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A SEMANA
Editorial
Os pronomes da luta de classes gramaticais
Sempre quando alguém vem dizer que não gosta da luta do “nós contra eles”, não tem erro: esse alguém está do lado “deles”, não do “nós”. Pode até não ser um integrante dos “eles”, mas acredita que é, ou está a serviço de. É a luta de classes espelhada numa questão de classe gramatical. A batalha dos pronomes.
Nos últimos dias, os veículos liberais da imprensa comercial tentaram emplacar a teoria de que o governo Lula estaria estimulando essa guerra do “nós contra eles”, em relação o Congresso Nacional, o que seria perigoso para a Democracia, o equilíbrio de poderes, e blá blá blá.
Simulam não entender que democracia é o regime onde justamente os conflitos devem ser explicitados. E que o que está em questão não é uma luta o Executivo contra o Legislativo, mas de “nós” (99% da população) contra privilégios “deles” (o 1% privilegiado que não paga imposto).
Uma hora esse conflito iria explodir, não é mesmo? E olha que, à moda conciliatória brasileira, até que forma muito suave, por meios jurídicos (portanto, constitucionais) na frente formal, do governo, e por meios humorísticos nas redes sociais digitais, na frente informal. Ou seja, nem de longe uma revolução como tantas que foram feitas ao longo da história por questões tributárias.
Abrir mão de privilégios incomoda muito a eles. Problema deles. Nós seguiremos na luta.
“Mercado” estima queda na inflação
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 5,2% para 5,18% este ano. É a sexta redução seguida na estimativa, publicada no Boletim Focus desta segunda-feira (7), em Brasília. A pesquisa é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. Para 2026, a projeção da inflação permaneceu em 4,5%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente.
Paga, BBB
Sindicatos e movimentos sociais realizam nesta quinta, 10, às 18h, um grande ato público no vão livre do Masp, em São Paulo, em apoio à taxação dos bilionários, bancos e BETs (BBBs), que acumulam fortunas e não pagam imposto de renda como os trabalhadores pagam. O mote é “Centrão, o povo não vai pagar a conta”.
Mais empregos
O mercado formal de trabalho brasileiro registrou no mês de maio um saldo positivo de 148.992 postos de trabalho, alcançando um recorde de 48.251.304 vínculos com carteira assinada no país, de acordo com dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado no último dia 30.
Brasil de volta
O presidente Lula anunciou, na última sexta, 04, durante cerimônia que marcou a retomada dos investimentos da estatal no setor de refino e petroquímica no Rio de Janeiro, na Reduc, um pacote de investimentos da ordem de R$ 33 bilhões no estado até 2029. Desse total, cerca de R$ 26 bilhões estão previstos no Plano Estratégico 2025-2029 (PN 25-29), com foco na integração da Reduc com o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí — antigo Comperj.
Sem proteção
Praga que ameaça de forma geral a todos os trabalhadores e trabalhadoras, a pejotização também produz efeitos específicos. A Confederação Nacional dos Químicos (CNQ) destaca que um dos efeitos, na categoria, vai se dar entre os profissionais que lidam com substâncias perigosas (químicos tóxicos, materiais corrosivos, entre outros). Sem vínculo empregatício, desaparece toda a estrutura de proteção.
Lighthouse
O Sindipetro-NF conquistou a representação sindical dos radioperadores da empresa Lighthouse. Após tratativas preliminares, uma Carta de Representação foi firmada entre a entidade e a empresa. Foi acordado o início das negociações de um novo Acordo Coletivo de Trabalho para a categoria. Em breve serão realizadas reuniões setoriais com os trabalhadores e reuniões negociais com a empresa. Bem-vindos!
Luto
O Sindipetro-NF comunicou nesta semana, com profundo pesar, o falecimento do filiado Luiz Carlos Alvim Marques Junior, ocorrido no último dia 6 de julho, aos 47 anos. Alvim era filiado ao sindicato desde 2004 e exercia a função de Coordenador de Manutenção da plataforma P-26. Reconhecido por colegas como um profissional exemplar, deixa uma marca de ética, comprometimento e companheirismo na categoria petroleira. Presente!
VOCÊ TEM QUE SABER
Plano de Cargos na pauta nesta quarta
A FUP volta a ter reunião com a Petrobrás nesta quarta, 09, para dar sequência às rodadas de negociações do Plano de Cargos e Salários. Na mesa desta semana, o tema é “horizonte das carreiras”. Para o próximo dia 17 está prevista nova reunião, desta vez com o tema “estrutura salarial”. Em agosto, haverá mais duas reuniões, que abordarão critérios de movimentação e outras questões do novo plano de cargos.
A Federação e os sindicatos, como o Sindipetro-NF, têm alertado, no entanto, que a julgar pela primeira reunião do calendário — realizada no último dia 25, que discutiu “atribuições profissionais e dos cargos” —, o cenário impõe grande necessidade de mobilização da categoria, diante de um recrudescimento da gestão da empresa em relação ao tema.
Entre as cobranças da FUP esteve o processo anual de avanço de nível e promoção, que a empresa anunciou nos últimos dias. A Federação também cobrou explicações da Petrobrás sobre a suspensão do processo de contratação das turmas de trabalhadores aprovados no concurso PSP 2023-2, que aguardavam a convocação. Segundo o RH, a suspensão ocorreu por decisão judicial, devido a ações de alguns trabalhadores pleiteando transferência do local de trabalho.
A expectativa da categoria petroleira é a de que haja um só modelo para todo o Sistema, que atenda as principais premissas da proposta conjunta apresentada pelas duas federações sindicais. Além de um plano unitário, negociado e regrado coletivamente, a FUP e a FNP defendem que ele promova equidade e diversidade, valorize e retenha os trabalhadores, repare as distorções causadas pela imposição de dois planos desiguais (PCAC e PCR) e que garanta transparência e gestão participativa.
Na primeira rodada de negociação, foram discutidos as atribuições profissionais e os cargos. A Petrobrás fez uma apresentação conduzida pela FIA, empresa de consultoria que participou da elaboração do PCR. A apresentação reforçou aspectos do PCR que as entidades sindicais criticam sistematicamente, como a multifunção, e que têm sido, inclusive, questionados na Justiça.
Petroleiros da LCD seguem na luta com apoio do NF
Trabalhadores e trabalhadoras da LCD voltaram a realizar protestos, nesta semana, para cobrar o pagamento de salários e demais direitos. Eles fizeram trancaços na entrada da base de Cabiúnas, em Macaé, no início do expediente na unidade. Embora não represente os empregados desta empresa, diretores e diretoras do Sindipetro-NF estiveram no local para prestar solidariedade e contribuir na luta.
Esta é a segunda vez que trabalhadores da LCD precisam protestar para fazer valer os seus direitos. No dia 23 de junho, a categoria também fez um trancaço, amplamente repercutido na imprensa e nas redes sociais. No dia 26 de junho, o Sindipetro-NF recebeu os trabalhadores em sua sede, em Macaé, em uma ação de solidariedade e acolhimento. Junto à FUP, a entidade também havia conseguido da Petrobrás um pagamento emergencial direto de salários.
Na semana passada, a LCD havia se comprometido a realizar os pagamentos pendentes, de salários e benefícios, solicitando um retorno dos trabalhadores às suas atividades. A empresa, no entanto, não cumpriu com a sua parte no acordo.
Presença em peso do NF
A diretora Bárbara Bezerra está entre os integrantes da diretoria do Sindipetro-NF que estiveram em Cabiúnas para contribuir no protesto e na resolução do impasse. Ela informa que uma comissão foi atendida pela gerência da unidade e que o protesto vai continuar até que se tenha uma resposta sobre o pagamento dos direitos. O coordenador do Departamento dos Trabalhadores do Setor Privado, Eider Siqueira, a diretora do departamento, Jancileide Morgado, e o coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, também estiveram entre os diretores e diretoras que estão representando o NF na solidariedade à LCD, com vídeos e presenças nas manifestações e interlocuções junto à Petrobrás.
Convites nas sedes para Arraiá dia 17
O Sindipetro-NF realiza, no próximo dia 17, o seu tradicional arraiá, às 18h, na sede de Campos dos Goytacazes. O ingresso, que começou a ser disponibilizado nesta terça, 08, e pode ser retirado até o dia 15 de julho (vagas limitadas), presencialmente nas recepções de qualquer uma das duas sedes da entidade, dá direito à entrada do associado ou associada e de mais dois acompanhantes.
No dia do arraiá haverá ônibus saindo da sede de Macaé, às 16h30. Quem for utilizar esse transporte precisa fazer contato com a funcionária Ivana de Fátima para fazer a reserva de vaga (pelo contato 22-98178-0079).
O sindicato reforça a importância dos momentos de confraternização para tornar ainda mais fortes os laços de solidariedade para a luta da classe trabalhadora. Além de aproximar a categoria do seu sindicato, estes momentos estimulam o pertencimento e a integração da categoria. Participe.
SAIDEIRA
Coletas do Projeto Covid Longa nos dias 23 e 24 em Cabiúnas
Depois de permanecer por mais de um mês no Aeroporto de Macaé, a equipe de atendimento e coleta do projeto Covid Longa, da Fiocruz, estará à disposição da categoria petroleira na base de Cabiúnas, nos próximos dias 23 (quarta) e 24 (quinta), das 7h às 14h. Agendamentos e mais informações com Leandro Carvalho (21-993057749).
O projeto é realizado pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz), com o apoio do Sindipetro-NF, do Centro Multidisci-plinar e Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Macaé (UFRJ) e financiamento do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ). O objetivo é investigar os impactos a longo prazo da Covid-19 entre petroleiros e petroleiras.
PALESTRA PETROS A sede do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes recebeu, no último dia 03, palestra sobre o plano Petros, que reuniu um grande número de aposentados e pensionistas da categoria. O auditório ficou lotado para acompanhar de perto os esclarecimentos prestados pelo presidente da Petros, Marco Aurélio Viana, e pelo diretor de Riscos, Finanças e Tecnologia da fundação, João Marcelo Torres.
NORMANDO
Gatunos e Baronesinhas
Normando Rodrigues*
Big techs, Bilionários e Banqueiros são os barões ladrões de nossos dias. Nossos deputados? Apenas “baronesinhas”.
Os cavaleiros medievais, os grandes capitães da indústria, os nossos barões da cana, do café e da borracha, os coronéis do latifúndio, todos governaram a vida e a morte de seres humanos, dentro de seus feudos.
Do mesmíssimo modo e em escala global, as Big techs, Bilionários e Banqueiros dominam cada aspecto da vida e da morte dos que cativam mediante crenças, consumo e crédito.
No entanto, os BBBs demandam fiéis serviçais, como os do nosso Congresso Nacional, instituição sequestrada por “bbbzinhos”, os malfeitores dos grupamentos do Boi, da Bíblia e da Bala, imerecidamente chamados de “bancadas”.
Os bbbzinhos podem parecer muito ferozes, especialmente contra mulheres (vejam-se as duas últimas visitas de Marina Silva às casas) mas não são Barões. São meras “baronesinhas”.
Individualistas ao extremo, as baronesinhas parlamentares somente se organizam em coletivo para combater os pobres, mantendo ou se possível acentuando o maior problema do Brasil, a desigualdade social.
Infestada de baronesinhas, a Câmara de Hugo-não-se-importa usurpou crescentemente o dinheiro de todos, desviado para garantir a dinástica reeleição dos mesmos saqueadores.
O tamanho do butim das baronesinhas é de 61,7 bilhões no orçamento da União deste ano. Para se ter uma ideia, todo o investimento dedicado ao Programa de Aceleração do Crescimento, distribuído por 16 órgãos públicos, soma 57,6 bi e o governo terá que cortar outros 31,3 bi da mesma receita, para manter o austericídio da máquina.
Garantido o assalto aos cofres da viúva, termina aí a ação concertada das baronesinhas e prevalecem mesquinhos interesses como favorecer a empresa de parentes ou asfaltar a estrada que leva à própria fazenda.
À frente das baronesinhas, Hugo-marmotta se notabilizou por, em mais de uma ocasião, empenhar a palavra em defesa de propostas de justiça social do governo e menos de dois dias depois descumprir frontalmente o acordado. Talvez se deva lembrar que, ao menos em um episódio, entre um dia e outro Hugo-mamata foi flagrado mamando numa garrafa de Chivas 12 anos.
Guimarães Rosa, que entendia de sertões e de veredas, de baronesinhas e de balas, e ate de honra entre jagunços, escreveu que “crime, que sei, é fazer traição, ser ladrão de cavalos ou de gado… não cumprir a palavra.”
Em tempo, vale esclarecer que “baronesinhas” é o apelido daquelas plantas aquáticas que se alimentam de matéria orgânica em decomposição.
Ressalve-se apenas que a comparação, aqui, é reversa: as baronesinhas do congresso vivem de transformar água límpida em chorume.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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