Nascente 879

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Nascente 879

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Editorial

Muito mais do que nomes

Os trabalhadores organizados aprenderam historicamente a não apostar em nomes, mas em projetos de classe. Se por um lado a indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobrás sinaliza favorávelmente para a manutenção de uma opção social na companhia, por outro lado não cabe ufanismo algum. A empresa, assim como o governo, segue na condição de campo de batalha em conflito permanente. Não há lugar para ingenuidades.
No plano geral, a escolha da presidente Dilma indica que a empresa continuará na rota nacionalista na qual foi recolocada após o primeiro governo do presidente Lula, resistindo às pressões privatizantes do “mercado”. Isso é essencial para o futuro do País e vital neste momento em que a gravíssima crise de gestão da companhia está sendo usada para criar uma espécie de terceiro turno das eleições presidenciais.
No entanto, no plano específico, em relação aos petroleiros, não há qualquer mudança na pressão que deve ser exercida na cobrança de políticas que priorizem a vida do trabalhador. Até mesmo ao contrário: nesta ambiência de necessidade urgente por respostas externas, não é improvável que a gestão da companhia tenha a infeliz ideia de promover cortes que gerem ainda mais impactos na segurança e na saúde dos empregados.
Em razão disso, o Sindipetro-NF seguirá firme em dois movimentos políticos: o externo: organizando, estimulando e aderindo a todas as manifestações em defesa da Petrobrás; e o interno: protestando, denunciando e cobrando o fim do descaso com a vida, seja em relação aos acidentes, seja em relação aos problemas no atendimento médico nos adoecimentos a bordo.
Neste sentido, um dado a comemorar é a eleição do petroleiro Deyvid Bacelar para a representação dos trabalhadores no Conselho de Administração da companhia. Representando um projeto que tem o apoio da FUP e dos sindicatos filiados, o sindicalista, que é coordenador do Sindipetro-BA, atuará em consonância com os ideais defendidos pelo Sindipetro-NF, tanto nas políticas macro da empresa quanto nas questões específicas dos trabalhadores.
O momento é delicado e exige atenção redobrada. Mas quem tem consciência de classe sabe o rumo a tomar e não se perde nas turbulências.

Espaço aberto

A visão de um petroleiro

Pablo Iacovazzo**

O que não falta por aí é abutre tentando vender a ideia furada de que a Petrobrás estaria “quebrada”. Não gente, ela não está. Ela ainda é a maior empresa do país, que realmente vem enfrentando tempos difíceis por uma série de motivos distintos, mas a crise atual é passageira, e será superada. Mas para que isso aconteça, todo brasileiro precisa ser verdadeiramente mais crítico, e parar de se deixar levar por qualquer notícia maldosa que saiam divulgando por aí.
É inegável e sabido por todos que há muitos e imensos problemas acontecendo hoje com a Petrobrás. Isso não se discute. Mas as pessoas também estão esquecendo que a Petrobrás só é o gigante que é hoje, a maior empresa do país, geradora de milhões de empregos diretos e indiretos, pagadora de bilhões em impostos, com ações negociadas nas maiores bolsas do mundo, uma das empresas mais respeitadas internacionalmente, por conta da gestão do PT, mesmo com todas as suas falhas. Antes da gestão petista, somente Getúlio Vargas fez tanto por ela.
Lembrem-se que, há apenas 13 anos, a Petrobras era apenas uma empresa de petróleo no meio de tantas outras. Respeitada no Brasil, grande para os nossos antigos padrões, mas minúscula e praticamente desconhecida no resto do mundo. E esse é o principal motivo de eu hoje ainda defender o PT na questão, e continuar defendendo. Mesmo errando muito ao longo do caminho, eles acertaram onde mais importa, e salvaram a Petrobrás. Transformaram-na em um gigante de primeiro escalão (em 2014, mesmo em crise, ela ultrapassou a americana Chevron, e tornou-se a maior empresa de capital aberto produtora de petróleo do mundo). Lembrem-se também de que é a primeira vez na história que os erros e desvios estão vindo à tona, que é a primeira vez que pessoas estão sendo investigadas e punidas por seus crimes. Daqui para a frente, com os erros finalmente expostos, passa a ser mais fácil corrigi-los, para continuar seguindo em frente.

* Editado em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no site do Sindipetro-NF, sob o título “A crise na Petrobras na visão de um petroleiro”, acesso direto em http://bit.ly/17a0UlJ. ** Técnico de Operações da Petrobrás na Plataforma P-40, Bacia de Campos.

TRÊS MORTOS E SEIS DESAPARECIDOS NO ES

Sindipetro-ES acompanha resgate de vítimas e apuração de explosão em FPSO
na tarde de ontem. NF e FUP destacam problemas com a terceirização e com a salvatagem. Navio-plataforma havia passado por inspeção da Marinha em 2014

O Sindipetro-ES informou a ocorrência, no início da tarde de ontem, de uma explosão na Plataforma FPSO Cidade de São Mateus, em Aracruz, Norte do Estado. Até o fechamento desta edição do Nascente, três mortes haviam sido confirmadas. Outros dez petroleiros ficaram feridos. De acordo com a entidade capixaba, seis trabalhadores ainda estavam desaparecidos. Equipes de mergulhadores faziam buscas nas proximidades da embarcação.
Trinta e dois petroleiros conseguiram desembarcar e foram levados para a cidade de São Mateus.
Os feridos foram atendidos nos hospitais Vitória Apart Hospital e Jayme Santos Neves, ambos no município de Serra, região metropolitana de Vitória. Diretores do Sindipetro-ES permaneceram nos hospitais acompanhando as vítimas e prestando apoio aos familiares.
De acordo com as primeiras apurações do sindicato capixaba, o acidente foi causado por um vazamento de gás na casa de bombas.
Em entrevista à Rádio NF, o coordenador geral do Sindipetro-ES, Paulo Rony Viana, afirmou que foi formada uma sala de crise na sede da Petrobrás em Vitória com a participação da entidade. O sindicato também vai integrar a comissão de investigação do acidente.
O FPSO Cidade São Mateus é um navio afretado, em operação nos campos de Camarupim e Camarupim Norte, com mão de obra terceirizada da BW Offshore. De acordo com Rony, esse é um fator que agrava o risco de acidentes e tem sido discutido pelo movimento sindical.
Terceirização
O coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, manifestou solidariedade aos petroleiros do Espírito Santo e colocou a entidade à disposição para contribuir na investigação do caso. Breda também lembrou o impacto da terceirização na insegurança no trabalho e destacou que, justamente neste momento em que a Câmara Federal desarquiva o PL 4330 (da terceirização), toda a pressão dos trabalhadores vai ser fundamental.
Salvatagem e resgate
O coordenador geral da FUP e diretor do NF, José Maria Rangel, destacou em entrevista a à Rádio NF que o FPSO Cidade de São Mateus passou por uma inspeção da Marinha em abril de 2014 e foram encontradas falhas relacionadas à salvatagem. “Eu seria leviano em relacionar os resultados dessa inspeção com o acidente, pois pode ser que os problemas tenham sido sanados, mas é preciso verificar isso, pois havia linhas enferrujadas e sistemas de incêndio que não funcionavam”, afirmou.
José Maria também lembrou a necessidade da implantação de um serviço de busca e salvamento, essencial em casos como o que ocorreu ontem.

Petrobrás: Reação virá das ruas

Sindicatos se organizam para ir às ruas defender a Petrobrás do ataque privatista

A FUP e sindicatos filiados, entre eles o Sindipetro-NF, discutem a realização, em março, de um grande ato nacional em defesa da Petrobrás, neste cenário de ataques à empresa. O objetivo é alertar a sociedade para o fato de que setores conservadores estão aproveitando as apurações decorrentes da Operação Lava Jato para fragilizar a empresa e torná-la mais vulnerável à privatização. Em paralelo à organização do ato público, as entidades sindicais também estimulam a adesão ao manifesto virtual.
“Há quase um ano o País acompanha uma operação policial contra evasão de divisas que detectou evidências de outros crimes, pelos quais são investigadas pessoas que participaram da gestão da Petrobrás e de empresas fornecedoras. A ação institucional contra a corrupção tem firme apoio da sociedade, na expectativa de esclarecimento cabal dos fatos e rigorosa punição dos culpados. É urgente denunciar, no entanto, que esta ação tem servido a uma campanha visando à desmoralização da Petrobrás, com reflexos diretos sobre o setor de Óleo e Gás, responsável por investimentos e geração de empregos em todo o País; campanha que já prejudicou a empresa e o setor em escala muito superior à dos desvios investigados”, registra o documento.
A íntegra do manifesto e o link para a adesão ao documento estão disponíveis em http://bit.ly/16SJXLW.
Ações em todo o País
O ato nacional preparado pela FUP faz parte de iniciativas que também envolvem a CUT. A Central indica para o próximo dia 13 a realização de manifestações em todo o País em defesa da Petrobrás. Nesta semana, o secretário-geral da entidade, Sérgio Nobre, convocou os movimentos sociais a participarem das mobilizações.
Em entrevista ao portal da CUT, o sindicalista denunciou a tentativa de enfraquecimento da Petrobrás, sem que se leve em consideração os impactos para os trabalhadores e para o País. Ele lembrou, por exemplo, as consequencias para os empregados das empresas que mantém contratos com a companhia.
“Esse bloqueio [das empresas denunciadas na Operação Lava Jato], além dos atrasos, está levando a milhares de demissões pelas empresas menores, e facilitando a entrada de empresas estrangeiras para fazer os trabalhos antes feitos por brasileiros. Isso tem que ser denunciado. Acho que poucos trabalhadores sabem da importância do que está acontecendo na Petrobrás”, disse Nobre.

Conselho

Eleito diz que SMS é prioridade

Eleito nesta semana para a vaga de representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, o coordenador do Sindipetro-BA, Deyvid Bacelar, afirmou, em entrevista à Rádio NF, que vai priorizar a área de segurança no trabalho e retomar a política de transparência na comunicação praticada por José Maria Rangel em 2013.
Bacelar agradeceu pelos votos recebidos e destacou a ampliação da participação dos petroleiros nas eleições. O sindicalista foi eleito com 6.864 votos (57,83%), contra 5.006 votos (42,17%) destinados ao atual ocupante da vaga, Silvio Sinedino. A eleição teve um total de 12.246 votos, sendo 11.870 válidos, 112 brancos e 264 nulos.

TECAB: Confira pontos locais discutidos

Temas ligados à ambiência e segurança dos petroleiros do Terminal foram debatidos em reunião

No dia 30 de janeiro, a diretoria do Sindipetro-NF esteve reunida com a gerência do Terminal de Cabiúnas (Tecab) para tratar das pendências da reunião anterior e às últimas denúncias apresentadas. Em pauta, CCM’s, NR 35, ônibus do turno, efetivo mínimo, treinamento em horário de folga, entre outros. Além desses temas, foi marcado para dia 26 a inspeção dos banheiros e solicitado pelo vice presidente da Cipa o reparo na caixa d´água e do sistema de esgoto.
Leia mais sobre resultados para os pontos debatidos em http://bit.ly/1McoVbI.

Pl da terceirização de volta na Câmara

Da Agência Diap

O PL 4.330/04, que expande a terceirização, foi desarquivado nesta terça, 10. De autoria do ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), o projeto está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados.
A votação do projeto em plenário depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que precisa incluir a matéria na ordem do dia. Essa decisão é tomada no âmbito do Colégio de Líderes.
O requerimento para desar-quivamento pedia o retorno à tramitação do PL 1.621/07, do deputado Vicentinho (PT-SP), anexado ao PL 4.330. Dessa forma, todas as proposições que versam sobre terceirização são resgatadas para iniciar a tramitação de onde pararam no encerramento da legislatura no dia 31 de janeiro de 2015.
Nesta fase do debate sobre o tema, o movimento sindical precisa ficar atento, pois há forte tendência de o projeto ir à frente, tendo em vista a composição da Câmara empossada no dia 1º de fevereiro de 2015.
Trata-se de uma composição mais conservadora, com uma bancada empresarial que manteve sua força e poder, com 220 representantes na Câmara. Enquanto a bancada sindical, que na legislatura passada tinha 83 representantes na Casa, agora tem 51.

Normando

EUA contra Petrobrás

Nova ação contra a Petrobrás nas cortes norte-americanas, agora do Procurador-geral de Ohio, em nome dos fundos de pensão investidores. Já são mais de 12 ações coletivas semelhantes, propostas desde Novembro de 2014, com o mesmo fundamento: o comando da Petrobrás, ciente da maior parte das irregularidades, teria mantido um silêncio conivente, com o objetivo de permitir a valorização artificial das ações no primeiro semestre de 2014.
Claro, no mesmo período em que as ações da Petrobrás caíram 58%, os preços do petróleo caíram 57%. Mas isso não interessa às cortes americanas, à Globo, ou muito menos ao movimento “Impeachment-Mercado”.
Mercado contra Estado
Lembrando o caso argentino recente: o interesse estatal pode ser objeto de ações judiciais comuns, como um contrato civil? Um formalista responderia, no caso dos títulos públicos, que o Estado captou dinheiro sob as regras do Mercado e, logo, essas regras devem reger a cobrança da dívida. De forma semelhante responderia que o Estado, ao criar uma empresa de capital aberto, “desceu do pedestal” e igualou-se aos demais do Mercado. Não é bem assim.
Idealmente o Estado deve incorporar as necessidades e aspirações da sociedade, e ser a representação legítima dos interesses da maioria. Todavia, sob o capitalismo, o Estado é apropriado pelo Mercado, por diversas formas (lobbies, agências reguladoras, entidades público-privadas, organizações sociais, normas certificadoras, etc). E o Mercado é uma representação fictícia dos interesses do 1% da humanidade que controla 50% da renda do Planeta.
Público maior que privado
Uma execução judicial não pode inviabilizar um país soberano. Da mesma forma, é irracional paralisar a economia brasileira para atender aos interesses da Bolsa de Nova Iorque. Até 2002, com as encomendas da Petrobrás gerando empregos nos EUA, Noruega, Coréia do Sul, e em outros países, a indústria do petróleo e gás contribuía com 3% da riqueza da nação. Hoje essa participação supera os 13% do PIB nacional. É disso que se trata.
Então, por que a Petrobrás tem ações na praça? Esse é um erro de origem, agravado pela opção por Nova Iorque. Em lugar de ameaçados pelo “Impeachment-Mercado”, os trabalhadores brasileiros deveriam estar nas ruas a exigir a Petrobrás pública, sem ações na bolsa.
Pensem: as duas maiores produtoras de petróleo do mundo são as empresas públicas da Arábia Saudita e do Irã. E sem capital aberto.

CURTAS

Dossiê

Os relatos de casos de negligência no atendimento médico aos trabalhadores podem ser encaminhados para o e-mail [email protected]. O sigilo da fonte será mantido, mas é importante que os dados sejam informados para contato da direção do NF. As informações devem ser enviadas o mais breve possível, mas esse canal estará sempre aberto para as denúncias.

Beto BR

Um dos compositores do samba do Império Serrano neste Carnaval é o petroleiro Beto BR, da Bacia de Campos. O enredo fala de espirituali-dade e tem tudo para emocionar os brasileiros. “No toque do agogô, eu vou com fé e amor, e pode acreditar, a fé não costuma falhar”, diz um trecho do samba.

A questão

Especial da Agência Carta Maior sobre o que está em jogo na chamada crise da Petrobrás é um bálsamo em meio a tanta desinformação sobre a empresa. A questão crucial é tratada: “A quem devem servir as maiores reservas de óleo descobertas no planeta nos últimos trinta anos”. “O cerco em marcha ao pré-sal e à Petrobras transpira outro objetivo: extirpar uma transgressão de soberania”. Acesso em http://bit.ly/1DTrd9A.

Pausa de momo

Em razão do feriado de Carnaval, o Nascente não circula na próxima semana. A publicação volta na semana de 23 a 27 de fevereiro. A equipe de Comunicação do NF deseja uma boa folia aos que estiverem de folga e um trabalho seguro e tranquilo aos que estiverem em atuação nas áreas operacionais.