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A SEMANA
Editorial
Petroleiros prontos para qualquer cenário
“FUP espera que nova presidente da Petrobrás ajude a cumprir programa do governo Lula, enfrentando resistências do mercado e de parte da corporação da empresa”. Assim a Federação Única dos Petroleiros resumiu em título de matéria a sua posição, que também é a do Sindipetro-NF, em relação à troca de comando na Petrobrás, ressaltando no texto a necessidade de a companhia manter-se como “agente do desenvolvimento econômico e social do país, indutora de emprego e renda”.
E tome-se esse “espera” como uma figura de linguagem, quase uma cortesia. A rigor, a categoria petroleira não espera. Ela faz acontecer.
Em toda a história da empresa e, por conseguinte, em toda a história do movimento sindical petroleiro, a categoria conviveu com diversos presidentes na empresa e, em alguns casos, o mais preciso seria trocar o “conviveu” por enfrentou. De ultraliberais fascistas a humanistas progressistas, os petroleiros e petroleiras se comportaram, diante de cada um, na medida exata do respeito despendido pela gestão e pelo governo de ocasião àqueles que de fato constroem a empresa no dia a dia, os seus trabalhadores.
Por isso, embora seja capaz de apontar pontos positivos na passagem de Jean Paul Prates na presidência da empresa — sendo o principal deles a abertura para o diálogo com as inúmeras demandas reprimidas dos anos recentes —, o movimento sindical petroleiro não tem, a priori, motivo para hostilizar a nova indicada para o cargo, Magda Chambriard. Ela e a sua gestão é que dirão se haverá motivo para tal.
O fato é que a categoria petroleira é dotada de consciência de classe e de organização. É politizada o suficiente para saber se comportar de acordo com o cenário — entendendo até mesmo que um presidente ou presidenta da empresa não é a única peça a ser considerada em um tabuleiro complexo que é uma companhia desse porte. Em todo caso, se o tempo for de paz, haverá paz. Se for de luta, haverá luta. Estamos prontos para ambas.
Categoria em alerta com socorro lento
O Departamento de Saúde do Sindipetro-NF teve ciência nesta semana, e acionou a Petrobrás em busca de providências e explicações, de um caso ocorrido na base de Imboassica em 28 de abril passado. Um trabalhador terceirizado passou mal e uma ambulância demorou 34 minutos para chegar ao local de atendimento da emergência, no AL-17 (para um percurso que leva no máximo dez minutos). O companheiro foi atendido no Hospital São Luca e se recuperou. Mas a demora no socorro chamou atenção e precisa ser solucionada.
Boletim Ineep
O Ineep divulgou nesta semana o seu Boletim de Produção e Exploração de Petróleo e Gás Natural. A publicação (disponível em is.gd/BoletimIneep02), traz os dados de produção do último trimestre e mostra que novos avanços exploratórios são necessários, mesmo com o crescimento das reservas em 2023.
Fiocruz
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), lança nesta segunda, 27, às 9h, em seu auditório, o Observatório do Impacto das Doenças Infecciosas no Trabalho (DIT). Trata-se de um ambiente virtual concebido a partir do projeto Rede de informações e comunicação sobre a exposição de trabalhadores e trabalhadoras ao SARS-CoV-2 (Covid) no Brasil.
Bloco na rua
Nesta quarta, 22, a CUT e suas entidades filiadas estarão em Brasília em defesa da pauta de interesse da classe trabalhadora. Uma grande manifestação vai reivindicar emprego decente, menos impostos, juros mais baixos, educação de qualidade, defesa do meio-ambiente, valorização do Serviço Público (Contra a PEC 32/Reforma Administrativa), entre várias outras pautas.
Doc da CUT
Lançado nesta terça, 21, o documentário “A geração que criou a CUT: a história contada por quem a faz” traz entrevistas com personalidades que ajudaram a escrever a história do país ao fundar, em 1983, a maior central sindical da América Latina. O projeto é da própria CUT, em parceria com a Fundação Perseu Abramo e com o Instituto Lavoro. O filme está disponível no Youtube.
Presente!
A FUP e seus sindicatos receberam com tristeza a notícia, no último dia 16, do falecimento de Alexandre Jatczak Almeida, gerente de Recurso Humanos da Transpetro, que teve sua trajetória trilhada no movimento sindical petroleiro. Alexandre era engenheiro pós-graduado e trabalhador concursado da Petrobrás. Foi dirigente sindical no antigo Sindicato dos Petroleiros de Cubatão, Santos e São Sebastião (hoje Litoral Paulista) e diretor da FUP.
VOCÊ TEM QUE SABER
Comida a bordo: quando tem, está estragada
A categoria petroleira na região conclui nesta semana o levantamento indicado pelo Sindipetro-NF, nas plataformas, sobre as condições de alimentação e hotelaria a bordo. Os petroleiros e petroleiras realizaram reuniões gerais onde também aprovaram um manifesto que denuncia as condições precárias e enumera outras lutas locais e nacionais. A adesão foi muito expressiva, com retorno de formulários respondidos por 26 unidades.
Os relatos que constam dos formulários vão compor um dossiê, em fase de sistematização pelo Departamento de Saúde do sindicato, para ser protocolado junto à própria Petrobrás e a órgãos fiscalizadores, como a Anvisa, a Secretaria de Trabalho e emprego e o Ministério Público do Trabalho.
Relatos dramáticos
Como era de se esperar, com base nas denúncias que chegam à diretoria da entidade tanto pessoalmente quanto nos contatos de whatsapp e no e-mail de denúncia disponibilizado ([email protected]), os formulários trouxeram relatos dramáticos sobre a realidade enfrentada pelos petroleiros e petroleiras.
Apenas como exemplo é possível citar trechos como “Constante falta de insumos. Falta de opções nas refeições, principalmente no lanche da noite”; “Falta de variedade e comida de péssima qualidade”; “Falta alimento no fim do horário das refeições”; “Quantidade insuficiente dos alimentos servidos, qualidade baixíssima das carnes bovinas servidas, quantidade insuficiente de água de coco e frutas servidas”; “Lugar sujo sem higiene”; “Alimentos mal preparados e/ou estragados, como hortifrutis passados. Falta de atendimento às opções previstas em contrato, como por exemplo frutas”; e “Quantidade de alimentos servida nas refeições não atende a demanda. Quem prefere ir almoçar ou jantar mais tarde próximo do horário de fechamento do refeitório na maioria das vezes fica sem nenhuma opção de proteína. Pontos de lanche mal abastecidos”.
CNAP reúne aposentados no final do mês no Rio
A FUP convocou para os próximos dias 27 e 28 de maio, no Rio, uma reunião extraordinária do Conselho Nacional dos Aposentados e Pensionistas (CNAP). A convocação havia sido indicada pelo Conselho Deliberativo da Federação, realizado no último dia 9.
Os representantes dos sindicatos que integram o CNAP, entre eles o Sindipetro-NF, vão discutir a conclusão dos trabalhos do GT Petros; o Grupo de Trabalho da APS (Assistência à Saúde); a nova relação de custeio e tabela do Grande Risco (70 x 30); um calendário nacional de mobilizações no Sistema Petrobrás para solução dos problemas na Petros e na AMS; e a programação de congressos regionais e o nacional da FUP.
Os preparativos para o CNAP, com a discussão prévia destes pontos, estiveram na pauta da mais recente reunião setorial dos aposentados, aposentadas e pensionistas do Sindipetro-NF, na última sexta, 17, na sede de Macaé.
A reunião destacou a problemática dos equacionamentos da Petros, que têm imposto descontos considerados abusivos nos pagamentos dos beneficiários. Este tema tem sido uma preocupação constante para o movimento sindical petroleiro, que vê nesses equacionamentos um impacto negativo significativo sobre a renda dos aposentados e pensionistas.
Outro ponto de discussão foi a volta do 70×30. “Estamos saindo desse modelo nefasto que tanto nos atingiu nos últimos anos que é o 60×40 para o retorno do histórico do 70×30. Isso vai representar uma melhora significativa no custeio do Plano, explica o coordenador do Departamento, Antônio Alves, o Tonhão.
NF cobra APCAB sobre demandas da categoria
Representantes do Sindipetro-NF e da APCAB (Cabiúnas) estiveram reunidos, no último dia 16, para tratar de questões cruciais relacionadas às condições de trabalho e alimentação na base. A pauta abrangeu temas como alimentação contratada, horário do restaurante, estacionamento externo, ponto de saída no CIC e a média de troca de turno.
A reunião começou com o sindicato destacando o descumprimento da Cláusula 76, Parágrafo 6º, do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que assegura a mesma alimentação para todos os usuários dos restaurantes das unidades. Atualmente, a diferença na oferta de alimentos e a obrigatoriedade de alguns trabalhadores se alimentarem com quentinhas coloca a empresa em risco de processos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e ações judiciais foram alertadas pelo sindicato.
A empresa informou que há previsão de construção de um novo complexo de escritórios e alimentação em 18 meses. No entanto, o sindicato deixou claro que não é aceitável manter o descumprimento do ACT por tanto tempo.
Sobre o horário do restaurante, a empresa reconheceu que a situação atual, onde os trabalhadores do turno não têm alimentação adequada à noite e nos finais de semana, é insustentável. O sindicato sugeriu verificar diariamente a demanda para evitar desperdícios, uma vez que este é o motivo alegado pela empresa para a restrição de horários. A empresa concordou em analisar essa proposta.
Estacionamento Externo
Os trabalhadores enfrentam dificuldades para estacionar na área externa do APCAB, sendo obrigados a estacionar na rodovia, o que coloca sua segurança em risco.
O sindicato também apresentou demandas sobre o Ponto de Saída no CIC e a Média de Troca de Turno (leia mais no site da entidade).
SAIDEIRA
Teatro do NF em Macaé recebe espetáculo Carukango nesta 5ª
O teatro do Sindipetro-NF em Macaé recebe nesta quinta, 23, às 18h, o emocionante espetáculo “Carukango”. A peça, que conta com a atuação de Peterson Feroli no papel de Carukango e direção de Yuri Negreiros, celebra a resistência e luta do líder quilombola que se tornou símbolo da resistência contra a escravidão na serra de Macaé. A produção tem apoio cultural do sindicato.
Apesar da entrada ser gratuita, os interessados precisam garantir os ingressos pelo Sympla devido à limitação de espaço. A apresentação contará com um intérprete de Libras, garantindo acessibilidade a todos.
Além de Macaé, “Carukango” fará uma turnê por cinco outras cidades do interior do Estado do Rio de Janeiro: Rio das Ostras, Cabo Frio, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia e Quilombo Machadinha em Quissamã.
Os organizadores do Núcleo de Experimentações Cênicas (NEC) explicam que “esse espetáculo se justifica na necessidade da visibilidade e protagonismo do artista negro e das manifestações afro-brasileiras na cena teatral, não como plano de fundo, mas sim como matéria de pesquisa e elemento formador”.
O projeto é viabilizado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo.
PETROLEIRO SOLIDÁRIO O diretor do Sindipetro-NF, Alessandro Trindade, informou nesta semana que a Campanha Petroleiro Solidário acaba de enviar para o Rio Grande do Sul doações de mil fraldas infantis, 20 fardos de água mineral, roupas, 15 travesseiros novos e 10 edredons. Todo este material é de doações da categoria.
NORMANDO
O muro do Leite
Normando Rodrigues*
O capitalismo inglês começou com as Leis de Cercamento: os ricos muraram e se apropriaram de terras públicas antes voltadas à sobrevivência dos pobres. E o roubo ficou conhecido como “sagrado direito de propriedade”.
Com o neoliberalismo e suas atuais “leis de cercamento” os ricos tomam as verbas públicas da educação, saúde, previdência, saneamento e outros direitos dos pobres. E também o dinheiro da proteção ao meio ambiente e das adaptações à mudança climática.
O enlameado neoliberal Eduardo Leite admitiu em 20 de maio que estudos científicos alertaram para a possibilidade do desastre ambiental e que nada fez porque “o que se impunha era a questão fiscal”.
Eduardo Leite e muitos outros governam para os ricos e os porta-vozes dos nababos constroem mentiras ocultadoras do cercamento da desigualdade. A pior, no plano ambiental, é a que prega a “democracia” dos eventos climáticos extremos.
Ao contrário, os verdadeiros responsáveis, os ricos, via de regra não são atingidos. Quando o são, desviam os ônus para as costas dos pobres, vide o caso do condomínio de luxo que em Pelotas drenou as águas do próprio alagamento para a comunidade pobre de Passo dos Negros, no bairro de Navegantes.
Na contracorrente da ocultação do muro, há poucas semanas a mídia expôs a pesquisa global do Instituto Ipsos: o Brasil é o país com maior percepção de que a desigualdade é o principal problema social, dentre 29 escrutinizados.
Embora esse “maior” corresponda a somente 24% dos brasileiros, o dado se soma à noção de que a economia funciona para beneficiar os ricos (74%) e à leitura de que mais ações precisam ser tomadas no combate à desigualdade (61%).
Num país de desigualdade abissal, é normal que defensores da segregação social, como Eduardo Leite, sejam preservados. Ninguém lhe questiona ter destinado à Defesa Civil minguados 0,009% do orçamento estadual, apesar dos alertas. E adocicam sua fala contra doações, pois é necessário que os humanos passem frio, para que o mercado se aqueça.
Mas uma obra pode soterrar Eduardo Leite. Em 2021 o governador sustentou a remoção do muro do Cais Mauá, parte vital do sistema contra enchentes de Porto Alegre. Indagado se havia arrependimento, disse nunca ter dito “que os muros (…) deveriam sair dali.”.
Leite, porém, é taxativo no vídeo: “sem ter aquele muro que dividia o antigo porto, da Cidade…”
Enquanto não apontarmos os verdadeiros culpados por tragédias de dimensões riograndenses, elas não só se repetirão como continuaremos a eleger neoliberais obcecados pela destruição de outro tipo de muro. Os poucos muros que protegem os pobres.
Assessor jurídico do NF e da FUP. [email protected]
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