Nascente 1405

 

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A SEMANA

Editorial

Exemplo da desumanidade neoliberal

A desumanização tecnocrática neoliberal tem dado cada vez mais manifestações concretas, oferecendo evidências dos seus efeitos nefastos sobre as vidas dos trabalhadores e trabalhadoras. Gestores autômatos nem se preocupam mais em manter algum verniz de eficiência, ou até mesmo de lógica empresarial baseada em alguma racionalidade que compreenda que humanos tratados com respeito produzem mais. Alternam-se entre truculência e desleixo em comportamento que beira o sadismo.

As imagens e relatos sobre os absurdos cometidos em relação à habitabilidade em P-74, em Búzios, divulgados em redes sociais e veículos de imprensa nos últimos dias, chocaram e devem mesmo chocar, ao menos àqueles que ainda conseguem ter empatia. Comida estragada, falta de acomodações para descanso, rispidez escravocrata de chefias, descasos e mais descasos em relação a um grande contingente de trabalhadores, que não se viram com uma alternativa senão a de cruzar os braços e protestar, com a humanidade sincera dos justos.

O Sindipetro-NF não representa estes trabalhadores (que são representados pelo Sindipetro-RJ), mas conhece muito bem essa realidade. Todo trabalhador e trabalhadora da Bacia de Campos sabe que o caso P-74 não é isolado, e nem mesmo apenas regional. Há não muito tempo todos os sindicatos petroleiros que têm representação de bases offshore se uniram para denunciar e atuar justamente para tratar de pautas comuns, entre elas a da precariedade da alimentação a bordo, dos atrasos nos voos para embarques e desembarques, dos deslocamentos, transferências, entre outros muitos pontos que os cabeça de planilha da gestão insistiam em negligenciar.

Muito foi feito, mas, como evidencia o caso P-74, muito ainda mais precisa ser feito para que a gestão robótica da Petrobrás entenda, de uma vez por todas, que toda a força da empresa vem do fato de ser uma grande e orgulhosa obra humana.

 

Continua pressão por aporte na Petros

Na sequência da luta pela resolução definitiva do problema dos equacionamentos na Petros, representantes das entidades que integram o Fórum dos Participantes (entre elas, a FUP) se reúnem nesta quinta-feira (18) com o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobrás, Claudio Romeo Schlosser. A informação foi publicada na mais recente nota do grupo de entidades sindicais (disponível no site do NF). A pressão junto a áreas da empresa e do governo é pela destinação de um montante de recursos que de fato cubra o chamado déficit e faça justiça.

Oficina no NF

Estão abertas até esta quinta-feira (18) as inscrições para a oficina de artesanato que o Departamento de Aposentados e Pensionistas do Sindipetro-NF promove nas sedes de Campos dos Goytacazes e de Macaé. As vagas são limitadas. As aulas acontecerão entre 23 de setembro e 21 de outubro, uma vez por semana.

Reta final

Está na reta final. Termina em 30 de setembro o período de votação no plebiscito popular 2025, que tem como objetivo mobilizar a população brasileira a votar dois temas centrais para a vida dos trabalhadores: o fim da escala 6×1 e a taxação dos super-ricos. Não deixe de votar e expressar a sua opinião sobre as pautas dos trabalhadores.

Welbore

Petroleiros e petroleiras da empresa Welbore, lotados na base do Sindipetro-NF, têm Assembleia Geral, de modo online, nesta quarta-feira (17), às 13h. A votação terá duração de 24 horas e será realizada pela plataforma Confluir, garantindo a ampla participação da categoria. Na assembleia, os trabalhadores irão deliberar sobre aprovação ou rejeição da proposta de Termo Aditivo ao ACT 2024/2026.

Kempetro

Nesta quinta-feira (18), às 10h, é a vez dos petroleiros e petroleiras da Kempetro realizarem  assembleia, convocada pelo Sindipetro-NF, também de modo online. A categoria vai deliberar sobre aprovação ou rejeição da proposta de Acordo Coletivo de Trabalho 2025/2027 e a aprovação do estado de assembleia permanente, que será instaurado em caso de rejeição da proposta.

Controladores de voo

Controladores de voo e profissionais das áreas de meteorologia, informações aeronáuticas, rádio e manutenção da Nav Brasil anunciaram nesta semana que preparam paralisação nos aeroportos do país nos dias 24, 26 e 30 de setembro e 2 de outubro (entre eles o de Macaé). O movimento “Proteção ao voo: por segurança e dignidade” é organizado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Voo. Serão suspensos por uma hora serviços que não afetem a segurança.

 

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Semana com pautas pesadas sobre a mesa

Das Imprensas da FUP e do NF

Semana com uma sequência pesada de reuniões de negociação entre a FUP e a Petrobrás, com questões essenciais para a categoria petroleira como as que envolvem as cláusulas econômicas, os benefícios, a AMS e a Petros. A FUP e seus sindicatos estão expondo para a empresa, nos encontros temáticos — como exige a complexidade do Acordo Coletivo de Trabalho dos petroleiros e petroleiras —, as reivindicações de cada área e as soluções para pendências graves, muitas delas ainda heranças do governo federal anterior.

Durante o fechamento desta edição do Nascente, na manhã da terça-feira (16), o calendário previa reunião na tarde da própria terça-feira (14h, sobre Prestação de Serviços) e nos dias seguintes: quarta-feira (17), às 13h, sobre cláusulas econômicas e benefícios; e na quinta-feira (18), também às 13h, sobre AMS e Petros. Na próxima semana, na terça-feira (23), às 14h, haverá reunião sobre SMS, e no próximo dia 01, igualmente às 14h, será a vez de debater a Pauta pelo Brasil e a Transição Energética Justa.

A avaliação sindical das reuniões passadas aponta para dificuldades nas negociações. As mais recentes delas aconteceram no último dia 11, uma sobre efetivos e outra para discutir a retomada da comissão de negociação sobre a construção de um Acordo Nacional de Parada de Manutenção.

As reuniões demonstraram que os dois temas estão diretamente interligados, pois tratam das condições de vida dos trabalhadores e dialogam diretamente com o projeto de uma Petrobrás humanizada e socialmente responsável, que é defendido pela categoria e pelo povo brasileiro. A FUP enfatizou que a estatal precisa de uma gestão de efetivos que cumpra as determinações do acionista majoritário de reconstrução da empresa para que volte a atuar em vários segmentos, de forma integrada e liderando a transição energética justa.

Petrobrás se faz com gente

“Não tem como descolar o projeto da Petrobrás da política de pessoas da Petrobrás. A gente está falando de uma Petrobrás que tem o desafio de conseguir reconstruir tudo o que foi desfeito e reestatizar o que foi privatizado. E também o desafio de ter um olhar para frente, de uma Petrobrás que participe efetivamente do processo de transição energética justa no Brasil e que seja exemplo para o mundo. Foi esse projeto de Petrobrás eleito nas urnas”, afirmou a diretora da FUP, Cibele Vieira.

Caso P-74 não é isolado e NF presta solidariedade

O Sindipetro-NF está acompanhando os desdobramentos das denúncias dos trabalhadores da plataforma P-74, na Bacia de Santos, na costa de Búzios. Embora não represente os empregados desta unidade, a entidade é solidária às reivindicações e já manteve contato com o sindicato que representa a base, o Sindipetro-RJ, para se colocar à disposição para contribuir na luta. A realidade descrita pelos trabalhadores, que realizaram uma paralisação no final de semana para denunciar as péssimas condições de alimentação e de descanso a bordo, reflete, de acordo com o Sindipetro-NF, o descaso da Petrobrás com toda a sua área de Segurança e Saúde.

O coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, reforça as denúncias e aponta que há um flagrante descumprimento das Normas Regulamentadoras. “O que você deve ter visto aí, referente ao que está ocorrendo em P74, assim, é vergonhoso. A Petrobrás participa da construção das normas regulamentadoras. Tudo que está escrito ali a Petrobrás está envolvida e concordou. Então assim, quando se pega fornecimento de quentinha, que está especialmente proibido na NR37, cara, a gente vê que está falido, porque aquilo ali foi planejado, você planejou fornecer quentinha, você planejou colocar aqueles trabalhadores na situação que estão”, denuncia.

Apoio aos trabalhadores

O sindicalista reforça o apoio do Sindipetro-NF e parabeniza os trabalhadores pela luta:
“Os trabalhadores têm que ter realmente a coragem de dizer não a esse tipo de vergonha que a Petrobrás está passando, essa política tem que mudar, essa austeridade e pesa para cima dos trabalhadores não pode continuar. Os trabalhadores realmente têm que se colocar como pessoas que têm dignidade e a gente vai estar lutando sempre pela dignidade do trabalhador e da trabalhadora”.

 


VISITA DO NF O Departamento dos Aposentados tem realizado uma ação que estreita os laços com aposentados e pensionistas que, por motivo de saúde, estão afastados das atividades sindicais. A iniciativa, idealizada pela diretora Eliane Carvalho, já contemplou companheiros como Fidelis Mariano, Maria Cristina Moura e Elzi Cândida. A visita mais recente, no último dia 10 (foto), foi na casa do petroleiro aposentado Adilson Aguiar.

 


FORMAÇÃO PARA A SEGURANÇA  Estudantes do Colégio Estadual Irene Meirelles participam, no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, na última segunda-feira (15) de mais uma ação do projeto Cipa nas Escolas, idealizado pelo técnico de segurança Orlandino dos Santos, militante histórico da causa da segurança no trabalho. A atividade contou com as participações do coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, e do diretor Anderson Silva.

 

DEBATE SOBRE O FUTURO Representante eleita dos petroleiros e petroleiras no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, participou, na manhã desta terça-feira (16), da reunião da Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF, no teatro da entidade, em Macaé. A conselheira teve aprovada recentemente, no CA, proposta de volta da companhia ao mercado de distribuição de gás, que tem sido vista como uma abertura de portas para o retorno, também, ao mercado de distribuição direta de combustíveis à população.

 

SAIDEIRA

Audiência Pública no Teatro do NF nesta quarta sobre criação do Ifep 

O Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, recebe nesta quarta-feira (17), às 10h, a 4ª Audiência Pública para discussão da criação do Instituto Federal de Especialização Profissional do Nível Médio e Superior (Ifep), voltado à formação técnica e superior nas áreas de Petróleo, Gás, Energias Renováveis e Transição Energética.

A entidade estimula a participação de toda a base petroleira e da sociedade. Haverá ônibus saindo da sede de Campos dos Goytacazes, às 7h30 (interessados em vagas neste transporte precisam fazer contato com a funcionária Ivana de Fátima: 22- 981780089). A audiência terá transmissão ao vivo pelo Youtube.

A proposta de criação do Ifep está em tramitação no Ministério da Educação (MEC). O novo instituto tem potencial de qualificar cerca de 3 mil profissionais, ampliando as oportunidades de emprego em setores estratégicos para o desenvolvimento do país.

O Sindipetro-NF e demais Sindipetros têm participado das audiências, realizadas em outros municípios fluminenses, e apoia a criação do Ifep. Em audiência recente, o diretor da entidade, Alessandro Trindade, defendeu que “não precisamos de mais colégios militares, não precisamos de mais armas nas ruas, nós precisamos de gente qualificada, nós precisamos de centro de formação em função do programa de governo [de mais investimentos no país em áreas como petróleo, gás e indústria naval]”.

 


HOMENAGEM AO NF O Sindipetro-NF recebeu um presente especial durante a 14ª edição do Kolirius Internacional, festival de arte urbana que transforma muros de Macaé em verdadeiras galerias a céu aberto. O artista Marlon Muk pintou um painel em frente à entidade, no muro do Colégio Luiz Reid, em homenagem à atuação do sindicato. A obra, que chama a atenção de quem passa pelo centro da cidade, celebra a trajetória da categoria petroleira e reforça o vínculo histórico entre o sindicato e a comunidade macaense.

 

NORMANDO

Censura “patriota”

Carlos Eduardo Pimenta*

Nos últimos meses, principalmente após o início do julgamento do núcleo duro da tentativa de golpe, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) tem protagonizado uma série de episódios que expõem uma contradição gritante entre seu discurso público de defesa da liberdade de expressão e suas ações concretas. Embora se autoproclame um defensor intransigente desse direito fundamental, suas atitudes revelam uma seletividade preocupante, especialmente quando se trata de críticas ao governo dos Estados Unidos e de figuras políticas alinhadas à direita.

Um dos casos mais emblemáticos foi sua tentativa de pressionar a embaixada norte-americana para revogar os vistos de influenciadores como Felipe Neto e Whindersson Nunes, sob a justificativa de que eles teriam feito críticas ao governo dos EUA e ao presidente Donald Trump. Em declarações públicas, Nikolas chegou a afirmar que estudantes brasileiros que criticam os Estados Unidos deveriam ter seus vistos suspensos, sugerindo que suas redes sociais fossem monitoradas como critério para entrada no país. Essa postura, além de autoritária, escancara uma visão distorcida da liberdade de expressão, que parece valer apenas para seus aliados ideológicos.

A incoerência se aprofunda quando observamos que o mesmo deputado utiliza suas redes para atacar livremente o governo brasileiro, ministros do Supremo Tribunal Federal e instituições democráticas, muitas vezes recorrendo à argumentos falsos e tendenciosos. Quando é alvo de críticas ou responsabilização por suas falas, Nikolas rapidamente recorre ao discurso de “censura” e “perseguição política”, revelando um padrão de hipocrisia travestida de patriotismo.

Mais preocupante ainda é o movimento que vem ganhando força entre seus apoiadores, incentivado por declarações e postagens do próprio deputado, que promove a demissão ou boicote de trabalhadores que se identificam com pautas de esquerda. Essa prática, além de antidemocrática e criminosa, fere diretamente o princípio da pluralidade de ideias no ambiente profissional e reforça uma cultura de intolerância política. O incentivo à perseguição ideológica no mercado de trabalho representa um retrocesso perigoso, que ameaça a convivência democrática e os direitos civis.

O caso de Nikolas Ferreira é um exemplo claro de como o discurso da liberdade pode ser instrumentalizado para justificar práticas autoritárias, algo que não é novo na atuação dos adeptos da extrema direita. A defesa da liberdade de expressão não pode ser seletiva, tampouco usada como escudo para silenciar vozes divergentes e municiar um discurso de ódio e perseguição. Em uma democracia saudável, o contraditório é essencial — e a tentativa de calar quem pensa diferente é, por definição, antidemocrática.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

 

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