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A SEMANA
Editorial
Bolsonarismo e machismo por trás dos crimes
A semana começou com o país da maioria – que ainda é formado por gente boa (mesmo entre aqueles que, sejamos compreensivos, foram enganados por Bolsonaro em 2018) -, o país daqueles que ainda têm algum senso de humanidade, o país constituído pelos que prezam a vida, sendo solapado pela covardia do crime político bárbaro do carcereiro bolsonarista de Foz do Iguaçu. E seguiu chocado com a hediondez do crime do médico anestesista de São João de Meriti. Dois homens brancos encorajados pela sensação de impunidade.
No primeiro caso, crime imediatamente conectável ao ambiente de ódio político disseminado por Bolsonaro, que dia sim e outro também insufla a parcela mais radicalizada do seu rebanho a ações violentas. Tudo nele exala morte: o culto às armas, o desprezo pela vida, pela educação, pela ciência, pela cultura, por tudo aquilo pelo qual vale a pena viver. Contam-se às dezenas as suas declarações que minimizam casos violentos, sempre de modo condescendente com o agressor.
No segundo caso, crime imediatamente conectável ao machismo estrutural do Brasil, que nutre nos homens uma relação objetificada com as mulheres e, se forem estes brancos e desprovidos de qualquer senso ético, com ainda maior poder de destruição. Neste episódio, o médico sequer se preocupou em estar sendo observado – apenas não contava que estava sendo filmado. Sensação de ser inimputável cultivada pela cor, pela classe, pela casta.
O tamanho da escada que teremos que construir para nos tirar do fundo desse poço político e moral em que nos metemos, enquanto sociedade, é abissal. Mas não há outro caminho para os que se chocaram com estes casos, na parte do que resta de bom deste país. Degrau a degrau, teremos que fazê-lo.
Privatizar faz mal
Previsto para a tarde desta terça, 12 (após o fechamento desta edição do Nascente), o Ato Público em Defesa da Petrobras e das Empresas Públicas, na Câmara dos Deputados, busca debater as graves consequências das privatizações das empresas estatais, principalmente as do setor energético, promovidas pelo desgoverno Bolsonaro. A entrega do patrimônio público atinge a soberania nacional e torna o Brasil vulnerável às crises econômicas e conflitos internacionais, além de comprometer o bem-estar dos brasileiros, com as altas tarifas de combustíveis, energia elétrica e gás de cozinha. Vários países, especialmente na Europa, começam a reestatizar empresas do setor energético.
Cetco
Petroleiros e petroleiras da Cetco têm assembleia geral marcada pelo NF para esta quarta, 13, às 19h15, para a apreciação e votação da proposta do Acordo Coletivo de Trabalho 2021/2022 apresentada pela empresa. A reunião será virtual pelo Zoom e os trabalhadores e trabalhadoras devem se inscrever antecipadamente pelo link: is.gd/cetco130722.
Oiltanking
Quem também tem assembleia marcada para esta semana é o petroleiro e a petroleira da Oiltanking Açu. Será nesta sexta, 15, às 15h, pelo Zoom. A categoria vai apreciar e votar a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho 2022 feita pela empresa. Havendo rejeição, será submetida proposta de greve e estado de assembleia permanente. O link será divulgado nas mídias digitais do NF.
O que sindicato faz?
Matéria especial do site da CUT, feita pela jornalista Rosely Rocha, conscientiza sobre o que faz um sindicato na vida dos trabalhadores. Em tempos de tantos ataques a direitos e de tanta precarização, estar unido e organizado é a única forma de virar o jogo. Os dados mostram que as categorias com sindicatos fortes são as que estão conseguindo atravessar em condições melhores (ou “menos piores”) o mar bravio do pós reforma trabalhista de 2017 e da crise econômica do bolsonarismo. Leia em is.gd/oquefaz.
Aposentados
Aposentados, aposentadas e pensionistas da base do Sindipetro-NF têm reunião setorial nesta quarta, 13, às 15h, excepcionalmente somente de forma online pelo zoom. Nesta semana, a categoria vai discutir o tema assuntos gerais, resultado das assembleias e informes da assessoria jurídica. Inscrições e mais informa-0ções podem ser obtidas pelo telefone (22) 981780079, com o Departamento de Aposentados.
Mulher negra
Depois do sucesso do Seminário Diversidades, o Sindipetro-NF já começou a organizar o próximo grande evento de formação e mobilização: um seminário para marcar a passagem do Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, celebrado em 25 de julho. A atividade do NF, no entanto, será dois dias depois, no 27. A data é uma homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência negra.
Vai que cola
O jornalista Lauro Jardim publicou nesta terça, 12, em seu blog no site de O Globo, a informação de que a gestão da Petrobrás enviou ofício aos cartórios eleitorais para solicitar que a Justiça Eleitoral não convoque petroleiros para atuar como mesários no próximo pleito. A alegação é de risco de desabastecimento de combustível. Típico de uma gestão bolsonarista que acredita que a empresa é dona do empregado, está acima da lei e não vê problema em dar uma desculpa esfarrapada.
VOCÊ TEM QUE SABER
Categoria petroleira parte pra cima deles
A FUP comunicou formalmente à Petrobrás, nesta semana, o resultado nacional das assembleias petroleiras que rejeitaram a contraproposta da empresa e aprovaram greve em caso de ameaça de privatização no Congresso — além de estado de assembleia permanente e contribuição assistencial. A aprovação de greve também foi comunicada ao presidente do Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Também nesta semana, a FUP realiza seu Seminário de Planejamento, em Brasília, e participa de ato nacional em defesa do pré-sal e da destinação das riquezas do petróleo para o povo brasileiro.
No Norte Fluminense, as assembleias foram encerradas no último dia 7, com expressiva participação da categoria. Foram 1025 votos favoráveis ao indicativo da FUP e Sindipetro-NF de rejeição da contraproposta de Acordo Coletivo feita pela Petrobrás (com apenas 4 contrários e 1 abstenção). Para o segundo indicativo, de aprovação de greve a ser marcada pela FUP em caso de envio, ao Congresso Nacional, de proposta de privatização da Petrobrás, os votos favoráveis foram de 1004 participantes das assembleias (com 14 contrários e 12 abstenções).
A manutenção de estado de Assembleia Permanente foi aprovada por 1021 votos (com 4 contrários e 5 abstenções), enquanto a contribuição assistencial foi aprovada por 921 votos (com 72 contrários e 37 abstenções).
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, o resultado expressa a grande insatisfação dos trabalhadores e trabalhadoras com a gestão bolsonarista da companhia. “A categoria deu um não do tamanho que a gestão da Petrobrás precisava ouvir. Ativos e aposentados viram a quantidade enorme de ataques aos seus direitos e foram à luta, com grande participação”, afirma o sindicalista.
Novidades
Dessa vez, o NF experimentou um modelo diferente. Além das assembleias nos aeroportos, que acabaram contemplando mais grupos das plataformas, também foram realizadas assembleias por mais dias nas bases de terra, para contemplar petroleiros que têm alternado suas presenças na empresa em modelos híbridos de trabalho. Também houve novidade com a adoção de assembleias para as SCR (Salas de Controle Remoto) e para os trabalhadores do Porto do Açu. O sindicato registrou ainda uma boa participação, na assembleia de Imbetiba, dos petroleiros da SUB (área submarina).
Madrugada antes do embarque vira uma jornada antes da jornada
Desde o início da pandemia da Covid-19, o Sindipetro-NF tem atuado para pressionar a gestão da Petrobrás a utilizar procedimentos que conciliem prevenção correta com a segurança no trabalho. Recentemente, a entidade tem verificado vários casos de testagens em hotéis, durante a madrugada, que provocam exaustão do trabalhador durante toda a jornada de trabalho que o espera à bordo.
“A Petrobrás tem inúmeros procedimentos e conceitos de SMS, mas de que adianta padrões, auditorias, reuniões e índices se estes não são capazes de impedir que os trabalhadores estejam acordados à 1h da madrugada, embarquem e trabalhem até as 19h em atividades com altas pressões, temperaturas, riscos de corte e quedas de grandes alturas?”, questiona o coordenador do Departamento de Saúde do sindicato, Alexandre Vieira.
O sindicalista denuncia que mesmo com as diversas cobranças feitas pela entidade, os procedimentos extenuantes continuam, sem que sugestões feitas pelo Sindipetro-NF sejam adotadas para resolver o problema.
A entidade reforça que os trabalhadores não devem se sujeitar a arriscar suas vidas e as dos colegas. “Para a empresa somos números que ela facilmente troca. Mas dificilmente um trabalhador com sequelas de um acidente como uma amputação ou perda de visão irá conseguir um novo emprego na mesma área”, conclui Vieira.
Propostas do NF
1 – Ter um posto de testagem no aeroporto. Nada convence a entidade de que uma empresa do porte da Petrobrás não consegue montar um posto de testagem no Aeroporto do Farol de São Tomé. E já verificamos que as desculpas da Petrobrás são mentirosas. Tanto a Vigilância Sanitária de responsabilidade da Prefeitura, quanto a INFRA responsável pelo aeroporto, negam que haja barreiras para essa implementação.
2 – Realizar a testagem por antígenos na noite anterior. Como o teste tem validade de 12 horas e, por exemplo, um voo às 6h da manhã tem como limite para decolagem as 10h. Este poderia ser realizado tranquilamente às 22h do dia anterior (não sendo o ideal, mas muito menos penoso).
3 – Realizar a testagem por RT-PCR, que tem 48 horas de validade. Neste caso, nem de estrutura a empresa necessitaria. A Petrobrás poderia criar convênios aos moldes dos exames periódicos e estes serem realizados nos laboratórios.
4 – Adequar jornada de quem não é de turno. Estabelecer adequação na jornada dos trabalhadores que não são de turno, limitando a 12 horas após horário de apresentação para a testagem.
Orientações do NF
1 – Todos os trabalhadores que tenham chegado às 12 horas após a realização da testagem, devem seguir para a enfermaria e relatar os sintomas de cansaço. Os trabalhadores não podem colocar a sua integridade física em risco em nome do lucro para os patrões. Devendo estes serem de alguma forma intimados à responsabilização pelas condições de capacidade de trabalho afetadas pelo cansaço.
2 – Que seja feita a denúncia e registro dessa situação nas reuniões de Cipa.
3 – Que seja cobrado no ajuste do ponto, como horário de trabalho, desde a apresentação para a testagem. Pois se a empresa não liga para a segurança, talvez se importe para pagar hora extra. Lembrando que não há argumento que justifique o não descanso do trabalhador.
4 – Mantenha a diretoria informada. O sindicato indica ainda que os petroleiros e petroleiras mantenham a diretoria informada sobre condições de saúde e habitabilidade, por meio de relatos para [email protected].
SAIDEIRA
Petroleiro Solidário faz nova ação do gás em cidade satélite do DF
Da Imprensa da FUP
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) junto com todos os seus sindipetros promovem nesta quarta, 13, às 7h, na cidade satélite de São Sebastião – Brasília DF, a ação “Preço Justo”. Cerca de 100 botijões de gás de cozinha (13 litros) serão disponibilizados para venda, cada um R$ 50, valor que corresponde pelo menos a metade do preço praticado hoje no mercado. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou que, de abril de 2021 a abril deste ano, o preço do botijão de gás aumentou mais de 32% no Brasil. O reflexo desse dado os trabalhadores sentem no bolso.
Representantes da FUP e de todos os sindipetros filiados estarão presentes para, além de prestar a ajuda humanitária, explicar à população sobre os prejuízos da política de reajustes dos combustíveis baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), adotado pela Petrobrás desde outubro de 2016, que considera o preço do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. O impacto vai além do valor dos derivados de petróleo, como gás de cozinha, óleo diesel e gasolina, também afeta os preços dos alimentos, transportes e demais itens, num efeito cascata com forte impacto sobre a inflação.
PARABÉNS, CNQ – A CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico) abriu as comemorações dos seus 30 anos, com o tema “Uma química de resistência, lutas e conquistas”. “Apesar da conjuntura difícil dos últimos anos, o momento pede o resgate da história da entidade – forjada pela luta em defesa das trabalhadoras e dos trabalhadores do Ramo, mas comprometida também com as pautas coletivas em prol do desenvolvimento social, econômico e ambiental, da macropolítica com projetos para o fortalecimento da indústria e, sobretudo, da soberania nacional”, defende a confederação, fundada em 24 de julho de 1992.
NORMANDO
Assassino nada intelectual
Normando Rodrigues*
Saltam aos olhos do Brasil as pegadas encontradas na festa de aniversário de Foz do Iguaçu, tornada em local de crime por um fascista. Pegadas que vão da tríplice fronteira com Argentina e Paraguai, no domingo, 10 de julho de 2022, à Zona Oeste do Rio, no domingo, 21 de outubro de 2018.
Entre os dois domingos, a trilha do real assassino passa pelo extermínio de militantes ambientais e de esquerda, de negros, de indígenas, de mulheres que recusam o papel de submissão, de LGBTQIA+ e, sobretudo, de pobres.
Em todas essas mortes, junto às de centenas de milhares de vítimas desnecessárias da pandemia de Covid-19, restaram vestígios dos cascos do responsável. Vestígios que levam até a rampa do Palácio do Planalto.
Cascos
No 2° ato do inesquecível “Rastros de Ódio”, de John Ford (“The Searchers”; EUA, 1956), os protagonistas seguem as pistas dos cavalos dos perseguidos e a tarefa demanda certa ciência da dissimulação adversária. Não é o caso das marcas dos cascos presidenciais, tão estupidamente óbvias quanto o próprio Lobisomem.
Lobisomem com cascos? Sim, pois o monstro impronunciável não é mais do que uma cavalgadura a incorporar o espírito do verdadeiro inimigo da humanidade, o fascismo.
No entanto, o testemunho de suas pisadas não é claro apenas em razão do teratológico licantropo-equino. Os rastros são também ululantes porque os cascos da besta-fera foram endurecidos na têmpera do mesmo ódio do bom título brasileiro do filme de Ford.
Cruel
O ódio se revela em cada detalhe onde o diabo mora. A 8 de julho, ao comentar a morte do premiê Shinzo Abe, o Licantropo tuitou que a execução fora mostra “de uma crueldade injustificável”.
Não se trata de mau uso da língua e sim de fiel retrato do sistema de valores do monstrengo, recheado por crueldades “justificáveis”, desde que praticadas contra o público alvo listado no 2° parágrafo.
A ideologia da “crueldade justificável” foi sintetizada pelo príncipe fascista Eduardo, lobisomenzinho de pequeno calibre que a 9 de julho assim discursou a seus eleitores:
“A esquerdalha nunca imaginou que tantas pessoas pudessem vir às ruas falar que, sim, quero estar armado… Quanto tempo ficamos ouvindo esses caras… aprovando estatuto do desarmamento e a gente falando educado? A gente não tem que respeitar esses caras, não”
Trevas
“Respeito” é algo que só recebe quem já o tem, ensinou o imprescindível Dalton Trumbo em “O homem de Kiev” (“The Fixer”, de John Frankenheimer; Reino Unido, 1969). Isto, contudo, está além da compreensão do pequeno-grande lobisomenzinho.
O discurso do lobisomenzinho precedeu o do pai no mitificado 9 de julho paulista, dia em que as trevas saíram da Estação da Luz em ostensiva marcha rumo ao passado, custeada por 1,7 milhão de reais da prefeitura de São Paulo. E as falas de pai e filho precederam em poucas horas o assassinato político de Foz do Iguaçu, do qual o licantropo é autor remoto, embora em nenhum sentido intelectual.
O lobisomem assumiu previamente a autoria do homicídio no domingo anterior ao de sua eleição. Era 21 de outubro de 2018 e de sua casa, na Barra da Tijuca – vizinha à do matador de Marielle Franco – o quadrúpede foi filmado ao expor seu programa de governo, via celular, para a malta reunida na Av. Paulista:
– Matar, prender ou deportar, os opositores.
O assassino de Foz do Iguaçu puxou o gatilho, mas o mandante senta na cadeira presidencial.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
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