Nascente 1275

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A SEMANA

Editorial

Para jamais esquecer que a vida vem primeiro

Entre os muitos descalabros passados e desmontes empreendidos na noite bolsonarista, o que diz respeito ao desprezo pela vida é o mais urgente a ser combatido, para que seu inverso seja reconstruído. No nível macro, a questão indígena, a questão ambiental e o vergonhoso retorno do país ao mapa da fome são prioridades inequívocas.

Mas o desprezo pela vida é uma cultura perniciosa que se espraia, e a Petrobrás e demais empresas do setor petróleo não ficaram imunes a ele. Neste segmento petroleiro, ele se manifestou na forma de acentuação acintosa do abandono, por parte da gestão bolsonarista da companhia, do que ainda havia em termos de políticas de segurança do trabalho e prevenção de doenças (vide o negacionismo em relação à Covid-19).

É por isso que o Sindipetro-NF tem razões de sobra para continuar a dar absoluta prioridade à segurança, como demonstram o pedido de interdição da P-50 e a atuação da entidade na cobrança por segurança nos voos e respeito aos petroleiros e petroleiras para que tenham condições dignas de embarque e desembarque.

A cultura de que a vida vale mais do que o lucro precisa estar muito incorporada até mesmo na própria categoria, que por vezes, bombardeada pelo discurso neoliberal, pode se deixar seduzir pela competição que individualiza e desumaniza. Estejamos atentos e atentas. A vida vem sempre primeiro.

 

Setorial sobre caos

A diretoria do Sindipetro-NF decidiu em reunião, na última segunda, convocar a categoria petroleira para uma setorial online no próximo dia 6, também segunda-feira, às 19h30, para dar informes e ouvir propostas e relatos em relação ao caos na logística de embarques na região. Como tem mostrado o NF nas últimas semanas, petroleiros e petroleiras têm passado por diversos transtornos com atrasos de voos e problemas de hospedagem. A entidade participa de um Grupo de Trabalho, que também reúne gerências da empresa, para discutir e apresentar soluções.

Mais sobre tema

O caos nos embarques e a preocupação com a segurança de voo também foram tema do NF ao vivo da semana passada, com os diretores Alexandre Vieira e José Maria Rangel, que avaliaram o quadro atual e fizeram um histórico das lutas do sindicato nesta área. O programa fica disponível em uma playlist no youtube do NF.

“Sem corrupção”

Relatório da Transparência Internacional divulgado nesta terça, 31, mostrou que Bolsonaro promoveu um “desmanche acelerado” da estrutura de prevenção e combate da corrupção no Brasil, “além de trabalhar para garantir a impunidade de familiares e aliados envolvidos em denúncias”, como registrou a RBA.

Contribua para o NF

A Petrobrás começou a mandar por e-mail para a categoria informe sobre a possibilidade de fazer adesão à contribuição sindical. Petroleiros do setor privado também têm essa opção. O Sindipetro-NF conscientiza e reforça o alerta sobre a importância de manter a contribuição para o sindicato. Este recurso é empregado na luta por garantia de direitos e melhorias salariais que se voltam em benefício do próprio trabalhador.

Viva o Dieese

O Dieese recebeu, no último dia 26, em Brasília, o prêmio Destaque Econômico 2022, do Conselho Federal de Economia. A entidade, que assessora o movimento sindical, ganhou na modalidade Desempenho Técnico, que “tem como objetivo prestigiar entidades públicas ou privadas que se destacaram na aplicação prática do instrumental fornecido pela ciência econômica”.

Salvar empregos

Centrais sindicais se reuniram com ministro do Trabalho e emprego, Luiz Marinho, nesta segunda, 30, e cobraram que o governo convoque o Grupo Americanas para tratar do rombo que põe em risco os empregos e direitos de 44 mil trabalhadores e trabalhadoras. A proposta do movimento sindical é que seja formado um grupo tripartite sobre o caso.

Luto

A categoria petroleira perdeu, no último dia 24, o companheiro aposentado da Petrobrás, Wilson Gesualdi Alves Ferreira, aos 66 anos. O trabalhador era filiado ao sindicato, casado e tinha dois filhos. Foi sepultado em Campos dos Goytacazes. Wilson iniciou sua carreira em 1985, onde trabalhou em sonda terrestre na Bahia. O NF registrou em suas mídias as condolências e manteve contato com os familiares.

VOCÊ TEM QUE SABER

Interdição pedida a órgãos fiscalizadores

O Sindipetro-NF protocolou na quarta, 25, ofício junto ao Ministério Público do Trabalho e a diversos órgãos de fiscalização, pedindo a interdição administrativa na plataforma P-50, na Bacia de Campos, em razão de riscos para a continuidade operacional, com potencial danos aos trabalhadores e ao meio ambiente. “As más condições de manutenção e de habitabilidade denunciadas tornam imperiosa a interdição administrativa da unidade e a atuação das autoridades competentes. A embarcação está submetida a um processo de degradação devido à falta de investimentos e manutenção de sua estrutura e maquinário”, afirma o sindicato no documento.

A entidade recebeu relatos da categoria que apontam problemas nos turbo-geradores, com falhas no sistema de aquecimento de água, que interfere no processo de separação e enquadramento de petróleo e água descartada. “Além disso, o gerador de emergência e o gerador auxiliar apresentam vazamentos no sistema de refrigeração, constituindo como um risco para a continuidade operacional em situações que exigem um tempo maior de utilização de tais equipamentos”, relata o sindicato.

Também há precariedade nas instalações e na integridade estrutural da unidade e do maquinário. Foram encontrados furos na linha de descarte de água oleosa, o que provoca aspersão de resíduos nocivos, com a contaminação do ar e de superfícies.

De acordo com o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, até o fechamento desta edição do Nascente os órgãos de fiscalização e a Petrobrás não haviam enviado respostas à entidade sobre o pedido de interdição.

“Chamamos a atenção das autoridades, apontando os problemas da plataforma. Se a Petrobrás já está colocando os trabalhadores nestas condições, imagine as outras empresas, nas quais os trabalhadores nem têm sindicato para representar”, afirma o sindicalista.

 

NF se reúne com CRT para esclarecer contribuições

A diretoria do Sindipetro-NF se reuniu no último dia 26 com o presidente do Conselho Regional dos Técnicos do Rio de Janeiro (CRT-RJ), Gilberto Palmares, para chegar a um entendimento acerca da participação dos técnicos petroleiros no conselho.

Após resolução recente do Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT), número 138, que regulamentou as atividades de Técnico Industrial de Petróleo e Gás, a Petrobrás passou a cobrar da categoria a vinculação a este conselho.

De acordo com o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, que participou da reunião com o CRT-RJ, há o entendimento de que a companhia não pode exigir de todos os trabalhadores esta vinculação ao conselho.

“Os que não trabalham na área, atuando como técnico de eletrônica, mecânica, instrumentação, qualquer uma, não precisam comunicar para a Petrobras se estão pagando o CRT. E eles pagam se quiserem. A Petrobrás não tem poder para fazer essa exigência”, explica Tezeu.

Tema do NF ao vivo

A questão dos Conselhos será tema do programa NF ao vivo desta semana, na quarta, 01, às 19h30, no Youtube e no Facebook do NF.

 

PCDs na luta por melhor condição de trabalho

Das Imprensas da FUP e do NF

Interrupção das transferências em curso (ou que ocorrerão em breve) dos trabalhadores e trabalhadoras PCDs e pais e mães de PCDs (Pessoas com deficiência) e disponibilização imediata da modalidade de teletrabalho em tempo integral para os empregados inscritos no PAE, até que a negociação sobre o tema chegue a uma regulação justa, foram as principais reivindicações deste segmento da categoria levadas à FUP em reunião no último dia 26.

Os petroleiros e petroleiras PCDs têm se mobilizado para garantir direitos neste novo momento do país e da empresa. A FUP se comprometeu a encaminhar um ofício à nova gestão da Petrobrás com os pontos destacados e dar sequência ao diálogo e construção com o Coletivo de trabalhadoras e trabalhadores PCDs e pais e mães de PCDs.

Na reunião com a FUP, as trabalhadoras e trabalhadores relataram as inúmeras dificuldades que enfrentam no dia-a-dia, o que reforça a urgência e a necessidade dessa pauta ser priorizada.

 

Base surpreendida com águas turvas

No último dia 24, a categoria petroleira do Parque de Tubos, em Imboassica, percebeu que a água que saía das torneiras estava turva e amarelada. O sindicato recebeu a denúncia e entrou em contato com a Petrobrás para cobrar explicações sobre o problema. A empresa respondeu que houve uma decantação no tanque no fim de semana e, em razão do pouco consumo nos dias em que a maioria das pessoas está em home office, acontece um arraste de água decantada quando o consumo volta a aumentar. Mas que não há nenhum tipo de contaminação que são partículas acumuladas devido ao tamanho do tanque que funciona como se fosse um decantador. Também informaram que o tanque foi limpo no dia 15 deste mês.

O NF cobrou que sejam colocados filtros e que seja alterado o local de captação da água do tanque, para que não haja arraste. A empresa informou que a água seguirá sendo monitorada para que não se repita. O Sindipetro-NF solicita que a categoria mantenha a entidade informada sobre qualquer alteração na água na base para [email protected].

SAIDEIRA

FUP e MNU em agenda conjunta por igualdade racial no setor

Da Imprensa da FUP

A construção de uma agenda conjunta de lutas por igualdade racial e de combate ao racismo na indústria petrolífera foi tema de reunião entre a FUP e o Movimento Negro Unificado (MNU). O encontro foi realizado no último dia 25, na sede da FUP, no Rio de Janeiro, com a participação de dirigentes sindicais que integram o Coletivo de Combate ao Racismo e Promoção de Igualdade Racial da Federação.

As lideranças do MNU reforçaram a importância do engajamento dos sindicatos nas lutas antirracistas e pelo aumento da diversidade nos espaços de poder das empresas do setor de óleo e gás. Um dos pontos abordados foi o desmonte das políticas afirmativas da Petrobrás ao longo dos governos Temer e Bolsonaro.

Em outubro do ano passado, o Ministério Público Federal chegou a acionar a Justiça para que a gestão da estatal cumprisse a Lei de Cotas nos concursos públicos. A Petrobrás também desmobilizou o Programa Pró-Equidade de Gênero, Raça e Diversidade que havia sido implementado nos governos anteriores do PT.

Estudo feito em 2020 pela subseção do Dieese na FUP revelou o impacto desse desmonte. O estudo chamou atenção para a baixa representatividade de petroleiras e petroleiros pretos em cargos de gerência no Sistema Petrobrás.

 

ATENDIMENTO NO HELIPORTO – O Sindipetro-NF promoveu na manhã da quinta, 26, uma atividade heliporto do Farol de São Thomé para conversar com os trabalhadores sobre o caos aéreo que está afetando os voos de embarque e desembarque na Bacia de Campos. Durante a atividade, o médico do trabalho Ricardo Duarte atendeu aos trabalhadores e ouviu relatos sobre como essa situação está afetando a saúde e segurança da categoria.

 

NORMANDO

Para ser um grande general (2)

Normando Rodrigues*

Continuação da coluna da edição passada

4° Lealdade

Liturgias dizem muito sobre os valores vigentes nas respectivas organizações, e aqui tornamos ao já referido “juramento”, o qual, apesar de dedicado à hierarquia, não a tornou inviolável à desonestidade dos militares bolsonaristas.

É claro que a dissimulação, a falsidade, o fingimento, fazem parte da arte da guerra e devem ser considerados como recursos bélicos. Consequentemente, um general que mente, finge, oculta seus torpes objetivos do povo brasileiro e das instituições que deveria guardar, comete traição tão grande quanto um militar que aponta a arma para seu superior.

Contudo, apartado o irracionalismo de militares desonestos, a própria jura deveria ser objeto de melhor reflexão em um país democrático. E talvez o modelo a ser seguido venha dos EUA, cujos militares são tão celebrados pelos nossos.

Desde meados do século XIX o militar norte-americano não jura lealdade a seu chefe, mas à Constituição de seu país, o que pode parecer uma bobagem mas diz muito em momentos de assanhamento golpista.

E, por falar em estímulos perversos, pensemos no oposto da lealdade, a traição.

O coronel comandante da guarda presidencial, personagem registrada (em áudio e vídeo transmitidos para todo o país) no momento em que dava guarida para terroristas e acobertava o assalto, destruição e roubo de bens cuja proteção é a razão de ser da unidade por ele comandada, cometeu traição à Pátria, nos termos da lei 1.802/53. Deve ser expulso com desonra e responder por crime comum, além dos crimes militares praticados.

Podem ainda se ombrear ao dito coronel traidor os membros do Gabinete de Segurança Institucional (órgão por acaso anteriormente capitaneado pelo intelectual general Etchegoyen) que teriam planejado ou executado os seguintes atos:

– tentativa de ingresso, acompanhamento e intimidação, sem qualquer convite, dos trabalhos da transição de governo;

– tentativa de sequestro de Lula no dia 12 de dezembro de 22, mediante terrorismo perpetrado nas ruas de Brasília para que o presidente, “sob pavor”, aceitasse sair do hotel em que se encontrava por meio de um helicóptero “gentilmente” disponibilizado pelo GSI;

– tentativa de golpe de estado mediante orquestração, incitação e participação na depredação das sedes dos três poderes, na esperança de que Lula, outra vez movido pelo “pavor”, decretasse Garantia da Lei e da Ordem e desse ao Exército o protagonismo político que os bolsonaristas tanto desejavam.

Eventualmente comprovadas tais autorias, traidores e conspiradores, em sentido mais lasso, deverão também eles ter o merecido destino prisional.

Continua na próxima semana.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

 

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