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A SEMANA

Editorial

Greve de 2020 parece ter sido há 100 anos

Apenas quatro anos depois, o cenário do país e da Petrobrás é tão diferente daquele que levou a categoria petroleira à greve em 2020 que nem parece ter sido há tão pouco tempo. Naquele momento já se sabia, mas hoje fica mais nítida ainda a importância daquele movimento. Assim como a Greve de 1995, um marco contra a Privatização da Petrobrás, pode-se afirmar que a de 2020 também teve essa dimensão. Foi um grande brado que avisou para o mundo político institucional que a categoria não iria aceitar a entrega da companhia.

Como lembrou matéria da FUP na semana passada, “o estopim foi o anúncio do fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (Fafen-PR), com a demissão sumária de cerca de mil trabalhadores que atuavam na unidade. A greve, que durou 21 dias, ganhou apoio nas ruas e nas redes sociais, em um movimento nacional de solidariedade à luta da categoria em defesa dos empregos, por preços justos para os combustíveis e contra o fatiamento e a venda aos pedaços da Petrobras”.

Foi a segunda maior greve da história da categoria petroleira no Brasil, com 21 dias de duração  — a primeira foi justamente a de 1995, que durou 32 dias. “Além da adesão massiva em todo o Sistema Petrobrás, a greve foi marcada por duas estratégias de luta que entraram para a história da categoria. Em Araucária, petroquímicos e petroleiros acamparam por 31 dias em frente à Fafen PR, se revezando em uma vigília permanente para impedir o fechamento da fábrica. Já na sede da empresa, no Rio de Janeiro, quatro dirigentes da FUP e um diretor do Sindiquímica PR ocuparam por 21 dias uma sala do andar da Gerência de Recursos Humanos, cobrando negociação para preservar os empregos dos companheiros petroquímicos”, lembra a Federação.

Entre os quatro dirigentes sindicais da FUP que ocuparam uma sala na sede da empresa esteve o diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto, que atualmente também é secretário-adjunto de Comunicação da CUT.
Foi uma página bonita da história petroleira que merece ser lembrada e reverenciada, para que nunca mais ousem atacar a Petrobrás.

Época de reforçar doações de sangue

O Sindipetro-NF apoia as campanhas de doação de sangue, que precisam ser reforçadas no período de férias e de Carnaval. Os estoques de Campos dos Goytacazes e de Macaé estão baixos e as autoridades de saúde apelam aos doadores. Para doar sangue é necessário que a pessoa esteja em boas condições de saúde; apresente documento com foto emitido por órgão oficial e que seja válido em todo território nacional; pesar acima de 50 quilos e ter idade entre 16 e 60 anos de idade. Confira outras informações sobre as doações no site do NF.

Superior

Petroleiros e petroleiras da Superior têm assembleia nacional geral nesta quinta, 8, às 19h, de modo online. A categoria vai avaliar a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2024, com aprovação de Estado de Assembleia Permanente em caso de rejeição. O acesso à assembleia poderá ser feito pelo link /is.gd/assup080224.

Baker 

Os trabalhadores da Baker que participaram das assembleias entre os dias 2 e 5 de fevereiro aprovaram, com 85% dos votos, o Termo Aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho 2022/2024 apresentado pela empresa. A decisão referendou o indicativo da FUP e sindicatos petroleiros.

Setor naval

A FUP participou no último dia 31 de Fórum pela retomada da construção naval, na sede do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), no Centro do Rio de Janeiro. O Fórum reuniu diversas entidades sindicais de trabalhadores metalúrgicos, marítimos e petroleiros, construção naval, conselho regional dos técnicos, além de representantes das centrais sindicais CUT e CTB.

Não ao assédio

Uma boa matéria do portal da CUT, também replicada no site do Sindipetro-NF, dá dicas importantes sobre como reconhecer sinais de que o trabalhador ou trabalhadora está sendo assediado no local de trabalho — o que por vezes se mostra de modo muito sutil. O texto também informa caminhos para comprovar e enfrentar a situação. Disponível em https://is.gd/contraoassedio.

Unidade

Seminário Conjunto das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizado na segunda, 5, no Galpão do MST, em São Paulo, realinhou as forças progressistas para os desafios desse ano. O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, falou sobre as prioridades do movimento sindical, que passam pela pressão sobre o Congresso Nacional pelas aprovações de pautas de interesse dos trabalhadores e pelas eleições para Prefeituras e Câmaras de Vereadores.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Em Estado de Greve, FUP pressiona na Sest

Das Imprensas da FUP e do NF

A FUP e demais representações sindicais dos trabalhadores de empresas estatais federais realizaram no último dia 31 a quarta reunião de negociação com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) para construção de um texto alternativo à Resolução 42 da CGPAR. Na reunião anterior, realizada no dia 11 de janeiro, as entidades apresentaram uma proposta que encontrou resistência do Ministério da Gestão e Inovação, ao qual a Sest é vinculada.

As lideranças sindicais esperavam que os representantes do governo apresentassem uma proposta de texto para substituir a Resolução 42. A Sest, no entanto, levou para a reunião apenas alguns pontos que pretende alterar no texto.

Diante do impasse, as entidades sugeriram a revogação da Resolução 42 da CGPAR e que um novo texto seja apresentado pelo governo federal e, a partir da nova sugestão, as entidades dos trabalhadores possam debater e fazer suas proposições, o que foi aceito pela Sest.

O objetivo das entidades é garantir a livre negociação entre empresas e sindicatos no que diz respeito aos benefícios e direitos dos trabalhadores, sem as limitações impostas pelo governo, mas respeitando a governança e a responsabilidade financeira das estatais.

Tezeu: luta pelo 70/30

“A gente não conseguiu ainda uma proposta de texto. É muito burocrático internamente no governo isso e a gente vai continuar na pressão para receber o quanto antes essa proposta de texto. De qualquer forma ficou firmado o compromisso da Sest, mais uma vez, que os planos de saúde estarão liberados para votar aos seus patamares historicamente aplicados [de 70/30 no caso petroleiro]. E nós, petroleiros, que temos um Estado de Greve aprovado caso não caia essa CGPAR até março”, afirmou o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, em vídeo gravado após a reunião.

 

População mantém alta rejeição à privatização

Da Rede Brasil Atual

Pesquisa PoderData divulgada no dia 1º de fevereiro mostra que apenas 27% dos brasileiros são favoráveis à privatização da Petrobrás. Para a maioria (57%), o governo não deve vender a maior estatal brasileira. Outros 16% não souberam opinar.

A rejeição à privatização caiu dois pontos, dentro da margem de erro – de três pontos percentuais –, em comparação com janeiro de 2023, quando 59% eram contrários à venda da Petrobrás. Os que se dizem a favor eram 24% no último levantamento, e também oscilaram dentro da margem de erro.

Anteriormente, em abril de 2022, a pesquisa registrou o maior percentual a favor da privatização (33%).
A FUP e sindicatos filiados comemoram o resultado do levantamento. “Pesquisa importante e oportuna, com resultado muito positivo que mostra a relevância da luta dos petroleiros e da mobilização da sociedade civil contra a privatização e em defesa do patrimônio público”, destacou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

O PoderData realizou a pesquisa entre 27 e 29 de janeiro, pouco mais de uma semana depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva participar da retomada das obras de ampliação da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. A unidade começou a operar de forma parcial em 2014, mas a Petrobrás interrompeu as obras em consequência da Operação Lava Jato, que bloqueou investimentos no país.

Além disso, o governo Bolsonaro chegou a incluir a Rnest, a mais moderna refinaria do país, na lista de privatizações. Lula, no entanto, reviu essa decisão, acabando com a intenção de privatizar as unidades de refino da Petrobras.

Porém, duas grandes refinarias foram privatizadas no governo anterior – a Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, e a do Amazonas (Reman). Além disso, Bolsonaro conseguiu vender outras unidades de refino especializadas.

Contra as privatizações

“Houve muita luta, principalmente dos trabalhadores e trabalhadoras, que fizeram atos, paralisações e a segunda maior greve da história dos petroleiros, em fevereiro de 2020”, lembra Bacelar.

“É motivo de nós, trabalhadores, comemorarmos a percepção da sociedade brasileira de que a Petrobras deve ficar sob o controle do Estado”, disse o dirigente da FUP. Ele lembra que há outras refinarias do país que precisam voltar ao controle da Petrobras. Assim, além da Rlam e da Reman, ele citou a Refinaria Clara Camarão (RN) e a SIX (PR), que Bolsonaro privatizou. Mencionou ainda a Lubnor (CE), que também estava na mira da privatização, mas a Petrobras desistiu da venda no ano passado.

 

GT Petros nesta quarta na pauta dos aposentados

Petroleiros e petroleiras aposentados e aposentadas, assim como pensionistas, têm reunião convocada pelo Sindipetro-NF para esta quarta, 7, às 10h, na sede da entidade em Campos dos Goytacazes. A categoria tem como pauta o Grupo de Trabalho da Petros.

Será disponibilizado ônibus entre Macaé e Campos para os interessados em participar da reunião, com saída às 7h30, da sede macaense do sindicato, e retorno previsto para às 15h (após o almoço).

Ou trabalhador ou trabalhadora que quiser utilizar o transporte precisa informar nome completo e CPF para Ezequiel (22-99996-8096) ou para Luizão (22-99785-2320).

Na primeira reunião dos aposentados, aposentadas e pensionistas realizada neste ano, na sede de Campos dos Goytacazes, o assunto GT Petros também foi tratado.

 

SAIDEIRA

Confira opções de blocos no NF que mantêm o espírito de luta

Não é de hoje que a luta sindical e dos movimentos sociais também se faz no Carnaval. De enredos históricos que desafiaram até a censura nos anos 80 ao espírito de contestação de milhares de blocos por todo o país, a crítica e a reivindicação sempre estiveram presentes nesta festa de grande expressão popular. O Sindipetro-NF tem participado deste momento, ao longo dos anos, por meio do apoio a blocos e a outras iniciativas carnavalescas que estão afinados com este compromisso de luta em meio à folia.

O sindicato sugere a participação da categoria em alguns destes blocos, para valorizar o esforço e a organização de centenas de pessoas que ajudam a popularizar os temas sindicais e sociais. Um dos mais históricos é o bloco Vaca Valiosa, do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região, que tomará as ruas, pela 14ª vez, nesta quinta, 8, com concentração às 15h na sede social do sindicato, acompanhado pela bateria da escola de samba (GRES) Ururau da Lapa.

Na sexta, 9, outra boa pedida, dessa vez em Macaé, é o bloco Panelada de Crioula, às 18h, na Praia de Cavaleiros. O Panelada de Crioula foi fundado em 20 de novembro de 2008, Dia da Consciência Negra em homenagem a Zumbi dos Palmares e Dandara, com o objetivo de valorizar a cultura popular e o carnaval de rua.

Também em Macaé, no domingo, 11, a partir das 20h, a dica é o Bloco do Bené, em Cavaleiros. O bloco foi fundado em 2009 para homenagear o músico, flautista e compositor Benedito Lacerda. O artista macaense gravou com os maiores astros da era de ouro do rádio como Francisco Alves, Carmem Miranda, Silvio Caldas e Pixinguinha.

Rock no pós

E no pós-Carnaval também tem boa opção. O Bloco Every Bode, único na região especializado em rock, vai sair no dia 16 de fevereiro, com concentração na Praça São Salvador, em Campos dos Goytacazes, a partir das 18h. Entre as atrações estarão Tubarão Martelo (banda liderada pelo petroleiro Kiko Anderson), Madame Bardot e DJ Jason.

Apoio

No domingo passado, o Sindipetro-NF apoiou a realização do pré-Carnaval da associação Raízes de Aruanda, em Macaé. Por meio da capoeira do mestre Dengo, a entidade valoriza a cultura popular.

 

NORMANDO

Negro drama, Zema e Classe

Carlos Eduardo Pimenta*

Duas notícias do final de janeiro trazem uma nova oportunidade de reflexão sobre o incessante conflito de classes que permeia as relações sociais no sistema capitalista. Sim, lá vamos nós de novo!

De um lado, a formatura em medicina de Deyvisson Luís Maia, jovem negro que escolheu a música Negro Drama, dos Racionais MC’s, para ser a trilha sonora do momento em que recebe o diploma das mãos da avó, do pai e da mãe. Do outro, o governador mineiro, Romeu Zema, ao afirmar que “a coisa mais comum que acontece é rotular: se alguém é homem, branco, heterossexual e bem-sucedido, pronto: rotulado de carrasco”, no lançamento de um programa para o apoio de mulheres vítimas de violência durante o carnaval de 2024.

Em um país que de acordo com Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, publicado pelo Pnud, divide com o Congo a 14ª posição no ranking de países mais desiguais do mundo e, onde até instituições reforçam a existência de pele alva e pele alvo, o teor dos dois eventos é repleto de simbolismos.

O “carrasco” Zema nunca escondeu sua simpatia pelas pautas da extrema direita, o fio condutor de sua vida pública foi e continua sendo a busca pela atenção de Jair Bolsonaro. E, assim como seu ídolo, coleciona gafes e polêmicas, intencionalmente utilizadas para o seu projeto político de postulante a herdeiro do bolsonarismo nas eleições de 2026.

A fala de Zema é mentirosa e contraditória em sua essência, mas serve muito bem ao seu propósito eleitoral de captar votos da extrema direita. Toda a estrutura do sistema capitalista é moldada para privilegiar e prestigiar os homens brancos, heterossexuais e, supostamente, bem-sucedidos. Os dados reforçam esse quadro: 72% dos deputados federais são brancos e, de acordo com um levantamento realizado em 2022 com 48 grandes empresas brasileiras, somente 5,8% de seus quadros executivos são ocupados por pessoas negras.

Por isso uma notícia como a do formando gera tanta repercussão, ainda mais quando apenas 48,3% das vagas no ensino superior são ocupadas por negros e pardos e, 3% dos médicos negros registrados no Conselho Federal de Medicina, vez que o “esperado” é como denúncia os Racionais “me ver pobre, preso ou morto já é cultural”.

Embora o racismo seja evidente, concreto e deva ser combatido, o debate extrapola a pauta antirracista, tanto a fala de Zema quanto os versos de “Negro Drama” demonstram que o eixo principal em disputa é boa e velha luta de classes.

As pautas identitárias são importantes, mas não podem distanciar-se ou se sobrepor ao que realmente está em jogo, os ataques perpetrados sistematicamente por bolsonaristas utilizam a velha tática do dividir para conquistar, bem conveniente para o discurso liberal. A crítica deve ser realizada, mas com atenção para justamente não desvincular o oprimido e a classe trabalhadora. As pautas identitárias só serão revolucionárias quando atacarem a raiz das desigualdades e das injustiças históricas.

* Interino. Assessor jurídico do NF e da FUP. [email protected].

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