Nascente 1288

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A SEMANA

Editorial

Ainda mais fortes para seguirmos

A categoria petroleira na região respondeu de forma extraordinária aos chamados por grande participação no processo eleitoral encerrado no último final de semana. Mesmo em um pleito de chapa única, quando não há um ambiente de disputa que acabe por impulsionar a participação, sobretudo em campanhas mais acirradas, os petroleiros e petroleiras fizeram a sua parte e compareceram, virtual ou presencialmente, na votação concluída com registro de 3.454 votos (93,2% deles conferidos à Chapa 1).

Ficou claro que a categoria entendeu que a disputa é outra e não terminou. Há um governo eleito em condições históricas no país, de virada sobre o fascismo, mas todas as marcas da destruição recente ainda estão presentes, inclusive na Petrobrás e nas negociações com as empresas privadas do setor, assim como na Petros e na AMS. Como mostra o coordenador geral do sindicato, Tezeu Bezerra, em entrevista na página 3, há muitos motivos para ter esperança de avanços, em um cenário de diálogo e respeito, mas sem esquecer que “nunca é fácil para o trabalhador”.

O Sindipetro-NF se orgulha de representar uma categoria tão politizada e atuante, capaz de organizar e legitimar com grande altivez um processo eleitoral como o que se encerra. Ganhamos todos, todas, todes, estamos ainda mais fortes para seguir adiante.

NF em Encontro de Mulheres Petroleiras

As diretoras do Sindipetro-NF, tanto as que já exercem o mandato na atual gestão (e foram reeleitas) quando as eleitas para a próxima gestão, vão participar do Primeiro Encontro de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP, entre 23 e 25 de maio, em Cajamar (SP). Sob o tema “Nunca mais sem Nós”, mulheres petroleiras ligadas às duas federações se reúnem para discutir assuntos caros à luta e resistência das mulheres. O objetivo desse primeiro encontro é tirar diretrizes e dar instrumentos para combater todas as formas de opressão.

Setor privado 1

A organização dos trabalhadores petroleiros de empresas privadas, assim como estratégias para as negociações coletivas, foram debatidas na última sexta, 5, e no sábado, 6, em Vitória, no Seminário Nacional do Setor Privado. Da diretoria do NF, participaram Eider Siqueira, Jancileide Morgado e Bárbara Bezerra.

Setor privado 2

Um balanço do seminário será feito no NF ao vivo desta semana, nesta quarta, 19h30, no Youtube e o Facebook do sindicato. O evento também contou com assessores da entidade: Maria das Graças Alcântara (assistente social) e Carlos Takashi (economista do Dieese/NF) e Marco Aurélio Parodi (advogado).

Saúde mental

Diretores da FUP e do NF se reuniram no último dia 5 com pesquisadores da Rede Margarida, da Unicamp, para falar sobre os problemas de saúde mental que vê atingindo a categoria petroleira. O coordenador do Departamento de Saúde do NF, Alexandre Vieira, apresentou dados relativos ao grande número de suicídios na categoria, que podem estar associados a transferências arbitrárias e à pandemia de Covid.

Conferência

A Fundacentro divulgou convocação para a Conferência Livre Nacional de Saúde do Trabalhador, no próximo dia 24, preparatória da 17ª Conferência Nacional de Saúde. O evento acontece na própria Fundacentro, em São Paulo, em formato híbrido. Participam gestores e usuários da Saúde, assim como o movimento sindical.

Aposentados

Petroleiros e petroleiras aposentados, aposentadas e pensionistas têm reunião setorial nesta quarta, às 10h, na sede do NF em Campos dos Goytacazes. A categoria vai tratar de assuntos gerais com a diretoria e assessoria da entidade. Haverá ônibus de Macaé (com inscrição pelo celular da funcionária Ivana de Fátima: 22-98178009).

Luto no LP

A diretoria do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista comunicou nesta semana o falecimento do ex-coordenador geral, Waldomiro dos Santos Pereira Filho. O petroleiro morreu na madrugada da segunda, 08, aos 57 anos. “Operador na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão, foi um firme combatente de nossa categoria”, destacou a entidade. O NF manifesta as suas condolências aos familiares, amigos e colegas. Presente!

 

VOCÊ TEM QUE SABER

APURAÇÃO Carvalho (primeiro à esquerda) e Tezeu (centro) junto aos demais integrantes da chapa eleita para a Diretoria e Conselho do triênio 2023/2026. Foto: Luciana Fonseca / Para Imprensa do NF

Eleições no NF: Cerca de 3,5 mil participam da votação

A Chapa 1 foi eleita para a nova direção do Sindipetro-NF e Conselho Fiscal para o período de 2023 a 2026. Esse ano o processo eleitoral mesclou votação online com sistema criptografado e presencial no período de 22 de abril a 05 de maio. Participaram do processo eleitoral 3454 trabalhadores que elegeram a Chapa 1 com 93,2% dos votos válidos. Foram 3219 votos a favor da Chapa, 228 votos em branco e 7 votos nulos. A apuração foi feita na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, no último sábado, acompanhada pela Junta Eleitoral, coordenada pelo petroleiro Vitor Carvalho, representantes da chapa, mesários e funcionários da entidade.
A posse da nova diretoria está prevista para acontecer no dia 2 de julho, data da fundação do Sindipetro-NF.

Entrevista / Tezeu

Renovação, agradecimento e perspectivas de atuação

Vitor Menezes

À frente da Chapa 1, reeleito para a coordenação geral do Sindipetro-NF, o petroleiro Tezeu Bezerra avalia o processo eleitoral do sindicato, concluído no último final de semana, e agradece à categoria. O líder sindical destaca a renovação da diretoria, o cenário ainda difícil mas com mais diálogo e respeito, e manifesta a convicção de que haverá avanços nas pautas petroleiras dos trabalhadores ativos e aposentados, da Petrobrás e das empresas privadas do setor petróleo. Confira:

Nascente – A participação da categoria na eleição foi bastante elevada. Essa é mais uma mostra da força institucional do sindicato?
Tezeu – Foi muito boa a participação da categoria. A Chapa 1, com 3.219 votos está mais do que legitimada. A categoria entendeu o momento, mesmo em um cenário de chapa única, onde as pessoas normalmente ficam desestimuladas, elas participaram entendendo a delicadeza do momento. Eu agradeço muito à categoria petroleira pela confiança, por estar na coordenação por mais esse período e a diretoria que chega com renovação está cheia de disposição.

Nascente – Mesmo de uma base política semelhante, a chapa eleita traz muitos nomes novos. O que você destaca nessa nova composição?
Tezeu – A renovação que a diretoria vem nesse momento vai ser muito importante. Essa participação sempre de gente nova na chapa traz uma realidade da base, as pessoas que sofreram nos últimos anos na base, então a gente ter essa presença desses novos diretores com certeza vai nos fazer saber bem melhor quais são os problemas, quais são as prioridades. O pessoal está cheio de disposição, cheio de energia, a campanha mostrou isso e eu tenho certeza que vai ser uma ótima gestão.

Nascente – Como coordenador geral, você pegou cenários dificílimos. Agora parecerá mais fácil?
Tezeu – Vitor, não tem vida fácil para o trabalhador, né? Então a disputa vai ser feita, a gente sabe que a direita, o neoliberalismo, se estrutura de forma organizada, então os trabalhadores vão ter um duro trabalho neste período e o sindicato consequentemente. Então, nada cai do céu. A gente tem falado isso com a categoria e a categoria concorda. Mas naturalmente é um outro cenário, onde a gente tem diálogo, a gente tem respeito dos gestores da empresa e consequentemente de todo o restante da estrutura que lida com os trabalhadores. Então a gente está com muita esperança e a gente tem certeza que vai ser um período muito bom. Mas, como sempre, nunca é fácil para o trabalhador.

Nascente – A segurança no trabalho tem sido historicamente uma grande prioridade do NF. Há expectativa de avanços mais consistentes nesta área?
Tezeu – Temos muita esperança de que vai sim melhorar a questão de segurança. O próprio direito de recusa, que o trabalhador não tem tido o direito de usar esse direito, a gente vai bater muito nisso, a gente vai cobrar muito da estrutura da empresa, da nova gestão. Sabemos que a nova gestão, o alto comando, tem compromisso sim com a classe trabalhadora e nós vamos fazer de tudo pra que a gente consiga fazer essa virada. As plataformas estão com um cenário ruim, as pessoas estão com o psicológico muito abalado, um período muito difícil, então com certeza a gente vai estar fazendo esse debate. E vamos evoluir sim. Sobre o caos aéreo, por exemplo, a gente tem reunião nos próximos dias com a nova gestão da logística esperamos que a gente consiga resolver o quanto antes.

Nascente – Quais suas perspectivas para os próximos acordos da Petrobrás e do setor privado?
Tezeu – As empresas do setor privado se balizam muito pelo comportamento da Petrobrás, que é a empresa maior que a gente negocia. Na Petrobrás a gente já tem um cenário de evolução nas negociações, vários problemas represados nos últimos anos a gente está já com GTs [Grupos de Trabalho] montados pela FUP e vamos com certeza fazer isso, fazer com que a gente consiga evoluir nas negociações, recuperar direitos perdidos, mas principalmente recuperar a dignidade dos trabalhadores. O Setor Privado, por exemplo, tem coisa que a Petrobrás vai ter que fazer, colocar no contrato, o retorno do plano de saúde dos trabalhadores e seus dependentes, já falamos isso com a nova gestão, a gente vai negociar e brigar pra que se tenha um piso salarial para os trabalhadores terceirizados, então são muitos desafios, e a gente está com isso muito bem organizado, planejado, e vamos estar fazendo esse embate também com a nova gestão.

Nascente – Para os aposentados, há sinais concretos de que o problema dos equacionamentos terá solução?
Tezeu – A gente já está no quinto mês de gestão do presidente Lula e a gente não conseguiu sequer mudar o presidente da Petros. É muito absurdo o que os fascistas fizeram. Estruturaram a máquina pública para que eles não saíssem, ficassem entranhados. A gente está ainda encarando essa briga. Temos sim muita esperança, possíveis soluções já estudadas, temos conversado isso constantemente com os nossos aposentados, mas não é só o equacionamento que a gente tem que resolver. A gente tem que resolver também a AMS. Vamos brigar para voltar com o 70/30 o quanto antes. São passos que a gente vai dar ao longo do tempo pra esse período, a curto e a médio prazos para resolver de uma vez. Não adianta resolver só o equacionamento, tem que resolver os problemas estruturais da Petros.

 

SAIDEIRA

NO CHÃO Equipamento apresentou acionamento idevido do trem de pouso. Foto:  @camposocorrenciasnews

Aeronave tem trem de pouso recolhido próximo à decolagem

Uma aeronave S-76 da OMNI (prefixo PR-CHQ), que fazia transporte de passageiros da 3R Petroleum do Aeroporto de Cabo Frio para a Bacia de Campos, apresentou uma falha hidráulica quando levantava voo na última segunda, 8. Houve o recolhimento inadvertido do trem de pouso traseiro, logo no acionamento da aeronave, em solo. A tripulação imediatamente cortou os motores e retirou os passageiros. A aeronave foi enviada para manutenção e investigação das causas e danos ao equipamento.

O Sindipetro-NF foi informado na própria segunda-feira que a Gerência de Segurança Operacional da Omni iria apurar o ocorrido e que as autoridades aeronáuticas e a administração do aeroporto haviam sido comunicadas. A entidade também registrou que trabalhadores contaram ao perfil @camposocorrenciasnews (que publicou um story sobre o assunto), no Instagram, que a mesma aeronave havia dado problema no dia anterior, e foi liberada pelo setor de manutenção.

A diretoria sindical acompanha o caso e pede que a categoria encaminhe qualquer informação adicional para [email protected].

Em meio ao caos aéreo

O caso envolvendo a aeronave da Omni no Aeroporto de Cabo Frio acontece em cenário de caos aéreo vivenciado pela categoria petroleira. Há registro de falta de helicópteros e de dificuldades no acesso a peças de reposição. O problema atinge de forma mais dramática os petroleiros e petroleiras que embarcam nos litorais dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Em assembleias recentes, a categoria aprovou a manutenção de estado de greve para pressionar as empresas envolvidas por soluções.

NORMANDO

“Pro tribunal de Nurembergue”

Normando Rodrigues*

Existiu no governo fascista brasileiro um ex-coronel, ainda solto, chamado Elcio Franco.

O até agora solto Franco foi o número 2 do genocida Pazuello no Ministério da Propagação do Vírus e já se fizera conhecido no escândalo da Covaxin.

Nosso personagem, até o momento solto, ressurgiu no noticiário policial como autor de conselhos ao então comandante do Exército, na tentativa de convencer o general Marco Antônio Freire Gomes a aderir a um golpe de estado bolsonarista, há apenas cinco meses.

Em texto dirigido ao já preso ex-major Ailton Barros (expulso do Exército em 2014 por conduta desonrosa e diretamente ligado a Bolsonaro), o presentemente solto Franco explicava que o general deveria superar os medos de ser futuramente responsabilizado, pois bastaria invocar a desculpa padrão dos fascistas alemães perante o Tribunal Militar Internacional, em 1945: “eu apenas cumpri ordens!”

“Vai pro tribunal de Nurembergue desse jeito: ‘Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante da Força, tive que cumprir’. Essa é a defesa dele”.

No entanto, o artigo 359-L do Código Penal define o crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, ou de impedimento ou restrição do devido exercício dos poderes constitucionais, como pretendia o decreto de Anderson Torres contra o TSE. Isso sem exceções a quem “cumpre ordens”. E o por enquanto solto Elcio Franco será aí enquadrado.

Como o golpe urdido pelo momentaneamente solto Elcio Franco e seus asseclas visava impedir a posse do presidente legitimamente eleito, o indivíduo se terá envolvido também no crime de tentativa de deposição, constante do artigo 359-M, do mesmo código.

Da mesma forma será examinada a conduta do até então solto Elcio Franco por associação criminosa, tipo penal descrito no artigo 288, sempre do Código Penal, o qual justifica a manutenção da prisão do já citado meliante Anderson Torres, e de muitos outros.

Elcio Franco, ocasionalmente solto, no mínimo estará no rol dos planejadores e financiadores consortes do brancaleônico golpe fascista, junto, por exemplo, às deputadas Sílvia Waiãpi e Clarrissa Tércio e aos deputados Abílio Brunini e André Fernandes, este último o genial requerente da criação da CPMI que o pode cassar.

Se o protopresidiário Franco estudasse história, saberia que em Nurembergue a desculpa dos fascistas alemães não livrou da forca os pescoços do general Jodl, chefe de operações das forças armadas, nem o de seu superior, o marechal Keitel, chefe do alto comando das mesmas forças.

Mas estudar história, em livros com “um montão, um amontoado, muita coisa escrita”, não é hábito de fascista.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

 

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