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A SEMANA
Editorial
Viva a classe trabalhadora e seus congressos
A FUP e seus sindicatos, entre eles o Sindipetro-NF, realizam a partir desta quinta, 3, o XIX Confup, o congresso nacional da Federação Única dos Petroleiros. Mesmo em uma categoria tão experimentada em lutas como a petroleira, ainda pode haver quem ainda não dê a devida importância a um evento como esse.
Os congressos fazem parte de uma longa trajetória de organização dos trabalhadores. No Brasil, a primeira vez que a classe operária se reuniu em um deles foi em abril de 1906, há quase 120 anos, portanto. Nele, aprovaram lutas como o limite de oito horas diárias de trabalho, a utilização do primeiro de maio para protestos (e não apenas para festas), a adoção de greves gerais ou parciais como formas de pressão, a ausência da polícia ou do exército na intermediação de conflitos trabalhistas, a proibição do trabalho infantil, entre tantas outras, listadas por Edilene Toledo, do Cpdoc, que se tornaram conquistas ao logo do tempo e a grande maioria da população nem imagina que nasceram de um fórum de operários.
Na categoria petroleira também poderiam ser listadas centenas de conquistas do Acordo Coletivo de Trabalho, previsões em normas regulamentadoras, leis e acordos regionais que vieram das bases e foram legitimadas e sistematizadas em congressos.
Por isso, viva mais um Confup e viva a organização da classe trabalhadora.
Controladores de voo rumo a greve
Diretores do NF estiveram reunidos, no último dia 27, com diretores do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo (SNTPV). Os sindicalistas discutiram temas essenciais relacionados aos Controladores de Voo em âmbito nacional, o controle de Voo na Bacia de Campos, a possibilidade de greve diante do impasse nas negociações do ACT e o aumento do Caos Aéreo existente. O NF apoia as reivindicações da categoria. A reunião foi mediada pelo coordenador de Formação do Sindipetro-NF, Benes Junior.
Setentinha
A Petrobrás completa, em 3 de outubro, 70 anos de criação. Fruto da luta dos brasileiros e brasileiras pela soberania energética, que teve com um dos marcos a campanha “O petróleo é nosso”, a companhia ainda depende de apoio popular para resistir às investidas privatizantes do “mercado”. Sigamos em sua defesa.
Erramos
Na edição passada do Nascente (1299), matéria de capa afirmou que o ex-diretor do Sindipetro-NF, Hélio Guerra, que faleceu no último dia 23, esteve na direção da entidade entre 1983 e 2014. Na realidade este foi seu tempo de Petrobrás, antes da aposentadoria. Na direção do NF, Guerrinha ficou entre 1999 e 2014.
SMS
No último dia, 28, representantes da FUP estiveram em mais uma reunião com o RH da Petrobrás para debater questões de SMS. O encontro foi marcado pelo lançamento do programa “Jornada Petrobrás de Fatores Humanos”, que baseia-se em cinco princípios: 1. Confiança é fundamental; 2. Pessoas criam segurança; 3. Como respondemos às falhas importam muito; 4. Aprender e melhorar é a chave para o sucesso; e 5. O contexto direciona o comportamento.
Petros
Começou nesta terça, 1, começa a campanha eleitoral para as vagas dos representantes dos trabalhadores nos Conselhos Deliberativo e Fiscal da Petros. A eleição será realizada entre os dias 25 de setembro e 9 de outubro. A FUP e a FNP, entre outras entidades do movimento sindical, apoiam a chapa “Unidos pelo futuro da Petros”. Saiba mais em fup.org.br/iwkf.
Efetivo
Diretores do NF estiveram reunidos no último dia 27 com representantes da Petrobrás para apresentar demandas da categoria em relação à falta de efetivos nas unidades. A reunião foi solicitada pela entidade após relatos de P-20 sobre efetivos baixos. A empresa afirmou que o efetivo da P-20 foi recomposto. Novas reuniões estão previstas.
Covid longa
A Fiocruz anunciou na semana passada, no programa NF ao vivo, a realização de uma pesquisa ampla com a categoria petroleira offshore para identificar impactos da Covid-19, a chamada Covid Longa. O objetivo é desenvolver um guia de manejo para auxiliar sindicatos, empresas e estruturas públicas e privadas de saúde sobre a Covid Longa. Os petroleiros e petroleiras que tiveram Covid poderão participar da pesquisa.
VOCÊ TEM QUE SABER
Caos aéreo: Participe das assembleias nas plataformas
Petroleiros e petroleiras das plataformas da região têm assembleias a partir desta quinta, 3, até o domingo, 6, com retorno de atas até às 12h da segunda, 7, para avaliar os seguintes indicativos sobre o caos aéreo: I) Aprovação da proposta apresentada pela Petrobrás para manutenção, por mais 90 dias, da denominada “Urgência Aérea”, recebimento das horas extras de janeiro de 2023 à abril de 2023 referente aos atrasos de voos e pacote de benefícios implementados pela empresa a partir de outubro de 2023, priorizando os trabalhadores Offshore; II) Suspensão do Estado de Greve aprovado em abril de 2023; III) Aprovação de manifesto em defesa de todos os trabalhadores, principalmente do Setor Privado, impactados pelo estado de “Urgência Aérea”.
Manifesto dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense
Nós petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense reconhecemos o empenho do Sindipetro-NF em denunciar e buscar, desde o início, uma solução para os impactos que o caos aéreo causou em nossas vidas profissionais e pessoais. Também avaliamos como positivo o consenso obtido no sentido de solucionar questões pertinentes à logística aérea offshore, principalmente com o fim dos atrasos e em relação ao pagamento de horas, decorrentes de atraso ou cancelamento de voos no dia de desembarque. Entretanto, tais medidas não abrangem a totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras das empresas que não são representadas pelo Sindipetro-NF nas unidades da Bacia de Campos, que também foram impactados pelo caos aéreo ocorrido nos últimos meses. Diante do exposto, nos colocamos solidários a esses companheiros e companheiras e solicitamos a Petrobrás que peça a todos os fiscais de contrato, que agindo de boa fé, solicitem às empresas contratadas, que seja realizado um levantamento de todas as pessoas impactadas e uma cobrança para que tal compromisso assumido pela Petrobrás seja estendido a esses trabalhadores e trabalhadoras. Conclamamos toda categoria petroleira a se unir no sentido de apoiar que tais medidas negociadas cheguem a todos e todas que foram impactados pelo caos aéreo.
Confup começa nesta quinta em Cajamar
Começa nesta quinta, 3, o 19º Confup (Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros), em Cajamar (SP). O evento é responsável por aprovar a pauta de reinvindicações da categoria petroleira, que será entregue à Petrobrás para início das negociações da Campanha Reivindicatória. Depois do período de obscurantismo bolsonarista no governo e na gestão da companhia, a expectativa é grande para que os petroleiros e petroleiras reconquistem direitos e avanços no Acordo Coletivo de Trabalho. O Sindipetro-NF participa com delegação de 44 petroleiros e petroleiras.
Neste primeiro semestre, fruto de um ambiente de diálogo mais respeitoso entre as representações dos trabalhadores e a gestão da empresa, muitos temas da categoria foram amadurecidos em grupos de trabalho, o que permitirá uma negociação em patamar mais avançado com a companhia.
Evento da mulher negra é sucesso na Lyra
Sob um uma grande lona de circo azul e branca colocada na Lyra dos Conspiradores, em Macaé, o Sindipetro-NF promoveu no dia 27 de julho uma festa em comemoração ao Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, ambos comemorados no dia 25 de julho.
Com a música de D. Ivone Lara, “Um sorriso negro”, o grupo Samba do Cabral abriu a noite que teve muito samba, alegria e falas de resistência deram o tom de uma noite para ninguém se esquecer. A diretora do Sindipetro-NF, Bárbara Bezerra, foi a primeira a falar. Contou a história da data e sua reação com Tereza de Benguela e lembrou que a história do nosso povo foi contada pelos colonizadores e cabia a cada um de nós mudar construir um novo discurso.
Em seguida, a diretora Jancileide Morgado deu o recado, ao citar uma frase marcante de Djamila Ribeiro: “Não dá para falar em consciência humana enquanto pessoas negras não tiverem direitos iguais e sequer forem tratadas como humanas”. Com isso reforçou a importância da luta das mulheres negras.
Também falaram nessa noite a poetiza petroleira e ex-diretora do NF, Conceição de Maria; Ivonete Lopes do Panelada de Crioula; a professora d UFRJ, Rute Costa Ramos; a Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Zoraia Braz; a empreendedora Jeane Brasil; a mestranda em Administração da UFF, Myslene; Débora de André, e a especialista em Cultura Afro-brasileira, Kátia Magalhães.
SAIDEIRA
Confira história da primeira pensionista a virar diretora
O quarto episódio da série Petroleiros para Sempre mergulha em um tempo em que a comunicação entre os trabalhadores embarcados e suas famílias era feita por meio de bilhetes levados pelos colegas, quando desembarcavam. A história é contada sob a ótica de quem estava em terra, a pensionista Eliane Carvalho.
Ela conta ainda como entrou na luta sindical, se tornando a primeira pensionista a integrar a diretoria do Sindipetro-NF, e como era a vida de parceria com o marido Joilson Melo de Carvalho, petroleiro que morreu em 2015.
O projeto Petroleiros para Sempre é uma iniciativa do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF. O objetivo é valorizar e reconhecer a história de petroleiros aposentados, petroleiras aposentadas e dos (as) pensionistas, personagens importantes tanto no desenvolvimento da Petrobrás quanto do país.
Além de Eliane Carvalho, de Fidélis Mariano (terceiro episódio), de Ilma de Souza (segundo episódio) e de Jocimar Souza (primeiro episódio), a primeira temporada traz o depoimento do aposentado Hamilton Cassiano, que será disponibilizado na próxima sexta-feira.
NF NA FEIRA DE OPORTUNIDADES – Diretores do Sindipetro-NF participaram na manhã da segunda, 31, do lançamento da 6ª Feira de Oportunidades em Campos, quando foram apresentados os detalhes do evento, que acontecerá nos dias 21 e 22 de setembro de 2023, das 14h às 20h, no IFF Campus Campos Centro. Pela primeira vez o Sindipetro-NF irá participar da feira.
NORMANDO
Economista selvagem
Normando Rodrigues*
Em 1969 o filósofo húngaro György Lukács, aos 84 anos de idade, concluiu sua “Ontologia do ser social”, obra somente publicada após sua morte em 1971.
Dos muitos aspectos tratados na “Ontologia”, um dos mais úteis à crítica de nossa realidade é a percepção de que a ideologia dos ricos, dos “donos da casa”, faz da economia uma “segunda natureza” que condiciona as relações sociais e domina os homens por meio do consumo.
Uma “segunda natureza” insistentemente descrita como realidade imutável e autônoma em relação à vontade dos homens e na qual a sociedade e o estado não podem nunca tentar intervir.
A verdade por trás dessa naturalização ideologizada que aboliu do nome da disciplina “economia” o indispensável “política”, é que a esfera econômica deve ser mantida sob intervenção exclusiva da escassa minoria de ricos que a controla, os “donos da casa”.
Não foi por outra razão que os serviçais dos “donos da casa” atacaram tão ferozmente a nomeação de Márcio Pochmann para o IBGE. Até o aposentado Edmar Bacha, que em tempos de melhor uso de sua massa cinzenta ilustrou a desigualdade brasileira com o “Belíndia”, se disse ofendido.
O ataque não vem da ciência, mas da fé. Bacha e outros se tornaram sacerdotes inquisidores contra um acadêmico do porte de Pochmann não em defesa da razão ou do conhecimento, mas da religião que praticam, o liberalismo. Credo este que tem no ilusório “não intervencionismo” um dogma burro e absoluto, incapaz de resistir aos fatos.
Apenas para não irmos a outras datas da história econômica, em 1° de agosto de 1914 se iniciou a Grande Guerra (passados vinte anos, tornou-se a “1ª Mundial”), conflito durante o qual as principais potências beligerantes demonstraram na prática a funcionalidade e as limitações, os acertos e os problemas, de um alto grau de intervenção do estado na economia.
Dez anos depois do Tratado de Versalhes, quando os “donos da casa” já recorriam à cadela do fascismo na Itália, foi o dogma da não intervenção o que impediu a pronta reação do governo americano à crise da bolsa, em outubro de 1929, o que por sua vez só aprofundou o problema, a ponto do crescimento econômico dos EUA só voltar aos mesmos níveis em 1938.
Pochmann é o tipo de ateu que contesta a religião liberal por saber que enquanto os “donos da casa” forem livres para fazer da economia o que bem entenderem, não haverá futuro para a humanidade, o meio ambiente e o planeta.
Em tempos de perigo fascista, esse alerta pode até parecer deslocado. Afinal, dar cabo do “Lulu da Pomerânia” hidrófobo será sempre uma prioridade. Mas não se pode esquecer que ele não passa do um cãozinho de guarda a serviço dos “donos da casa”.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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