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A SEMANA
Editorial
Petrobrás sob ataque de gafanhotos
A Petrobrás fechou o primeiro semestre 2022 entregando R$ 136 bilhões aos seus acionistas. O valor astronômico já supera, em muito, todo o ano de 2021, quando a companhia que deveria ser de todos entregou R$ 101 bilhões a apenas alguns. É uma pena que a população não perceba que este é o verdadeiro maior escândalo protagonizado pela empresa.
Os mais cínicos dirão que este despejo bilionário nas contas dos acionistas é um sinal de saúde financeira, que a empresa se comporta como privada mesmo tendo como acionista majoritário o governo brasileiro e que ser generoso com os investidores é atrair ainda mais investimentos. É o Capitalismo sendo Capitalismo.
O curioso é que estes capitalistas, que adoram bradar as virtudes da iniciativa privada, não se cansam de vampirizar o que foi construído por décadas pelo poder público, pelos impostos, pelo povo. A Petrobrás, que fabrica esta montanha de dinheiro à custa de vendas sucessivas de ativos e preços abusivos dos combustíveis, foi sequestrada por gafanhotos do mercado e somente uma intervenção muito vigorosa poderá trazê-la de vota.
Todo este saque, feito em um ambiente de normose (quando a anomalia é tão evidente e espraiada que não é percebida como tal) e legalidade, precisa ser desmascarado. Abrasileirar a companhia é tarefa urgente.
Curso gratuito
A Escola Dieese de Ciências do Trabalho está com inscrições abertas para o curso História do Movimento Sindical no Brasil. Todo o conteúdo é online e concede certificado. O material é dividido em seis aulas, abrangendo os temas “Definição de sindicato e contexto histórico”, “O movimento sindical na Primeira República”, “O primeiro governo Vargas e o enquadramento sindical”, “As iniciativas intersindicais durante a “República Populista””, “O golpe civil-militar e o “Novo Sindicalismo”” e “Panorama do movimento sindical na Nova República”. Mais informações disponíveis em www.escola.dieese.org.br.
CNQ 30 anos 1
Um ato político no último dia 28, com a presença de petroleiros dirigentes da FUP e de seus sindicatos, marcou as comemorações pelas três décadas de fundação da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT), entidade, que congrega 4 federações (entre elas, a FUP) e 83 sindicatos filiados.
CNQ 30 anos 2
A CNQ foi fundada em 24 de julho de 1992, mas, antes disso, os químicos e petroquímicos se organizavam por meio do Departamento Nacional dos Químicos da CUT. A base do NF é representada na entidade por Ana Carolina Matos, na Secretaria de Juventude; e Antônio Carlos Pereira, na Secretaria de Saúde.
Continue a doar
O NF continua, neste inverno, a parceria com artesãos para produção de mantas térmicas feitas com o reúso de caixas de leite longa vida. As doações de caixas de leite vazias e lavadas podem ser entregues tanto na sede de Campos dos Goytacazes (Av. 28 de Março, 485) quanto na sede de Macaé (Av. Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257). A parceria para a produção é com a Fraternidade Francisco de Assis.
Atlas da região
A região passou a contar com um instrumento online que reúne informações ambientais, educacionais, de saúde, economia, população e agropecuária disponíveis para toda a população. É o Atlas Socioeconômico Norte Fluminense. A iniciativa é da UFF (Universidade Federal Fluminense) e o acesso pode ser feito pelo site atlasnf.sites2.uff.br.
Mais Cícero
O espetáculo “Meu nome é Cícero”, que emocionou a uma plateia lotada no Trianon em junho passado, está de volta em duas apresentações programadas para os dias 27 e 28 de agosto, 19h, na Santa Paciência, em Campos. “Montamos um espetáculo para todos os espaços para diferentes experiências”, explica o autor Adriano Moura. Ingressos à venda em breve.
Vote em trânsito
Muitos petroleiros e petroleiras viajam a trabalho e poderão não estar em suas cidades no dia das eleições. Mas isso não é motivo para deixar de votar. O TSE lançou campanha para divulgar que está aberto, até o próximo dia 18, o prazo para solicitar o voto em trânsito. Haverá urnas disponíveis para este tipo de voto nas capitais e cidades com mais de 100 mil habitantes. Saiba mais em is.gd/vototransito.
VOCÊ TEM QUE SABER
Reação firme para manter Acordo Regional
A categoria petroleira, que está mobilizada nacionalmente para garantir seus direitos no Acordo Coletivo de Trabalho nas negociações com a Petrobrás, também pressiona a companhia a não retirar conquistas obtidas regionalmente pelo Sindipetro-NF. O Acordo Regional, que prevê direitos o “Dia de Desembarque”, o “Auxílio Deslocamento” e o “Turno Manutenção” têm vigência até o próximo dia 13 e a empresa não quer renovar.
“Com o fim da ultratividade os acordos perderam valor. Ano passado assinamos um acordo novo com os mesmos direitos, foi uma renovação dos acordos. E agora, dia 13 de agosto, eles acabam e a empresa não quer renovar”, explica o coordenador geral do NF, Tezeu Bezerra.
Ele explica que a entidade enviou, em 28 de junho, um ofício à gestão local da Petrobrás solicitando a renovação, mas apenas na sexta passada a empresa retornou, afirmando que quer acabar com o acordo do Dia do Desembarque e Turno da Manutenção. No caso do auxílio deslocamento, a companhia quer cláusula para limitar o direito a técnicos júnior — o que, na prática, acaba com o direito, pois não há quase ninguém como júnior na companhia atualmente.
O sindicato está debatendo formas de mobilização e reação e mais esta investida da empresa aos direitos dos trabalhadores. O tema é uma das pautas da reunião da Diretoria Colegiada na tarde desta terça, 02 (após o fechamento desta edição do Nascente), e também será discutido pelo programa NF ao Vivo, nesta quarta, 03, às 19h30, no Facebook e no Youtube do Sindipetro-NF.
O acordo regional em vigência foi assinado em 13 de agosto de 2021 e a íntegra do documento está disponível no site do Sindipetro-NF, em is.gd/acordoregional21_22. Os direitos são resultados de grande pressão da categoria e negociações do sindicato para que fossem reconhecidas especificidades dos petroleiros e petroleiras da região que precisam de amparo em acordo coletivo.
Assembleias aprovam reforço nas mobilizações pelo ACT
Os petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense aprovaram em assembleias realizadas em suas bases os indicativos da FUP e de seus sindicatos, de realização de mobilizações nas unidades operacionais e administrativas para fazer a empresa avançar na mesa de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho. Foram 99,45% de votos a favor, 0,11% contrários e o,44% de abstenções.
Também foram aprovados os indicativos de repúdio aos ataques contra a autonomia e a liberdade sindical e a ratificação ao manifesto dos petroleiros em defesa da democracia e do respeito aos resultados das eleições de 2022 com 98,78% a favor, 0,66% contra e 0,55% de abstenções.
As assembleias no Norte Fluminense começaram no dia 23, pelas plataformas e terminaram no último domingo — com envio de atas até o meio dia da segunda, 01.
Muito em jogo
“Nesta campanha, além das questões diretas que atingem os trabalhadores da Petrobrás, também está em jogo a defesa da própria Companhia enquanto empresa pública, em razão da investida do governo federal, no Congresso Nacional, buscando formas de privatizar a empresa. A categoria demonstrou sua insatisfação!”, disse o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Elika Takimoto nesta quarta no Teatro do NF
A professora Elika Takimoto lança nesta quarta, 3, às 18h30, no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, o livro “Como dialogar com um negacionista” (Editora Livraria da Física). A obra explora fronteiras e encara os desafios epistemológicos de um Brasil que “não conhece o Brasil” porque não se escuta, não sabe dialogar e assim não desenvolveu, ainda, as condições para celebrar sua diversidade como oportunidade para seu desenvolvimento.
Elika é graduada em Física e doutora em Filosofia. Seus trabalhos buscam diminuir as distâncias entre as Ciências Exatas e as Humanas. Como costuma dizer a autora, “todas as ciências são humanas”.
PETROLEIRAS EM PESO NA MARCHA DAS MULHERES NEGRAS – Mulheres do Norte Fluminense, entre elas diretoras do Sindipetro-NF e militantes petroleiras, estiveram entre as milhares que lotaram a orla da Praia de Copacabana, no último domingo, na VIII Marcha de Mulheres Negras, que teve como tema ‘Pela vida, direitos, dignidade e por uma sociedade justa e antirracista. Mais mulheres negras no poder!’. A caravana da região foi organizada por sindicatos e movimentos sociais de Macaé. Entre as entidades organizadoras da participação regional no evento estiveram o Sindipetro-NF, o Sindicato dos Bancários, o Sindiserv e o Sinasefe IF Fluminense. Outras 33 cidades fluminenses enviaram caravanas.
SAIDEIRA
Sindicato se aproxima de times amadores e leva debate político
É possível que o Borussia Dortmund, o time alemão, não tenha notícia da existência de uma equipe homônima em Campos dos Goytacazes (RJ) que, se depender do entusiasmo dos seus jogadores, também chegará a disputar
grandes ligas. É o Borussia CDM, do distrito de Goitacazes, que tem se destacado nos campeonatos amadores locais e passou a contar com o apoio do Sindipetro-NF em algumas das suas atividades.
Uma das mais recentes foi uma partida contra o time do América, no Estádio Municipal de São João da Barra (RJ), quando estenderam a faixa “Privatizar Faz Mal ao Brasil”, do sindicato e da FUP (Federação Única dos Petroleiros), para divulgar os riscos do desmonte do estado brasileiro.
Essa mistura de conscientização política e futebol amador na região tem sido acompanhada mais de perto pelo diretor sindical petroleiro Guilherme Cordeiro, que tem feito os contatos com os pequenos clubes. Ele identifica um grande potencial de diálogo entre a entidade e as comunidades onde estes times estão inseridos.
“Através do Petroleiro Solidário [a campanha solidária da FUP e seus sindicatos], a diretoria e os petroleiros tiveram uma entrada maior, uma participação nas comunidades mais pobres, atingidas especialmente pelo valor do gás de cozinha”, afirma Cordeiro.
Entenda porque Borussia
Leia matéria completa e conheça a história do Borussia CDM em is.gd/borussiacdm.
NF AO VIVO ESTÁ DE VOLTA – O programa NF ao Vivo, interação do Sindipetro-NF pelo Facebook e pelo Youtube, às quartas-feiras, 19h30, está de volta. Na reestreia, na semana passada, os diretores Rafael Crespo, Silvando Bispo e Tadeu Porto, assim como o advogado Adilson de Oliveira, listaram alguns dos mais importantes direitos da categoria petroleira que estão em risco e responderam a perguntas dos trabalhadores, especialmente sobre a vigência do atual acordo coletivo, em conversa moderada pelo jornalista Vitor Menezes. Nesta semana, o programa vai tratar dos acordos regionais, como os que preveem o dia de desembarque e o turno da manutenção, que estão sob ataque da Petrobrás.
NORMANDO
Prioridades distópicas
Normando Rodrigues*
Em “1984” George Orwell definiu: “liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro”. E o slogan ditatorial do romance complementava: “liberdade é escravidão”.
O Brasil distópico de 2022 vai além. Por que uma entidade de empresários exige dos candidatos à presidência a defesa da democracia? E por qual motivo essa mesma exigência gera descontentamento de setores do empresariado?
Fiesp
Trata-se da façanhuda Fiesp, de notáveis contribuições golpistas em 1964 e em 2016-18, que a 21 de junho divulgou suas sugestões aos presidenciáveis sob o título de “Diretrizes Prioritárias”.
Folha corrida à parte, a Fiesp apontou a necessidade de uma política industrial capaz de alavancar um novo ciclo virtuoso na economia. Mas há mais.
Para surpresa de alguns, surgiram protestos de diversos filiados à associação em razão do encaminhamento valorizar a “estabilidade democrática e o respeito ao Estado de Direito”.
2 + 2 = 5
O fato é que “democracia” não é um consenso entre os donos do capital. Muitos estão satisfeitíssimos com o presidente Lobisomem e seu enfrentamento obscurantista da pandemia, do qual resultou a morte de quase 700 mil seres humanos por “gripezinha”.
É claro que existem os ortodoxos, como a “conja” Rosângela Moro, que esperavam “um pouquinho mais” do Licantropo. Quem sabe, digamos, um milhão de óbitos.
É da estirpe desses troglo-capitalistas certo Winston Ling, autor da já antológica “precisamos (eles) de mais desigualdade, não menos”. Distintamente do Winston Smith de “1984”, Ling é um sujeito isento de angústias mundanas que se orgulha de ter apresentado o escroque Guedes ao Monstro.
Escravidão
Ling diz acreditar no dogma do pseudo-economista Mises: “a desigualdade impulsionada pelo mercado é fonte de progresso”. Algo do tipo “2+2=5”.
Acontece que se Mises estivesse correto nosso país, campeão de desigualdade social dentre as economias consideráveis há uns 40 anos, seria um pujante exemplo de progresso e não o maior caso de desindustrialização da história.
Apesar disso, colunistas e editorialistas do grande dinheiro desesperam-se ante sinais de que Lula pretende a reconstrução institucional estilo “mais estado”, para combater a desigualdade.
Fido Nesti
Se conseguissem ler Orwell poderiam entender a diferença entre um estado asfixiador da liberdade e um estado indutor do desenvolvimento econômico e garantidor dos direitos sociais e da proteção ao meio ambiente.
São, porém, bons fascistas, avessos a livros com “muita coisa escrita”. Talvez tolerem pelo menos o “1984” da excelente adaptação em quadrinhos do brasileiro Fido Nesti, que acaba de ganhar o troféu Will Eisner, o “nobel” dessa modalidade. Fica a dica.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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