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A SEMANA
Editorial
Sindicato é agente e a gente, não agência
Um sindicato não é uma agência de serviços paga por clientes. Um sindicato é um agente político construído e mantido pelos seus filiados e filiadas. Isso implica em uma relação diferente com a entidade, com muito mais compromissos presentes todos os dias, nas rodas de conversas no local de trabalho, na conscientização, mas também em momentos específicos, como o que acontece agora, de eleições sindicais. Sindicato é a gente.
Esta será a nona eleição do Sindipetro-NF. Ao longo desses anos, desde a fundação em 1996, alguns pleitos tiveram mais participação, outros menos, alguns tiveram mais chapas, outros, como o deste ano, chapa única, mas sempre conservou-se o espírito democrático e de debate.
É muito importante que cada petroleira e cada petroleiro participe deste momento, manifestando-se por meio do voto e expressando as suas impressões sobre a atuação da entidade, suas reivindicações, suas críticas.
Essa participação é que faz a força do sindicato, um dos maiores do Brasil. É o que faz a entidade ser respeitada nas mesas de negociação, nos parlamentos, nas ruas, em todos os ambientes de luta em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras do segmento do petróleo e de todos os brasileiros. Uma grande presença nas urnas será uma mensagem potente, especialmente neste momento de reconstrução do país. Não deixe de se fazer ouvir.
Dutos: assembleia online nesta quinta
Petroleiros e petroleiras da base de Cabiúnas têm assembleia nesta quinta, 11h, online, para deliberar sobre indicativo de estado de greve na luta pelo pagamento do adicional de gasodutos. Desde o ano passado a empresa, descumprindo o Acordo Coletivo da categoria, deixou sem pagamento um grupo de trabalhadores na unidade que fazem jus ao adicional. “A categoria reivindica o pagamento dos retroativos e o avanço nas negociações nacionais em torno de um novo adicional de dutos”, explica o diretor do Sindipetro-NF, Matheus Nogueira, que é lotado na base de Cabiúnas. O link da assembleia será disponibilizado no site do NF.
Machismo
O crescimento de denúncias de assédio sexual na Petrobrás e a grande repercussão na imprensa, na esteira de casos também na cúpula da Caixa Econômica no governo passado, mostram o tamanho desta chaga no mundo corporativo. Este ambiente foi debatido em edição recente do NF ao vivo (is.gd/nfaovivo28).
Prioridades
O NF enviou nesta terça, 11, à Petrobrás, ofício em que questiona a prioridade concedida a um voo de comitiva de auditoria para a P-47, mesmo em meio ao caos aéreo. A aeronave levou 9 pessoas e retornou vazia. O sindicato cobra a priorização dos voos de troca de turma.
Eleições no NF
Começa no próximo dia 22 e segue até 5 de maio o período de votação nas eleições para a Diretoria Colegiada e o Conselho Fiscal do Sindipetro-NF. A apuração será realizada no dia 6 de maio. As informações oficiais da Junta Eleitoral estão disponíveis no site do sindicato, com acesso pelo qr code acima ou pelo link is.gd/eleicoesnf23.
Investigação
O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, afirmou nesta semana que determinou investigação interna sobre a Petrosix, após denúncia de irregularidades na venda deste ativo da companhia. De acordo com denúncia do jornalista Leandro Demori, há indícios de conduta ilegal de ex-diretores da Petrobrás que se tornaram gestores da Engevix.
Contra privatizar
Pesquisa Datafolha publicada no último domingo mostra 45% dos brasileiros rejeitam as privatizações e 38% são favoráveis. No caso da Petrobrás, o percentual de contrários é ainda maior: 53%, com 37% favoráveis e demais são indiferentes ou não sabem. Para bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, 36% a favor e 55% contra.
Morte em PCH-2
Embora esteja noticiando com discrição, em razão do necessário cuidado com um caso delicado, o sindicato está acompanhando com muita atenção as apurações acerca da morte de um trabalhador, no último dia 4, a bordo da plataforma PCH-2, na Bacia de Campos. O petroleiro foi encontrado morto e as circunstâncias ainda não estão esclarecidas. O sindicato reivindicou formação de comissão de investigação.
VOCÊ TEM QUE SABER
Caos aéreo: Assembleia para aprovar estado de greve
Desde 31 de março tem aumentado o número de relatos de problemas de embarque e desembarque dos trabalhadores na Bacia de Campos. As denúncias ao sindicato chegam por todos os canais diariamente. O diretor do Departamento de Saúde, Alexandre Vieira, apurou com a Petrobrás que houve uma redução de 40% das aeronaves que atendem à empresa no heliporto do Farol de São Tomé e a situação é semelhante nos outros aeroportos da região. O caos é crescente na região e a diretoria do NF decidiu, nesta semana, chamar assembleias em todas as plataformas, a partir desta sexta, 14, até domingo, 16 (com retorno de atas até às 12h da segunda, 17), com indicativo de estado de greve. O assunto também será debatido pela categoria na edição desta quarta, 12, do programa NF ao vivo, com representantes sindicais das bases mais atingidas pelo problema, nos litorais dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.
“A média de transportes por dia gira em torno de 2200 pessoas em toda a Petrobrás, sendo 1100 pessoas embarcando e o mesmo contingente, 1100, desembarcando diariamente. Lembramos que essas pessoas que aguardam o desembarque são as mais impactadas porque passam a ter seu descanso afetado”, explica Alexandre.
Histórico
Os sindicatos petroleiros do Norte Fluminense, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Litoral Paulista enfrentam o tema há vários meses e chegaram a realizar uma setorial conjunta com a categoria, além de reunião com a Petrobras. Nesta reunião foram feitas várias solicitações, sendo duas delas mais imediatas e de fácil solução, que era o pagamento de todas as HE (horas extras) geradas por conta do atraso de voos ser feito no próximo contracheque, já que os trabalhadores por necessidade de continuidade operacional e urgência da companhia trabalham no período que seria sua folga, assim como o pagamento das passagens para quem não mora na região, quando acontecer o atraso no voo.
Na manhã do último dia 5, o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, participou de uma reunião com o gerente geral da Petrobrás, mas não recebeu nenhum prazo concreto para atendimento das solicitações. A situação é crítica porque a companhia alega não ter aeronaves. Está prevista para junho a entrega de sete novas aeronaves, mas não é possível dimensionar se elas serão suficientes para resolver o problema.
“Ter aeronave mas não ter peça de reposição pode não resolver o problema. Algumas aeronaves não podem voar porque é preciso a troca de um determinado componente. Na aviação, as peças são em sua grande maioria trocadas pelo número de horas de uso. Se a aeronave tem um determinado número de horas tem de trocar componentes e não voam sem essa troca”, explica Alexandre.
A diretoria do Sindipetro-NF tem buscado a solução através do diálogo, entretanto alerta que a categoria está extremamente insatisfeita com a situação e aguarda uma solução imediata. Essa situação tem tido forte impacto na saúde mental da categoria petroleira, com consequente aumento do risco de acidentes a bordo. Os custos para pagamento de horas extras é bem menor do que os gastos com equipes de contingência em caso de greve.
“As solicitações do sindicato são muito mais baratas do que as consequências de uma mobilização nossa. Em greves anteriores, tivemos acesso a dados que a Petrobras estava gastando 8 milhões por dia para manter as contingências e isso, se considerarmos que por exemplo a empresa gastasse 6 mil reais com HE e passagens de todos os trabalhadores que estão embarcados, ainda assim seria mais barato para a Petrobras, pois nesses 8 milhões não estão incluídos as perdas de produção, só as equipes de contingência. O valor que a empresa vai precisar gastar, obviamente será menor que esse, pois não são todos os trabalhadores entre próprios e terceiros que moram distantes necessitando de transporte”, adverte Alexandre.
Petroleiras intensificam cobrança contra assédio
Da Imprensa da FUP
As diretoras da FUP, Cibele Vieira e Patrícia Jesus Silva, participaram nesta terça, 11, de reunião com integrantes do Grupo de Trabalho da Petrobrás que está discutindo mudanças nos procedimentos de tratamento e combate às denúncias de assédio sexual sofrido pelas trabalhadoras.
A reunião atende à solicitação feita pelo Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras à diretora executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás, Clarice Coppetti, no último dia 04.
Na ocasião, as dirigentes sindicais enfatizaram a necessidade da nova gestão da empresa envolver o movimento sindical na discussão de uma política de enfrentamento aos assédios sexuais, como também de combate a todas as outras formas de assédio que atingem as trabalhadoras e os trabalhadores do Sistema Petrobrás, tanto próprios, quanto terceirizados.
“O Coletivo de Mulheres da FUP vem cobrando há tempos medidas efetivas de combate aos assédios e abusos na Petrobrás. Esse, inclusive, foi um dos pontos da carta que entregamos a Jean Paul Prates, logo assim que ele assumiu a presidência da empresa”, lembra Patrícia, atual coordenadora do Coletivo.
Denuncie
No último dia 06, a FUP e o Coletivo de Mulheres Petroleiras criaram um formulário para receber denúncias das trabalhadoras e dos trabalhadores contra todas as formas de assédio, garantindo o anonimato de quem responde ao questionário (disponível em is.gb/formassedio).
Os formulários digitais, no entanto, não substituem o Canal Denúncia criado pela Petrobrás para que as trabalhadoras vítimas de assédio formalizem as denúncias: https://www.contatoseguro.com.br/petrobras.
SAIDEIRA
FUP e sindicatos formalizam pedido de adiamento do PED 21
Da Imprensa da FUP
Representantes da FUP realizaram, no último dia 4, reunião com o diretor de Riscos, Finanças e Tecnologia da Petros, Leonardo Moraes, que está acumulando a presidência da fundação, devido a saída de Bruno Dias, cujo mandato não foi renovado. A reunião contou também com a participação do diretor de Seguridade, Akira Miki, que, assim como Moraes, também teve o seu mandato prorrogado.
O encontro foi provocado pela direção da FUP, com o objetivo de apresentar formalmente à Diretoria da Petros documento solicitando que a Petros encaminhe ao Conselho Deliberativo (CD) a proposta de adiamento do Plano de Equacionamento do PPSP-R (PED 2021), cuja cobrança das contribuições extraordinárias está prevista para começar no próximo dia 25 de abril.
No documento, a FUP propõe que o CD da Petros solicite à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) o adiamento do equacionamento do PPSP-R por 90 dias.
A solicitação tem como objetivo aguardar, durante esse período, que a Secretaria de Previdência Complementar e Regimes Próprios do Ministério da Previdência viabilize mudanças na legislação infra constitucional, principalmente em relação a Resolução número 042/20 do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
“Segundo o Secretário, essa seria uma das mudanças prioritários da revisão que será feita”, afirma o diretor da FUP, Paulo César Martin.
No final de março, os representantes da FUP realizaram importantes reuniões em Brasília, com o novo superintendente da Previc, Ricardo Pena, e o novo secretário do Regime Próprio e Complementar do Ministério da Previdência Social, Paulo Roberto dos Santos Pinto.
NORMANDO
O nome do monstro
Normando Rodrigues*
Faleceu dia 7 de abril Benjamin Ferencz, o último dos promotores do Tribunal de Nurembergue, responsável pela acusação aos grupos de extermínio da Alemanha fascista, os einsatzgruppen.
O modelo alemão dos grupos de extermínio inspirou os “esquadrões da morte”, sustentáculo da Ditadura de 1964-1985, dos quais, por sua vez, derivaram as atuais organizações criminosas bolsonaristas, como relatou Bruno Paes Manso em “A república das milícias”.
O traço comum a ligar einsatzgruppen, esquadrões da morte e milícias bolsonaristas é a imposição de uma determinada ideologia pelo uso direto da violência, ou mediante ameaça terrorista.
Para os que ainda não sabem o que é terrorismo, tivemos mais uma amostra nos dias que se seguiram ao massacre de 4 criancinhas em Blumenau (SC). Dali até ontem, milicianos anunciaram promover novas matanças escolares em todo o Sudeste do Brasil e em vários outros estados. Tudo para instaurar o terror, insuflar a descrença nas instituições democráticas e propagandear a “solução final” pelas armas.
O morticínio em instituições de ensino já foi uma particularidade dos EUA, e os estudos norte-americanos apontam uma rede causal composta por: extremado individualismo narcísico; intolerância ante a diversidade (seja do meio escolar para com o agressor, ou vice-e-versa); crença na resolução dos conflitos via força, em lugar do debate; explosão de ressentimentos; corrosão da autoridade familiar e docente; e facilidade de acesso a armas.
Consternada ao se perceber tributária do narcisismo homicida, a imprensa brasileira tardiamente optou por não mais divulgar o nome dos perpetradores, e ao assim agir acerta no individual, mas erra consciente e convenientemente no plano ideológico. Afinal, o monstro é sempre uma opção à mão dos donos dos jornais.
O monstro que massacra criancinhas atende pela alcunha forjada na Itália de 1919, designadora de uma ideologia narcísica e individualista; intolerante face ao pluralismo e à diversidade; que prega a substituição da política pela força; que explora ressentimentos e os transforma em ódio; que infirma as instituições; e que defende o livre armamentismo. O nome do monstro é “fascismo”.
É o fascismo o que leva a loura de São Conrado (Rio) a chicotear o entregador negro; o que faz o professor de Joinville dizer que no lugar da besta-fera de Blumenau ele “mataria uns 15, 20”; e o que anima o Twitter a dizer que manter perfis exaltando ataques a escolas é “liberdade de expressão”.
É o fascismo o verdadeiro motivador do assassino da creche Bom Pastor, que provavelmente escolheu matar criancinhas na data de 5 de abril apenas para minimizar o depoimento de Bolsonaro, na Polícia Federal, naquele dia.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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