Nascente 880

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Nascente 880

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Editorial

Tirem as mãos da Petrobrás

O Ato Público em defesa da Petrobrás realizado na noite da terça, 24, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, pode ser incorporado ao conjunto de momentos históricos retratados pela saga do petróleo no Brasil. Seja pelo simbolismo da ABI, uma das participantes da campanha “O Petróleo é nosso”, seja pelo cenário crucial pelo qual passa o País, o manifesto tem peso político e serve de pontapé para uma reação popular contra a avalanche de desgaste que tentam impor sobre a imagem da companhia.
Muito simbólico também que o ato tenha sido realizado na casa dos jornalistas e da imprensa brasileira. Defensora de liberdades democráticas, a ABI não tem se furtado a abrigar movimentos que questionam o próprio papel exercido pelos veículos de comunicação no Brasil, numa mostra de que uma coisa é jornalismo, outra coisa é o que é praticado em seu nome por grandes empresas do ramo.
Nestes tempos em que um diretor da TV Globo anuncia que irá para as ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma, e uma editora da mesma emissora é flagrada dando ordens para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não seja citado em matérias sobre a Operação Lava Jato, é mais do que necessário estar atento aos reais interesses dos noticiários sobre a empresa.
Também é digna de registro a atitude altiva da petroleira Michelle Daher Vieira, que teve a sua imagem utilizada em matéria do jornal O Globo e questinou a abordagem do jornal em relação aos trabalhadores da empresa (saiba mais em http://bit.ly/1zdiTh6).
Não se trata de negar a gravidade das denúncias de corrupção da empresa, mas nenhum trabalhador é ingênuo o suficiente para acreditar que os casos começaram agora e que a investigação não será utilizada para enfraquecer a companhia. Por isso, é preciso defender todo o rigor na apuração e punição dos culpados, e empreender todo o vigor para manter a Petrobrás e a exploração do pré-sal o mais próximos dos interesses maiores do Brasil.

 

Espaço aberto

É preciso aprender a lição da P-36

Flavio Borges**

A P-36 foi a maior plataforma de produção de petróleo no mundo antes de seu afundamento em março de 2001. A plataforma da Petrobras teve seu custo estimado em 350 milhões de dólares.
Na madrugada do dia 15 de março de 2001 ocorreram duas grandes explosões em uma das colunas da plataforma, a primeira às 0h22m e a segunda às 0h39m. Segundo a Petrobras, na época haviam 175 pessoas embarcadas no momento do acidente, destas 11 morreram durante o sinistro.
FPSO – Cidade São Matheus, pertencente à empresa BW Offshore e afretado pela Petrobras, sofreu duas graves explosões na última quarta-feira dia 11 de fevereiro de 2015, [que deixou seis mortos e três desaparecidos até o fechamento desta edição].
Épocas diferentes histórias parecidas, ambas com o mesmo pano de fundo, frutos da terceirização. A precarização das relações de trabalho ocasionadas por ações gerenciais dentro das empresas do seguimento do petróleo, que visão o aumento de seus lucros através do barateamento da mão de obra, baixo investimento em saúde e segurança do trabalhador, e diminuição da mão de obra embarcada, parece está fazendo escola em diversas Gerências da Petrobrá.
Para alguns, a lição parece que nunca será aprendida.
Denúncias recebidas pelo Sindipetro-NF, feitas por Técnicos de Segurança da Bacia de Campos fazem referência a orientações dadas por gestores, sobre serviços que serão realizados após o horário de trabalho do Técnico de Segurança embarcado, caso haja a necessidade de liberação de algum serviço, para que executem a liberação e voltem a dormir.
Até quando trabalhadores terão suas vidas e sua saúde, postas em risco neste processo que se mostra cada vez mais falido?

* Editado em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no site do Sindipetro-NF, sob o título “É preciso aprender a lição com a P-36”, acesso direto em http://bit.ly/1DRn5sW. ** Diretor do Sindipetro-NF.

Capa

LULA: PARTILHA É CAUSA DE ATAQUE

Ex-presidente diz que ofensiva contra a Petrobrás tem relação com opção brasileira de manter a exploração do pré-sal sob o seu controle

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou a presidenta da República, Dilma Rousseff, a “levantar a cabeça”, diante da crise política gerada pelo caso Petrobras. Lula participou, na noite da terça, 24 de ato em defesa da estatal, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, ao lado de lideranças políticas, sindicais, artísticas e acadêmicas.
“A Dilma tem que deixar o negócio da Petrobras com a Petrobras. O negócio da corrupção, com o ministro da Justiça e com a Polícia Federal. A Dilma tem que levantar a cabeça e dizer ‘eu ganhei as eleições’. A Dilma não pode e não deve ficar dando trela. Nós ganhamos as eleições e parece que estamos com vergonha de ter ganho”, disse.
O ex-presidente discursou por 30 minutos, sendo interrompido diversas vezes por aplausos da plateia, que lotou o auditório da ABI, que tem capacidade para 500 pessoas. Lula atribuiu os ataques à Petrobras devido à mudança no sistema de exploração, que antes era por concessão, dando maior poder às empresas privadas, e passou para o sistema de partilha, o que garante uma parcela mínima de 30% para a estatal brasileira além da operação do campo petrolífero.
“Eu sei o que significou aprovar a Lei da Partilha. Quando nós descobrimos o pré-sal, logo os americanos inventaram uma história chamada a Quarta Frota e passaram a ter navios patrulhando o Oceano Atlântico. Nós sabemos o que significou a Lei da Partilha. Sabemos o que significou os 30% para a Petrobras. Sabemos o que significou a construção desta empresa”, destacou ele.
Lula disse ainda que os funcionários da estatal tinham de ter orgulho de trabalhar na empresa e defendeu a punição daqueles empregados que tenham cometido erros.

Estratégia para Campanha

Reunido na segunda, 23, o Conselho Deliberativo da FUP discutiu encaminhamentos que serão levados à categoria e à presidência da empresa na Campanha em Defesa da Petrobrás e do Brasil. Confira:

– Aumentar a participação do Estado na Petrobrás (retomando capital da empresa) — Via cessão onerosa.
– Que a Petrobrás mantenha e amplie o volume de investimentos no país — Manter o atual plano de negócio.
– Que a Petrobrás e as demais empresas cumpram a atual política de Conteúdo Local.
– Construir com os movimentos sociais grandes atos (de massa) em defesa da Petrobrás e do Brasil.
– Fim do financiamento empresarial de campanha.
– Que a Petrobrás abra seu programa anti-corrupção para sugestões dos trabalhadores (de acordo com Manual de Ética e Conformidade Anticorrupção para Negócios — ONU, OCDE e Banco Mundial).

Luto

Familiares protestam contra BW

Familiares dos petroleiros desaparecidos em razão da explosão no navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no último dia 11, realizaram na tarde de ontem, em frente ao hotel Bristol, de Vitória, um protesto contra a demora no resgate das vítimas. De acordo com o Sindipetro-ES, três trabalhadores ainda não foram encontrados, após as confirmações de seis mortes na tragédia.
Para o coordenador do sindicato capixaba, Paulo Rony, a demora não se justifica. “Está sendo uma tortura para as famílias e a BW [empresa que opera o navio] deve explicações claras, assim como uma posição mais transparente sobre o que de fato está impedindo as buscas”, protestou o sindicalista.
Diretores do Sindipetro-NF permaneceram durante toda a semana passada no Espírito Santo, participando de protestos e do acompanhamento das atividades do comitê de crise. Os sindicalistas também se reuniram com representantes de órgãos fiscaliza-dores.
No último dia 20, os trabalhadores realizaram manifestação no aeroporto de Vitória. Cerca de cem petroleiros não embarcaram para plataformas da região. Antes, no dia 13, na Bacia de Campos, sete plataformas (P-19, P-31, P-37, P-53, P-54, P-56 e P-65) aderiram ao indicativo de paralisar as emissões de PTs (Permissões de Trabalho) para cobrar segurança no trabalho e se solidarizar às vítimas da tragédia do Espírito Santo.

Insegurança crônica

Barco atinge colunas de plataforma

Choque destroi cabine de rebocador e uma das baleeiras de P-51, na Bacia de Campos

A diretoria do Sindipetro-NF foi informada de que por volta das 11h da terça, 24, um rebocador atingiu duas colunas da plataforma P-51, localizada no Campo de Marlim Sul. Não houve vítimas do acidente, mas a cabine do rebocador (Armada Tuah 102) foi totalmente destruída e a baleeira seis também.
Ocorreram avarias no spider deck (um dos pisos da plataforma) e danos superficiais em duas colunas. Por questões de segurança, alguns trabalhadores foram desembarcados.
O NF vai integrar a comissão de investigação do acidente, como prevê o Acordo Coletivo. A entidade será representada pelo diretor Luiz Carlos Mendonça.

Tratamento no Tecab é desumano

Trabalhadores terceirizados dos setores de vigilância e de transportes sofrem com condições humilhantes

O Sindipetro-NF recebeu informações de petroleiros da base de Cabiúnas, da Transpetro, em Macaé, de que estão ocorrendo mudanças desumanas em relação a trabalhadores de empresas terceirizadas. Em uma, de segurança, o café da manhã foi cortado. Outra, de transporte, mantém os motoristas sob o sol do lado de fora da base.
No primeiro caso, dos vigilantes da empresa Juiz de Fora, o corte no lanche implicará na permanência do trabalhador com apenas uma refeição em um turno de 12 horas. Também foi retirado o adicional de “colete”, sob a justificativa de que os empregados já recebem o adicional de periculosidade.
Na área de transportes, motoristas de empresas terceirizadas estão tendo que permanecer nos carros, do lado de fora do terminal, sob o sol e sem sala de descanso, aguardando serem chamados. Isso, para que a empresa não pague adicional de periculosidade, devido a quem está dentro das instalações industriais.
O Sindipetro-NF está acompanhando as denúncias e quer a reversão dessas mudanças. A entidade pautará estes temas em reunião com o DFA (Departamento Financeiro Administrativo) da Transpetro.

Normando

Turbinas na Bacia de Campos

Financial Times: Pedro Barusco recebeu “no mínimo”, segundo as declarações do próprio, 200 mil dólares em propinas pagas pela Rolls-Royce para garantir compras de turbinas pela Petrobrás. Compras acima do necessário: garantias contratuais dos reatores não teriam sido utilizadas, e turbinas teriam sido canibalizadas desnecessariamente, dentre uma série de outras prodigalidades capazes de diminuir a vida útil dos equipamentos e aumentar a demanda.
Óbvio que — se verdadeira a denúncia — o dinheiro não se destinaria apenas a Barusco. Afinal de contas nada disso seria possível sem a notável colaboração de uma série de outros asseclas. O próprio Barusco indica que outros empregados da estatal também receberam propinas “turbinadas”, nesse negócio. Os nomes estariam sob sigilo, nos autos da “Lava Jato”.
A Rolls-Royce, claro, nega. Declarou à BBC que não “tolera negócios impróprios”, e que não recebeu nenhum detalhe da denúncia, ou qualquer comunicado das autoridades judiciais brasileiras.
Negócios “impróprios”
Difícil imaginar que um negócio que garanta à fabricante a venda de cerca de 100 milhões de dólares em turbinas seria considerado “impróprio” pelos executivos da “City” londrina.
Significativamente, a R-R não se refere a práticas ilícitas, mas “impróprias”. Até porque a empresa está sob investigação das autoridades britânicas quanto a propinas semelhantes, que teriam sido pagas na Indonésia e na China.
Há muito o que revirar, e colocar à luz do Sol. Em muitos setores e gerências existem histórias que podem ser conectadas aos escândalos que têm vindo a público.
Combater a corrupção
É hora de transformar a indignação em ação, expor o que há de errado, e refletir sobre as denúncias. Muitas lições devem ser aprendidas, sob pena dos desvios se tornarem recorrentes.
Um importante instrumento de combate à corrupção pode ser um efetivo programa corporativo de conformidade às normas internacionais e nacionais que tratam do tema. Infelizmente não é o caso do atual “Programa Petrobrás de Prevenção à Corrupção”, notável coleção de generalidades, e de boas intenções, que em nenhum momento desce ao cotidiano prático das atividades da empresa. Esse, lamentavelmente, foi escrito “para inglês ver”.
A enorme maioria honesta dos empregados da Petrobrás deve ser protagonista das transformações necessárias. Não estão acima do bem e do mal. A vida tem lado, e os petroleiros devem mostrar de que lado estão.

Curtas
Técnicos de SMS
A diretoria do Sindipetro-NF recebeu denúncia de que técnicos de segurança da Bacia de Campos embarcados estão sendo orientados, pela gerência, para que executem a liberação de serviço fora do horário de trabalho e, depois, voltem a dormir para não gerar horas extras. Para o NF, mais uma mostra do descaso com a segurança e desrespeito ao trabalhador. Saiba mais em http://bit.ly/1BsXXdm.

P-20
Petroleiros da P-20 informaram ao Sindipetro-NF que o pessoal da hotelaria não está recebendo salários e horas extras. Além disso, técnicos de segurança que são responsáveis por receber aeronaves a bordo estão sendo substituídos por recepcionistas, o que reduz a segurança em caso de emergência.

Fiscalização
O diretor do Sindipetro-NF Luiz Carlos Mendonça embarcou na segunda, 23, em P-20 para participar de fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo). A atividade ainda é reflexo do acidente que atingiu a unidade no dia 26 de dezembro de 2013. A participação de um dirigente sindical está garantida na Cláusula 132 sobre Segurança no Trabalho – Inspeções Oficiais, no ACT dos trabalhadores da Petrobrás.

Quase tragédia
E ainda teve gerente que considerou exagerada a divulgação do NF sobre o vazamento de gás na plataforma PGP-1, no dia 17. O sindicato reafirma que poderia ter ocorrido uma tragédia como a do Espírito Santo. Até quando a gestão da empresa vai continuar a tratar como menores os avisos constantes de risco e insegurança?

Pela Vida
No último dia 13, durante a paralisação de 24 horas de emissão de PTs (Permissão de Trabalho), em protesto pela vida após mais uma tragédia no setor petróleo, os trabalhadores de P-19 posaram para foto para registrar o movimento na unidade. Na Bacia de Campos, também realizaram a paralisação as plataformas P-31, P-37, P-53, P-54, P-56 e P-65. O sindicato divulgou manifesto parabenizando a atitude dos petroleiros dessas unidades e cobrando uma reflexão aos demais. Acesso direto em http://bit.ly/1D87Hok.