Nascente 1297

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A SEMANA

Editorial

Não é só futebol e não é só petróleo

Há uma máxima entre torcedores que diz que “não é só futebol”. O esporte, que engaja milhões pelo mundo, vai muito além da disputa. Envolve paixão, pertencimento, projeto de vida e até mesmo uma indústria que gera emprego e renda. Em vários momentos, o futebol foi também campo para exposição da realidade brasileira, como na luta pela democracia (e é particularmente doloroso, por isso, que, em menor mas em ruidosa e trágica escala, também seja campo de guerra).
E foi em um destes momentos, em que o futebol exerceu seu potencial político com a célebre atuação da Democracia Corinthiana (entre 1982 e 1984), que a categoria petroleira foi muito além do petróleo para fazer uma greve histórica que se tornou, também, um marco na luta contra a Ditadura Militar instaurada em 1964. Foi a Greve de 1983, que neste mês de julho completa 40 anos.

Ainda em pleno regime ditatorial, mas encorpando os movimentos que pressionavam pela abertura democrática que viria a ter 1985 como marco, os petroleiros paralisaram a produção nas refinarias da Petrobrás e enfrentaram uma forte repressão. O movimento mostrou que o sindicalismo não se restringe às reivindicações corporativas e que, na realidade, trata de mostrar o poder dos trabalhadores para serem protagonistas da história. Ali começou uma mudança que perdura até hoje e foi essencial para superar o momento recente de trevas que voltou e ensaiou ficar no país.

Categoria celebra Jäger na Petros

O Conselho Deliberativo da Petros aprovou no último dia 5 a indicação do economista Henrique Jäger para a Presidência da Fundação. Pesquisador do Ineep e atualmente na equipe de assessores da Presidência da Petrobrás, Henrique já havia sido presidente da Petros entre 2015 e 2016, período em que resolveu diversas pendências dos participantes e assistidos. O movimento sindical petroleiro comemorou a indicação, que representa a possibilidade de diálogo com um profissional habilitado, com experiência e comprometido com a categoria.

Mulher negra

O 25 de julho é Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. O Sindipetro-NF está preparando evento para marcar a data, contribuindo na promoção da cultura e da formação política em relação ao combate ao racismo e à memória de luta das mulheres negras.

Aposentados

Petroleiros e petroleiras aposentados, aposentadas e pensionistas têm reunião setorial nesta quarta, 12, às 9h, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé. Em pauta, a avaliação final do documento do Cenap. Haverá ônibus com saída da sede de Macaé, às 7h. Interessados precisam fazer contato com a funcionária Ivana de Fátima 22-98178009).

Acolhimento no 0800

Em resposta às cobranças da FUP, a Petrobrás anunciou a implementação de canais de acolhimento e de suporte psicológico para vítimas de assédios e de violência sexual. A proposta nasceu no Coletivo de Mulheres Petroleiras, reforçada nos Grupos de Trabalho paritários que tratam de Saúde Mental e Combate aos Assédios. O Canal de Acolhimento pode ser acessado pelo telefone 0800-287-2270.

RMNR

O NF, através do advogado Rodrigo Camargo, está acompanhando e intervindo em todos os debates e conversas a respeito do julgamento da diferença do complemento da RMNR no STF. O ministro Dias Toffol pediu vista. O representante do NF negocia tanto a situação atual, quanto a futura da respectiva cláusula que trata da RMNR no ACT.

P-31 no NF ao vivo

O NF ao vivo trata, nesta quarta, 12, da segurança do trabalho dos petroleiros e petroleiras nas áreas operacionais da indústria do petróleo, atualizando as informações sobre o caso P-31 e debatendo as reivindicações da categoria.

Sistema Petrobrás

A conselheira Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no CA da Petrobrás, anunciou que, em razão de proposta de sua autoria, a Petrobrás voltou a utilizar oficialmente a expressão “Sistema Petrobras” para se referir ao seu conjunto de subsidiárias. Antes, com o objetivo de enfraquecê-la, a empresa se autodenominava  “Petrobras e suas Participações Societárias”. Não é detalhe. Reflete todo um projeto.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

P-31 estável mas sindicato ainda em alerta

Até o final da manhã desta terça, 11, horário de fechamento desta edição do Nascente, mantinha-se estável a situação da plataforma P-31, navio que teve duas de suas oito amarras rompidas no último dia 5. O Sindipetro-NF vai participar da comissão de investigação do caso, representado pela diretora Déborah Simões. De acordo com a empresa, a previsão é a de que as amarras sejam reparadas em um período de 30 dias.

O Sindipetro-NF foi informado pelos trabalhadores sobre o caso no último dia 7. Até então, a empresa não havia comunicado a ocorrência à entidade, o que fez apenas após cobranças da direção sindical. O NF questionou a gestão da comapanhia acerca de diversos aspectos que envolvem a segurança das instalações e dos trabalhadores, além de cobrar o desembarque.

“Logo que soubemos da situação, solicitamos o imediato desembarque do pessoal. Mas com a estabilização da plataforma, as pessoas estão em segurança. Continuamos acompanhando a situação, estamos em contato direto com a empresa, que nos garantiu que a emergência está controlada”, informou Tezeu Bezerra, coordenador-geral do Sindipetro-NF.

O rompimento das amarras aconteceu em um momento em que a plataforma estava fora de produção, em parada programada, e passava por auditoria da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis).

O sindicato destaca que é muito importante que a categoria mantenha o fluxo de relatos sobre a situação da plataforma. As informações podem ser enviadas para o e-mail [email protected].

Tema no NF ao vivo

A diretora Déborah Simões estará entre as lideranças sindicais que participam, nesta quarta, 19h30, no Youtube e no Facebook do Sindipetro-NF, do programa NF ao vivo. Ela vai trazer informações atualizadas sobre a situação da plataforma e debater reivindicações da categoria na área de segurança no trabalho. Assista em is.gd/nfaovivo44.

 

Congrenf histórico rumo ao Confup

Rumo ao Confup, a categoria petroleira na região realizou, entre os últimos dias 4 e 6, o seu 19º Congrenf (Congresso dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense). Foram três dias intensos de debates e discussões sobre os desafios dos trabalhadores. Com o tema “Direitos, empregos e reconstrução”, o evento proporcionou um espaço importante para reflexão e proposição de soluções. Foram aprovadas as pautas da categoria na região e eleitos 44 delegados e delegadas ao Confup (Congresso da Federação Única dos Petroleiros).

Durante o congresso, foram realizadas mesas de debates que abordaram a conjuntura brasileira, o futuro da Bacia de Campos e os impactos nos direitos e empregos dos petroleiros e petroleiras. Temas como a opressão no local de trabalho, saúde mental e as histórias e lutas dos aposentados, aposentadas e pensionistas do Sindipetro-NF também estiveram em pauta (assista por meio dos links no quadro ao lado).

Peso político

A abertura do Congrenf contou com a presença de representantes sindicais, autoridades, trabalhadores e trabalhadoras do setor petroleiro, além de convidados especiais que contribuíram para fortalecer a luta e a defesa dos direitos da categoria. “Neste momento desafiador que vivemos, é fundamental discutir o futuro da indústria petrolífera, os impactos das políticas públicas e garantir a preservação dos direitos e empregos dos petroleiros e petroleiras. O Congrenf se apresentou como um espaço de resistência e reconstrução, onde buscamos soluções e caminhos para valorizar cada vez mais a nossa categoria”, ressaltou Tezeu Bezerra, coordenador do Sindipetro-NF.

Assista aos debates

Mesa vale por curso intensivo sobre Petros e aponta caminhos para defesa dos direitos
is.gd/congrenf_mesa04
Mesa intensa provoca reflexões sobre várias formas de opressão no ambiente de trabalho
is.gd/congrenf_mesa03
Futuro da Bacia passa por reversão dos desinvestimentos e pela articulação dos municípios
is.gd/congrenf_mesa02
A retomada do papel das estatais para o desenvolvimento do país é central para palestrantes da primeira mesa do 19º Congrenf
is.gd/congrenf_mesa01
União e pressão serão importantes para governo avançar em pautas fundamentais para a classe trabalhadora
is.gd/congrenf_abertura

 

SAIDEIRA

NF lança série com histórias de petroleiros para sempre

Uma série de entrevistas, que na primeira temporada reúne depoimentos de cinco aposentados, aposentadas e pensionsistas, foi lançada durante o 19° Congrenf, com exibição de um teaser e falas dos coordenadores dos Departamentos de Comunicação e dos Aposentados, Tadeu Porto e Antônio Alves (Tonhão), e da produtora do projeto audiovisual, Luciana Fonseca. Os entrevistados receberam cestas com produtos da Reforma Agrária, comercializados pelo MST, e canecas personalizadas.

Deram depoimentos para a primeira temporada, que já começou a ser disponibilizada no Youtube do Sindipetro-NF, a pensionistas Eliane Carvalho (que é a primeira a ocupar a diretoria do NF, empossada no último domingo), o aposentado Jocimar Souza (também recém empossado diretor sindical), a aposentada Ilma de Souza (ex-diretora do NF), e os também aposentados Fidélis Mariano e Hamilton Cassiano.

Tadeu Porto, que conduz as entrevistas, explicou o processo de criação da série, que nasceu de uma sugestão da própria categoria, a partir da identificação de que estes petroleiros e petroleiras têm trajetórias incríveis, assim como tantos outros e outras que também poderão ser chamados a contribuir com as suas históricas – antecipando que a ideia é continuar com tantas temporadas quanto possíveis. “A gente aprende muito com o que foi feito no passado. Tive a oportunidade até de ir nas casas de alguns”, disse.

Para Tonhão, o projeto é um reconhecimento muito bem vindo aos trabalhadores e trabalhadores que construíram “essa potência” que é a Petrobrás. Ele também lembrou das primeiras conversas com Tadeu em torno da ideia de registrar esses depoimentos.

Os diretores destacaram o trabalho de toda a equipe do Departamento de Comunicação, especialmente da produtora Luciana Fonseca, que foi convidada a falar. “Em um país onde os idosos são deixados de lado, a memória é apagada, os aposentados do NF são valorizados. Isso é um avanço e uma luta, porque nada vem de graça, vocês [aposentados] conquistaram”, disse.

Ela afirmou ainda que este resgate “é um compromisso da entidade com nossos aposentados. Vocês são valiosos e ninguém pode dizer que não. Espero que gostem desta série e espero que deem feedback sobre o nosso trabalho”.

 

NORMANDO

Ponha-se no seu lugar!

Normando Rodrigues*

Lula, um mero representante do sempre espoliado “Zé Povinho”, não pode sair por aí a afirmar que o conceito de democracia é relativo. Quem ele pensa que é?
Uma resposta rápida sobre a relatividade do “conceito” de democracia foi ofertada por Carlos Nelson Coutinho em ensaio de 1989 no qual destacou seu “valor” universal, sem deixar de denunciar a oportunista leitura dos endinheirados.

Dez anos depois, em entrevista que se tornou referência teórica, Coutinho precisou melhor onde se situa o real valor da forma de governo, ao apontar que o caráter “universal” reside no processo contínuo de ampliação dos direitos (“democratização como valor universal”), e não em um estático e abstrato estado de coisas (“democracia”).

E também na ocasião, o intelectual reafirmou a denúncia do verdadeiro obstáculo à democratização brasileira, a desigualdade social e a exclusão “democrática” do Zé Povinho.

Didaticamente, não há democracia para o Zé Povinho morador das comunidades cariocas cotidianamente ameaçadas pelo tráfico, pela milícia e pelas operações policiais que suspendem aulas e  roubam o futuro de seus filhos.

Não há democracia para o Zé Povinho submetido à neoescravidão com ou sem carteira assinada e do qual todos os direitos trabalhistas podem ser individualmente tungados sob o sacrossanto aval do STF, para o qual “o sindicato atrapalha”.

O Zé Povinho, personagem da genial criação do cartunista luso Bordalo Pinheiro, surgiu em 1875 para ilustrar sua exclusão econômica, política e social e até hoje é atual. Sob a ordem “democrática” neoliberal, quando o Zé Povinho tenta se organizar em sindicato (como fazem os patrões) é criminalizado.

Do casal implementador do neoliberalismo, em 1981 o caubói Reagan demitiu 11.345 controladores de voo grevistas e declarou seu sindicato ilegal. 25 anos depois, mais de 90% permaneciam subempregados ou desempregados.

Entre 1984 e 1985, a estafeta da indústria de óleo e gás do Reino Unido, Margaret Tatcher, fez prender 11.291 grevistas das minas de carvão e declarou as greves ilegais.

Essa é a verdadeira cara da democracia que os críticos de Lula pretendem “absoluta”. Mas dizer isso revira almas e olhos dos viralatas neoliberais e é tão deselegante quanto lembrar ao imperador Biden que o uso de bombas de fragmentação americanas na Ucrânia constitui crime de guerra, coisa dita pelo próprio Biden a respeito das bombas de fragmentação russas, um ano antes.

Do alto de seu relativismo casuísta, o neoliberalismo aceitará Lula e qualquer outro representante do Zé Povinho, desde que não se portem como representantes do Zé Povinho.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

 

 

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