Nascente 959

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Editorial

Vote esquerda neste domingo

Moradores em situação de rua ocuparam um prédio público e dizem que só vão sair de lá quando o município entregar as casas populares que promete há anos. O que um gestor ou gestora de direita faz? Pede reintegração de posse e cobra da polícia militar, com apoio da guarda municipal, o cumprimento da decisão imediatamente, expulsando os arruaceiros do local. O que um gestor ou gestora de esquerda faz? Vai até ao local e abre negociações com uma comissão de representantes do movimento, pondera sobre prazos, a possível desocupação em parte ou no todo, ou, dependendo do caso, garante segurança e condições materiais para que a ocupação continue até que as casas sejam entregues.
Descobre-se que uma empresa que fornece equipamentos para a Prefeitura ou para a Câmara Municipal mantém trabalhadores em condições análogas à escravidão. O que um gestor ou gestora de direita faz? Diz que o problema é do Ministério do Trabalho e da Justiça trabalhista, e que a licitação cumpriu todas as exigências legais. O que um gestor ou gestora de esquerda faz? Interrompe imeditamente o contrato, descredencia a empresa a participar de novas licitações, e anuncia que proporá lei que impeça o município de contratar empresas em situação semelhante.
Poderia ser interminável a lista de exemplos, mas o leitor já entendeu o que se pretende aqui: demonstrar que o voto nas eleições municipais tem uma conexão grande com valores e visões de mundo mais amplas. Por vezes, há uma tentativa de reduzir a disputa a um debate “administrativo”, despolitizado, como se o poder local não tivesse importância na correlação de forças ideológicas. No entanto, os trabalhadores devem ficar atentos ao fato de que Prefeituras e Câmaras Municipais com políticas públicas de esquerda contribuem muito para o empoderamento popular, para o enfrentamento a poderes opressores locais, para a organização dos trabalhadores e para a inclusão social. Neste momento, especialmente, quando a esquerda brasileira enfrenta um golpe de direita em várias frentes, votar candidatos ao legislativo e ao executivo municipal de esquerda se torna ainda mais essencial.
Neste domingo, quando estivermos diante da urna, lembremos que o político antecede ao administrativo, e que opções locais geram impactos globais.

Espaço aberto

Vamos à luta!

Texto Apócrifo*

Sobre nossa postura diante da escolha de adesão a uma possível greve, pergunto-vos: todos aqui querem ver nossa empresa crescer e com ela, crescerem juntos? Quero analisar três pontos com vocês.
O primeiro é a questão mineral no Brasil. A nossa reserva estratégica é gigantesca. Porém extremamente frágil. Nosso manganês é roubado pelos EUA, nosso quartzo é roubado. E o pior caso é o Nióbio, que é oficialmente roubado. Temos mais de 95% da reserva mundial de Nióbio. Só nós exportamos e no entanto ninguém trata isso com a importância devida. Por que estou dizendo isso? Reserva mineral não tem safra. Ela ocorre uma vez só. Temos que proteger nossa riqueza mineral com todas as forças.
Outro ponto é a privatização. Sabemos como as privatizações ocorrem no Brasil. A Vale foi entregue, não foi vendida. Pagaram US 3,3Bi pelo controle acionário. Cometeram o maior assalto comercial da história. O que ninguém diz é que seu preço de mercado valia US1,5 trilhão. É de se espantar. Por que o sr. George Soros, maior financiador da campanha de Barak Obama, participou da compra da Vale? Vejam onde nosso dinheiro foi parar!
O terceiro ponto é a greve. A greve é um direito inalienável do trabalhador, protegido por lei. Quem coibe a greve que era para se envergonhar. No entanto, essa lógica é invertida e se torna algoz quem está fazendo uso de um direito. Assegura a lei que cabe aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito de greve e seus interesses. Portanto senhores, diante dessas evidências e muitas outras, podemos imaginar o tamanho do iceberg. Punição é só a ponta do iceberg. Vamos lutar por cada questão?! Claro que vamos. Mas precisamos abrir os olhos, pois quem protegerá toda essa riquaeza que temos hoje? Não adianta deixar pra amanhã. É hoje! Nós, empregados da Petrobrás, temos que assumir esse importante papel. É a única forma de deixarmos um país mais justo para nossos filhos e netos. Vamos à luta!

* Petroleiro da P-51 identificado para o Sindipetro-NF, de acordo com política descrita abaixo.

Capa

HORA DE PARAR O PEDRO

Categoria petroleira mobilizada após semana de assembleias lotadas. Trabalhadores lutam para não ter salários congelados, direitos cortados e empresa desmontada por receita neoliberal para enfrentar crise. Em meio isso, também precisam enfrentar assédios e boatos das gerências

Com ampla participação dos petroleiros nas assembleias nas bases de terra e nas plataformas, a categoria petroleira na região aprovou os indicativos do Sindipetro-NF para a campanha reivindicatória. Com isso, foi programado para ocorrer, a partir de hoje, a Operação Para Pedro, que consiste no cumprimento rigoroso de todos os itens de segurança operacional e denúncia de quem descumprir ou assediar os trabalhadores. Também foram aprovados os indicativos de estado de greve e de assembleia permanente.
Os trabalhadores rejeitaram a mais recente contraproposta da Petrobrás para o termo aditivo ao Acordo Coletivo de Trabalho. A empresa pretende congelar a tabela salarial, alterar a jornada de trabalho com redução de salário e reduzir direitos conquistados, como a remuneração das horas extras e o auxílio alimentação.
No Norte Fluminense, as assembleias contaram com participação massiva dos petroleiros. Mais de mil trabalhadores participaram dos debates e da votação, o que sinaliza grande envolvimento com a campanha reivindicatória. A mobilização a partir de hoje faz parte da construção de uma greve nacional, que exigirá novas estratégias de luta da categoria.
“Com a adesão de quase 20 mil petroleiros nos dois últimos PIDVs e a saída desses trabalhadores sem reposição das vagas, a categoria está ainda mais exposta a acidentes. A “Operação Para Pedro”, mais do que uma mobilização, é uma necessidade de preservação da vida e precisa do engajamento de todo os trabalhadores”, avalia a FUP.
Reunião hoje com a Petrobrás
Com a categoria mobilizada, acontece hoje nova rodada de negociações com a Petrobrás, em reunião entre a FUP e representantes da empresa, às 14h, no Rio. “Além de cobrar uma nova proposta econômica e resposta para as pendências do ACT, a FUP quer um posicionamento da empresa sobre o Termo de Ciência e Responsabilidade que foi apresentado pelas direções sindicais na última reunião, cobrando o cumprimento na íntegra de todos os procedimentos de segurança previstos pelo Ministério do Trabalho e pela ANP, com a devida responsabilização dos gestores que assediarem ou incitarem os trabalhadores a descumpri-los”, informou a Federação.

Denúncia do NF no MPT

Inquérito apura assédio em P-31

O Ministério Público do Trabalho instaurou inquérito civil contra a Petrobras diante de denúncias encaminhadas pelo Sindipetro-NF sobre o assédio e punições que vem acontecendo em P-31. Essas perseguições culminaram também com a mobilização nos dias 31 de agosto e 01 de setembro mais as denúncias do sindicato encaminhadas aos órgãos competentes.
Mesmo com a mobilização dos trabalhadores e a denúncia ao MPT, os gerentes da Petrobrás continuaram a assediar trabalhadores e a espalhar boatos. Nesta semana, o Sindipetro-NF precisou desmentir, novamente, em seu site, o gerente geral da Bacia de Campos, que embarcando para dizer aos trabalhadores que o sindicato não informou à empresa sobre a mobilização dos últimos dias 31 de agosto e 1 de setembro.
“O Sindipetro-NF, através do seu jurídico, esclarece que não há necessidade de informar à companhia por não se tratar de movimento grevista e não haver risco de desabastecimento. Mesmo assim o NF informou com antecedência dizendo que haveria uma mobilização de 48 horas. O NF orienta que toda e qualquer perseguição relativa a esse assunto seja encaminhada ao Sindipetro-NF pelo e-mail da diretoria ([email protected]), pois faremos, com as outras unidades da Bacia de Campos, da mesma forma que fizemos com a P-31 de denunciar aos órgãos competentes”, disse o sindicato.
P-63 e P-19
Disponíveis no site do NF os manifestos recentes das plataformas P-63 e P-19. No primeiro, os trabalhadores repudiam as punições de gerentes contra lideranças da unidade que participaram da operação padrão na Bacia de Campos. No segundo, os petroleiros repudiam a conduta da gerência da unidade, que transferiu o diretor Flávio Borges para outra plataforma.

Desmonte

Parente segue receita neoliberal

Em entrevista, presidente da Petrobrás comemora perda de funcionários com PIDV

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, reproduzida pelo portal Portos e Navios no último dia 26, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, voltar a deixar claro que pretende reduzir o endividamento da empresa por meio da venda de ativos, corte de investimentos e redução do efetivo de trabalhadores.
Ao ser questionado sobre se seria possível atingir a meta de corte de 25% nos investimentos e de 18% nos gastos operacionais, Parente afirmou: “Vamos atrás da causa raiz, para poder destravar. Agora, não se esqueçam que existe uma despesa importantíssima, que é a de pessoal, que já começa com redução de quadro de 19 mil colaboradores, nos dois programas demissão voluntária”.
Para o movimento sindical, trata-se da adoção do caminho do enfraquecimento da empresa e de desmonte do patrimônio do povo brasileiros. No curso prazo, estas medidas representam o aumento da insegurança operacional, a redução da excelência e a fuga de cérebros da empresa. No médio e no logo prazo, o aumento da terceirização e da privatização.
Não é a primeira vez que a companhia sofre este tipo de ataque. A receita neoliberal para enfrentar crises já teria tirado a Petrobrás das mãos dos brasileiros e reduzido drasticamente a sua importância, nos anos 1990, se não fosse a grande resistência da categoria e dos movimentos sociais. Para o Sindipetro-NF, a FUP e demais sindicatos, o momento novamente é de resistir contra o desmonte.
A entrevista do Pedro Parente está disponível em bit.ly/2d9Sfpt.

Nanotecnologia

INSCRIÇÕES ATÉ AMANHÃ NO SITE

Prorrogação: categoria pode se inscrever até amanhã para curso sobre impactos da nanotecnologia no trabalho

Prorrogadas para até esta sexta, 30, as inscrições para o curso de nanotecnologia, que o Sindipetro-NF promove nos próximos dias 6 e 7, na sede da entidade em Campos dos Goytacazes. Ministrado por profissionais da Fundacentro-SP, o curso discute os impactos desta tecnologia na saúde dos trabalhadores.
De acordo com o diretor do NF, Cláudio Nunes, o objetivo é “explicar os males na manipulação da tecnologia nano pelos trabalhadores na indústria petroquímica, assim como para o usuário final”.
Com a atividade, o sindicato também procura qualificar o debate sobre o tema junto aos trabalhadores, para que o assunto passe a constar das negociações com as empresas para a adoção de medidas preventivas.
As inscrições são feitas em formulário no site da entidade, em bit.ly/2drCEnx..

Normando

A contramão do golpe

Direito é uma coisa, Direita outra, oposta ao primeiro.
Qualquer recorte da história da humanidade, maior do que estreitas janelas de retrocesso, demonstrará que a natureza do Direito consiste na sucessiva universalização de direitos diversos. Cada vez mais seres humanos abrangidos por mais direitos.
A Direita a tal se opõe por definição. Seu objetivo histórico e antagônico é manter direitos desiguais, ou seja, privilégios. Quando a bárbara opinião pública impede que seu programa político seja posto às claras, a Direita lança mão de subterfúgios, tais como crises fabricadas – a do Estado de Bem Estar, na Europa Ocidental pós-Tatcher, é o exemplo maior – ou rupturas institucionais, financeiras ou políticas.
Essa preliminar é importante para que se compreenda que “reforma”, no Capitalismo, pertence ao mundo do Direito. Trata-se da inovação institucional que amplia na população o acesso a direitos. Modificações que restringem esse acesso têm um sentido claro: não pertencem ao Direito, mas à Direita. Não são reformas, portanto, e sim “contrarreformas”.
As contrarreformas anunciadas pelo Golpe de Estado são muito didáticas. Temer remeterá ao Congresso a proposta de contrarreforma da previdência que ele, Rodrigo Maia, e Marta Suplicy, consideram prejudicial aos candidatos da Direita nas eleições municipais. Aécio, o Senador pelo Leblon, no entanto, cobra que seja antes porque considera urgente pagar à Fiesp o custo do pato.
O fato de que a nova idade mínima ficará acima da expectativa de vida masculina em diversos estados do Nordeste é importante. Demonstra a que interesses o Golpe atende. Do mesmo modo a contrarreforma publicada para o ensino médio. Onde já se viu? O filho da empregada roubar a vaga do filho da camisa amarela na Av. Paulista? Jamé!!!
Já para permitir compra de terras por estrangeiros, e entregar o Pré-Sal, Temer declarou que “certos padrões da soberania nacional ganham uma nova fisionomia”. Não há nada de novo. Trata-se da velha lógica do Imperialismo: o comprador (países centrais), se alia ao corretor (burguesia periférica) para amealhar recursos do vendedor (países periféricos).
Porém, talvez os maiores danos estejam no comportamento dos agentes do Estado, e na ética que afirmam sob o Golpe. Que o digam as mais de 90 almas, das 111 mortes de Carandiru, que ostentavam marca de tiro à queima-roupa na nuca: segundo o Tribunal de (In)Justiça de SP foi “legítima defesa”.

Curtas

INSEGURANÇA CRÔNICA

Um incêndio no último sábado, 24, na lavanderia da plataforma P-61, na Bacia de Campos, voltou a expor a insegurança a bordo das unidades, mesmo entre as que são mais novas. A P-61 começou a operar há cerca de um ano e meio, em 16 de março de 2015, no campo de Papa Terra. O incêndio danificou uma das máquinas e não deixou feridos. De acordo com relatos dos trabalhadores, é a segunda vez que ocorre incêndio no mesmo local.

PARTICIPAÇÃO
Grande participação dos petroleiros de Imbetiba na assembleia do último dia 22. Somente nesta base, foram 144 votos pela rejeição da contraproposta da empresa, com nenhum voto contrário e uma abstenção. Em toda a região, mais de mil petroleiros participaram de assembleias nas plataformas e bases de terra.

Estamira
O Teatro do Sindipetro-NF vai receber, nos próximos dias 10 e 11, às 19h, sessões da peça Estamira – Beira do Mundo, baseada em filme homônimo que conta a história de uma catadora de lixo do Jardim Gramaxo. O sindicato vai disponibilizar ingressos e em breve divulgará os critérios de distribuição. A peça Estamira tem uma interpretação arrebatadora da atriz Dani Barros.

BR e Liquigás
Lançada ontem a Frente Parlamentar do Município do Rio contra a Privatização da BR Liquigás. A iniciativa é da Câmara de Vereadores e reúne políticos, dirigentes sindicais e trabalhadores. Em sua maioria, a Frente é formada por parlamentares de partidos de esquerda, mas até mesmo Cesar Maia, do DEM, é contra a privatização.

Benzeno
As bancadas dos trabalhadores nas comissões do benzeno comemoraram nesta semana a publicação da portaria 1.109, que inclui no anexo II da NR 09 o resultado de uma luta antiga pela instalação, junto a bombas de combustíveis nos postos, de um sistema de recuperação de valores. A instalação terá de seis a 15 anos para ser concluída. Saiba mais em bit.ly/2dABip8.

Sem boatos
A entidade reforçou nesta semana o seu alerta tradicional em períodos que antecedem a grandes mobilizações: “É importante frisar que quem informa a categoria é sempre o sindicato. A diretoria avisa aos petroleiros para não acreditar em mentiras, que muitas vezes são plantadas pela direção da empresa, com o objetivo de colocar a categoria contra sua representação sindical”.