Nascente Setor Privado 131
Um ano para não esquecer
2016 vai ficar marcado na memória o povo brasileiro como o ano do Golpe que retirou do poder uma presidente eleita democraticamente. Além dessa dura punhalada nas costas do povo, após a entrada do golpista Mishell Temer no poder novos ataques se sucederam, como a retirada da Petrobras como operadora Única do pré-sal e a aprovação de projetos como a PEC 55 que congelava as verbas da educação e saúde por 20 anos e a PEC das Estatais. No final do ano, mais um ataque aos direitos, com o nefasto projeto de Reforma da Previdência. Tudo isso com dura oposição da população que ocupou as ruas.
No setor petróleo, assistimos um grande número de demissões e cancelamentos de contratos. E foi com esse argumento de crise, que o empresariado jogou sujo contra a classe trabalhadora afirmando não poder conceder reajustes ou manter direitos por esse motivo. Porém o sindicato não sucumbiu a esse argumento e conseguiu manter os direitos dos trabalhadores em todos os Acordos assinados. Por mais um ano seguido o sindicato fez com que a categoria não pagasse a conta da crise.
O Departamento está negociando 21 acordos de 2016. Até agora foram fechados nove e todos eles com reposição da inflação e manutenção dos direitos já conquistados. Nos 11 acordos restantes o NF vai lutar para manter a linha dos ACTs já fechados.
O ano de 2017 já se apresenta como muito difícil para a classe trabalhadora, no terceiro trimestre houve um grande aumento do número de desempregados no país. Para reverter essa situação só com muita luta em defesa dos nossos empregos.
Empresas usam crise do Petróleo como desculpa
O ano de 2016 não foi fácil para categoria. A palavra crise marcou presença nas empresas, que insistem em usar esse contratempo para dificultar as negociações, insistindo em propostas rebaixadas que vão contra o direito dos trabalhadores e trabalhadoras.
Um exemplo é a Falcão Bauer. Com data base de novembro, a empresa insiste em uma proposta rebaixada e que retira direito dos trabalhadores, o que inviabiliza uma negociação. Na análise da diretoria, nos dois últimos anos a categoria e sindicato conquistaram avanços nas propostas e mantiveram todos os direitos numa conjuntura desfavorável.
A primeira mesa de negociação aconteceu no dia 30, representantes da Falcão Bauer e do NF estiveram reunidos na sede da FUP, no Rio de Janeiro. Vários pontos da proposta, como reposição da inflação, ganho real, reajustes de tickets, PLR e plano de cargos foram debatidos durante a reunião. A empresa afirmou que terá dificuldades de avançar e alegou como motivo uma redução nos valores de seus contratos por parte da Petrobrás. O Diretor Leonardo Ferreira ponderou que a empresa acabou de ganhar uma nova licitação, além de possuir a manutenção dos contratos antigos e por causa disso os avanços devem ser considerados para as próximas reuniões. A empresa pediu um tempo para fazer estudos que viabilizem os avanços pleiteados pelo NF. Uma nova rodada de negociações foi agendada para dia 11 de janeiro.
Outro acordo que ainda não foi possível fechar, apesar da data base de setembro, foi com a Perbras, que continua tentando manter a política do arrocho salarial de outros anos. A empresa ainda não chegou sequer ao índice que repõe a inflação, que é de 8,57%, ofereceram 4% de reajuste, o que foi prontamente rejeitado em mesa pela FUP e seus sindicatos.
Apesar de reconhecer que o setor petróleo passa por momentos de dificuldade, a diretoria do Sindipetro-NF já deixou claro em diversas mesas de negociação que o trabalhadores não pode pagar essa conta e sair prejudicado, já que a classe trabalhadora é a grande propulsora da economia do país. O sindicato pede nas propostas de ACT esse reajuste mais 5% de ganho real.
Na Baker, apesar da tentativa de ludibriar a categoria, ao reunir trabalhadores das bases de Macaé, em horários diferentes, para lançar dúvidas aos trabalhadores e trabalhadoras quanto ao prosseguimento das negociações, a categoria decidiu por rejeitar a proposta de ACT por considerem o acordo rebaixado. A Baker propôs um índice de reajuste de 7,5%, bem abaixo da inflação e metas de PLR que reduziam a participação dos trabalhadores. Agora aguardamos o retorno das negociações.
Algumas empresas se quer marcaram a primeira mesa de discussão como é o caso da Halliburton. A pauta desse ano já foi enviada à empresa, porém o NF e a FUP não receberam por parte da empresa sugestões de agenda. Na avaliação do NF, a empresa está enrolando a categoria, pois está fugindo da mesa de negociação e de seus compromissos, já que seu histórico é marcado pela falta de respeito com a categoria. O Sindicato continua cobrando que haja negociação imediatamente.
Casos similares também estão ocorrendo com a Superior, Exterran e Champion.
Schlumberger fecha acordo com NF
Depois de três encontros na mesa de negociação,o grupo Schlumberger (Schlumberger, GeoServices, MiSwaco e Smith) conseguiu fechar um acordo com a categoria, no dia 22 de novembro.
A empresa chegou a tentar um acordo oferecendo uma proposta rebaixada sob a justificativa, que encontra-se em dificuldades por conta da crise do petróleo e também pelo formato rígido que a Petrobrás está acompanhando o contrato. O que não foi aceito.
O acordo coletivo 2016/2018, foi aprovado, acatando o indicativo do Sindipetro-NF. Os avanços do ACT 2016/17 do Grupo Schlumberger foram o reajuste do salário base de até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), reajuste salarial fixo de 9,34% (nove vírgula trinta e quatro por cento), incidente sobre os salários vigentes no mês de abril de 2016; Salário base de R$ 5.000,01 (cinco mil reais e um centavo) até R$ 6.999,00 (seis mil, novecentos e noventa e nove reais), a empresa concederá reajuste fixo de 7% (sete por cento), incidente sobre os salários vigentes no mês de abril de 2016; Salário base igual ou acima de R$ 7.000,00 (sete mil reais), a empresa concederá reajuste salarial fixo no valor de R$ 570,00 (quinhentos e setenta reais). Também houve reajustes no ticket refeição, alimentação, cesta de natal, auxilio creche, academia e PLR.
Indústria continuou a matar
O tema da segurança no trabalho se manteve, como em anos anteriores, entre os principais geradores de manchetes nos veículos de comunicação do Sindipetro-NF. Mesmo com um 2016 tão atribulado politicamente, o sindicato não deixou de dar ênfase à prevenção de acidentes e à denúncia sobre as condições de trabalho da categoria.
De acordo com levantamento do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, a entidade recebeu 819 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) entre janeiro e novembro de 2016. Destas, 644 envolveram trabalhadores do setor privado, 163 da Petrobrás e 12 da Transpetro. Neste ano, dois trabalhadores perderam as vidas em decorrência do trabalho na área do petróleo da região, um da Petrobrás e outro do setor privado. Outro destaque do ano na questão de SMS foram os cursos promovidos pelo NF, sobre Benzeno, Cipa e Nanotecnologia, além de palestra sobre a P-36.
Duas décadas bem celebradas
O Sindipetro-NF teve um ano intenso na realização de eventos culturais e de formação, a maioria deles dedicados à celebração dos 20 anos da entidade. Entre os destaques estão as palestras de Paulo Henrique Amorim, Márcia Tiburi, Leonardo Boff e Frei Betto.
O ator Tonico Pereira também esteve em Macaé a convite do sindicato, para gravação de vídeo comemorativo do aniversário (reveja em bit.ly/2i6lpJt). Confira no quadro ao lado alguns dos principais registros do Nascente sobre as atividades culturais do NF em 2016.
Nas ruas o tempo todo
Todos os avisos dados em 2015, foram confirmados em 2016 com os sucessivos golpes contra a democracia e contra os trabalhadores. Foi um ano de intensas mobilizações que chegou ao final de dezembro sem encerrar o calendário de lutas, com a manutenção da iminência de uma paralisação.
Foram muitos os protestos que a diretoria participou no decorres do ano passado junto com os trabalhadores que ganharam as ruas. As motivações das mobilizações passaram pela denúncia do golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff para colocar Mishell Temer, contra a entrega do pré-sal, a venda de ativos no desmonte privatizante da Petrobrás, o projeto de Lei das Estatais e a famigerada PEC 55 que cortava verbas da saúde e educação.
O ano nas manchetes do Nascente
ED. DATA MANCHETE ASSUNTO
107 2 de fevereiro – Perbras denunciada por reter carteiras – Denuncia
108 16 de fevereiro – Acidente trágico completa um ano – SMS
109 1 de março – Absurdo: Saybolt descumpre ACT – Campanha
110 15 de março – 15 anos da tragédia, pouco mudou – SMS
111 29 de março – Perbras tenta impor ACT rebaixado – Campanha
112 12 de abril – Cetco e Perbras enrolam seus trabalhadores – Campanha
113 27 de abril – NF convoca assembleias na Perbras – Campanha
114 10 de maio – Ataque de direitos com roupagem de fusão é cancelado
115 – Morte Em PCH-2: Culpa Da Gestão Ou Omissão?
116 – NF não será cúmplice de assassinato
117 21 de junho – Golpistas querem acabar com a CLT – Direitos
118 5 de julho – NF não aceitará redução de direitos – Campanha
119 19 de julho – Aprovada urgência para entrega do pré-sal – Campanha
120 2 de agosto – Categoria deve enviar sugestões – Campanha
121 16 de agosto – NF cobra por negociação – Campanha
122 30 de agosto – Proposta da Baker/BJ não contempla categoria – Campanha
123 14 de setembro – Nenhum direito a menos – Campanha
124 27 de setembro Sindicato amplia representação na região – Sindicalização
125 13 de outubro Sexta tem rodada de negociação com Baker/BJ -Campanha
126 26 de outubro Trabalhadores em movimento – Campanha
127 8 de novembro – Categoria e NF não aceitam proposta rebaixada – Campanha
128 23 de novembro – Schlumberger: direitos garantidos – Campanha
129 6 de dezembro – Ataque à democracia – Campanha
130 21 de dezembro – Empresa não cumpre Acordo e não negocia – Campanha