Nascente 965

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Nascente 965 

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Editorial

O sócio de FHC

O que o mercado andou chamando de “perfil técnico” para assumir empresas públicas como a Petrobrás não sobreviveu a uma pesquisa no google. As relações escancaradas de Pedro Parente com FHC, denunciadas nesta semana pela FUP, mostram que o presidente da companhia integra a cota do PSDB no governo Mishell e faz parte do plano de retomada entreguista que o partido implementou nos anos 1990. Por enquanto, se contentam com a expectativa de que Temer cumpra o seu receituário, mas se for necessário derrubam também este no início do próximo ano para fazerem uma eleição indireta. Querem, de toda forma, implementar o programa derrotado nas urnas em 2014.
Como mostrou a federação, em texto (bit.ly/2eB1jAM) repleto de links para insuspeitas publicações do próprio PIG (Partido da Imprensa Golpista) com as devidas relações expostas, Pedro Parente é sócio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em uma empresa de investimentos imobiliários.
Ou seja, não bastasse o atual presidente da Petrobrás ter sido, nos anos FHC, secretário executivo no Ministério da Fazenda, titular em quatro outros ministérios – Orçamento e Gestão, Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia -, coordenador da Câmara de Gestão de Energia Elétrica, e membro por quatro anos o Conselho de Administração da Petrobrás, chegando a presidi-lo, em 2002, ainda havia o dado nada dispensável desse interesse financeiro comum nos negócios “particulares”.
FHC, junto a Parente e outros ex-ministros do seu governo, criaram em 2013 a Sarlat Empreendimentos e Participações Ltda, com capital social de R$ 1,94 milhão. Requinte de crueldade: o escritório da empresa fica no mesmo endereço, em São Paulo, da Prada Assessoria, que também tem Parente como sócio — inclusive fundador —, que se destina a fazer consultoria empresarial para tornar milionários ainda mais milionários. Que tipo de espírito público pode ter essa gente?
A cegueira destes tempos torna difícil fazer com que toda a sociedade perceba a gravidade destas relações e seus impactos para o País. Mas os petroleiros, que verdadeiramente amam a Petrobrás, seguirão na trincheira expondo estas mazelas e lutando pela reversão desse momento sombrio da gestão da companhia e do Brasil.

 

Espaço aberto

A revolução dos secundaristas

Lucilene Binsfeld**

Desde 2015, quando alunos de escolas públicas de São Paulo disseram não ao projeto de reorganização escolar do governo Geraldo Alckmin, os estudantes têm dado uma aula sobre organização popular e participação democrática direta.
Nessa semana, com mais de mil escolas e cerca de cem instituições de ensino superior, entre faculdades e institutos federais, ocupados no Brasil, os estudantes levantam a voz contra os retrocessos promovidos pelo governo golpista de Michel Temer. Entre eles, a Proposta de Emenda à Constituição 241, que congela gastos públicos por 20 anos, incluindo saúde e educação, a medida provisória que prevê a flexibilização do Ensino Médio, e o projeto da Escola sem Partido que, na prática, pretende censurar professores, o livre exercício do pensamento e a discussão política em sala de aula.
E ao que mais os alunos resistem? O estudante não sofre a opressão do Estado apenas quando ele enfrenta a truculência policial em manifestações ou durante as legítimas ocupações. Antes de tudo, os secundaristas, em sua maioria, adolescentes, têm sido oprimidos pela falta de políticas públicas que contemplem as suas necessidades.
O caminho para promover a verdadeira justiça social passa pela democratização do acesso ao conhecimento e à informação, que são fontes de poder em nossa sociedade. Sem um projeto sério de educação para o país que leve em conta as reais necessidades dos cidadãos, e não somente os interesses dos bancos e empresários, como é o caso da PEC 241, o Brasil continuará repetindo padrões sociais de miséria e opressão.
Mais que ocupar e resistir, os secundaristas inovaram também na maneira de se mobilizar. Com autonomia, de forma descentralizada, não hierarquizada, sensíveis às questões sociais e desvinculados de partidos políticos, os secundaristas estão mostrando à sociedade que vieram para revolucionar.
Esse movimento deve ser a inspiração para a mudança.

* Editado em razão de espaço. Publicado originalmente no portal da CUT, acesso em bit.ly/2fdBj2j. ** Secretária Geral do Instituto Observatório Social.

Capa

CONTAGEM REGRESSIVA PARA DIA DE MUITA LUTA

Centrais sindicais e movimentos sociais programam para amanhã um Dia Nacional de Greve e Paralisações. Petroleiros, que já realizam duas semanas de protesto, fazem parte do movimento. Categoria discute greve em seminário e reúne Conselho Deliberativo. Previsão é de aumento da intensidade dos protestos

Enquanto os trabalhadores organizados e movimentos sociais estão em contagem regressiva para a realização, nesta sexta, 11, do Dia Nacional de Greve e Paralisações, os petroleiros intensificam as mobilizações em adesão ao grito geral da classe trabalhadora e dos estudantes contra o corte de direitos, o desmonte da Petrobrás e a entrega do pré-sal.
Nesta semana, a FUP reuniu, em Campinas (SP), representantes de sindicatos petroleiros de todo o País, entre eles do Sindipetro-NF.

Protestos na região
Ontem, os aeroportos de Campos dos Goytacazes (Bartolo-meu Lisandro) e Macaé, além do Heliporto do Farol de São Thomé, foram tomados por petroleiros, aeronautas, aeroviários, estudantes e trabalhadores Rurais que estão na luta contra os ataques aos trabalhadores.
Em Campos e no Farol, a atividade que teve início às 6h, e também fez parte das duas semanas de mobilizações aprovadas pela categoria. Todos os vôos foram atrasados por conta da manifestação. Em Macaé, 80 pessoas participaram da atividade, que durou cerca de três horas. O aeroporto não chegou a ser fechado, mas a Polícia Federal enviou duas viaturas e a PM enviou cinco viaturas para acompanhar o movimento.
Para o diretor do Sindipetro-NF, Marcelo Nunes, os protestos demonstram “a importância da unidade entre as categorias e serve como um chamamento para as pessoas a participarem da luta. Só juntos vamos conseguir reverter os ataques que os trabalhadores estão sofrendo nesse governo golpista”.
O Sindipetro-NF vai publicar no site da entidade os encaminhamentos para os próximos passos da luta petroleira, após reunião ontem do Conselho Deliberativo da FUP, também em Campinas (SP), que continuava sendo realizada na tarde de ontem até o fechamento desta edição do Nascente. Como parte da estratégia de mobilização aprovada em seminário regional de greve, os protestos sempre têm um caráter surpresa e são divulgados muito próximos da realização. A entidade lembra, no entanto, que os petroleiros estão com Estado de Assembleia Permanente e Estado de Greve aprovados.

 

Assembleia dia 16

Expulsão do NF na pauta petroleira

Os petroleiros da região têm assembleia na próxima quarta, 16, às 18h, na sede de Macaé, para avaliar a recomendação pela expulsão dos quadros da entidade de 13 filiados, denunciados pelos trabalhadores, durante a greve de 2015, por terem praticado atos em desacordo com o estatuto do sindicato.
A assembleia, que teve edital de convocação publicado na edição 960 do Nascente, do último dia 7 de outubro, coincide com período em que a greve completa um ano (realizada de 01 a 20 de novembro).
Na época da convocação da assembleia, o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, atualmente licenciado por razões médicas, afirmou que “o principal ponto a ser considerado nesse processo que pode culminar com a expulsão do filiado é o poder de organização dos trabalhadores, que fica enfraquecido por atos antissindicais e assédios, ilícitos e imorais de quem está descumprindo nosso estatuto e ajudando a Petrobrás a reagir à greve”.
Categoria estava certa
Ele também lembrou que, agora, todos estão vendo que os trabalhadores estavam certos em fazer a greve, e que até mesmo os empregos dos chefes estão em risco. “É preciso que esse pessoal reavalie seus posicionamentos diante dos riscos aos empregos pelo qual todos passam na categoria petroleira”, afirmou.

 

Segurança

Sindicato no Spie de oito plataformas

Os diretores Raimundo Telles, Sérgio Borges e Tadeu Porto participaram na segunda, 07, da abertura da auditoria externa do Serviço Próprio de Inspeção e Equipamentos (Spie) no edifício Caseli, em Imbetiba. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) a auditoria acontece em oito plataformas (PCH-1, PNA-2, P-19, P-31, P-32- P-35, P-37 e P-62). A auditoria acontece durante toda a semana, com embarques e análises de documentos.
Telles alertou para a necessidade da empresa recuar em relação às punições e à redução de efetivo que estão afetando o Spie. “As práticas de punições arbitrárias e a diminuição do efetivo estão afetando negativamente a qualidade do Serviço Próprio de Inspeção e Equipamentos. Se a gestão da empresa não recuar nessa política nefasta e anti-ética, será responsável por uma tragédia na Bacia de Campos que será inevitável”, disse.

 

Insegurança crônica

Acidentes graves na Bacia

Por “sorte”, casos na P-35 e na P-40 não se tornaram novas tragédias na região

Dois acidentes graves na Bacia de Campos, no último domingo, por pouco não se tornaram novas tragédias. Na P-35, durante a manutenção em uma baleeira, a eslinga de segurança soltou. O barco ficou preso apenas pelo cabo de segurança de proa. Segundo informações dos trabalhadores a bordo, a embarcação de emergência ficou na iminência de despencar e a “sorte” foi que a eslinga de segurança proa segurou.
Com a ajuda de escalado-res profissionais, os dois profissionais que se encontravam dentro do barco foram resgatados. Por conta dessa baleeira ter ficado inicialmente fora de operação, trinta trabalhadores foram transbordados para uma UMS próxima de P-35. Depois de realizada uma reunião extraordinária de Cipa, o equipamento foi considerado operacional.

P-40
Na P-40, a gangway (passarela sobre o mar) que liga a unidade à UMS Praia de Itaipu se desconectou de modo abrupto. A desconexão aconteceu sem auto lifiting (a elevação da gangway, com sinalizações visual e sonora, com o seu recolhimento). Não houve feridos, pois no momento não havia trabalhadores atravessando a ponte.
Foi a terceira vez que a mesma ponte apresentou problemas graves. As duas anteriores aconteceram quando a UMS estava acoplada à P-48. Em abril deste ano, a gangway chegou a cair no mar. O equipamento foi substituído por outro do mesmo modelo. Em setembro de 2015, a passarela também se desconectou de forma abrupta e atingiu a tubulação do gás inerte. Por sorte, também nestes casos, a ponte estava vazia no momento do acidente.

 

Ocupações tem adesões no NF

Pólo Universitário de Macaé, Nupem/UFRJ e UFF em Rio das Ostras entram no movimento de ocupações

Cerca de 350 estudantes do Pólo Universitário de Macaé, que inclui UFF, UFRJ e Femass, ocupam a partir desta semana a cidade universitária. Com isso somam na regiâo três ocupações, incluindo o NUPEM/UFRJ e o Pólo da UFF em Rio das Ostras que se posicionam contrárias à PEC 55 (ex 241), que limitará o teto dos gastos públicos e pode afetar o investimento em saúde e educação no país nos próximos 20 anos. O Sindipetro-NF apoia o movimento estudantil nas mobilizações do Norte Fluminense.
No caso do Pólo, os estudantes também incluem em sua luta o debate da Reforma Administrativa em Macaé, que pode inviabilizar os investimentos da prefeitura na educação. Estão preocupados com a extinção da Funemac e suas consequências na Faculdade Municipal (Femass) e o Colégio Aplicação da Funemac. Um grupo de estudantes esteve na Câmara Municipal acompanhando a cotação da Reforma. A agenda inclui ainda a preparação de alimentos para o grupo, oficina de cartazes e assembleia permanente.
Doações
Os estudantes que participam desse movimento pedem apoio da sociedade à sua luta. Eles necessitam de doações para manter a ocupação, com produtos de Papelaria (tnt, cartolina, sulfite A4), Higiene Pessoal (papel higiênico, sabonete), Limpeza (água sanitária, desinfetante, sabão em pó, esponja, detergente, pano de chão, veja), Alimentos (macarrão, molho de tomate, pão (qualquer tipo), margarina, legumes, biscoitos, cebola, alho, leite, café) e Alojamento (colchão, barracas).

Normando

Bem vindo ao século XIX

Os petroleiros são, em muitos sentidos, os sucessores dos mineiros de carvão do Séc. XIX. Afinal, grosso modo, as atividades apresentam semelhanças na importância estratégica, influências geopolíticas e lucros exorbitantes. As semelhanças continuam no quinhão dos trabalhadores: doenças, acidentes, mortes. Os mesmos sete palmos co(a)ntados por João Cabral de Melo Neto e Chico Buarque.
Também do século XIX vem a agenda política da Classe Dominante.
“Ah! Você só fala em velharias! Luta de classes! Capitalismo! Classe Dominante! Classe Trabalhadora! Nada disso funciona mais! O mundo agora é outro!”
De fato, a atual ideologia dominante foi muito eficaz em te convencer de que nada disso importa mais. A Direita, contudo, jamais colocou tais temas de lado.
Diferentemente da Direita, na Europa, nos EUA, na América Latina, e aqui em Pindorama, forças políticas ligadas aos movimentos populares convenceram-se de que a História findara, e, em boa parte, adotaram agendas liberais que as tornaram indistintas das demais.
Sem perspectiva de classes, quando as condições objetivas empurraram as massas para a insatisfação e protestos, as forças mais à esquerda que “estavam” governo viram os movimentos como desordem extremista, ou como ações da CIA. Contudo, nenhum fenômeno social, muito menos de massas, pode ser explicado de forma tão simplista.
A Direita rapidamente capitalizou o desemprego e a pobreza, como quando da ascensão do fascismo. Trump canalizou o descontentamento com uma recuperação “seletiva” da economia, e a xenofobia reativa à globalização, no ataque ao “governo quebrado e economia quebrada”.
Aliás, tal como aqui fizeram os golpistas.
Na eleição americana, a campanha de Hillary subestimou grosseiramente a ClasseTrabalhadora empobrecida ou sub-empregada, e o crescimento das religiões conservadoras.
Novamente, tal como aqui Dilma subestimou os efeitos negativos dos cortes de direitos sociais, e Freixo subestimou Crivella.
Diferença que nos deixa em vantagem: os americanos elegeram um presidente que gosta de bater em mulher, enquanto aqui Aécio e Pedro Paulo foram rejeitados. Ao menos por enquanto.
E o carvão? No ano em que entra em vigor o Acordo de Paris, para redução das emissões relacionadas à mudança climática, é eleito nos EUA um presidente que prometeu retomar a importância do carvão na matriz energética.
Novamente, tal como aqui Temer deu um “liberô geral” para as termelétricas a carvão.
De volta para o passado.

Curtas

Sindicato forte
O Sindicato Itinerante estará hoje e amanhã na base de Imbetiba, das 11h às 14h, como parte da campanha de filiações ao Sindipetro-NF ou atualização dos cadastros dos já filiados. Na primeira fase, que segue até o dia 18 de novembro, as bases atendidas sçao as de Imbetiba, Imboassica e Edinc. A partir do dia 21, um novo calendário será divulgado para Aeroportos, Cabiúnas e Setor Privado.

Jurídico
O Departamento jurídico do Sindipetro-NF não atenderá em sistema de plantão na sexta, 11 de novembro, nas sedes de Campos e Macaé. A equipe do escritório de advocacia fará uma reunião interna. As homologações em Macaé terão atendimento normal.

ACT da Tetra
Os trabalhadores da Tetra aprovaram na terça, 8, a proposta de Acordo Coletivo negociada entre os dirigentes sindicais e representantes da empresa. “Essa proposta contempla o ICV do período e mantém todos os direitos já adquiridos pelos trabalhadores”, explica o diretor do Setor Privado, Antônio Carlos Pereira. A correção dos salários atingirá cerca de 80% da categoria.

AMS piora
O NF tem recebido a informação de que alguns profissionais de saúde e clínicas estão pedindo descredenciamento da AMS por falta de repasse. O problema piorou após a terceirização e se agravou na gestão de Pedro Parente. A FUP e os sindicatos vão cobrar nas comissões de negociação uma resposta em relação a esse fato. Envie denúncias informações sobre a AMS para [email protected].