Nascente 862

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Nascente 862

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Editorial

Alerta na reta final
Quem não se lembra da imagem de Geraldo Alkmin com um colete coberto por logotipos de empresas públicas, como a Petrobrás e o Banco do Brasil? Era uma das manifestações da tentativa tucana de negar os planos de privatização destes bens do povo brasileiros, após terem passado por desgastes com episódios como o da “Petrobrax”.
Mas há formas e formas de privatizar. No caso da Petrobrás, como visto nos anos 90, não precisa ser por meio da venda direta da empresa para o capital privado — como aconteceu com a Companhia Vale do Rio Doce, em 1997. Pode ser pelo desmantelamento contínuo da empresa, a ponto dela se tornar inviável e alimentar a antiga cantilena de que governos não sabem administrar empresas.
Em razão da forte resistência dos trabalhadores e da sociedade, foi o que os tucanos sempre tentaram fazer em relação à Petrobrás. Na impossibilitade de encarar de frente o povo brasileiro e dizer “vamos vender a Petrobrás”, buscaram de todas as formas dilapidar a empresa e todos os segmentos nacionais do setor petróleo. O ícone máximo dessa era é a explosão e afundamento da plataforma P-36.
Agora, o candidato Aécio Neves tem falado em retomar o modelo de concessão para o pré-sal. O único mérito disso é o anúncio transparente e antecipado a uma eventual, embora improvável, vitória nas urnas.
Em resposta, a FUP lembrou que “nestes quase vinte anos de abertura do setor, desde a quebra do monopólio da Petrobrás, no governo FHC, as petroleiras privadas que atuam no Brasil são responsáveis por menos de 7% da produção nacional. Nem a própria ANP sabe o que essas empresas fazem com o petróleo que extraem, já que, pelo modelo de concessão, elas detêm a propriedade integral deste recurso e, normalmente vendem para quem paga mais”.
Os tucanos, finalmente, deixaram claro de que lado estão. Pior ainda faz Marina Silva, que também quer rever o regime de partilha do pré-sal, mas dissimula, tratando vagamente o petróleo como “um mal necessário” e anunciando que faria uma revisão no planejamento estratégico da Petrobrás. Um cheque em branco.
Nesta reta final de primeiro turno, cabe especialmente aos petroleiros alertar a sociedade para os riscos que estas candidaturas representam para a Petrobrás, para o Pré-sal e para o País.

Espaço aberto

A luta continua!

Luiz Ernesto Tavares da Silva**

Aposentei-me em julho de 2014. Tenho muito orgulho da minha trajetória. Mas para chegar aqui, tenho que agradecer à solidariedade dos trabalhadores petroleiros e à minha ideologia anarquista para ter forças para enfrentar três demissões e revertê-las! E ao ser reintegrado, enfrentar perseguições políticas dentro da empresa. Quero deixar claro que a solidariedade entre os trabalhadores é a grande arma para conquistar os objetivos da classe operária.
Iniciei com outros companheiros a criação do Sindipetro-NF, sendo o primeiro coordenador desta organização, que foi estruturada horizontalmente, sem os ditames do Ministério do Trabalho. E com esta organização, junto com outros companheiros igualmente lutadores, organizamos a primeira Parada de Produção, em 1988.
Impulsionei a criação da Cipa, após o primeiro Acidente de Enchova.
Em 2009, como coordenador da Comissão de Integralidade das Plataformas na Cipa, iniciamos a exigência da manutenção imediata destas.
Parafraseando o grande sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro, guardadas as devidas proporções, tentei fazer um sindicato livre e autônomo, não consegui. Tentei fazer a greve de ocupação com controle da produção, não consegui. Tentei implantar a plena segurança das plataformas, com ergonomia, não consegui. Tentei acabar com a corrupção e o autoritarismo dentro da Petrobrás, não consegui. Mas hoje não gostaria de estar na pele daqueles que me derrotaram!
Finalmente, agradeço imensamente à solidariedade recebida dos meus companheiros. Saio da ativa com a alma leve, sem trair em nenhum momento minha trajetória como militante social do meu ideário anarquista. Não arrependo-me de nada pelo qual lutei! E faria tudo de novo!

* Adaptado de texto original enviado ao Nascente, editado em razão de espaço. **Aposentado desde junho de 2014. Foi operador de PCH-1 e coordenador da associação que antecedeu à criação do Sindipetro-NF.

CONSELHO DA FUP DISCUTE HOJE NOVA PROPOSTA

Direção da FUP e representantes dos sindicatos filiados, entre eles o Sindipetro-NF, avaliam hoje no Rio a proposta apresentada ontem pela Petrobrás para as cláusulas econômicas do Acordo Coletivo de Trabalho. Sindicalistas também discutem o cenário político do País, às vésperas da realização do primeiro turno das eleições

O Conselho Deliberativo da FUP se reúne hoje durante todo o dia para discutir a Campanha Salarial da categoria, após a Petrobrás ter apresentado, ontem, uma nova proposta para as cláusulas econômicas do Acordo Coletivo. O Conselho reúne a direção da Federação e representantes de todos os Sindipetros filiados, entre eles o Sindipetro-NF. A reunião também vai tratar das eleições presidenciais.
A Petrobrás propôs ontem, entre as cláusulas econômicas, reajuste de 9,71% na RMNR (Remuneração Mínima por Nível e Regime); 6,51% no salário básico; 6,51% na tabela da AMS; 9,71% nas tabelas dos benefícios educacionais e do programa Jovem Universitário, a partir de janeiro de 2015, entre outros pontos.
A proposta também faz referência a temas administrativos como compensação de horas para Natal, Ano Novo e Quarta-feira de Cinzas, Gratificação Contingente, e Atividade Especial em Horário Administrativo, além de indicar compromisso em relação aos níveis para participantes da Petros. As informações sobre a íntegra da proposta estão disponíveis nos sites da FUP e do Sindipetro-NF.
Após a reunião do Conselho, o NF publicará os encaminhamentos para a continuidade da Campanha Salarial.

Insegurança lembrada

Mesmo com o fato de esta Campanha ser específica para cláusulas econômicas, a FUP voltou a lembrar, durante a apresentação da proposta pela Petrobrás, que a companhia continua a não dar a devida atenção à área de segurança. Somente em 2014, 11 trabalhadores perderam suas vidas em instalações do setor petróleo. Apenas desde o último Confup, em agosto, foram quatro mortes.
A mais recente vida perdida em decorrência de acidente de trabalho na Petrobrás foi a do petroleiro Sidnei Vieira Messias, de 44 anos, operador de sonda da empresa Tuscany, que presta serviços à Unidade Operacional da companhia em Linhares (ES). De acordo com o Sindipetro-ES, o acidente aconteceu na Sonda 128, às 3h20 da manhã do último dia 18. “O trabalhador, ao executar a manobra de descida em uma coluna de perfuração, foi atingido por um estabilizador de aproximadamente nove metros de comprimento, pesando uma tonelada. A queda do estabilizador atingiu o operador no tórax, causando fratura nas costelas que perfuraram o pulmão. O trabalhador acidentado recebeu os primeiros socorros no Hospital de Linhares e, logo após foi transferido de helicóptero, ao hospital de Vitória, onde faleceu”, informou a entidade.

PCH-2

Morte após dois dias de mal estar

Na sexta, 19, o petroleiro Jorge Antônio Tomaz morreu após passar mal por dois dias a bordo da plataforma PCH-2. De acordo com a Petrobrás, ao chegar a Macaé, o trabalhador sofreu o infarto e não resistiu.
O petroleiro havia embarcado na quarta, 17, e atuava como técnico de operações pleno da Petrobrás. Diretores do sindicato vão se reunir na próxima semana com a gerência de logística da companhia para cobrar esclarecimentos sobre o caso.
Na quinta, 18, pela manhã, o petroleiro apresentou um quadro de enjoos, fez um atendimento com o médico de terra por videoconferência e foi liberado em seguida. No dia seguinte, desmaiou no banheiro da unidade e foi levado à enfermaria. O médico, novamente por videocon-ferência, decidiu então pelo desembarque com resgate aeromédico.
Para o sindicato, toda a circunstância da morte precisa ser esclarecida, apurando o desenrolar dos acontecimentos desde o embarque do trabalhador, especialmente o primeiro atendimento e as condições do resgate. A entidade sempre criticou de forma veemente os atendimentos à distância que são realizados nas plataformas.
Muitas dúvidas
Há informações de que os problemas de saúde do petroleiro eram de conhecimento da empresa, e que não houve condições adequadas para o socorro tanto na enfermaria quanto no resgate. O sindicato quer saber até mesmo a pertinência de denúncia de que o petroleiro teria morrido ainda na plataforma, e não no aeroporto, como divulgado pela Petrobrás.

Baleeira cai no mar durante teste em P-35

Na sexta, 19, durante um teste de carga da baleeira em P-35, os freios não atuaram e o equipamento atingiu o mar. O Sindipetro-NF recebeu informações de que a baleeira passou por manutenção no dia 30 de agosto, mas apenas por um teste de navegabilidade, e foi liberada para utilização. Por sorte, não havia ninguém dentro da embarcação de emergência nenhum trabalhador foi ferido.
Para o sindicato, cerca de 30 anos depois do acidente de Enchova, que vitimou trabalhadores após a queda de uma baleeira, esses equipamentos continuam não tendo sua devida importância levada em conta na manutenção. Para ontem, estava prevista uma inspeção da Marinha na unidade.

Palestra hoje sobre terceirização

O Sindipetro-NF e o Sindicato dos Bancários de Macaé e Região promovem hoje, às 18h, a palestra “Terceirização: a precarização legalizada”, com o sindicalista Miguel Pereira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT. O evento será no Teatro do Sindipetro-NF e a entrada é gratuita e aberta a todos os interessados.
Atualmente há 48,9 milhões de trabalhadores formais no País, segundo a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho em 2013. Desse total, 25% é de terceirizados, que recebem salários inferiores, têm menos direitos assegurados e são vítimas mais frequentes de acidentes.

P-55 superlotada passa por inspeção

Encerrada na sexta, 19, a operação Ouro Negro, na P-55, encontrou diversas pendências de segurança e habitabilidade na unidade. Entre elas estão camarotes superlotados, falta de tratamento de água e falta de capacitação de trabalhadores para operar máquinas. A inspeção foi feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Superintendência Regional do Trabalho (SRTE), Marinha, Anvisa, Ibama, e Agência Nacional do Petróleo (ANP). Os órgãos atuaram em razão de denúncia por trabalhadores da unidade sobre as condições de trabalho, formalizada pelo Sindipetro-NF.
“A P-55 foi projetada para ser uma plataforma compacta e receber poucos trabalhadores. Ela foi projetada para abrigar 90 e atualmente possui 156. O que mais nos preocupou foi ver a falta de espaço para as pessoas que lá trabalham. Camarotes projetados para receber dois, possuem quatro”, disse a procuradora do trabalho, Flavia Bauler, ao Portal G1.
NF presente
O diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto, acompanhou toda a fiscalização da Operação Ouro Negro na plataforma P-55. Este tipo de inspeção conjunta também foi realizada em outras plataformas da Bacia de Campos, como a P-15 e a PCH1, igualmente em razão da atuação do sindicato.

FINAL DO FUTSAL nesta sexta, 26

Competição promove a integração entre trabalhadores de várias empresas do setor petróleo em Macaé

O Sindipetro-NF promove nesta sexta, 26, a partir das 19h, no Clube Cidade do Sol, em Macaé, os jogos semi-finais e final do Campeonado de Futsal da entidade.
A quatro equipes melhor colocadas na competição — Os Amigos, Ply F.C, Schulumberger e Submarino — tinham jogos previstos para a noite de ontem, após o fechamento desta edição do Nascente, para definir quais irão disputar os três primeiros lugares amanhã.
O Campeonato de Futsal do Sindipetro-NF tem por objetivo promover a integração entre os trabalhadores do setor petróleo. Após a partida final, haverá uma confraternização entre participantes e familiares.

Normando

Vamos falar de corrupção

Existe corrupção, e a culpa está na estrutura, na forma como uma empresa se organiza, e se relaciona e é fiscalizada pelos órgãos públicos. A corrupção deve ser uma preocupação constante quando se desenha e uma estrutura organizacional. Se tal não ocorre, ela surge.
O que é corrupção?
O termo “corrupção” deriva de algo próximo a estragar, decompor, fragmentar a ponto de descaracterizar o objeto. Também descreve a decomposição da personalidade, permitindo que um indivíduo adote valores antagônicos, conforme a conveniência da situação.
Corrupto é quem sustenta uma determinada conduta ética, no geral, e realiza outra ética, antagônica à primeira, em favor de seus interesses particulares. Como o cidadão que critica os “políticos” corruptos, mas tenta não pagar impostos. Ou o que critica o nepotismo, ao mesmo tempo em que fura a fila do engarrafamento, pelo acostamento.
Como a corrupção se legitima?
Essas práticas só existem por resultado de uma “racionalização”. A corrupção se apresenta como uma prática de mercado “eficiente e empreendedora”, capaz de tornar mais ágil a administração. Do mesmo modo que o motorista que fura a fila pelo acostamento acredita ganhar vantagem pessoal.
No entanto, é um argumento medíocre o da legitimação da corrupção pela eficiência. De fato, ela apenas onera as estruturas produtivas.
A “autonomia técnico-gerencial”
O ambiente fecundo para a corrupção é o de menor controle social e político possível. Uma estratégia corriqueira da corrupção, descrita pelos organismos internacionais que estudam e combatem o fenômeno, é sempre reivindicar a maior autonomia possível para o gerenciamento da administração, de forma a que as opções possam ser apresentadas como “eminentemente técnicas”, dentro de uma racionalidade empobrecida.
Por isso, o preenchimento de cargos por critérios exclusivamente “técnicos” se situa no exato oposto do combate à corrupção. A capacidade técnica dos ocupantes de cargos de nomeação é tão importante quanto o compromisso para com a publicidade e transparência de suas decisões. Razões de ordem “técnica” não podem ter autonomia absoluta. A ponderação é sempre necessária, e o controle político indispensável.
Curioso é ver petroleiros que defenderam gerentes acusados de corrupção, culpando de corrupção o Governo que realizou as prisões. Somente o interesse meramente eleitoreiro. Esse “duplo” discurso é, por definição, corrupto.
Continuaremos com o tema.

Curtas

RESULTADO DO PLEBISCITO
A CUT, o MST e entidades parceiras divulgaram ontem o resultado do plebiscito pela Constituínte da Reforma Política. Foram cerca de oito milhões de participantes (total de 7.754.436 de votos no Brasil, sendo 6.009.564 votos em urnas e 1.744.872 votos pela internet). Deste montante, 97,05% votaram pelo sim, enquanto 2,57% votaram pelo não, 0,20% foram brancos e 0,17% nulos. Na foto, uma das urnas instaladas em Macaé pelo Sindipetro-NF.

Petróleo é nosso
Em entrevista ao Brasil Debate, o coordenador geral da FUP e diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, defendeu nesta semana a realização de uma nova campanha “O Petróleo é nosso”. “Nunca foi tão necessária como agora”, alertou, com a intenção de afastar as mazelas vividas pelo setor petróleo nos anos 90 até 2002. A íntegra da entrevista está disponível em http://bit.ly/ZHqACg.

Baker
Os trabalhadores da Baker aprovaram o indicativo da direção do NF e rejeitaram a proposta enviada pela empresa. A decisão foi tomada em assembléia na segunda, 22, na sede do sindicato. Os 55 trabalhadores e trabalhadoras presentes votaram massivamente pela rejeição da proposta.

BJ
Também na segunda, 22, assembleia dos trabalhadores da BJ Services aprovaram o indicativo do Sindipetro-NF de rejeição da proposta enviada pela empresa. A proposta foi rejeitada por 45 votos a favor, cinco contra e zero abstenções. Segundo o coordenador do Departamento do Setor Privado do NF, Leonardo Ferreira, a entidade retorna agora com mais força à mesa de negociações.

Bancários
O Sindicato dos Bancários de Campos realiza hoje, às 19h, assembleia para avaliar indicativo de greve por tempo indeterminado a partir do dia 30 de setembro. A categoria participou de várias rodadas de negociação com a Federação Nacional dos Bancos, mas não obteve uma proposta que atendesse às reivindicações.