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[VERSÃO NA ÍNTEGRA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

A SEMANA

Editorial

Mexeu com um, mexeu com toda a categoria

Entre os princípios sagrados do movimento sindical é o de que “mexeu com um, mexeu com todos”. Essa unidade que faz a massa de trabalhadores parecer um só corpo, uma só voz, é o que mais faz arrepiar os poderosos e autocratas que insistem em querer fazer história à revelia do povo, negando o seu protagonismo político.

A alta cúpula da Petrobrás ainda está cheia de bolsonaristas que pensam desse modo. Acreditam que trabalhadores não podem ousar denunciar, ousar cobrar, ousar querer participar da gestão da empresa e do país. Eles agora vão experimentar a força da unidade da categoria. Ninguém vai deixar o companheiro Deyvid Bacelar para trás.

Para quem eventualmente não esteja atualizado, “vazou” para a imprensa a informação de que um integrante do alto escalão da Petrobrás pediu abertura de investigação contra Bacelar, na Diretoria de Governança e Conformidade, possivelmente em razão das denúncias (feitas não apenas por ele, diga-se) de que a Refinaria Landulfo Alves, na Bahia, teve uma privatização muito suspeita — era avaliada em algo entre US$ 3,6 e US$ 4 bilhões e foi vendida por US$ 1,8 bilhão.

Esse “possivelmente” diz respeito ao fato de que, embora tenha “vazado” para a imprensa — publicado pela jornalista Malu Gaspar, em O Globo —, o próprio Bacelar não foi notificado e não sabe, portanto, quais as acusações que lhe são feitas. Em resposta, a FUP solicitou investigação para apurar quem desrespeitou os protocolos da empresa e “vazou” a informação para a jornalista.

De todo modo, fica o aviso: a categoria petroleira não vai se intimidar com esse tipo de postura autoritária e antissindical de bolsonaristas remanescentes. Todos os sindicatos, todas as bases, incluindo a do Norte Fluminense, estão acompanhando com muita atenção este caso. Estamos prontos para a luta. Que não ousem duvidar da nossa unidade.

Hora de mandar propostas de ACT

O Departamento dos trabalhadores do Setor Privado está recebendo sugestões de cláusulas dos trabalhadores das empresas privadas com a data base em abril, maio e junho. Entre elas: NTS, Welbore, Champion, Grupo SLB, Expro, Baker, Halliburton e KN Açu. Esse é o primeiro momento de uma Campanha Salarial que envolve a participação da categoria na construção de uma pauta de reivindicações para negociação do Acordo Coletivo de Trabalho. As sugestões devem ser encaminhadas para [email protected].

Indústria naval

Além do protesto no próximo dia 15, no Rio, o movimento em defesa do retorno da indústria naval também se articula em Brasília, com participação da FUP. No último dia 29, dirigentes sindicais se reuniram com o presidente da República então em exercício, Geraldo Alckmin, e com representantes do empresariado e do parlamento.

Luta continua

Dirigentes da FUP e de seus sindicatos participaram no último dia 28 da primeira reunião de 2024 da Comissão de AMS do novo Acordo Coletivo de Trabalho (2023/2025), dando sequência ao calendário de negociação permanente dos temas que estão previstos no ACT. Ainda há muitas pendências.

Protesto dia 15

Centrais, federações e sindicatos estão preparando, para o próximo dia 15, um grande ato contra o afretamento exagerado de navios estrangeiros. O protesto será em frente ao Edisen, às 10h, no Rio. A realização da manifestação foi decidida em reunião no último dia do Fórum em Defesa da Retomada da Construção Naval. O NF foi representado pelos diretores Alessandro Trindade e Sérgio Borges.

P-36: 23 anos

O Sindipetro-NF está finalizando a programação que vai marcar a passagem dos 23 anos da tragédia da P-36. De acordo com o Departamento de Saúde, a entidade vai lembrar o acidente por meio da promoção de um debate sobre os efeitos da precarização do trabalho. Estão previstas atividades nos próximos dias 14 e 15, que serão divulgadas em breve pela imprensa sindical do NF.

Luto

A categoria petroleira está de luto com a triste notícia do falecimento de Aroldo Barcellos Correia de Mello, um veterano petroleiro que trabalhou nas plataformas P-12 e P-48. Aroldo faleceu no último dia 24, na cidade de São Mateus, no Espírito Santo, onde residia após sua aposentadoria. Neste momento de luto, o Sindipetro-NF se solidariza à família de Aroldo, e com seus amigos e colegas de trabalho, manifestando as suas condolências.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Caos aéreo: Ações judiciais, cobrança e mobilização

O Sindipetro-NF denunciou nesta semana que tem crescido o número de denúncias dos trabalhadores sobre atrasos nos voos para embarques e desembarques na Bacia de Campos. O Departamento Jurídico da entidade orienta a categoria a guardar todas as comprovações e anotações para subsidiar possíveis ações judiciais. A orientação é válida para petroleiros de todas as empresas do setor petróleo.

“A empresa deve arcar com estadia e alimentação, pelo atraso no embarque, e pagar horas extras pelo atraso no desembarque. Trata-se de risco da atividade econômica e o ônus é inteiramente do empregador, segundo o artigo 2° da CLT. Não fazer isso é mais uma de muitas práticas que a Petrobrás e outras empresas adotam para jogar os custos de suas atividades nas costas dos trabalhadores”, afirma o advogado Normando Rodrigues, que presta assessoria à entidade.

O advogado reforça ainda que “é vital que o trabalhador registre esses eventos, tenha anotações sobre datas e valores gastos, assim como horas extras não pagas e sequer lançadas, e nos procure para, via ação judicial, cobrar esses valores e os de outras situações, como treinamentos realizados na folga”.

NF pressiona por solução

De acordo com o coordenador do Departamento de Saúde do sindicato, Alexandre Vieira, a Petrobrás tem sido pressionada pela entidade para resolver o problema dos atrasos, que tem sido ainda mais grave no campo de Roncador. A companhia deu como prazo o dia 11 de março para fazer um remanejamento de aeronaves e afirmou estar realizando um estudo para evitar que haja uma concentração de aeronaves do modelo S92, com a falta de componentes — que vem causando uma disponibilidade abaixo dos 70%.
A situação ocasiona uma piora no planejamento dos embarques e desembarques, e afeta a rotina dos trabalhadores que enfrentam problemas por conta das horas excedentes e arcam com passagens aéreas caras.

“Se necessário, voltaremos a fazer uma mobilização com a categoria. Além dos atrasos nos voos, a Petrobrás ainda está em débito conosco com relação programas e parcerias que barateiem os preços das passagens aéreas já que o disponibilizado pela empresa não atende”, frisou.

 

Petros: Fim do equacionamento pauta ato público dia 13

Das Imprensas da FUP e do NF

No próximo dia 13, a partir das 11h, em frente ao Edifício Senado (Edisen), no centro do Rio de Janeiro, a categoria petroleira e os participantes e assistidos da Petros se unem para o 3° Ato Unificado em Defesa dos Participantes da Petros, com o objetivo de pressionar a Petrobrás a pagar as suas dívidas com o fundo de pensão e pelo fim dos equacionamentos.

O 3° ato em defesa dos participantes da Petros acontece num momento estratégico e requer adesão máxima das bases da categoria petroleira, porque atualmente está em curso um grupo de trabalho (GT) com a companhia para tratar de uma solução definitiva aos equacionamentos dos Planos Petros do Sistema Petrobras (PPSPs), que há anos comprometem severamente os contracheques dos petroleiros aposentados e demais beneficiários.

A categoria reivindica ainda maior participação dos trabalhadores na gestão da Petros, sobretudo o direito de eleger diretores como ocorre em outros fundos privados de pensão e previdência, tomando por base o acordo realizado na 18ª vara do Rio de Janeiro, em 2007, que garante um diretor de seguridade e um diretor administrativo eleito pelos empregados.

Ao final de maio deste ano, cerca de 1,5 mil petroleiros e petroleiras realizaram um ato já histórico em frente ao mesmo Edifício Senado para cobrar da Petrobrás o pagamento de suas dívidas com a Petros.

 

EMBARQUES NA P-40 E NA P-53 Os diretores do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira e Luiz Carlos Mendonça (foto), embarcaram no dia 1º nas plataformas de P-40 e P-53 para verificar situação dos Módulos de Acomodação Temporária. A visita foi conjunta com a gestão Petrobrás e teve como pano de fundo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público do Trabalho. Os diretores também aproveitaram a oportunidade para conversar com a categoria sobre as condições de habitabilidade, bem-estar e das acomodações.

PÃO E PEIXE Diretores sindicais do Sindipetro-NF, Anderson Silva e Marcos Botelho (com jalecos laranja), junto a Islan Sá Barreto e Jéssica Reis, coordenadores do Projeto Pão e Peixe, de Rio das Ostras. O NF fez parceria para doar tatames para a instituição. O projeto, com um ano e meio de funcionamento, atende a cerca de 60 crianças nos turnos de manhã e tarde com aulas de reforço escolar com professores voluntários de Português e Matemática, almoço e artes marciais. No último sábado, 2, houve evento de apresentação das atividades da organização.

APOSENTADOS MOBILIZADOS  Aposentados, aposentadas e pensionistas se reuniram na manhã desta terça, 05, na sede de Macaé, para debater os próximos passos nas lutas que envolvem a Assistência à Saúde e a Petros. Na agenda da categoria está uma manifestação, no Rio, no próximo dia 13, pelo fim dos equacionamentos (leia mais na página 3 sobre o protesto).  O coordenador geral do NF, Tezeu Bezerra, e o coordenador do Departamento dos Aposentados, Antônio Alves, participaram do encontro.

SAIDEIRA

Participe das atividades do Mês da Mulher promovidas pelo NF

O Sindipetro-NF, comprometido com a promoção da igualdade de gênero e reconhecendo a importância da luta das mulheres por direitos e espaço na sociedade, anuncia uma série de atividades em comemoração ao mês da Mulher.

As celebrações terão início no dia 6 de março com um Seminário Interno Vozes Femininas: Conhecimento e empoderamento na luta pelos direitos, saúde e contra o feminicídio, destinado às funcionárias, diretoras e assessoras do sindicato. O evento contará com dinâmicas conduzidas pela psicóloga Marina Veloso, proporcionando momentos de reflexão e interação.

Nos dias 7 e 8 de março, as aposentadas terão momentos especiais com um Café da Manhã, às 10h, primeiro na sede Macaé, e no dia seguinte, um Café da Tarde, às 15h, na sede Campos, quando terão a oportunidade de confraternizar e trocar experiências.

No dia 8 de março, as diretoras do Sindipetro-NF irão participar de uma Roda de Conversa, às 19h, em parceria com o mandato da vereadora Iza Vicente, no Bar do Jorginho, localizado na rua Jesus Soares Pereira, 396, Costa do Sol, em Macaé.

Para ampliar o alcance das atividades, o Sindipetro-NF realizará panfletagens nas bases da Petrobrás e do Setor Privado. As datas previstas são: 13 de março na Praia Campista, 20 de junho em Cabiúnas e 27 de março na PT. As datas das panfletagens nas empresas privadas do setor petróleo estão sendo definidas.

O ponto alto das celebrações acontecerá no dia 27 de março com um encerramento em grande estilo. Uma Mostra Cultural será realizada na sede de Macaé, incluindo uma emocionante apresentação teatral e debate político com convidadas especiais. O evento será finalizado com um coquetel para todas as participantes.

A diretoria do Sindipetro-NF convida a todos a participarem dessas atividades em homenagem ao Mês da Mulher, reforçando seu compromisso com a valorização e o empoderamento feminino.

Programação

Dia 06/03 – 10h – Seminário Interno (Funcionárias, diretoras, assessoras). Dinâmicas com psicóloga Marina Veloso.
Dia 07/03 – 10h – Café da manhã das aposentadas na Sede Macaé.
Dia 08/03 – 15h – Café da tarde das aposentadas na Sede Campos.
Dia 08/03 – 19h – Roda de conversa no Bar do Jorginho (Macaé).
Dia 27/03 – 19h – Encerramento
Mostra cultural com apresentação teatral. Coquetel para convidadas.
Durante todo o mês – Panfletagem nas bases. Já agendadas: 13/03 – Praia campista; 20/06 – Cabiúnas; 27/03 – PT. Setor privado em definição.

 

NORMANDO

Freud explica

Ana Maria Rosinha*

A violência contra a mulher tem contornos múltiplos que muitas vezes escapam à observação menos detida.

Quando falamos de violência, não estamos falando da mera violência física, embora o adjetivo “mera” não seja exatamente apropriado. A violência física mata, aleija, tortura e, no caso brasileiro, assume proporções absurdas. Nos últimos anos, como levantado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um salto de 14,9% nos casos de estupro e 2,6% nos feminicídios.

Essa violência é palpável e a vemos todos os dias, sem que consigamos romper com esse estado de coisas.
Por outro lado, a violência econômica também conhecemos bem. É fato notório que as mulheres, exercendo a mesma função que os homens ganham salários menores. Mulheres também ascendem menos nas carreiras, seja no serviço público, seja nas empresas privadas.

Mas há outras formas de violência menos debatidas e que são hoje, inclusive, tipificadas como crime: causar dano emocional à mulher de modo a prejudicar e perturbar seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que gere prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação.

A despeito da tipificação como crime, a violência psicológica nunca mereceu da sociedade, a devida reflexão. É corriqueiro ver-se a desqualificação da mulher em situações cotidianas sem que sequer se destaque a gravidade dessa conduta.

Qual mulher, por exemplo, estando acompanhada por um homem numa mesa de restaurante, nunca foi ignorada pelo garçom com as perguntas sobre a refeição e a conta sendo feitas exclusivamente a ele? Qual mulher nunca foi ignorada no atendimento ao público, em geral, dos dois lados do balcão?

Exemplo claro dessa violência que desqualifica a mulher foi o tratamento dado pela mídia brasileira à Presidenta Dilma Roussef durante seu mandato e mesmo agora, quando ocupa o cargo de Presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como “Banco dos Brics”.

Dilma foi ridicularizada pelos colunistas de O Globo, Folha e Estadão ao usar “cultura da mandioca”, termo cunhado pelo laureado Luís da Câmara Cascudo. Foi achincalhada ao mencionar a “estocagem de vento”, apesar de apontar que a ideia, hoje já em uso, vinha de sólido artigo na reputada “Scientific American”. E sofreu ignóbil deboche ao propor a tipificação penal do “feminicídio”.

O ridículo, o achincalhe, o deboche foram naturalizados por Dilma ser mulher. Como qualquer uma de nós.

Freud explica.

*Interina. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF. Advogada no escritório Normando Rodrigues. [email protected]

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