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A SEMANA
Editorial
Prisão de golpista é uma mostra de maturidade
A prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro, na última segunda-feira (04), se deu como desdobramento do processo em que seu filho Eduardo Bolsonaro, o deputado licenciado que trama contra o Brasil nos Estados Unidos, é acusado de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Tudo devidamente tipificado e com tramitação que cumpre os ritos e liturgias da Justiça.
A prisão, em caráter preventivo por descumprimento de medidas cautelares, ainda não é, portanto, aquela tão aguardada após sentença final. Sequer representa punição por todo o conjunto da obra de Bolsonaro. Mas ela já tem um efeito histórico maior do que o próprio personagem envolvido (o que, convenhamos, não é difícil, dada a sua pequenez): diferentemente do que ocorreu em relação à Ditadura Militar-Empresarial (1964-1985), o país está tendo ambiente político e musculatura institucional para enfrentar os algozes da democracia. Portanto, de forma madura, sem anistia para golpista.
Ser condenado, como provavelmente o será, por liderar e ser o maior beneficiário do planejamento e execução de uma tentativa de Golpe de Estado é um marco essencial para que o Brasil não tolere mais personagens desse nível de sordidez. É uma vacina contra uma versão de qualquer espécie de Trump brasileiro que venha querer se fazer na cena política.
Neste momento de ataque à soberania brasileira, a questão ganha ainda mais relevância. Tem-se a oportunidade histórica de que se proclame uma nova independência, que se reafirme um papel altivo para o Brasil no cenário mundial, fiel à sua tradição de diálogo e respeito a todas as nações, mas, como ensinou Chico Buarque, sem falar fino com os grandes e nem grosso com os pequenos.
Não se trata de vingança, mas de justiça e de esperança.
Jamais esquecer da saúde e da segurança
Representantes da FUP e da Petrobrás realizaram, no último dia 29, mais uma reunião da Comissão de SMS, dando continuidade a temas que já haviam sido pautados na reunião do dia 25 de abril, como saúde mental, treinamentos, exames periódicos e ASOs, brigadistas, análises de acidentes, permissões de trabalho, padrão da matriz Libra e mudanças do sistema de rádios nas refinarias. O detalhamento sobre cada ponto pode ser visto nos sites do NF e da FUP. Mesmo em meio a tantas demandas em outras áreas, saúde e segurança continuam a ser prioridades.
Alerta em PCH-2
Na semana passada, Cherne 2 passou por um risco de blackout. A unidade operava apenas com geração de energia de emergência, alimentada por diesel, desde a suspensão do fornecimento principal, de Cherne 1. A situação se agravou com a previsão de esgotamento do diesel. O NF criticou a falta de medidas preventivas.
Grafite petroleiro
Ainda como parte do festival Kolirius, em Macaé, a categoria petroleira vai receber de presente uma arte em grafite que retrate a sua realidade, em frente à sede do Sindipetro-NF, no muro da Fafima. Recentemente, durante o 12º Congrenf, a entidade inaugurou um grafite no interior da sede, do artista Marlon Muk.
Sede Campos
Em razão do feriado municipal do padroeiro Santíssimo Salvador, não haverá expediente na sede do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes nesta quarta-feira (06). A sede de Macaé funciona normalmente, assim como continuam disponíveis todos os contatos por celular dos diretores e das diretoras sindicais, com números informados no site da entidade (sindipetronf.org.br).
Visita ao NF
O NF recebeu na última quinta-feira (31), na sede de Campos dos Goytacazes, o vereador Tiago Araújo (Rede), mais conhecido como Tiago da Universidade, de Oiapoque (AP). Integrante de comissão local para avaliar os impactos de uma possível produção de petróleo na margem equatorial do Brasil, o parlamentar visitou o Norte Fluminense para conhecer as atividades da Bacia de Campos.
Ministro no MST
O assentamento Cícero Guedes, que ocupa parte da antiga Fazenda Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, recebeu na sexta-feira (01) a visita do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira. Também participou da visita o presidente do Presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), César Aldrighi. O Sindipetro-NF participou do evento, representado pelos diretores Sérgio Borges e Guilherme Cordeiro.
VOCÊ TEM QUE SABER
Ato em refinaria durante plenária da FUP
Das Imprensas do NF e da FUP
No início da manhã desta terça-feira (05), as delegações de petroleiros e petroleiras de todo o Brasil que estão em Pernambuco participando da 12ª Planária Nacional da FUP realizaram um Ato Nacional na entrada da Refinaria Abreu e Lima ((RNEST), em Ipojuca (PE). A mobilização fez parte da programação da plenária, que segue até esta quinta-feira (07), e contou com a presença dos trabalhadores e trabalhadoras próprios e prestadores de serviço da refinaria. A delegação do Sindipetro-NF participou em peso do protesto.
A mobilização, que nesta edição da Plenafup destaca a luta pela Soberania brasileira contra os ataques dos EUA e em defesa da Petrobrás e dos direitos da categoria petroleira, provocou atraso na entrada do turno. O objetivo também é mostrar para a companhia a disposição de luta por avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho. Com a participação de 280 petroleiros e petroleiras de diversas regiões do Brasil, a Plenafup tem como tema “Acordo Coletivo Forte e Transição Energética Justa”.
Luta unitária
Outro marco desta Plenafup é a reconstrução da unidade petroleira na sua representação nacional. Além das delegações dos 13 sindicatos filiados à FUP, a Plenária Nacional conta com a presença de representantes dos Sindipetros São José dos Campos, Alagoas/Sergipe e Litoral Paulista, que aceitaram o convite para acompanhar os debates que serão realizados ao longo do fórum. O convite foi enviado pela organização da Plenafup a todos os cinco sindicatos da FNP, reafirmando o compromisso com a luta unitária da classe trabalhadora, não só no que diz respeito ao fortalecimento e ampliação dos direitos, como também do projeto político nacional desenvolvimentista, com defesa incondicional da democracia e da soberania.
Na cerimônia de abertura da Plenária, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, destacou a importância das lutas históricas da categoria petroleira em defesa da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam no Sistema Petrobrás, cujas imagens foram exibidas junto com o hino nacional. Ele lembrou que muitas dessas lutas seguem em curso e que só serão possíveis de terem êxito, com a reeleição do presidente Lula. “Para que isso aconteça, nós precisamos ter unidade em meio à nossa diversidade”, afirmou, saudando o retorno dos três sindicatos da FNP à plenária nacional da FUP, o que não acontecia desde 2007, quando ocorreu a ruptura da organização nacional da categoria.
“Um dos grandes sonhos que tenho é sair no ano que vem da Federação Única dos Petroleiros e Petroleiras com ela de novo reunificada com os nossos 18 sindicatos fazendo a luta da categoria petroleira, a luta em defesa da nossa soberania e a luta em defesa dos nossos direitos”, afirmou Bacelar.
Sinésio Pontes, coordenador do Sindipetro PE/PB, anfitrião da 12ª Plenafup, agradeceu a presença das delegações petroleiras em seu estado, fazendo uma homenagem a Luiz Lourenzon, ex-coordenador do Sindicato e ex-diretor da FUP, que faleceu em abril de 2023. “Estamos juntos”, expressão que era marca registrada dele, foi repetida com muita emoção nas falas das lideranças sociais de Pernambuco, que participaram da mesa de abertura.
Soberania nacional
As lideranças dos movimentos sociais e sindicais reforçaram a importância da unidade da classe trabalhadora e do campo progressista na luta pela soberania nacional, na defesa da democracia, e por uma transição energética justa e inclusiva. A plenária trata de questões estruturantes para as trabalhadoras e os trabalhadores do setor petróleo, como a construção de um Pacto Global que garanta direitos, segurança, diversidade e responsabilidade social em todas as regiões em que a Petrobrás atue e uma proposta de transição energética que seja de fato justa, participativa e inclusiva. Outro tema tratado pelos petroleiros e petroleiras é a geopolítica industrial frente à nova ordem mundial e seus impactos para a classe trabalhadora, sobretudo no Brasil.
Acordo Coletivo forte
O fortalecimento do Acordo Coletivo de Trabalho em todo o Sistema Petrobrás, com mais direitos e condições seguras de trabalho para a categoria, é outro eixo central desta Plenafup, assim como a valorização dos empregados, aposentados e pensionistas. A plenária debate agendas de lutas que garantam avanços na proposta unitária de um novo plano de cargos e salários, construída pela FUP e FNP, bem como no avanço da proposta negociada na Comissão Quadripartite para acabar com os equacionamentos dos planos Petros (PPSP-R e PPSP-NR).
O Sindipetro-NF participa com grande delegação, integrada por 18 delegados e delegadas eleitos no 21º Congrenf (Congresso dos Petroleiros do Norte Fluminense), três observadores e 17 assessores e convidados.
SAIDEIRA
Pressão por avanços na SLB, na Halliburton e na Baker Hughes
Após mais de 90 dias de negociações sem avanços concretos, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em conjunto com os sindicatos filiados — com destaque para os Sindipetros Norte Fluminense, Bahia e Rio Grande do Norte — rejeitou em mesa as propostas apresentadas pelas empresas multinacionais SLB (antiga Schlumberger), Halliburton e Baker Hughes.
As propostas foram classificadas como rebaixadas e desrespeitosas, com reajustes muito abaixo da inflação do período e nenhuma reposição das perdas salariais e de benefícios acumuladas. A data-base da categoria é 1º de maio, e mesmo com mais de um mês de atraso para a apresentação das propostas, as empresas não trouxeram avanços significativos. A FUP cobrou formalmente que as empresas apresentem, em prazo curto, uma nova proposta que atenda aos pleitos legítimos da categoria, conforme apresentado pela Federação e pelos sindicatos regionais.
Em breve, seminário de greve
Diante da postura intransigente das empresas, a FUP anunciou que realizará um seminário nacional de greve, com o objetivo de intensificar a mobilização da categoria e preparar um eventual movimento paredista.
A FUP segue atenta, atuando em defesa dos direitos e da valorização de todos os trabalhadores e trabalhadoras que atuam nas prestadoras de serviço da cadeia de petróleo, e reforça que a luta por condições dignas, reposição de perdas e reconhecimento é coletiva e inadiável.
APOIO DO NF A sede do Sindipetro-NF, em Campos dos Goytacazes, recebeu, para um almoço, as participantes da Conferência Municipal de Políticas para Mulheres, realizado e 31 de julho e 1º de agosto, na UFF. O evento reuniu representantes da sociedade civil, movimentos sociais organizados, conselhos e entidades sindicais para debater e propor políticas públicas voltadas à equidade de gênero no município. Na foto, o coordenador geral do NF, Sérgio Borges, com organizadoras da conferência, entre elas a sindicalista e ex-vereadora Odisseia Carvalho.
NORMANDO
Trump pedófilo
Ou, “para entender o empenho do fascismo contra a educação sexual”.
Normando Rodrigues*
Bernardo Bertolucci morreu um mês após a vitória do fascista Bolsonaro.
Oscarizado por “O último imperador” (1987), Bertolucci assinou dois filmes importantes sobre o fascismo, o 1° sendo “O Conformista” (1970), adaptação do romance de Alberto Moravia, na qual o protagonista sofre um abuso sexual na infância que estará na origem de sua submissa adesão ao fascismo.
Já em “1900” (1976), há uma sequência de verdadeira brutalidade fascista, onde um casal violenta sexualmente e mata um menino, para em seguida, exatamente como o bolsonarismo faz, incriminar um militante de esquerda.
A violência sexual fascista contra menores não se limita à literatura e ao cinema, ou ao tio de Michele Bolsonaro. É uma constante derivada da ideologia hierárquica e desigual. Veja-se o pedófilo ditador Trump.
Na raiz comum do abuso de menores, estão irracionais delírios supremacistas do tipo “povo escolhido”, “destino manifesto” e “raça superior”. Com tais olhos, o fascista enxerga subordinados, mulheres e crianças, como reses cuja existência tem por propósito único sua satisfação pessoal.
Para Trump e seus bolso-símiles, a carne humana é mercadoria, sendo a negra a mais barata e a de crianças loiras a mais cara. E nunca faltaram comerciantes de escravizados para atender às sanhas impublicáveis dos endinheirados.
Por anos Jeffrey Epstein forneceu a bilionários mais de quinhentas menores de idade, gado destinado à perversão de quem podia pagar.
Além de um jato Gulfstream, Epstein mantinha para o delivery de menores a ricaços, um Boeing 727 batizado de “Lolita Express”. E se gabava de que a primeira relação sexual entre Trump e Melania se dera a bordo da aeronave.
As correspondências entre trumpismo e bolsonarismo identificáveis em esposas-contrato, prostituição de menores e “pintou um clima”, demandam uma séria reflexão sobre os reais motivos da campanha fascista contra “ideologia de gênero” e educação sexual nas escolas.
Infelizmente, refletir não é um hábito das dezenas de milhares de famílias-rebanho que se manifestaram a favor de mais uma intervenção dos EUA, desta vez para que Washington dite o que o Judiciário brasileiro deve fazer.
Por falar em juízes, em razão da violência sexual na famosa cena de seu “O último tango em Paris” (1972), na qual Marlon Brando violentou Maria Schneider, o inequivocamente culpado Bernardo Bertolucci foi condenado à perda de direitos civis e políticos por 5 anos.
Condenação promovida pelo mesmo judiciário italiano que hoje altivamente trava embates contra o governo fascista de Giorgia Meloni.
É o tipo de independência judicial que o pedófilo Trump não quer.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
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