo assim, a quitação da PLR seguirá o calendário Petrobrás e será paga em 31/05. Em contrapartida a FUP questionou o descumprimento do Índice de Disponibilidade Operacional – IDO que ficou com o seu resultado abaixo da meta estipulada. A empresa se comprometeu em apresentar os argumentos ainda nesta semana.
Transpetro 2
Ainda na Transpetro houve anúncio de que a empresa não vai mais pagar o Adicional de Gasodutos para trabalhadores(as) das bases onde não há mais interferência da Transpetro nas malhas NTS e TAG. A direção da FUP questionou o pouco tempo em que a empresa marcou para cessar o pagamento, bem como a não continuação da negociação da migração deste adicional pactuado no ACT.
Cícero
Aberta nesta semana a venda de ingressos para o espetáculo “Meu nome é Cícero”, que tem apoio do Sindipetro-NF. A obra é inspirada na trajetória do líder do MST Cícero Guedes e será encenada no Teatro Trianon, em Campos dos Goytacazes, no dia 5 de junho, às 19h. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro ou no site Mega Bilheteria, com valor solidário de R$ 20 para quem levar 1kg de alimento para doação ou tiver direito a meia-entrada. Saiba mais em @espetaculocicero no Instagram.
VOCÊ TEM QUE SABER
Hora de avanço para o Brasil e para o ACT
Da Imprensa da FUP
A 10ª Plenária Nacional da FUP, que terminou no último sábado, 14, e reuniu de forma virtual mais de 250 petroleiros e petroleiras de todo o país, discutiu estratégias para reconstruir a Petrobrás e o Brasil e avançar nas campanhas reivindicatórias do setor petróleo.
Por aclamação, a plenária aprovou o engajamento da categoria no movimento “Vamos Juntos pelo Brasil” para eleger Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República e derrotar o projeto fascista do governo Bolsonaro.
Os petroleiros também aprovaram moções de apoio às candidaturas dos representantes da categoria que disputam as eleições para deputados federais e estaduais por partidos do campo progressista, como o ex-coodenador da FUP, Zé Maria Rangel (pré-candidato a deputado federal pelo PT/RJ), Alexandre Castilho (pré-candidato em mandato coletivo a deputado federal pelo PT/SP), Alessandro Trindade (pré-candidato a deputado estadual pelo PT/RJ), Radiovaldo Costa (pré-candidato a deputado estadual pelo PT/BA), entre outros petroleiros e petroleiras.
Outra deliberação da 10ª Plenafup foi ampliar a campanha contra a privatização da Petrobrás e por preços justos para os combustíveis, com a implementação de Comitês Populares de Luta dos petroleiros e petroleiras em todo o país, além de brigadas digitais para fortalecer o diálogo com a sociedade nas redes sociais.
A unificação com a FNP das mobilizações em defesa da Petrobrás foi também aprovada pela plenária, assim como a construção de um Encontro Nacional Unificado de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP.
Em relação às campanhas reivindicatórias, foi aprovada a antecipação das negociações com a Petrobrás e com as demais empresas do setor com data base no segundo semestre. A Plenafup definiu ainda que o reajuste salarial deve contemplar a reposição da inflação e a recomposição das perdas dos últimos anos.
Os petroleiros e petroleiras aprovaram reivindicações relacionadas a condições de trabalho, saúde e segurança, efetivos, benefícios, entre outras questões dos Acordos Coletivos de Trabalho, que serão sistematizadas durante o seminário da FUP de planejamento de campanhas.
A categoria reforçou o fortalecimento da luta contra a exploração dos trabalhadores terceirizados, que são os que mais sofrem com a precarização e a desregulamentação do trabalho. Uma das deliberações aprovadas neste sentido foi a realização de um Fórum nacional para debater a terceirização.
A Plenafup também discutiu pendências das últimas campanhas reivindicatórias do Sistema Petrobrás, que se arrastam desde 2019, como Teletrabalho, HETT, Banco de Horas, Fórum de Efetivos, Tabelas de Turno e AMS.
Algumas das reivindicações para ACT
– Reposição da inflação e das perdas salariais dos últimos acordos
– Garantia no emprego
– Recomposição dos efetivos
– Regramento do teletrabalho
– Restabelecimento do Fundo Garantidor no ACT da Petrobrás para proteção dos direitos dos trabalhadores terceirizados
– Realização de um Fórum Nacional para discutir a terceirização no Sistema Petrobrás
– Resgate da AMS (garantia da margem consignável de 13%, restabelecimento da relação de custeio 70×30, buscar uma alternativa para o atual índice de reajuste das tabelas)
– Valorização da função dos brigadistas e fortalecimento das brigadas
– Exames periódicos para prevenção das sequelas decorrentes da Covid-19
– Garantia incondicional do Direito de Recusa
– Licença paternidade de 60 dias
– Proteção das trabalhadoras lactantes, com afastamento das áreas insalubres pelo tempo em que estiver amamentando
– Defesa da Petros
PLENÁRIA APRESENTA OS PRÉ-CANDIDATOS PETROLEIROS – Pré-candidaturas aos cargos de deputado federal e estadual com origem na categoria petroleira foram anunciadas durante a 10ª Plenafup. São sete os pré candidatos ligados à FUP e registrados em todo o Brasil até o momento. Os pré-candidatos no Estado do Rio são Zé Maria para deputado federal e Alessandro Trindade, Náustria e Robson Leite, candidatos a deputado estadual. Em São Paulo, Alexandre Castilho, candidato a deputado federal num mandato coletivo. Radiovaldo Costa, na Bahia para deputado Estadual e Edmilson Araújo em Sergipe também candidato a deputado estadual.
Doações de cestas passam de 13 mil
A pandemia da Covid-19 está começando a reduzir seus efeitos, mas os impactos nocivos do governo Bolsonaro continuam. O crescimento da miséria e da fome, o desemprego e a carestia, ainda maltratam os brasileiros e a solidariedade se mantém vital para milhões de famílias. Neste cenário, a campanha Petroleiro Solidário segue com sua agenda, sendo cada vez mais necessária.
Após dois anos de projeto foi ultrapassada a marca de treze mil cestas doadas para famílias não só do Norte Fluminense, mas também da Região dos Lagos e da Capital do Rio de Janeiro. Os alimentos são custeados pela FUP, pelo Sindipetro-NF e por doações individuais da categoria petroleira.
Neste fim de semana, por exemplo, o Sindipetro-NF realizou a distribuição de dezenas de cestas básicas em Rio das Ostras e em Barra de São João, distrito de Casimiro de Abreu. Essas ações se tornaram parte da rotina da entidade.
“Sabemos como piorou a vida dos trabalhadores nesse governo assassino que tiveram que trabalhar em subempregos para não passar fome e não morrer. Essas ações do gás ou de distribuição de cesta básica, que realizamos é muito importante nesse momento e não pode ser interrompida, enquanto tivermos esse desgoverno no poder”, lembrou o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Mais ações do gás
A Campanha também planeja realizar novas ações de venda de gás a preço justo com o objetivo sempre de, além de ajudar as famílias mais carentes, conscientizar a população de que a Petrobrás poderia cumprir o seu papel social e de indutora da economia brasileira, praticando preços de forma soberana, de acordo com a realidade nacional, e não em paridade com o mercado internacional.
“Tem gente voltando a usar lenha para cozinhar, tem gente que não tem dinheiro para comprar alimentos. Estamos com uma das maiores taxas de desemprego. Como que essas famílias pagam mais de R$100,00 em um botijão de gás? Estamos nas comunidades, dialogando com essas pessoas e mostrando porque o gás hoje é tão caro, porque a fome voltou a imperar no país. Essa é uma ação com dinheiro do trabalhador e da trabalhadora para o povo!”, concluiu Tezeu.
SAIDEIRA
Botijão de gás poderia custar hoje R$ 60, afirma engenheiro
Da Imprensa da Aepet
A Petrobrás poderia alterar sua política de preços sem causar prejuízo a nenhum dos setores envolvidos e assim beneficiar o consumidor, afirmam, em síntese, o economista Eduardo Costa Pinto e o engenheiro Fernando Siqueira. Eles participaram de debate que integra uma série promovida pelo site Outras Palavras, sobre os rumos da empresa. O conjunto de programas começou a ser veiculado em 26 de abril e tem ainda dois episódios nesta semana (dos dias 17 e 18).
Para Siqueira, da Associação dos Engenheiros na Petrobrás (Aepet), entre as estratégias para enfraquecer a companhia, a atual política de preços (PPI) é de desmoralização. “Para jogá-la contra a opinião pública e justificar sua privatização”, afirma. Segundo, a distribuição dos preços é “imoral”, assim como o lucro nos últimos anos.
“Imoralidade total”
De acordo com o engenheiro, no caso do GLP (gás de cozinha), por exemplo, a Petrobrás ficava com 32%, os impostos correspondiam a 18% e a parte do revendedor, a 50%. “Absurdo, imoralidade total. Aí eles mexeram, reduziram a participação da distribuidora de 50 para 38, altíssimo ainda, e na Petrobrás, que era 32, passou para 48, 49. A Petrobras absorveu a imoralidade”, critica Siqueira. “Se fossem cobrados preços corretos, o botijão poderia estar na faixa de 60 reais e ainda daria muito lucro para todo mundo.” Com média de R$ 114, aproximadamente, o botijão chega a custar até R$ 160. A situação vale também para o diesel, cujo lucro ele também chama de “imoral”.
Todos os programas podem ser vistos em youtube.com/outraspalavrastv.
SAMBA NA PRAÇA – Praça do Liceu, em Campos dos Goytacazes, lotada no último domingo em mais uma edição do Samba na Praça, projeto cultural que tem patrocínio do Sindipetro-NF. A iniciativa de grupos de samba do município tem promovido a ocupação do local público, estimulando o pertencimento e a cidadania. Além da arte, o projeto valoriza a solidariedade, com a arrecadação de doações para o Hospital João Viana e para a Campanha do sindicato contra a Pobreza Menstrual. O Samba na Praça acontece a cada terceiro domingo do mês.
NORMANDO
Rio da morte
Normando Rodrigues*
Ao despejar um moribundo no rio Guandu, militares mais do que reencenaram uma trágica história. Com o crime, homenagearam o casamento entre o fascismo e o liberalismo extremo e desumano, cônjuges que nos agridem em conjunto.
De um flanco vem a brutalidade fascista idealizada na sociedade “Velho Oeste” pretendida por bolsonaristas que matam porque podem e sabem matar, e porque não podem e não sabem dialogar.
Na outra ponta desse movimento de pinças atacam os neoliberais, com o pragmatismo pedestre que ousam chamar de “escolha racional”, por eles tão celebrada, em que pese o manifesto irracionalismo de suas ações.
A história acontece…
Sessenta anos atrás o neoliberal (avant la lettre) e golpista Carlos Lacerda transformava a então Guanabara em prol da estética dos ricos.
Do fim da integração via bondes entre os subúrbios operários e as praias, até a remoção de comunidades inteiras na marra, tratava-se de varrer os pobres para debaixo do tapete. Isso incluía o que ficou conhecido como “Operação Mata-mendigos”.
Lacerda criou o Serviço de Repressão à Mendicância, composto pela polícia estadual e codirigido pela secretária de serviços sociais, a agressiva Sandra Cavalcanti.
como tragédia…
Atingido o parco limite de acolhida minimamente humana do “Serviço”, as pessoas eram colocadas em veículos fechados nos quais seriam levadas a cidades do interior, supostamente de origem, onde seriam deixadas com algum dinheiro.
Daí os servidores encarregados do transporte fizeram a “escolha racional”. Bastava parar nas proximidades de uma das pontes sobre os rios Da Guarda ou Guandu e lançar as vítimas nas águas, para embolsar o dinheiro do mendigo, do combustível, da diária, e ainda ganhar como livre o tempo reservado à viagem interrompida.
Após uma vítima ter sobrevivido, o caso foi denunciado e dezenas de corpos foram achados. Muitos com evidências de tortura antes da queda, tratamento bem ao gosto do Lobisomem que ocupa a presidência do que já foi uma República.
e se repete…
Sessenta anos depois, três milicos da Marinha do Brasil (ou o “B” é do Lobisomem?) jogaram de uma das pontes do rio Guandu um perito criminal, já baleado e espancado, mas ainda vivo.
Protegiam a receptação de material roubado e vingavam-se de agressão, ameaça e abuso de autoridade cometidos pelo policial. E a “escolha racional”, aliada ao sentimento de “potência” de fascistas armados, indicou que poderiam agir como o fizeram.
A lógica fascista atua perfeitamente nos dois lados dessa repetida tragédia. Homens armados podem defender seus interesses imediatos sem limites civilizados e serem eles mesmos o investigador, juiz e executor de sentenças, contra aqueles que definam como “bandidagem”.
como farsa
A diferença entre o comportamento dos arremessadores de miseráveis (perito policial incluído) e o dos miseráveis economistas neoliberais que nos atiram ao abismo da desigualdade social, é, mais uma vez, apenas de escala.
Neoliberais e fascistas se baseiam numa lógica irracional e fria que chamam de “razão”, e que, contudo, não passa de um pastiche de razão, amputada de humanidade, incompleta na percepção e distorcida em sua finalidade. É a mesma “razão” farsesca com a qual o fascismo gerou Auschwitz e outros campos de extermínio.
No cerne dessa imitação canhestra de razão atua o algoritmo que trata o outro como um “não igual”, fruto de uma inteligência “artificial” em todos os sentidos, e por isto essencialmente burra.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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