Nascente 1378

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A SEMANA

Editorial

Teletrabalho tem que estar no ACT e não faltará luta 

Está chegando ao final um prazo pedido em reunião no dia 7 de fevereiro, de três semanas, para que representantes da Petrobrás conversassem entre seus pares de gestão e retornassem ao movimento sindical uma posição da companhia sobre o teletrabalho.

Desde janeiro, quando a empresa implementou de modo unilateral mudanças arbitrárias e profundas no trabalho remoto, impactando severamente milhares de trabalhadores e trabalhadoras, as federações e sindicatos têm atuado na mobilização da categoria e na pressão por uma solução negociada para o tema.

Os primeiros atos começaram ainda em janeiro, no dia 14, tendo entre eles uma grande manifestação nacional no Edisen. Depois vieram as assembleias com indicativos de Estado de Greve, que acabaram por ser aprovados (no NF, em assembleias de 28 a 30 de janeiro).

Seguiram-se reuniões, como a já citada do dia 7, tentativas de entendimento. Mas a Petrobrás continua a se comportar como proprietária dos seus trabalhadores, não como contratante que deve pressupor possibilidade de diálogo sobre o contrato, sobretudo em relação a práticas que vinham sendo testadas e aprovadas, como a do teletrabalho.

No último dia 12, fizemos o Dia Nacional de Luta Pelo Teletrabalho com atos em todo o país. No Norte Fluminense houve trancaço nas duas entradas da Base de Imbetiba. E, no dia 19, houve café da manhã sindical no Parque de Tubos. Nova atividade foi chamada agora para esta quarta, 26, na Praia Campista, às 13h30, para reunir petroleiros e petroleiras da própria base de Imbetiba e de outras bases que puderem comparecer. As mobilizações estão numa crescente e é prudente que a companhia não ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, que serão incansáveis até que o teletrabalho esteja no Acordo Coletivo de Trabalho.

NF de olho no calor nos galpões de Macaé

O calor extremo vivenciado pelo Planeta e, particularmente, pelo Brasil, têm gerado um aumento de relatos de trabalhadores sobre as condições de temperatura nos seus locais de trabalho. De acordo com NRs, é obrigação dos empregadores manter as temperaturas dentro de limites fixados e confortáveis para a força de trabalho. Em Macaé, uma das preocupações é com os galpões de empresas privadas que prestam serviço à indústria do petróleo. O sindicato está de olho em avalia ações de fiscalização e formalização de denúncias.

Voto da mulher

O 24 de fevereiro marca uma das mais importantes lutas das mulheres brasileiras: a que foi travada por um direito político básico, o de votar e ser votada. Foi nesta data que, em 1932, após muita luta de pioneiras como Bertha Luz, entre tantas outras, foi garantido esse direito. Passado quase um século, ainda há muito a avançar.

Benzeno

Está disponível na íntegra o seminário “Benzeno Cancerígeno: Avançar na redução dos riscos à saúde”, que contou com a participação de diretores do NF. O evento serve de formação para sindicalistas e líderes de base. A luta é para que não seja aceito nenhum nível de exposição como “tolerável”. Assista em is.gd/sembenz.

Vaca na quinta

O “Vaca Valiosa”, bloco tradicional do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região, desfila nesta quinta, 27, com concentração a partir das 15h na sede da entidade, no Centro. O Bloco será acompanhado pela bateria da Escola de Samba Ururau da Lapa. Será o 15º desfile do Vaca, que denuncia com samba e bom humor a exploração dos bancários (e da população) pelos banqueiros.

Panelada na sexta

Outra boa pedida nesta semana de pré-Carnaval é o bloco Panelada de Crioula, em Macaé, que tem concentração no Clube Cidade do Sol, nesta sexta, 28, a partir das 18h. As vendas de abadás e mais informações podem ser obtidas pelo telefone (22) 998247809. O bloco, que tem o apoio do Sindipetro-NF, vai contar com a bateria Macaé Show, do Mestre Azevedo.

Trabalhador na gestão

A CUT informou nesta semana que, por decisão do STF, o Congresso Nacional tem dois anos para criar normas que garantam aos trabalhadores urbanos e rurais o direito de participar da gestão das empresas. A prática, presente nas empresas estatais (como Petrobrás e Transpetro), pretende ampliar a voz dos trabalhadores nas decisões que afetam as suas vidas nas organizações empresariais, além de fortalecer a organização em torno dos sindicatos.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Nesta quarta tem mais mobilização no NF

O Sindipetro-NF realiza nesta quarta, 26, na sede de Imbetiba, uma conversa entre a direção sindical e os trabalhadores administrativos sobre o teletrabalho. A atividade faz parte do Dia Nacional de Luta que está sendo convocado pela FUP e FNP pela reabertura da mesa de negociação com a Petrobrás sobre o Teletrabalho e sua inclusão como cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho.

A diretoria do NF lembra da importância da mobilização da categoria e chama a todos para estarem presentes às 13h30 no portão da Praia Campista, inclusive trabalhadores de outras bases que puderem comparecer.

Muita mobilização

As mobilizações desta quarta dão continuidade à luta que vem sendo realizada para pressionar a Petrobrás a abrir um canal de negociação com as entidades sindicais para discutir regras coletivas para o teletrabalho. Além das mobilizações nas bases, a FUP está engajada em várias outras frentes de luta e ações políticas para garantir uma mesa de negociação sobre o tema.

Interação e informação

O Sindipetro-NF criou um grupo para conversar com os trabalhadores interessados pelo tema. Todas as terças-feiras, a partir das 14h, um membro da diretoria faz plantão e tira dúvidas da categoria. Para entrar no grupo no WhatsApp, o trabalhador ou trabalhadora deve acessar is.gd/zaptele.

É importante também que a categoria esteja informada do histórico da luta pelo teletrabalho, para que compreenda cada passo negocial e de mobilizações. Um resumo está disponível em is.gd/histele.

 

Duas ocorrências em uma semana com aeronaves

O Sindipetro-NF recebeu dos trabalhadores na semana passada e confirmou junto à Petrobrás informações sobre falhas em aeronaves, operadas pela empresa Omni, durante dois voos para unidades do Campo de Búzios, no litoral fluminense. O sindicato acompanha os casos e cobra transparência e o máximo de precaução.

A mais recente aconteceu no dia 20, com um AW139, do fabricante Leonardo, que estava indo para a plataforma de Merluza, mas os pilotos também perceberam um aumento da vibração no rotor principal e pousaram a aeronave em Mexilhão. Os pilotos fizeram uma primeira inspeção e identificaram problemas no damper do rotor principal. O equipamento permaneceu na plataforma para manutenção.

A primeira ocorrência aconteceu na terça, 18, com um modelo H175, fabricado pela Airbus. Os pilotos perceberam um aumento da vibração no rotor de cauda e decidiram retornar ao aeroporto de Maricá, onde a equipe de manutenção mecânica identificou uma falha no procedimento de montagem de um dispositivo chamado damper do rotor de cauda.

Denuncie

O Sindipetro-NF continua a acompanhar os casos junto à Petrobrás e demais empresas envolvidas, e solicita aos trabalhadores que mantenham o envio de informações sobre estas e outras ocorrências para [email protected].

Trabalhador morre em navio da Transpetro

Da Imprensa da FUP

Na manhã do último dia 19, um grave acidente foi registrado a bordo do navio Dragão do Mar [da Transpetro], resultando na morte do marinheiro de convés Edilson Sergio da Silva. O incidente ocorreu às 09h50, no horário local (18/02/2025, 23h50 no horário de Brasília), enquanto a embarcação navegava a aproximadamente a duas milhas náuticas da Ilha Campbell, no Estreito de Malaca, a dois dias de Singapura.

De acordo com informações preliminares, o marinheiro trabalhava na área de armazenamento de tambores acima do convés principal quando sofreu uma queda de aproximadamente seis metros de altura. A vítima recebeu os primeiros socorros na enfermaria do navio. Diante da gravidade do caso, a embarcação iniciou manobra de retorno para Singapura, o porto mais próximo, onde o marinheiro seria encaminhado para atendimento médico em terra. No entanto, aproximadamente 30 minutos após a queda, Edilson sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.

Nalva Faleiro, diretora da FUP, reafirmou que as atuais medidas de segurança são insuficientes, “é preciso garantir condições seguras de trabalho, com treinamento adequado para todos e, principalmente, uma política permanente de recomposição de efetivos que seja definida com a participação dos trabalhadores.”

 

SAIDEIRA

Pautas do Setor Privado terão debate nacional em seminário

Petroleiros e petroleiras das empresas privadas da indústria do petróleo, no Brasil, estão em contagem regressiva para o Seminário Nacional do Setor Privado de Petróleo e Gás, organizado pela FUP, em parceria com o Sindipetro-RN, em Natal, entre os dias 19 e 21 de março de 2025.

A programação prevê debates sobre a transição energética, aspectos jurídicos e trabalhistas, e as conjunturas políticas e econômicas que afetam os trabalhadores e as trabalhadoras. “Durante os três dias de evento, também serão abordados temas como: novas relações de trabalho, convenções coletivas, segurança e saúde no trabalho, diagnóstico do setor e participação de mulheres e LGBTQIA+. Além disso, o seminário proporcionará uma análise detalhada sobre terceirizações, tabela salarial, e os desafios que os sindicatos enfrentam nas negociações com as empresas do setor e com a Petrobrás”, informam os organizadores.

O evento também contará com a realização de trabalhos em grupo, onde serão discutidas ações concretas para avançar na organização sindical e melhorar a negociação coletiva, com foco na ampliação da sindicalização e da mobilização dos trabalhadores.

 

DIÁLOGO COM A PETROS  O Teatro do Sindipetro-NF ficou lotado no último dia 19 para um encontro entre aposentados, aposentadas e pensionistas com o presidente da Petros, Henrique Jäger. O gestor prestou contas sobre as suas atividades à frente da fundação e esclareceu dúvidas sobre os chamados PEDs (Planos de Equacionamento). De acordo com o coordenador do Departamento de Aposentados, Antônio Alves, o Tonhão, Jäger apresentou os resultados do ano de 2024 e falou sobre imunização do patrimônio, melhoria de atendimento, tributação dos planos privados e mudança quanto ao uso de títulos “marcado a mercado” (preço no momento do investimento) para o “marcado a vencimento” (preço no momento do vencimento).

 

NORMANDO

6×1 e o Teletrabalho

Carlos Eduardo Pimenta*

A proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que busca substituir a escala de trabalho 6×1, e a mobilização dos petroleiros contra as mudanças no regime de teletrabalho da Petrobrás evidenciam a importância da ação coletiva dos trabalhadores em defesa de melhores condições de trabalho. A escala 6×1 é criticada por sua carga excessiva, que limita o tempo de descanso e convivência familiar. Trabalhadores de vários setores têm reivindicado mais tempo para equilibrar vida pessoal e profissional.

A proposta de Erika Hilton visa substituir o modelo 6×1 por um regime 4×3, permitindo mais descanso e tempo para o bem-estar físico e psicológico. A mudança almejada representa uma melhoria nas condições de trabalho, promovendo a qualidade de vida ao considerar a saúde mental e o tempo de convivência social dos trabalhadores. Recentemente, a Petrobrás reduziu os dias de home office de três para dois por semana, em uma decisão unilateral, sem diálogo prévio com os trabalhadores. Essa medida gerou críticas da Federação Única dos Petroleiros (FUP), pois o teletrabalho trouxe benefícios, especialmente para aqueles que moram longe das bases de operação da empresa.

A mobilização dos petroleiros aumentou em resposta à mudança, com protestos e ações em várias bases pelo país. A principal queixa da categoria é que, ao reduzir o tempo de teletrabalho, a Petrobrás desconsidera as vantagens dessa modalidade, como a redução de deslocamentos e a melhoria da qualidade de vida, permitindo um equilíbrio melhor entre as demandas profissionais e pessoais.

A união dos trabalhadores em torno dessas causas, como o fim da escala 6×1 e a manutenção das condições favoráveis ao teletrabalho, reflete a importância da mobilização social como ferramenta de mudança. A força da mobilização trabalhista fortalece o poder de negociação, aumentando a pressão sobre empregadores e autoridades para que adotem práticas mais justas e equilibradas.

As propostas como a de Erika Hilton e a luta dos petroleiros contra as alterações no regime de teletrabalho não apenas buscam equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, mas também evidenciam a necessidade de um novo paradigma nas relações de trabalho, onde os direitos dos trabalhadores sejam mais respeitados e as condições mais dignas.

Além disso, a mobilização é crucial em um ano de negociação coletiva. Essas mobilizações impactarão as discussões sobre as condições laborais e fortalecerão a posição dos trabalhadores nas negociações com os empregadores. Ao engajar os trabalhadores em ações coletivas, as lutas atuais não visam apenas a melhoria das condições, mas também a construção de um futuro no qual os direitos trabalhistas sejam verdadeiramente valorizados e respeitados.

A mobilização contínua não é apenas uma resposta às adversidades atuais, mas uma estratégia essencial para conquistar uma jornada de trabalho mais justa, equilibrada e humana, onde os trabalhadores se sintam valorizados e respeitados.

 * Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.  [email protected]

 

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