Nascente 940

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  Nascente 940 

 

 

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Editorial

Em que mundo vive Temer?

Nem mesmo atuando em casa, em entrevista para a Globo, o golpista Michel Temer escapou de revelar-se em sua essência reacionária, atrapalhando-se nas palavras quando tentava se esconder. Suas declarações ao programa “Fantástico”, do último domingo, são confissões de culpa nos crimes que se avizinham. E apenas uma delas já seria suficiente para servir de delação numa hipotética investigação de atentado ao processo civilizatório: a de que buscará representantes “do mundo feminino” para integrar o segundo escalão do seu governo, buscando amenizar os impactos negativos da famigerada — embora até certo ponto coerente com seus propósitos — escolha ministerial com seus homens à moda Geisel.
Em que mundo vive esse senhor? Seu mundo não é o mesmo que o das mulheres? Seriam as mulheres extraterrenas?
Pode ser detalhe semântico. Mas detalhes revelam muito. Esta abordagem é típica do machismo que procura dar algum prêmio de consolação às mulheres, “aqueles seres estranhos que vivem em outro mundo”. Não por acaso, seu perfil predileto é o da “bela, recatada e do lar”, para a qual — em mais um retrocesso denunciado pelos profissionais do Serviço Social — caberá cuidar da “área social” do governo.
Estamos vivendo um filme de terror gravado nos anos 70, com generais ao fundo e mordomos zelosos à frente, servindo champagne aos patos empolados da Fiesp, ladeados por damas quietas, doces e amáveis.
Temer é a face da direita com a qual os governos Lula e Dilma conviveram para promover nos últimos anos as conquistas sociais que todos sabemos terem existido. Ele representava aquela base que tinha pouca força na opinião pública, mas com bancada parlamentar suficiente para inviabilizar qualquer governo. E coube ao movimento sindical, durante todos esses anos, fazer força no sentido oposto, para puxar as mudanças para o rumo que favorecesse os trabalhadores.
Agora toda a cena está aberta e os papeis estão mais claros. Se há um lado bom em toda essa história é a exposição do quanto ainda é gigante o desafio brasileiro para superar as suas forças retrógradas, racistas, homofóbicas e machistas.

 

Espaço aberto

O bote sobre a “joia da coroa”

Roberto Moraes**

A Petrobras. Não. Ela não foi esquecida. “Temerariamente” ela é alvo de cobiça e interesses, mas os famintos a olham como mingau quente pensando avançar a partir das beiradas.
O avanço esganiçado, tal como a expressão, chamará a atenção sobre os urubus que estão indiciados por negócios por ela, apesar de ministros temerários, como o aval do agora leniente STF.
Já está garantido que o “impoluto” Moreira Franco dirigirá o avanço sobre a carniça do pré-sal, com as garantias de que o outro “impoluto” Serra possa entregá-la ao estilo Jack, o estripador: em partes, separando como Bacamarte, a melhor delas para a Chevron, e assim cumprir o prometido.
O Valor Online através de matéria da jornalista Cláudia Schuffner que costumeiramente acompanha o setor de petróleo disse que o mercado está impaciente, exigindo “sinalizações”, considerando que Bendine é “indicação de Dilma e por isso inconcebível de permanecer”.
Schuffner traz ainda o dilema de sofia do governo temerário entre as opções do mercado, agora que este virou governo.
Um caminho é entregar tudo liberalmente ao mercado, como querem os tucanos, depois de usar $ do governo para capitalizar a empresa. E a outra, que o PMDB tanto gosta e estimula há décadas, através dos seus indicados para as várias diretorias: entregar parte em trocas de rendas. Como fizeram sempre.
Depois de conhecer bastidores do mercado, em aliança com o poder político que lhe é próximo, hoje temerariamente através do golpe, com a presidência da República, em seu movimento em direção à “joia da coroa”, alguém ainda pode ter a coragem de falar, ou sequer imaginar, que o problema era a mesmo a corrupção e os percentuais sobre os contratos?
Diante do cenário que está posto, eu não tenho dificuldade de publicamente de dizer que isto eram migalhas.

* Publicado originalmente no blog do autor, em bit.ly/1R6Y0N2, sob o título “O bote sobre a “joia da coroa”: a Petrobras!”. ** Engenheiro e professor do IFF.

Capa

PETROLEIRAS DE LUTA NO NF

Trabalhadoras de todo o País estarão neste final de semana, em Macaé, no Teatro do Sindipetro-NF, no Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP. Nestes tempos temerários de ministério formado só por homens, militantes discutem retrocessos golpistas e lutas no setor petróleo

Começa amanhã e segue até o domingo, 22, o 4º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP, que reúne petroleiras de diversas bases do país. Estarão em debate, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, a agenda nacional das trabalhadoras do setor petróleo e as condições das mulheres em nossa sociedade. O evento será marcado por uma conjuntura política onde uma mulher acaba de ser deposta da Presidência da República por um golpe parlamentar e um governo interino forma um ministério apenas com homens (confira abaixo entrevista com a diretora do Sindipetro-NF, Conceição de Maria Rosa, que discute o momento brasileiro em relação às questões de gênero).
O tema do Encontro é “A Mulher como protagonista na vida, nos espaços de poder, no sindicalismo e na da sociedade”. O Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras, responsável pela organização, foi criado em 2012, desde quando vem atuando em defesa da pauta das trabalhadoras e para incentivar e garantir maior participação feminina nas lutas sindicais.
“As últimas décadas do século XX foram marcadas por várias transformações na sociedade – nenhuma delas tão fortemente quanto os movimentos feministas que se acentuaram a partir da década de 1960. Iniciamos o século XXI lutando por melhores condições de vida e de trabalho. As diferenças tornaram-se mais acirradas e a nossa luta por uma sociedade equânime, um desafio a ser enfrentado por todas nós diariamente”, destaca a organização.
O 4º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP discutirá reivindicações, planos de luta e formas de organização. A abertura do evento contará com a participação de mulheres dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico), do Coletivo de Mulheres da FUP, além das líderes e militantes do movimento sindical petroleiro ligado à FUP. O Encontro ainda contará com a participação de mulheres que lideram movimentos sociais e organizações populares.
As atividades do sábado são abertas à comunidade. Para participar, basta fazer a inscrição no local do evento. Confira a programação na íntegra em bit.ly/1V9mI6J.

 

Entrevista/ Conceição de Maria

“Retrocessos nos dão força”

Nascente – O Encontro Nacional acontece neste momento em que um governo federal interino nomeia todo um ministério composto apenas por homens. Qual o tamanho do retrocesso você avalia estar em curso por estes dias?
Conceição – Um cenário critico que sufoca os avanços conquistados. Só nomeou homens e coloca em extinção a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPPM), que era o orgão implementador das politicas públicas e sociais para as mulheres no Brasil. O Encontro será uma grande reflexão da conjuntura atual. Retrocessos como esses nos dão força para a organização das próximas lutas.

Nascente – Os debates do evento não se limitarão à conjuntura. Há pautas históricas das petroleiras. Quais delas você poderia destacar?
Conceição – O Coletivo de Mulheres Petroleiras realiza o Encontro desde 2013. Os avanços se dão quando atualmente os eventos da FUP têm que garantir percentual (17%) da participação de gênero feminina nos Congressos Regionais e Nacionais, Seminários e Fóruns. Adequação do uniforme feminino no trabalho, as salas de aleitamento, a paridade da CUT Nacional, o funcionamento de creches e recreação nos Encontros Nacionais (facilita o acompanhamento dos filhos e filhas), o Sindipetro NF garantir nas chapas eleitorais a participação de 30% de mulheres, segundo Estatuto, entre outros. São as mulheres petroleiras com encaminhamentos e deliberações para facilitar a participação feminina no setor petróleo.

Nascente – No sindicalismo também é pequena a participação da mulher, especialmente em categorias majoritariamente integradas por homens, com a dos petroleiros. Para você, quais são os principais obstáculos para esta participação?
Conceição – As mulheres, muitas vezes, não se aproximam pois está inculturado que o sindicalismo é para homens e nesse processo se afastam pois vêem o movimento como confronto à luta diária, em que há necessidade de dedicar tempo fora do horário de trabalho e longe do seio familiar. Teremos que implementar formação sindical e setorias nas bases para que haja o entendimento de que temos que colaborar para o debate da questão de gênero.

Nascente – Qual avaliação você faz da atuação do Sindipetro-NF no tratamento das questões de gênero na categoria. O que está sendo feito e o que ainda há por fazer?
Conceição – Precisaremos debater, construir, avançar muito, muito e muito, e acreditar que as mulheres petroleiras estão lado a lado para a luta de classes, para os dissídios salarais, porém querem protagonizar a construção de um espaço sem machismo, sem sexismo e sem preconceitos e garantia da participação nas chapas sindicais.

Dieese

Petrobrás teve lucro operacional

Os resultados operacionais e financeiros registrados pela Petrobrás no primeiro trimestre do ano apontam que a empresa continua resistindo à crise econômica que afeta a indústria petrolífera em todo o mundo. Apesar de registrar um prejuízo líquido de R$ 1,25 bilhões, a Petrobrás conseguiu transformar os prejuízos operacionais do quarto trimestre de 2015 em lucro operacional de R$ 8,1 bilhões.
“O principal motivo para o prejuízo apresentado pela Petrobrás está na maior despesa com juros, variações monetárias e cambiais, de cerca de R$ 9,6 bilhões”, explica o economista do Dieese e assessor da FUP, Cloviomar Cararine, em Nota Técnica [que tem a íntegra disponível em bit.ly/1OIUKxj].

 

Reação

Frente no Congresso por direitos

Das Imprensas da CUT e do NF

Instalada na quarta, 18, no Senado Federal, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos da Classe Trabalhadora. O grupo foi formado a partir da iniciativa da CUT e outras centrais sindicais, TST, associação de magistrados, entre outros. Mais de 230 parlamentares se prontificaram a integrar o grupo.
Segundo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), pelo menos 55 projetos que ameaçam direitos da classe trabalhadora estão sob análise de deputados ou senadores. Entre eles, o PLC 30, que permite a subcontratação indiscriminada de terceirizados; a redução da idade para início do trabalho de 16 para 14 anos; a prevalência do negociado sobre o legislado; e a redução da jornada de trabalho condicionada à redução de salário.

Cinema e debate

“O Estopim” no teatro do NF

O documentário “O Estopim”, que conta a história do pedreiro Amarildo, assassinado em 2013 na Rocinha, será exibido hoje, às 18h30, no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, na programação do projeto “Quinta resistente”. O evento é organizado pelo sindicato, pelo Pedh (Programa de Estudos em Direitos Humanos) e pelo o mandato do vereador macaense Marcel Silvano (PT).
Após a exibição será realizado um debate com o professor do Colégio Aplicação da Funemac, Paulo Henrique Dantas, e com o parlamentar.
Relembre o caso
O pedreiro Amarildo de Souza desapareceu na Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro, no dia 14 de julho de 2013. Segundo inquerito, o homem morreu depois de passar por uma sessão de tortura. A coragem da família e de amigos de Amarildo se transformou em símbolo de resistência e luta da sociedade civil contra a violência do Estado. Misturando cenas com atores e depoimentos reais, o filme não quer só investigar o que aconteceu, mas sim debater a conduta policial nas favelas e a questão da segurança pública do país.

Música

NF forma coral dos petroleiros

O Sindipetro-NF continua a reunir interessados em participar do Coral dos Petroleiros. A inscrição é aberta a todos os trabalhadores da categoria.
Para o sindicato, esta é mais uma forma de promover a interação da dos trabalhadores e utilizar a estrutura da entidade para promover a expressão cultural e a integração com a comunidade. Recentemente, a Petrobrás desativou o seu coral na Bacia de Campos.
“Agora teremos não o coral da Petrobrás, mas o coral dos petroleiros. E estamos contentes com a boa aceitação da ideia. Só nos primeiros dias de divulgação, 20 trabalhadores se inscreveram, entre empregados próprios e terceirizados”, afirma o coordenador do Departamento de Cultura do Sindipetro-NF, Wilson Reis.
Os interessados em integrar o coral podem fazer contato pelo e-mail [email protected] ou pelo celular (22)981231879. Os ensaios serão realizados no teatro da entidade em Macaé.

Normando

O que temer

Os primeiros atos de um governo costumam apontar os rumos que se sucederão. Não por acaso a primeira Medida Provisória de FHC, em 1995, liberou a navegação de cabotagem a armadores internacionais. Definia-se ali a priorização do capital internacional em detrimento das indústrias e empregos brasileiros.
Nos primeiros dias de 2003 Lula eliminou o projeto que sobrepunha o “negociado” ao “legislado” – agora uma meta do Governo Golpista – e cancelou a construção de plataformas no exterior. Pena que os técnicos da Petrobrás que produziram laudos fraudulentos a justificar a construção na Noruega nunca foram punidos.
Na mesma lógica, o Golpe disse a que veio já no 1° dia: extinguir a Controladoria Geral da União e nomear investigados da Lava-Jato. Duas medidas que certamente agradam a você, que usou a amarelinha da CBF para bradar contra a corrupção. Certo?
Virou ministério! Não é melhor?
Não, manifestante incauto. Com status de ministério, porém vinculada à Presidência da República, a CGU estava acima das demais pastas, podendo interferir com desenvoltura nas denúncias, o que levou ao afastamento de milhares de servidores, nos anos de gestão do PT.
Agora, “rebaixada” a um novo ministério, fica no mesmo plano dos demais. Suas ações dependerão de autorização prévia dos probos ministros-réus do Governo do Golpe. Trata-se de um retrocesso no combate à corrupção, destinado a proteger quem deu sustentação política à violação da ordem constitucional democrática.
Mais grave ainda, o fato, se lembrarmos que a formatação da CGU, como vigente até o Golpe, se desenvolveu a partir de tratados internacionais contra a corrupção, no âmbito da Organização das Nações Unidas da Organização dos Estados Americanos, e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
Brasil de bananas
O golpe, em si, já é um grave atentado à imagem internacional do Brasil. Acompanhado de retrocesso institucional em setor que promovia intercâmbio contínuo com a ONU, a OEA e a OCDE, em tema tão delicado, nos mostra como uma república de corruptos, cujos maiores expoentes tomaram o governo de assalto.
Responda com sinceridade: se um hipotético governo do PT sofresse um mega levante do PCC, em São Paulo, e apaziguasse a facção criminosa com um acordo, nomeando como Secretário de Segurança o advogado da organização, o que você faria?
E se esse advogado, em seguida, fosse nomeado Ministro da Justiça?
Ah! Eu sei. Você iria para Miami.

Curtas

Assembleias
Termina hoje, com a assembleia do Edinc, às 13h, e com o recebimento de atas das plataformas, o período de assembleias para escolha de delegados e delegadas que representarão as bases no 12º Congresso Regional dos Petroleiros do Norte Fluminense. O Congrenf será realizado na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, de 31 de maio a 02 de junho. O evento vai discutir a conjuntura nacional e pautas da categoria petroleira.

Fora da lei
Para garantir a autonomia da comunicação pública, o mandato do presidente da Empresa Brasil de Comunicação tem duração de quatro anos e, após a nomeação, não pode ser destituído pela Presidência da República. Ainda assim, o golpista Temer fez publicar no DO da União na terça, 17, a exoneração do diretor-presidente Ricardo Pereira de Melo, que recorreu à Justiça.

Ocupa TB
Artistas, produtores e militantes culturais ocupam há dez dias o Teatro de Bolso Procópio Ferreira, em Campos dos Goytacazes. A classe artística reivindica a reabertura do espaço, fechado há quase três anos para reformas, e mudanças na política cultural do município. O Teatro de Bolso é um tradicional local da resistência do teatro campista. Sua criação foi obra dos próprios artistas. O NF é solidário à luta dos artistas.

Devolução
O NF abriu na segunda, 16, e segue por um 60 dias, o prazo para que os petroleiros sindicalizados à entidade entrem com o pedido de devolução do imposto sindical. A solicitação é feita apenas no site da entidade. O NF devolve a parte que lhe caberia, de 60%. A entidade tem por princípio a devolução, por acreditar que toda forma de contribuição deve ser espontânea, aprovada em assembleia.