Nascente 978

Nascente 978

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Editorial

Operação Quebra Brasil

Apenas um corrupto defende a corrupção. Ainda assim, apenas diante daqueles que frequentam o seu submundo. Nunca publicamente. Somos contra a corrupção você, leitor, como pessoa física, e o seu sindicato, como pessoa jurídica. É contra a corrupção, de modo formal e institucional, a empresa que o emprega, a igreja que eventualmente você frequenta, a escola dos seus filhos.
De modo que ninguém, a não ser os potencialmente atingidos, podem ser contra a Operação Lava Jato no que ela tem específicamente de combate à corrupção. O problema é que, de combate à corrupção, ela tem bem pouco. Cada vez mais, dado todo o histórico de relacionamento do juiz Sérgio Moro com os Estados Unidos e com o tucanato entreguista brasileiro, está evidente que a operação tem como objetivo desde o início quebrar a sequência de governos progressistas no Brasil e criar o ambiente político propício para a desnacionalização de várias riquezas, notadamente as relacionadas ao petróleo.
Os maiores prejudicados pela Lava Jato não foram os portadores das tornozeleiras eletrônicas. Na verdade, foram os mais de 1,5 milhão de trabalhadores que perderam seus empregos como consequência direta da operação, de acordo com levantamento da CUT.
Como se diz popularmente, “jogaram fora a banheira junto com a água de banho”. Minaram a credibilidade de grandes empresas nacionais, o que significa obstáculos à obtenção de créditos e à continuidade de projetos, e levaram a um retrocesso econômico inimaginável. O desemprego caiu de 12,2%, em 2002, para 4,8%, em 2014, o menor da história. E depois dos primeiros efeitos da Lava Jato o índice voltou a subir, até voltar aos mesmos 12%¨em 2016. Em vários países, em casos de corrupção nas empresas, são punidos os executivos envolvidos e preservadas as organizações nacionais em acordos de leniência.
Esvaziar as panelas dos trabalhadores dos bairros mais pobres foi o que conseguiram os batedores de panela dos bairros mais ricos.

 

Espaço aberto

Lute como Marisa

Junéia Martins Batista**

Nas fotos oficiais e imagens jornalísticas, Dona Marisa Letícia sempre esteve ao lado do metalúrgico eleito presidente do Brasil, homem com quem compartilhou mais de 40 anos de companheirismo e parceria de vida e de luta. Marisa teve sua história de resistência e de militância por um país mais justo e solidário.
Essa mulher que nos deixou lutou contra a ditadura, participou da fundação do maior partido de esquerda do país e da fundação da CUT – maior central sindical brasileira. Marisa militou ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras por direitos, enfrentou a burguesia a favor dos mais pobres e dos que mais precisam. Foi mãe, avó e esposa. Mesmo com a dupla, tripla jornada não saiu nem um minuto do lado de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua trajetória para a transformação do país.
A democracia perde uma Mulher, lutadora e incansável desta luta.
Marisa compartilhou com o presidente toda a dor da maior perseguição política da história do país. O sentimento de impotência diante de um Estado fascista avassalador, apoiado pela mídia que bombardeia há anos o ex-presidente Lula e sua família, com calúnias jamais comprovadas, é sem sombra de dúvida o pano de fundo, o desencadeante do AVC e consequentemente da morte de dona Marisa.
Ela é uma vítima fatal do golpe, do machismo, de uma justiça e mídia seletivas, da cultura do ódio de classe e do fascismo, disto não há dúvidas.
Dona Marisa agora é uma estrela.
Toda solidariedade ao ex- presidente Lula e sua família.
Dona Marisa: Presente!

* Publicado originalmente no portal da CUT, disponível em bit.ly/2kPt3rY. ** Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT.

Capa

GERÊNCIAS QUEREM ESCOLHER QUAL DOR MERECE ATENDIMENTO

Petroleiro sofreu durante três dias com dores fortes, a bordo da plataforma P-53, até conseguir desembarcar. Gravidade do quadro foi confirmada pela necessidade de realização, com urgência, de operação de apendicite.
NF e categoria denunciam que decisão sobre desembarque está ficando nas mãos de burocratas que negligenciam os riscos. Trabalhador, que desceu em helicóptero comum e não foi transportado em ambulância entre Farol e Campos, poderia ter morrido em razão do descaso da gestão da empresa

Após ter sido operado às pressas em um hospital de Campos dos Goytacazes, no último dia 5, em razão de uma crise de apendicite, o petroleiro Jorge Luiz Rodrigues Fernandes passa bem e está em fase de recuperação. Funcionário da Manserv, ele ficou três dias a bordo da P-53 sentindo dores fortes sem que conseguisse desembarcar para ter atendimento médico.
No sábado, 4, o trabalhador foi desembarcado em um helicóptero comum, sem equipamentos para atendimento médico e sem profissionais de saúde. O pouso ocorreu no heliporto do Farol de São Thomé, a 50 km de Campos, para onde foi levado em um carro também comum, acompanhado por um técnico de segurança.
Petroleiros da unidade relatam que representantes da gestão da Petrobrás, até mesmo ligados à área de saúde da empresa, negligenciaram os pedidos de atendimento médico feitos pelo trabalhador, que poderia ter morrido a bordo da unidade. A equipe médica questionava se o funcionário realmente estava com dor ou se tinha algum problema pessoal em terra. “Com esse tipo de assédio fica descarado que eles estão despreparados para diagnosticar o nosso quadro clínico e que suspeitam a todo momento que estão lidando com crianças a bordo e com pessoas falsas e desonestas”, denunciam os trabalhadores da unidade.
Este não é um caso isolado. Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, em razão de inúmeras situações semelhantes, o atendimento médico está sendo discutido nos debates da criação da NR das plataformas (Norma Regulamentadora), que vai substituir o anexo 2 da NR 30. “Não é admissível que diagnósticos sejam feitos a distância. Temos que garantir em lei que os embarcados tenham disponíveis profissionais que realizem diagnósticos presenciais como forma de reduzir ocorrências lamentáveis como essa. Enquanto isso a Petrobrás tem a obrigação, nesses casos, de desembarcar o trabalhador em qualquer suspeita, em lugar de causar esse sofrimento desnecessário”, afirma Breda.
Reféns da gestão
Os petroleiros lembram que atuam em locais onde não há liberdade de ir ao hospital no momento que julgar necessário. “Temos que ficar reféns de pessoas que não têm nenhum compromisso com a vida dos companheiros de trabalho”, protesta a categoria. O caso de P-53 traz aspectos que contrariam normas, o código de ética e o código de conduta do sistema Petrobrás, além de desmascarar a campanha “Compromisso com a Vida”, marketing da empresa sobre saúde e segurança.

Negligência

PVM-2 vulnerável se houver incêndio

A plataforma de PVM-2, na Bacia de Campos, está operando com apenas uma bomba de incêndio em funcionamento. A segunda bomba foi enviada para manutenção e não foi substituída. De acordo com o diretor do Sindipetro-NF, Wilson Reis, que embarcou na terça, 7, na unidade para uma reunião de Cipa, o problema foi registrado na Ata de Cipa e os órgãos competentes foram informados.
Problemas com bombas de incêndio na unidade são recorrentes. Em agosto de 2012 todos os poços foram parados por problemas com única bomba de incêndio que atendia a unidade. Em julho de 2010, a plataforma operou sem bombas de incêndio e o sindicato exigiu a parada da unidade, porque, de acordo com informações dos trabalhadores, dois incêndios ocorreram sem as condições necessárias para o uso do sistema de combate.
Denúncia
O NF encaminhará denúncia aos órgãos competentes pelo risco que os trabalhadores estão correndo caso haja um incêndio na unidade.

 

PIDV

Baixo efetivo com registro nas Cipas

A diretoria do Sindipetro-NF está empenhada em denunciar os casos de baixo efetivo nas unidades da Bacia de Campos. Uma das ferramentas que está sendo utilizada é o registro dessa ocorrência nas atas de Cipa.
No embarque de ontem em P-63, a diretoria registrou na ata a saída de trabalhadores no PIDV. Na unidade a equipe de manutenção reclamou que está com dificuldades para cumprir a rotina de trabalho. Tinham muitas notas abertas (pedidos de reparos) que não estavam sendo cumpridas, porque devido ao baixo efetivo tinham que dar conta de resolver emergências.
A P-12 ficou no turno da noite sem operador de produção, porque só tem um embarcado. Por conta disso, a diretoria registrou o baixo efetivo em ata, além da falta de EPIs. Foi observado no local que a EOR (Equipe Operacional de Resposta) é composta de 70% de terceirizados.
Outro caso grave foi detectado em PVM-1, onde só há um técnico de inspeção a bordo, sem alguém para rendê-lo. Esse técnico embarca 14 x 21 e durante sua folga não há nenhum outro para substituí-lo.
No embarque de janeiro, o baixo efetivo também foi registrado na atas de Cipa de P-19 e P-15.
Para a diretoria do NF, o baixo efetivo coloca a vida da categoria em risco porque abre a possibilidade de ocorrência de acidente grave, que atinge um grupo de trabalhadores. “A importância de registrar em ata essas situações é caracterizar que o gestor está ciente do problema e que irá responder por dolo em caso de um acidente. Responsabilizando aqueles que tem obrigação de solucionar os riscos”, explica o diretor Raimundo Teles.
Impactos do PIDV
Como denunciado exaustivamente pelo sindicato em seus veículos de comunicação, o problema se agravou após o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária e a gestão de Pedro Parente, que ao invés de repor o efetivo faz ações totalmente contrárias, colocando a Petrobrás em risco.
A diretoria do sindicato solicita aos companheiros a bordo que denunciem casos semelhantes através do e-mail [email protected].

 

Luta continua

Pressão por solução para AMS

Da Imprensa da FUP

Em reunião da Comissão de AMS na segunda, 06, a FUP questionou os diversos problemas que vêm ocorrendo em relação à operação do programa, que foi terceirizada para a empresa Conectemed.
Entre os principais obstáculos enfrentados pelos beneficiários estão o descredenciamento de diversos profissionais e estabelecimentos de saúde, a demora na aprovação dos procedimentos e uma série de dificuldades para autorização de exames.
As direções sindicais mais uma vez criticaram a terceirização da operação da AMS, afirmando que, ao contrário do que foi alegado pela empresa, de que a contratação da Conectemed levaria à melhoria do atendimento, na realidade, o que está acontecendo é a precarização dos serviços.

 

Greve na Cedae

Privataria também no Rio

Os trabalhadores da Cedae, companhia responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto em mais de 70 cidades do Rio de Janeiro, entram em greve por tempo indeterminado na última terça, 7. Os sindicatos da categoria garantem a manutenção de 30% do pessoal para atividades essenciais e não há corte no fornecimento. A empresa conta com aproximadamente seis mil funcionários.
O Sindipetro-NF é solidário ao movimento dos trabalhadores contra a privatização da Cedae. A entidade, que também luta contra a privatização da Petrobrás, avalia que recursos naturais estratégicos e essenciais para a população não podem ficar nas mãos da iniciativa privada.

 

NA LUTA CONTRA GOLPES DE TEMER

CUT divulga prioridades do semestre: combater as reformas previdenciária e trabalhista dos golpistas

A Direção Executiva da CUT divulgou nesta semana o plano de lutas da central para o primeiro semestre de 2017. A prioridade é a resistência contra as reformas apresentadas pelo governo Mishell Temer.
“Assistimos no plano internacional ao crescimento da direita como resultado da profunda crise do sistema capitalista e da contestada agenda neoliberal imposta pelos países centrais aos demais países para superar a crise. Esta agenda leva à diminuição do Estado, à degradação das políticas públicas e à intensificação das desigualdades”, afirma a CUT.
No documento que anunciou o plano de lutas, a central também destaca que a crise gerada pela agenda neoliberal “produz o desemprego, precariza o trabalho, busca enfraquecer os sindicatos, diminui a renda da classe trabalhadora e cria, na outra ponta, uma enorme concentração de renda nas mãos de uma minoria”.
“No plano nacional, o governo golpista mostrou em seis meses que veio para implementar esta agenda. Não é outro o sentido da PEC 55 (que congela o orçamento por vinte anos), do PL257 (que impõe a agenda de austeridade para os Estados), da PEC 287/16 (reforma da previdência), e do PL 6787/16 (reforma trabalhista)”, lista a central.

Prioridades do semestre

FEVEREIRO-ABRIL
– Previdência
Campanha nacional contra a reforma da previdência. O objetivo da campanha é atingir o maior número possível de municípios mostrando que trata-se de uma antirreforma que impedirá os/as trabalhadores de se aposentarem, ao contrário da propaganda do governo ilegítimo divulgada amplamente pela a mídia.

MAIO-JULHO
– Direitos trabalhistas e emprego
Campanha nacional contra a reforma trabalhista e em defesa do emprego. Objetivo é desmascarar o governo ilegítimo e mostrar para os trabalhadores e para a sociedade que o golpe foi dado para retirar direitos da classe trabalhadora e lançar milhões de trabalhadores/as na miséria.

ATOS E MANIFESTAÇÕES
– Dia Internacional da Mulher – 8 de março
A data deverá ser marcada com ampla mobilização das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, profundamente atingidas com a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista.
– Dia Nacional de Paralisação – 15 de março
A CUT indica a data de 15 de março para o Dia Nacional de Paralisação e a proporá às demais centrais dispostas a combater a antirreforma da Previdência já enviada ao Congresso e a antirreforma trabalhista.
– Primeiro de maio
As mobilizações do Dia Internacional do Trabalhador deverão ocorrer em todas as capitais e terão como eixo a luta contra as reformas da previdência e trabalhista e em defesa do emprego.

AÇÃO INTERNACIONAL
– Luta internacional contra o neoliberalismo
A CUT dará continuidade a sua articulação com o movimento sindical, no plano internacional, para combater o neoliberalismo.

 

Normando

Diálogos

A democracia brasileira ruiu em 2016. Suas instituições não resistiram a uma oposição que, derrotada nas urnas, escolheu impedir o governo de governar. Sob o pretexto de combater a corrupção, montaram um governo de corruptos.
“Não tenho nada a ver com isso! Isso foi lá entre os políticos!”
Errado. O Golpe não foi contra esse ou aquele governante.
O Golpe foi contra teu prato de comida! Sabe como?
“Cumé qui é?”
Imagine uma mesa de almoço com dois lugares. De um lado está você. Do outro um milionário. Essa mesa se chama “Orçamento da União”. É o que o Governo Federal gasta, ao longo do ano.
Sabe quais são as comidas? Do teu lado se chamam “Educação”, “Saúde”, “Previdência”, “Habitação”, etc.
O Bolsa Família, o Luz para Todos, os ônibus escolares amarelinhos (Programa Nacional de Transporte Escolar), e outras medidas de assistência, também estão do teu lado, por menos que você goste.
“Isso é coisa pra vagabundo! Eu não preciso disso! Eu passei em concurso!”
Antes que você passasse, um governo teve que adotar uma determinada política, a qual gerou o teu concurso.
Além disso, dê uma pesquisada rápida no Google e veja quais países têm mais políticas sociais, e mais cargos públicos. Depois compare com o IDH e descobrirá que são os que apresentam melhor qualidade de vida.
“E o que tem o almoço com o milionário?”
Do outro lado da mesa existem muitos pratos para o Rico. O principal deles se chama “juros bancários”: quanto o Governo paga por ano aos bancos.
De 2003 a 2015 os pratos do teu lado da mesa aumentaram, por resultado das urnas. Isso incomodou muito ao Rico. E ele decidiu não aceitar mais que a divisão dos pratos, na mesa, fosse resultado da escolha do povo, no voto.
Os ricos resolveram rasgar a Constituição e muitas outras leis. E avançaram sobre as comidas do teu lado da mesa. Acontece que eles não sabem por quanto tempo vão conseguir mandar, sem que a tal da Democracia volte. Então atacam tua comida com muita pressa.
“Nada disso! Foi o PT que quebrou o Brasil e…”
Acorda! Temer já gastou mais dinheiro com o Rico, em menos de um ano, do que a Dilma gastou com o teu prato em cinco anos!
Para gastar tanto com o Rico, precisam te tirar da mesa, ou diminuir muito tuas comidas. Incluídos teus direitos trabalhistas.
“Quero saber é da ação da RMNR, porque…”
Boa lembrança! Ela, assim como boa parte de outros direitos teus, vai pro outro lado da mesa. Sairá do teu prato. Basta o TST assim decidir, nas próximas semanas.
Ainda não entendeu, né? Continuaremos.

Curtas

Reunião na UFF
Representando o Sindipetro-NF, o diretor Luiz Carlos Mendonça participou, ontem, de reunião do coletivo de Educação no Campo, na UFF (Universidade Federal Fluminense) de Campos dos Goytacazes. O coletivo é composto pelo MST, Comissão Pastoral da Terra, UFF e NF. “Estamos debatendo e buscando formas de atuar de forma objetiva na luta pela educação e no resgate da cidadania, preservando os valores regionais” explica Mendonça.

Cabiúnas
O Sindipetro-NF tem reunião na próxima terça, 14, às 14h, com a gerência da atividade de inspeção de equipamentos da UTGCAB. De acordo com o diretor Raimundo Teles, que representa a entidade nas atuações do Spie (Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos), o objetivo é “estabelecer uma política através do diálogo e participação efetiva”.

Mulher na luta
A CUT realizou ontem a segunda reunião ampliada das mulheres cutistas, no Rio. A Central articula a resistência das mulheres ao conjunto de ataques aos trabalhadores, com as reformas da Previdência e Trabalhistas. Para o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, está sendo programada uma greve de trabalhadoras, que são as mais vulneráveis no mercado de trabalho.

Marisa, presente!
O Sindipetro-NF divulgou nota, na última quinta, 2, para registrar as condolências da entidade pela perda da ex-primeira dama do Brasil, Marisa Letícia, que teve uma trajetória de vida ligada às lutas sociais e ao movimento sindical. “Em momentos críticos, contribuiu na resistência à perseguição da Ditadura Militar aos sindicalistas”, lembrou a nota. Íntegra em bit.ly/2k3pgbw.