Nascente 856

Nascente 856

{aridoc width=”100%” height=”800″}http://www.sindipetronf.com.br/images/pdf/nascente/856.pdf{/aridoc}

 

Editorial

A mudança deve continuar

Quem tem hoje algo em torno de 20 anos de idade, e portanto nasceu próximo a 1994, era ainda uma criança quando, em 2003, o Brasil empossou na Presidência da República um ex-metalúrgico e líder sindical.
Sua adolescência se passou tendo Lula como figura máxima de poder, muitas vezes sob a simpatia dos pais. Este mesmo Lula, que fora esperança para tantas gerações passadas, havia se tornado o velho para estes meninos e meninas, tão novos que eram.
Como encarnar o novo e, ao mesmo tempo, manejar a complexa arquitetura política brasileira, forjada em 500 anos de relações autoritárias, excludentes, clientelistas e patrimonialistas? Como encarnar o novo tendo que posar para fotos ao lado de figuras como Fernando Collor de Melo, José Sarney e até, mais recentemente, Paulo Maluf? Não seriam todos “farinha do mesmo saco”?
Este é tipo de resposta que, para ser dada, exige um certo distanciamento histórico, uma noção de processo, que permite identificar mais claramente o que realmente está em curso no Brasil.
O País não mudou de uma hora para a outra. Mas mudou muito, muito mesmo, nestes últimos anos. E para muito melhor. Seriam necessárias páginas e páginas de números enfadonhos para demonstrar isso neste texto. Eles teriam a ver com a expressiva elevação no número de universidades e escolas técnicas criadas, o aumento dos cursos de medicina, a ascenção social e do poder de consumo, a melhoria da eficiência da máquina pública, o aumento da transparência dos gastos, entre outras muitas áreas. Mas há um dado, recente, que talvez simbolize bastante esse conjunto de transformações, anunciado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no final de julho: pela primeira vez, no Brasil, o número de eleitores com ensino superior completo supera o número de eleitores analfabetos. Serão oito milhões de graduados nas urnas, e 7,4 milhões de analfabetos. E este não é um dado cristalizado, é o retrato de momento de uma tendência: o País vem, progressivamente, aumentando o acesso à universidade e reduzindo a sua taxa de analfabetismo.
No entanto, talvez seja frustrante para um jovem viver em uma época em que os mais velhos dizem que a vida está melhor, mas ele mesmo identifica inúmeras mazelas gritantes todos os dias. Não há como não acreditar que toda esta avaliação positiva, ainda que com ressalvas, seja fruto de um certo conformismo de quem viveu tempos piores.
O jovem quer mudança. Sempre. E se tiver sensibilidade social, não vai se conformar com o fato de que ainda existam cerca de 6,5 milhões de miseráveis no Brasil (mais do que o dobro da população do Uruguai). Se estiver preocupado com a sua empregabilidade, não vai se conformar em viver em um País que vive taxas entre 7 e 8% de desemprego.
Assim como, também, falando em termos ideológicos, se for socialista, não estará satisfeito com o fato de o Brasil ser reconhecidamente um País capitalista e a sétima economia do mundo. Se for anarquista, não aceitará o fato de o Brasil possuir um governo central e ser uma República Federativa. Ou até mesmo, se for um liberal no sentido econômico, igualmente não entenderá o atraso que acredita ser a presença forte do Estado na economia e a permanência de “monstros” do passado como a Petrobrás.
Sempre haverá motivos para se indignar, portanto. E a indignação é o saudável motor do mundo.
Mas — sempre há um “mas” —, mudanças também podem ser feitas para o pior. E não faltam no Brasil setores conservadores à espreita, em busca de privilégios de classe e com sede de diferenciação social. Não se conformam com o fato de que as mudanças recentes nos tornam cada vez mais iguais em oportunidades.
É por isso que, desde o editorial da semana passada, o Nascente conversa nesta seção sobre a posição pública do Sindipetro-NF em favor da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. E o papo continua.

GERAL

OS 30 ANOS DA TRAGÉDIA DE ENCHOVA

Neste sábado, 16, se completam 30 anos da tragédia de Enchova — em 16 de agosto de 1984. Durante o 16º Congresso da Federação Única dos Petroleiros, que começa amanhã, em Natal (RN), o acidente será lembrado pelos delegados, por meio de fixação de faixas com referência à data e intervenções dos diretores do NF.
O acidente de 1984 em Enchova causou as mortes de 37 trabalhadores, deixando outros 19 feridos. Eles estavam em uma baleeira que caiu com 50 pessoas a bordo, na operação de abandono da unidade após uma grande explosão.
Um vazamento em um dos poços conectados à plataforma provocou uma explosão, seguida de incêndio prolongado e evacuação do convés. Até hoje as causas não foram confirmadas. O acidente vitimou petroleiros que estavam dentro de uma das baleeiras utilizadas para evacuação da unidade. No procedimento de saída, houve o rompimento do cabo do turco, o que provocou a queda da embarcação de abandono.
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, a lembrança que o sindicato faz sobre as grandes tragédias é para que os avisos cotidianos sobre a insegurança também sejam lembrados. “Toda grande tragédia é antecedida por inúmeros acidentes, e esta é a realidade em que vivemos, com avisos constantes de que a Petrobrás precisa rever a sua política de segurança”, avalia José Maria.

Começa hoje o 16º Confup

Das Imprensas do NF e da FUP

Começa hoje em Natal (RN) o 16º Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros (Confup). O evento, que marcará os 21 anos da entidade, acontece até o domingo, 17. Da base do Sindipetro-NF, participam 39 delegados, que levarão as posições da categoria discutidas durante o 10º Congresso Regional dos Petroleiros do Norte Fluminense (Congrenf). Também participam assessores e observadores.
A previsão é a de que o Confup reúna cerca de 400 trabalhadores, entre delegados, observadores, convidados e assessorias. Com o tema “FUP, 21 anos de lutas: sem retrocesso, pelo Brasil e pelos trabalhadores”, o Congresso debaterá as atuais conjunturas política e econômica do país, reivindicações que permearão a campanha salarial da categoria, agendas de luta e também elegerá a nova direção colegiada da FUP para o período 2014/2017.
O XVI Confup acontece em um momento decisivo para as lutas da classe trabalhadora. A disputa eleitoral já em curso confronta dois projetos políticos antagônicos que definirão os rumos do nosso país. O que está em jogo “é decidir se vamos subir mais um degrau ou descer outros”, como alertou o ex-presidente Lula, recentemente, na abertura da 14ª Plenária Nacional da CUT.
“Os petroleiros, que sempre se posicionaram em defesa do projeto popular democrático iniciado por Lula e que vem tendo continuidade no governo Dilma, serão mais uma vez agentes e protagonistas dos enfrentamentos que movem a classe trabalhadora no Brasil e no mundo”, avalia a FUP.
Os sites da FUP, do NF e da Rádio NF farão a cobertura do evento.

Programação

13/08/2014 – QUARTA-FEIRA
14 às 20h – Chegada das delegações
15 às 21h – Encontro Jurídico Nacional da FUP

14/08/2014 – QUINTA-FEIRA
08 às 12h – Encontro de Formação da FUP
09 às 12h – Continuação do Encontro Jurídico
09 às 12h – Encontro Nacional de Comunicação da FUP
13 às 20h – Credenciamento dos delegados para XVI CONFUP
13 às 15h – Mesa temática – Experiência da Plataforma Operária e Camponesa para Energia
15 às 17h – Mesa temática – Mulheres trabalhadoras na luta pela igualdade
18:30h – Relançamento de “O livro negro da ditadura militar”, editado clandestinamente em 1972
20h – Solenidade de abertura do XVI CONFUP

15/08/2014 – SEXTA-FEIRA
08 às 12h – Credenciamento dos delegados para XVI CONFUP
12 às 14h – Credenciamento dos suplentes dos delegados
09 às 10h – Aprovação do Regimento Interno e Eleição da Mesa Diretora
10 às 11h – Apresentação das teses e eleição da tese guia
11 às 13h – Mesa temática – “Complexa conjuntura no Brasil e na Petrobrás – impactos, estratégias e perspectivas” – Cloviomar Cararine – Subseção DIEESE/FUP
14 às 16h – Debate: Perspectivas da exploração e produção dos Campos Terrestres no Brasil
16 às 20h – Trabalhos em Grupos

16/08/2014 – SÁBADO
08 às 13h – Continuação dos Trabalhos dos grupos
14 às 20h – Discussão em plenária das resoluções dos grupos

17/08/2014 – DOMINGO
09 às 12h – Continuação das discussões em plenária
14 às 17h – Eleição da Direção Executiva e Conselho Fiscal da FUP e seus respectivos suplentes para o período 2014/2017

 

P-4O PASSA POR RISCO GRAVÍSSMO

O Sindipetro-NF recebeu dos trabalhadores da P-40 a informação de que, no último dia 6, uma ocorrência de alta criticidade foi registrada na unidade. Às 11h, o sensor de nivel (LG) do vaso de conden-sado do TC-B foi atingido por uma carga e se deformou. A tubulação, de inox, se dobrou em um ângulo de quase 90 graus.
Se a tubulação tivesse sido rompida, haveria vazamento de gás a uma pressão de 90 kgf/cm2. Caso acontecesse o vazamento, a planta ficaria inundada de gás. O alarme seria acionado e seria causado um shut-down.
Os trabalhadores denunciaram ao NF que o defeito em um dos guindastes, e a lotação da área de cargas da P-40, estão provocando operações de movimentação de cargas próximas a equipamentos críticos, como foi o caso.
O sindicato vai levar o caso à Comissão de SMS.

CURTAS

Eleição no SP

Com 1.345 votos (78,2%), a Chapa 1 – Unidade Nacional – venceu a eleição do Sindipetro Unificado-SP, para o triênio 2014-2017. A Chapa 2 – Oposição A Base Presente – obteve 375 votos (21,8%). Foram computados 1.786 votos válidos, sendo 26 brancos e 40 nulos, e quórum de 55,6%. A votação foi realizada entre os dias 4 e 7 de agosto. O SP terá Rogério Santa Rosa como coordenador.

Radio-operador

Os rádio-operadores da chamada GDMDSS, na Bacia de Campos, têm assembleia convocada pelo Sinttel-RJ, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, na segunda, 18, às 16h. A categoria vai avaliar indicativo de greve. O Sindipetro-NF fica na rua Tenente Rui Lopez Ribeiro, 257, no Centro de Macaé.

Imbetiba

Termina no próxima quinta, 21, o período de votação para compor a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da base de Imbetiba. A apuração dos votos está prevista para o dia seguinte. O Sindipetro-NF estimula a participação dos petroleiros nestes processos eleitorais, para fortalecer mais um instrumento que pode ser usado em favor da segurança dos trabalhadores.

Erramos

Na matéria do Nascente 855, da semana passada, sobre os embarques dos diretores do NF que ocorreram na UO-BC e deixaram de ocorrer na UO-Rio, o boletim equivocadamente não incluiu na lista dos embarques realizados o que foi feito em P-51, pelo diretor sindical Rafael Crespo.

NORMANDO

Estamos a salvo de Aécio?

Normando Rodrigues*

Para quem ainda não leu: a obrigatória trilogia “Getúlio”, do premiado Lira Neto, é elucidativa sobre as principais questões em jogo nas eleições presidenciais de 2014.
Sobretudo o último volume, “1945-1954: Da volta pela consagração popular ao suicídio”, nos vai desenhar um quadro tão complexo quanto o atual, mas no qual se delineiam, com as mesmas características fundamentais, e mesmas cores, dois campos opostos.
Em um deles há o esforço desenvolvido pela construção de uma sociedade onde direitos sociais sejam progressivamente universalizados, na qual a classe trabalhadora tenha um reconhecido protagonismo político. Não é a revolução proletária, nem mesmo a marcha para o socialismo, mas apenas a penosa edificação de uma institucionalidade onde o conflito de classes possa se desenvolver, amparado em sucessivas conquistas sociais.
Mas a semelhança maior, com 2014, é a encontrada no outro polo. Toda a Grande Imprensa, o Judiciário, setores do empresariado focados nos lucros imediatos que a servidão ao Capital Internacional proporciona, militares reacionários e religiosos elitistas (por isso mesmo indignos de serem chamados de “cristãos”), cerram fileiras com qualquer nome que se ofereça como campeão da “nata branca” da sociedade, não importa quão “heterodoxos” sejam os hábitos pessoais e políticos do candidato.
Temos que admitir que a “elite branca” é historicamente coerente. Posiciona-se, agora, da mesma forma como o fez contra Getúlio, Juscelino, João Goulart e Lula. E com os mesmos discursos e bandeiras de 70 anos atrás. As famílias Marinho (Globo) e Mesquita (Estadão), particularmente, são exemplos de retidão. Mancheteiam calúnias contra quem pretenda garantir direitos aos trabalhadores, em 2014, com a mesma desfaçatez presentes em seus jornais de 1945.
Resta saber se os trabalhadores perceberão as ameaças declaradas, e terão também coerência.
Aécio já papagaiou o receituário de seus gurus neoliberais: a economia do Brasil vai mal porque os salários estão muito altos! A solução é arrochar salários e abrir o mercado interno à concorrência internacional. Se isso irá gerar desemprego e desindustrialização, paciência. Afinal, esses não são problemas da “elite branca”.
Só para refletir: o principal instrumento de distribuição de renda, e diminuição da desigualdade social no Brasil, desde 2003, tem sido o aumento real do salário mínimo.
Aécio acabaria com isso em uma única canetada.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]