Nascente 907
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Editorial
Equívoco ou descaso
Acidente ou ocorrência? Incêndio ou princípio de incêndio? Queda ou pouso forçado? Ao longo destas quase duas décadas de existência do Sindipetro-NF, foram tantas as disputas semânticas e de visões sobre a gravidade dos fatos, entre o sindicato e a Petrobrás, que seria extenuante enumerar todos os casos — embora uma pesquisa acadêmica na área pudesse trazer boas revelações. Mas, como diria o ex-presidente Lula, nunca antes na história do setor petróleo houve algo como o que foi visto nesta semana: de um, passou para 16 o número de trabalhadores que foram ao mar no incêndio em uma embarcação.
Mesmo para empresas, que pensam em números e não em pessoas, é uma diferença considerável. Temos certeza de que a negligência não seria a mesma se o assunto fosse financeiro — algo como ter que registrar R$ 1 milhão ou R$ 16 milhões como prejuízo no balanço de 2015 pelos danos causados aos equipamentos ou pelo tempo fora de operação. Essa conta a empresa não erraria.
O caso em questão é o da embarcação Skand Stolmen, que pegou fogo no úlltimo dia 19, próximo à plataforma PGP-1. A primeira informação recebida pelo sindicato foi a de que os tripulantes foram evacuados por duas embarcações e passavam bem, mas um trabalhador filipino tivera contato com o mar e estava em observação. No dia seguinte se constatou que o estrangeiro também passava bem.
Só que, como se diz popularmente, a mentira tem perna curta. Poucos dias depois o sindicato teve acesso a dois vídeos do acidente. Neles foi possível identificar um grupo de trabalhadores ao mar. Embora não fosse possível precisar o número, pelo menos cinco estavam na água.
Mais alguns dias se passaram e o representante do Sindipetro-NF na comissão que investiga o acidente, Wilson Reis, descobre que foram 16 os homens ao mar, em duas boias.
Fosse um caso isolado, poderia ser interpretado apenas como um equívoco ou até mesmo um ruído na comunicação. Mas este tipo de situação é recorrente e mostra o modo como o discurso empresarial menospreza o sofrimento e o risco do trabalhador.
Espaço aberto
Reflexão
Renan Campos Carvalho**
Deixando um pouco as convicções políticas de lado, é notória a situação grave pela qual passa o nosso País. O aumento do preconceito e a briga de classes é um retrocesso. Temos que tomar muito cuidado para não sermos manipulados.
O desenvolvimento do nosso País vem incomodando as Nações imperialistas. Podemos destacar como pontos principais, o desenvolvimento dos Brics, a descoberta do pré sal e o combate à desigualdade social. Tal afirmação se faz evidente nas novas divulgações do “wikileaks” que fazem referência a espionagem americana no Brasil.
Como a história é cíclica, vale a pena recordarmos dos fatos e contexto que levaram ao Golpe Militar de 64. As “Reformas de Base” propostas por João Goulart incomodavam a “Elite” e a aproximação ideológica com a União Soviética incomodada os Estados Unidos, que sofrera uma derrota com a Revolução Cubana. Resumos dos fatos: sob a influência americana, a extrema-direita recorreu aos militares, e todos vimos no que deu, 21 anos de ditadura.
Temos novamente a mesma combinação (Elite + Revolta contra igualdade + Interesse estrangeiro). É verdade!, Onde já se viu? Pobre andando de avião, filho de médico e de porteiro na mesma faculdade, pedreiro de carro novo! Que país é esse?
E ainda queremos explorar o pré sal! E a Exxon, a Chevron, a BP, a Shell o que serão delas? Tanto trabalho para nos espionarem, tanto dinheiro gasto em tantas guerras (Golfo, Afeganistão, Iraque, etc..). Para chegarem uns brasileirinhos e produzirem a maior reserva de petróleo do mundo! E ainda querem se juntar com a Rússia, Índia, China, África do Sul e terem moeda própria, acordos comerciais, além de representarem 21% do PIB mundial! Que absurdo!
Por isso vos digo, cuidado! Nossa mídia está comprada! Nossos políticos são corrutos (todos os partidos), alguns mais nacionalistas outros menos!
E o povo? Onde fica? Nas ruas? Na miséria? Na ignorância? Quem mandou? A mídia? A CIA?
Por favor, vamos colocar as panelas e as ideias no lugar!
* Original editado em razão de espaço. ** Petroleiro de P-26.
FUP DISCUTE HOJE PAUTA POLÍTICA COM PETROBRÁS
Pressão da categoria leva companhia a marcar reunião para discutir reivindicações, mas indicativo de realização de greve está mantido, caso empresa não avance na pauta. Conselho Deliberativo da Federação se reúne hoje e amanhã no Rio
A diretoria da FUP se reúne hoje com a Petrobrás para debater a pauta política entregue à empresa há cerca de dois meses. Após a reunião com a companhia, a Federação realiza reunião ampliada do Conselho Deliberativo, com representantes dos sindicatos filiados, entre eles o Sindipetro-NF. A previsão é a de que o Conselho se estenda até esta sexta-feira.
No dia 1º, a FUP protocolou na Petrobrás o comunicado oficial de greve por tempo indeterminado, que será deflagrada a partir do dia 04 de setembro, em todas as unidades administrativas e operacionais da empresa, assim como nas instalações da Transpetro.
A greve pode ser chamada a qualquer momento, em razão de estar em vigência o “estado de greve” e a “assembleia permanente”, indicados pela FUP e seus sindicatos durante a 5ª Plenafup, e aprovados em assembleias pelos trabalhadores do Sistema Petrobrás, realizadas entre os dias 07 e 23 de julho, período que antecedeu a greve de advertência realizada durante 24h, em todo o Sistema Petrobrás, no dia 24/07.
Caso a empresa não avance no atendimento da pauta política dos trabalhadores, a categoria partirá para a greve. Os petroleiros protestam em relação ao novo Plano de Negócios da Petrobrás, que representa um verdadeiro desmonte da empresa, cujos impactos estão ocorrendo em várias unidades do país, com milhares de demissões de trabalhadores terceirizados e cortes em despesas, que colocam em risco conquistas históricas da categoria. Além disso, os gestores da Petrobrás deram início à venda de ativos estratégicos, como parte da BR Distribuidora e a reestruturação da malha de gasodutos.
Transpetro
As assembleias que seriam realizadas essa semana no Terminal de Cabiúnas (Tecab) foram transferidas, pela direção do Sindipetro-NF, para depois do Conselho Deliberativo da FUP, que acontece até amanhã. As novas datas ainda serão definidas.
O Sindipetro-NF havia convocado, através de boletim, a categoria petroleira a realizar assembleias a partir do dia 2 de agosto para avaliar o indicativo de greve a partir do dia 4 na Transpetro. Segundo o diretor do NF, Claudio Nunes, essa semana estão sendo realizadas setoriais para repassar à categoria informações da conjuntura.
Pauta de reivindicações
O que os petroleiros querem da Petrobrás
1 – Manutenção de todos os direitos dos trabalhadores.
2 – Recomposição do efetivo.
3 – Nova estrutura organizacional.
4 – Nova política de saúde, meio ambiente e segurança.
5 – Manutenção da Petrobrás Distribuidora S/A.
6 – Manutenção dos investimentos nos campos maduros.
7 – Incorporação integral de unidades controladas e subsidiárias (Entre elas a Transpetro).
8 – Conclusão dos projetos iniciados em 2014 (Abreu e Lima, Comperj, Fafen e plataformas).
9 – Manutenção dos investimentos na indústria nacional.
10 – Disponibilidade Unidades Termelétricas para atendimento das necessidades do País.
11 – Manifestação de plena condição e de interesse em permanecer como operadora única dos campos do pré-sal.
Falta de efetivo
Mudança na PT aumenta insegurança
Para economizar no pagamento de horas extras aos seus trabalhadores, a Petrobrás alterou de forma unilateral, recentemente, a exigência de um mínimo de seis meses em uma plataforma para que um operador possa liberar uma PT (Permissão de Trabalho), documento que autoriza a realização de uma tarefa.
A entidade recebeu relatos de trabalhadores sobre a ocorrência de trocas de operadores entre plataformas, em época de campanha de manutenção (UMS), para que a empresa não promova embarques extras dos operadores da própria unidade. Operadores de outras unidades, portanto, estão sendo embarcados em plataformas em manutenção e imediatamente autorizados a emitirem PTs.
Para o NF, a mudança torna ainda mais precárias as condições de segurança nas plataformas. A entidade vai protocolar documento na companhia com pedido formal de explicações e com a exigência de que seja retomada a regra antiga.
O assunto também será pauta do recém criado Comitê de SMS da Petrobrás, presidido pelo representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa, Deyvid Bacelar.
P-33
Homem ferido no heliponto
Um homem de área, empregado da Skanska, que presta serviço à Petrobrás, sofreu ferimentos no rosto em razão de uma queda na escada do heliponto da plataforma P-33, no último dia 31. O trabalhador tropeçou ao descer por uma escada não utilizada com frequencia, em razão de interdição da escada mais usual. O empregado foi levado para a enfermaria, onde ficou em observação após passar por sutura de três pontos na boca e um na face. No dia seguinte, após pressão dos trabalhadores, o petroleiro foi desembarcado. De modo incorreto, segundo o NF, a CAT do acidente não registra necessidade de afastamento.
P-20
Câmera até onde não precisa
Trabalhadores denunciam que estão sendo monitorados. NF cobra correção
O Sindipetro-NF recebeu denúncia dos trabalhadores da plataforma P-20, na Bacia de Campos, de que câmeras estão sendo utilizadas pela gerência para monitorar os trabalhadores. A categoria estranhou a instalação dos equipamentos em locais não usuais, como refeitório, corredores próximos à entrada de banheiros coletivos, áreas de lazer e dormitórios.
O sindicato questinou a Petrobrás sobre a denúncia, cobrando providências em relação ao comportamento inadequado do gerente de plataforma, que contraria o Código de Ética da empresa.
A companhia afirma que o monitoramento é necessário e se dá “de forma respeitosa e compatível com os direitos de privacidade pessoal e com a Política de Segurança da Informação” e que cabe “a toda liderança offshore possibilitar aos trabalhadores, quando em atividades em suas instalações, condições saudáveis e seguras”. A empresa também afirma que haverá comunicação “transparente” à força de trabalho sobre possíveis transgressões.
O NF mantém o apoio às reivindicações dos trabalhadores e considera abusiva a instalação. A entidade cobra a remoção das câmeras dos locais desnecessários para a segurança industrial e a apuração devida sobre a atitude da chefia.
P-48
Ar condicionado puxa fumaça
Problema chegou a causar intoxicação em alguns petroleiros. UMS adota apenas solução paliativa
O Sindipetro-NF recebeu denúncia dos trabalhadores de que o sistema de ar condicionado da UMS Praia de Itaipu (Unidade de Manutenção e Serviço), que está acoplada à plataforma P-48, está aspirando fumaça dos motores dos geradores, dependendo das condições do vento. A situação já provocou intoxicação em petroleiros, que tiveram que procurar por atendimento na enfermaria da unidade.
O caso foi discutido internamente e, de acordo com a direção do vento, a UMS tem sido desacoplada da unidade, mas nenhuma solução definitiva foi dada.
O escapamento dos motores expelem monóxido de carbono (CO), que é tóxico e pode causar fortes dores de cabeça, vômitos, náuseas e até morte se inalado em grandes concentrações.
A situação é recorrente e o sindicato vai formalizar denúncia sobre o caso na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
Torneio de Futsal em Outubro no NF
Um dos mais tradicionais eventos de integração da categoria petroleira na região já está com data confirmada. De 5 a 23 de outubro será realizada a 11ª edição do Torneio de Futsal do Sindipetro-NF, que reúne equipes de trabalhadores das empresas privadas do setor petróleo e da Petrobrás.
As inscrições estarão abertas no período de 14 a 25 de setembro, ou até completar o limite de 16 times. Cada equipe poderá ser composta por 12 atletas. Mais informações com o funcionário Paulinho, na sede do NF em Macaé (22 – 27659550).
Normando
Despotismo
O Sistema Petrobrás preserva uma estrutura de poder arcaica, personalista, antidemocrática, e avessa à crítica e aos direitos humanos, onde o erro não é oportunidade de aprendizado, mas algo a ser ocultado a qualquer custo, para proteger apadrinhados e punir desafetos.
A corrupção revelada pela “Operação Lava Jato” ocorreu e tornará a ocorrer, como resultado direto da opção pelo despotismo patrimonialista, enquanto ideologia de gestão de pessoal.
Nenhuma corrupção vingaria, se fossem os trabalhadores livres para denunciar. Os sindicalistas tem a necessária imunidade. E justamente por isso são tratados pela empresa como delinquentes. Até tentam tratar o sindicalista como interlocutor. Mas esse verniz de civilidade se derrete com a temperatura de qualquer campanha reivindicatória.
Além de pretenderem punições absurdas, logo passam a impedir o acesso do dirigente sindical ao local de trabalho, para dificultar o contato com os trabalhadores.
Direito de acesso
O Artigo 8° da Constituição da República consagra a Liberdade Sindical por princípio, e o Artigo 2° da Convenção 135 da Organização Internacional do Trabalho, determina que “facilidades devem ser concedidas, na empresa, aos representantes dos trabalhadores, de modo a possibilitar-lhes o cumprimento rápido e eficiente de suas funções”.
No detalhamento da Convenção 135, a Recomendação 143, “Sobre Proteção e Facilidades a serem Dispensadas a Representantes de Trabalhadores na Empresa”, aprovada pela conferência Geral em 1975, em seu item “12”:
“Aos representantes de trabalhadores na empresa será franqueado o acesso a todos os locais de trabalho na empresa, quando esse acesso for necessário para o desempenho de suas funções representativas”.
Autoritarismo corrupto
Despotismo, repressão política e corrupção andam de mãos dadas, ainda que sob uma hipócrita capa moralista.
Não se iludam. O mesmo gerente tirânico que desdenha das leis, e diz que quem manda é ele – capaz de reunir um grupo inteiro de trabalhadores para os admoestar como se fossem crianças, por terem exercido direitos – é capaz de exigir comissão depositada na conta da esposa, ou superfaturar em 3.000 % a compra de peças para turbinas.
E esse mesmo tipo de figura sai às ruas exigindo o impedimento de Dilma, e faz postagens em rede social atacando a Petrobrás.
É muito curioso o critério de nomeação de tais gerentes…
Curtas
Assédio
O Sindipetro-NF protocolou no último dia 31, na gerência de Recursos Humanos da Petrobrás, denúncia de assédio moral contra um consultor, empregado da própria companhia, que ministrou workshop sobre ética para trabalhadores da área de E&P/CPM, em Macaé, no último dia 12. Participantes que precisaram se ausentar por força do trabalho foram chamados de “sabotadores”, “boicotadores”, “irresponsáveis” e “sem comprometimento” pelo instrutor.
Cipa do Tecab
O NF mantém a orientação aos petroleiros do Tecab de que não participem das eleições para a Cipa da base, enquanto a gerência não alterar o modelo de votação. Como noticiou a edição passada do Nascente, a entidade quer a suspensão imediata do novo processo eleitoral. Acontecimentos recentes colocam em suspeição a legitimidade do pleito.
Caos na Prol
O NF continua a acompanhar e a exigir solução para os graves problemas enfrentados pelos trabalhadores da empresa Prol, responsável pelo serviço de conservação em Imbetiba e Imboassica. A Petrobrás está arcando com os salários, além de comprar os materiais de limpeza. Mas rescisões e férias estão sendo pagas com atraso, além de estarem com salários atrasados os que estão em licença médica ou maternidade.
Curso no NF
O curso de pintura “A Arte de Transformar”, com a artesã Jorgete Valença Espíndola, que começaria no dia 1º, foi transferido para acontecer de 8 a 10 de setembro, na sede do sindicato em Macaé. As inscrições estão abertas no Sindipetro-NF ([email protected]) ou na sede da entidade em Macaé. Os encontros serão das 18h30 às 20h30. A turma é limitada a 15 alunos.