Nascente 1132: Eles não ligam para sua vida

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Das Imprensas do NF e da FUP

Jovens, trabalhem. Idosos, morram. Assim poderia ser resumida a mensagem presidencial, em cadeia nacional de TV na noite da última terça-feira. Ao contrário do que pode parecer, esta não é uma posição isolada de um governante inconsequente. Assim “pensa” o bolsonarismo, inclusive a sua parcela que ocupa a gestão da Petrobrás. Este é o modo como a empresa tem se comportado, adotando medidas superficiais de prevenção ao coronavírus nos locais de trabalho, ao mesmo tempo em que, assim como o governo federal, aproveita-se da pandemia para aumentar a exploração dos trabalhadores e precarizar os direitos.

Como denunciou a FUP nesta semana, subestimando o avanço do coronavírus, que já atinge todo o território brasileiro, a direção da Petrobrás impõe aos petroleiros jornadas de trabalho que os levarão à exaustão física, como a de 28×14, e ao esgotamento emocional, justamente quando a pandemia estiver próximo do pico no país. A federação e os sindicatos avaliam que uma greve sanitária será inevitável.

Enquanto a diretoria e as gerências da Petrobrás estão de quarentena, no aconchego de seus lares e aguardando um anunciado aumento nos bônus, os petroleiros devem manter a produção a qualquer custo. Nas áreas offshore, os trabalhadores são confinados por sete dias em um quarto de hotel, afastados da família, antes de embarcar para as plataformas, onde são obrigados a permanecer por 21 dias.

Nas refinarias e terminais, são submetidos a turnos ininterruptos de 12 horas, à revelia das medidas de controle sanitário que as entidades sindicais vêm cobrando. A situação é ainda pior para os terceirizados, cujas condições precárias de trabalho são ignoradas pelas gerências.

Reivindicações da FUP, como suspensão temporária da produção e participação nos comitês nacional e regionais de gestão da crise do coronavírus, foram desprezadas pela empresa.

Em vez de negociar medidas necessárias para conter o avanço da pandemia, as gerências se aproveitam da situação de vulnerabilidade dos trabalhadores para tentar intimidar a categoria, anunciando demissões e punições dos grevistas, em descumprimento do acordo que foi chancelado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), há menos de um mês.

Manifesto

No último final de semana, o Sindipetro-NF submeteu à aprovação em assembleias nas plataformas um manifesto (abaixo) que condena este comportamento da companhia e alerta sobre a possibilidade de retorno da greve. O sindicato orienta a categoria a manter uma sintonia fina com o sindicato para enfrentar os ataques da empresa.

Categoria retornará à greve se Petrobrás não reverter medidas autoritárias

O Sindipetro-NF foi informado hoje (20/03) de que a gestão da Petrobrás, insensível ao dramático momento vivido por todo o mundo no combate ao coronavírus, que torna ainda mais vulneráveis os trabalhadores de setores estratégicos, tomou medidas unilaterais desumanas e inaceitáveis, em descumprimento com o que foi acordado pela própria companhia nas negociações mediadas pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Aproveitando-se da excepcionalidade do ambiente de necessidade de prevenção à contaminação, a empresa adotou sem qualquer negociação com a FUP e os sindicatos uma escala de 28 dias de trabalho por 14 de folga para os trabalhadores offshore, e turno de 12 horas para os trabalhadores das bases operacionais de terra.

A empresa, ao contrário de concentrar os seus esforços nas ações de prevenção, negligencia a necessidade de medidas sanitárias, como no Porto de Imbetiba, mostra sua incompetência ao manter aglomerações em aeroportos e mantém trabalhadores administrativos sob risco nos escritórios em atividades não essenciais.

Em outra ação truculenta e autoritária, a Petrobrás puniu diversos trabalhadores e demitiu outros, em clara retaliação pela participação na greve de fevereiro passado. O sindicato teve informações de que houve pelo menos duas demissões de petroleiros da sala de controle da plataforma P-55, na Bacia de Campos, e uma demissão na plataforma P-67, na Bacia de Santos.

A entidade lembra à Petrobrás que a greve petroleira não foi encerrada, ela foi suspensa pelas assembleias, e que, portanto, pode ser retomada a qualquer momento se a gestão da companhia insistir em descumprir o acordo mediado pelo TST.

Os petroleiros e petroleiras do Norte Fluminense exigem que a Petrobrás reverta as medidas unilaterais e cancele as punições e demissões de grevistas. Do contrário, o Sindipetro-NF fará indicativo de retomada do movimento de greve.

Que não ousem duvidar da capacidade de luta dos petroleiras e petroleiras.

Juntos somos fortes!

Bacia de Campos
Em assembleias de 20 a 23 de março de 2020.