Nascente 878

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Nascente 878

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Editorial

Hora da reação

Uma questão central está colocada para sindicatos e movimentos sociais: qual será a reação da esquerda em relação à sucessão de escândalos que envolve a Petrobrás?
Diariamente, dos maiores aos mais modestos meios de comunicação, a agenda de notícia ruim sobre a companhia se impõe de modo acachapante. Neste cenário, algo inimaginável há pouco mais de um ano acaba de ser anunciado: a troca de quase toda a diretoria da empresa, incluindo a presidente Graça Foster, que renunciou ontem ao cargo, junto a cinco diretores.
Paralelo a isso, a direita se assanha em duas frentes: a política, com especulações em torno da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff — que ensejou até parecer produzido por Ives Gandra Martins, advogado do ex-presidente FHC —, e a econômica, com a crescente expectativa do “mercado” de que sejam criadas as condições para a retomada de uma condução neoliberal na companhia, dentro do espírito “Petrobrax”.
O desafio, portanto, é o de mobilizar a sociedade para preservar a empresa, sem que isso pareça uma defesa da corrupção ou dos corruptores. Insistentemente, a diferença entre uma coisa e outra tem sido apontada por entidades como a FUP e o Sindipetro-NF, mas, em larga escala, isso é insuficiente diante do massacre midiático.
Os próximos meses serão vitais para definir essa estratégia de reconstrução da imagem da Petrobrás e a sua preservação. Em meio a esta turbulência será necessário resgatar a memória afetiva da população em relação à empresa e apresentar com clareza o seu papel estratégico para o futuro do país. É urgente uma campanha nacional de mídia neste sentido, unificada em sua linguagem e planejamento, que somada às mudanças na diretoria da companhia e aos ritos finais da Operação Lava Jato contribuiria para manter no rumo certo este patrimônio dos brasileiros.

 

Espaço aberto

Cortes e insegurança

Paulo Bezerra**

As medidas impopulares do Governo Federal na virada do ano atingiram diretamente a classe trabalhadora brasileira. O pacote de alterações nos direitos sociais e trabalhistas pesaram significativamente para a juventude trabalhadora, que se encontra em relações precárias de trabalho e com alta rotatividade.
Com as mudanças nos prazos de carência ao seguro desemprego, os jovens trabalhadores terão mais dificuldades de obter o primeiro acesso, que passa a ter como critério 18 meses de trabalho nos últimos 24 meses anteriores à dispensa. Antes da Medida Provisória n° 665 do Governo Federal, bastava seis meses ininterruptos de trabalho para acessar pela primeira vez o benefício. O segundo acesso passa a ser por 12 meses nos últimos 16 meses anteriores à dispensa e o terceiro 6 meses ininterruptos de trabalho antes da dispensa. Nesta lógica atual, é mais difícil obter o primeiro acesso do que os subsequentes.
Reduzir direitos sociais e trabalhistas para os jovens trabalhadores pode implicar no maior aumento desta parcela da população na pobreza e nos processos de precarização do trabalho, além de desproteger a maioria dos jovens que sofre com a alta rotatividade no mercado de trabalho.
Portanto, as medidas do Governo Federal para “corrigir distorções, abusos fraudes” estão na contramão da continuidade de um governo responsável pela aprovação do Estatuto da Juventude, em 2014, no qual os direitos ao trabalho e à educação são fundamentais.

*Editado em razão de espaço. Íntegra publicada em www.cut.org.br sob o título “Cortes e insegurança na juventude trabalhadora”. **Secretário de Juventude da CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico).

 

Capa

DOSSIÊ DO NF VAI MOSTRAR CASOS DE ATENDIMENTO

Morte em SP confirma precariedade do atendimento médico nas plataformas, um problema crônico que tem sido denunciado pelo NF na Bacia e foi verificado nesta semana em PCP-1/3. Entidade produz dossiê para levar a órgãos fiscalizadores e à sociedade

A morte de um trabalhador em uma plataforma do Litoral Paulista, no último dia 30, mostra ser nacional o problema crônico de deficiência no atendimento médico que o Sindipetro-NF denuncia em relação à Bacia de Campos.
O NF recebeu a denúncia de que no último dia 30 um trabalhador procurou atendimento na enfermaria do FPSO cidade de Ilha Bela, na Bacia de Santos, e solicitou seu desembarque, porém mais uma vez a Petrobrás negou seu desembarque e, após medicá-lo, mandou descansar em seu quarto. Após contato com a Petrobrás, foi confirmado que o helicóptero apenas chegou na plataforma depois da morte do trabalhador, que aparentemente havia infartado.
Levantamento feito pelo NF com os casos mais recentes de problemas com atendimento médico e de mortes a bordo (veja abaixo) de plataformas da região também confirmam a gravidade da situação. A está montando um dossiê para as autoridades competentes e precisa da colaboração de todos os petroleiros, independentemente da empresa onde trabalhem. Relatos de casos de negligência no atendimento médico devem ser encaminhados por e-mail para o endereço [email protected]. O sigilo da fonte será mantido, mas é importante que os dados sejam colocados nos relatos para futuro contato da direção do NF. As informações devem ser enviadas o mais breve possível, mas esse canal estará sempre aberto para as denúncias da categoria.
Carapeba
Durante embarque para participação na reunião de Cipa de bordo, nesta semana, o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, constatou a deficiência do atendimento médico. Foi registrada na ata da reunião a necessidade urgente de melhoria no atendimento médico de urgência não somente em PCP-1/3, mas em toda a Bacia de Campos. O pedido foi feito em razão do caso de um trabalhador que sofreu infarto na unidade, em 10 de janeiro passado, e ficou mais de 12 horas a bordo até ser resgatado.
Para a Cipa, houve demora no atendimento telefônico, dificuldade no diagnóstico (paciente hipertenso e diabético), demora no resgate aeromédico e incerteza sobre que tipo de transporte deveria ser utilizado pelo paciente.

Foster renuncia e CA se reúne na sexta

Após reunião com a presidente Dilma Rousseff na terça, 3, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, anunciou ontem, por meio de comunicado da empresa, a sua renúncia ao cargo. Outros cinco diretores também apresentaram cartas de renúncia. Novos gestores só deverão ser anunciados amanhã, na reunião do Conselho de Administração da companhia.
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, nenhum dos nomes especulados até o momento possuem o perfil desejado para administrar a empresa com foco nos interesses populares e dos trabalhadores. Na tarde de ontem, a imprensa cogitava as possibilidades de indicação de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, ou de Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora e ex-gerente geral da Bacia de Campos.
Um conhecido dos petroleiros
Em 2005, Landim também foi cogitado para assumir a Petrobrás — quando a escolha acabou recaindo sobre José Sérgio Gabrieli — e houve forte reação da FUP e do NF contra a sua possível indicação, dado o seu histórico de truculência e perseguição aos trabalhadores.
Segundo Breda, no entanto, mais importante do que os nomes é a instituição. “Nossa principal preocupação tem que ser a defesa da Petrobrás. O povo tem que estar atento em relação a este derretimento da companhia a pretexto de combater a corrupção. Não negamos, e inclusive já denunciamos, os problemas graves nos contratos da empresa, mas não podemos perdê-la como um bem dos brasileiros”, afirma.

Votação para o CA até dia 8

Começou no sábado, 31, o segundo turno das eleições para representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás. O Sindipetro-NF e a Federação Única dos Petroleiros apoiam Deyvid Bacelar para o Conselho. A votação se estende até o próximo dia 8.
Para a FUP e sindicatos, Deyvid Bacelar, que é coordenador do Sindipetro Bahia, é o nome mais preparado e com as melhores propostas para representar o trabalhador. No primeiro turno Deyvid foi o candidato mais votado, com 2300 votos.
Propostas
Durante o debate entre os candidatos ao Conselho, exibido pela Web TV da Petrobrás no último dia 29, Bacelar agradeceu os votos recebidos no primeiro turno e destacou suas principais propostas ao C.A. Entre elas está a de levar para o Conselho de Administração e do Comitê de SMS as demandas colocadas pelos trabalhadores sobre as questões de saúde, meio ambiente e segurança.

Mortes na Bacia de Campos

12 de outubro de 2014 – Trabalhador da UTC queixou-sede dores abdominais e dois dias depois foi desembarcado de PPM-1 pelo resgate aeromédico. Foi levado para atendimento em um hospital em Campos dos Goytacazes. Diagnosticado com quadro avançado de pancreatite, não resistiu e veio falecer no dia 16.

12 de outubro de 2014 – Outro trabalhador, da Tranship Transportes Marítimos Ltda, passou mal a bordo da embarcação TS Ouriçado afretado da US-LOG e foi levado para a enfermaria da P-52, aonde já chegou sem os sinais vitais.

5 de outubro de 2014 – Trabalhadora taifeira compareceu três vezes a enfermaria durante seu embarque em NS-34 com queixas de hipertensão arterial. Apesar do quadro, foi mantida a bordo e desembarcou na sua escala normal. No aeroporto de Jacarepaguá desmaiou, chegou a ser reanimada pela equipe médica no saguão do aeroporto, mas não resistiu e veio a falecer na ambulância a caminho do hospital.

19 de setembro de 2014 – Trabalhador da Petrobrás sentiu-se mal e após atendimento por vídeo conferência em PCH-2 foi medicado e mantido a bordo. Horas mais tarde foi encontrado caído próximo ao banheiro. Trazido para unidade hospitalar não resistiu e veio a óbito. Segundo seus amigos, o trabalhador ao ser desembarcado já havia falecido.

12 de junho de 2014 – Corpo do trabalhador foi encontrado no mar, próximo ao navio sonda NS-11, às 10h10, após a tripulação da embarcação Malaviya 29 onde trabalhava ter sentido sua falta.

26 de março de 2014 – Trabalhador da Tranship Transportes Marítimos Ltda sofreu mal súbito, seguido de queda a bordo da unidade TS Luxento (próximo a
P-31), aonde faleceu.

Pela lei da mídia democrática

Formulário online de adesão tem lançamento hoje. Projeto tem apoio dos sindicatos e movimentos sociais

A campanha Para Expressar a Liberdade lança hoje um formulário online de apoio ao Projeto de Iniciativa Popular da Comunicação Social Eletrônica (Lei da Mídia Democrática). A ferramenta estará disponível no site Para Expressar a Liberdade e visa ampliar a visibilidade da proposta, promovendo a discussão sobre a necessidade de democratizar a comunicação social no Brasil.
O projeto, de 2013, propõe a regulamentação da Constituição Federal. Entre os principais dispositivos estão a criação do Conselho Nacional de Comunica-ção e do Fundo Nacional de Comunicação Pública, veto à propriedade de emissoras de rádio e TV por políticos, proibição do aluguel de espaços da grade de programação e a definição de regras para impedir a formação de monopólio e a propriedade cruzada dos meios de comunicação.

Normando

Flerte com o desastre

A política de aliança de classes realizada pelo PT, a partir de 1991, serviu à conquista do Governo Federal, mas não à conquista do Poder Político.
São inegáveis as transformações sociais, resultantes de políticas públicas direcionadas para a distribuição de renda e o acesso dos mais necessitados aos direitos sociais.
Mas, a despeito dos bilhões públicos pagos aos bancos em juros da dívida, é exatamente a diminuição da desigualdade social o que inviabiliza a aliança de classes. Para o PT e para a burguesia.
Obscena elite
Direitos Sociais jamais serão a opção da burguesia. Qualquer aproximação da igualdade a agride em sua identidade e diferenciação. Lula está correto ao ilustrar o problema com os exemplos de madame e empregada com o mesmo perfume, e do aeroporto tornado rodoviária.
Não importa quão “de direita” seja o governo Dilma. Não adianta imolar desempregados e pensionistas no altar do Deus-Mercado. O resultado sempre será o estímulo à insaciável voragem destrutiva do Capital. Nomear Armando Monteiro, Kátia Abreu e, pior de todos, Joaquim Levy, apenas faz com que FHC e Ives Gandra chamem o golpe, nos jornais do mesmo Domingo em que Eduardo Cunha se torna Presidente da Câmara, com quase o dobro dos votos do candidato do Planalto.
A política de aliança de classes esgotou sua capacidade de transformar o País, em razão de seu próprio sucesso. Suas conquistas e avanços evidenciaram uma antiga verdade, ocultada pela brutal desigualdade: os interesses de classes são antagônicos. Não há leniência com o orçamento público que resolva essa divergência.
Política de classes
Na exata medida em que Dilma tenta satisfazer a Burguesia com “levyandades”, ela se afasta do centro de gravidade da disputa, a base social sem a qual sequer teria ido para o 2° turno em Outubro passado.
Os movimentos sociais devem ir às ruas, com suas bandeiras, ilegitimamente empunhadas pela Direita. A Corrupção na Petrobrás é só um exemplo. A apuração rigoraso interessa muito mais à Esquerda do que ao PSDB.
As consequências dessa imobilidade política são potencialmente gravíssimas. Junto com um eventual impedimento do governo Dilma (que por si só não me faria lançar uma flor ao rio) iriam para o ralo as principais políticas sociais.
Afinal, quem se mostrou capaz de tornar a imagem da Petrobrás sinônimo de corrupção, o fará ainda mais facilmente com o Salário Mínimo e o Bolsa Família.

Curtas

Embarques

Diretores sindicais participaram na terça, 3, de reuniões de Cipa a bordo de plataformas da região. Embarcaram Auzelio Pereira Alves, do Unificado SP (P-07), Norton Almeida (PGP-1), Tadeu Porto (PNA-2), Valdick Oliveira (PPM-1), Marcos Breda (PCP-1/3), Luiz Carlos Mendonça (PCH-2), Wilson Reis (PCP-2), Marcelo Nunes (P-40), Rafael Crespo (P-51), Leonardo Ferreira (P–52) e Tezeu Bezerra (P-56).

Bastidores
Diariamente, entre os anos de 2003 e 2006, o então presidente Lula recebia do assessor especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Bernardo Kucinski, textos com análise de conjuntura e do conteúdo da mídia. Agora reunidos no livro “Cartas a Lula”, os documentos revelam os bastidores de decisões cruciais do governo.

Aposentados
Os aposentados e pensionistas que se filiarem ou refiliarem ao NF apresentar o Código do Benefício, constante no contracheque, no ato de filiação. Esse código é fundamental para efetivação da associaçao. Caso a pessoa não tenha esse código no momento da filiação, pode entrar em contato posteriormente com Fátima Bolckau para informá-lo pelo telefone (22) 27659550.

Presente!
No último dia 26 se completaram dois anos da morte do agricultor e líder do MST em Campos dos Goytacazes, Cicero Guedes dos Santos, assassinado aos 54 anos de idade. Ele liderou a ocupação das terras da antiga usina Cambaíba, ação registrada pelo documentário “Forró de Cambaíba”, produzido pelo NF.