Editorial
A verdade sobre o lucro
Uma das lutas históricas dos trabalhadores e das trabalhadoras é a que busca desconstruir uma ideia corrente de que apenas capitalistas podem gerir o capital, de que só empresários entendem de empresas, ou de que só banqueiros são capazes de analisar a situação dos bancos. Quem, no dia a dia, ergue com o seu suor cada um desses edifícios exuberantes sabe muito mais sobre tudo isso do que qualquer um deles.
Sempre esteve na base desse preconceito um tipo comum de crítica, da grande mídia, às empresas estatais que mantiveram ex-sindicalistas em seus cargos de gestão ou em conselhos deliberativos. E foi também enganada por esta falsa premissa que a opinião pública habituou-se a tomar as “análises dos especialistas do mercado”, ou os relatórios das empresas, como verdades absolutas ou, no mínimo, muito difíceis de serem colocadas em dúvida.
No movimento sindical brasileiro, algumas iniciativas importantes contribuíram para disputar espaço nesta opinião qualificada pelos dados e pelas pesquisas, quase sempre desmascarando o discurso oficial. Uma das mais importantes foi a da criação do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 1955. Mas há uma outra, recente, da categoria petroleira, que começa a fazer história neste mesmo caminho: a criação do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra), em 2017.
Foi com base em suas análises qualificadas que a FUP derrubou, poucas horas depois, a versão da Petrobrás para o lucro anunciado de R$ 10 bilhões neste segundo trimestre de 2018. “Apesar do mercado e do governo continuarem reforçando a ladainha de que os resultados da empresa são fruto da recuperação da empresa, a variação do dólar e do preço médio do barril de petróleo é que foi determinante para o lucro”, pontuou a Federação, que acrescentou: “como no trimestre anterior, o principal fator determinante para o resultado positivo da Petrobras continua sendo o preço médio do barril de petróleo, que aumentou 50% nos últimos 12 meses, saltando de US$ 49,8, no segundo trimestre de 2017, para US$ 74,5, no mesmo período deste ano”.
Espaço aberto
Lucro é fruto da luta
Tadeu Porto**
Eu sei que é um pouco complicado trazer destaque para a luta da sua própria categoria (no meu caso a petroleira) afinal pode soar um pouco como soberba e autopromoção. Contudo, há coisas que acontecem no dia a dia dos enfrentamentos que nos fazem encarar o desafio de tentar destacar as boas consequências de se resistir nesse cenário tão adverso. É o caso, por exemplo, da relação entre a luta dos petroleiros e petroleiras com o lucro que a empresa apresentou no segundo semestre deste ano: o bom resultado de R$ 10 bilhões, o mais alto desde 2011.
Objetivamente, a pauta de luta da categoria no que diz respeito às refinarias ganhou a disputa política e, quando foi implementada, mudou consideravelmente o lucro da companhia (para melhor). Um texto do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis José Eduardo Dutra para a Carta Capital apresenta, com os próprios números do balanço da Petrobrás, a prova de que essa nova política de refino representou um acréscimo no lucro da companhia:
Apesar do impacto positivo da exploração, sem dúvida a mudança mais abrupta dos resultados deste trimestre ocorreu no abastecimento, onde os lucros cresceram 72% em relação ao trimestre anterior (2,2 bilhões de reais a mais), e são resultados de uma mudança na estratégia do refino. Ou seja, a Petrobrás reverteu a política que vinha aplicando, de ociosidade na produção de suas refinarias, e o resultado foi um aumento considerável no seu lucro.
E com certa tranquilidade os petroleiros e petroleiras podem dizer que tal fato é consequência da luta da categoria. Numa visão mais geral, podemos dizer que trabalhadores e trabalhadoras podem, sim, discutir os rumos das empresas onde trabalham com a mesma propriedade que a os “donos” do negócio.
* Editado em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no blog O Cafezinho, em bit.ly/2ALGwuC, sob o título “Bom lucro da Petrobrás é fruto da luta dos petroleiros”.
** Diretor do Sindipetro-NF e da FUP.
Capa
Plenária define apoio da categoria à Lula
A VII Plenária Nacional da FUPdeliberou pela massiva participação dos petroleiros na manifestação desta quarta-feira, 15, em Brasília
Com participação de cerca de 200 petroleiras e petroleiros, terminou neste domingo, 05, no Rio de Janeiro, a VII Plenária Nacional da FUP, que deliberou sobre questões fundamentais para a categoria. Além de definir um amplo calendário de lutas contra a privatização do Sistema Petrobras e a entrega do Pré-Sal, a Plenafup apontou uma série de encaminhamentos para preservar direitos dos trabalhadores e impedir o desmonte de conquistas históricas, como a Petros, AMS e o Acordo Coletivo.
A VII Plenafup também deliberou que uma das lutas centrais dos petroleiros deve ser a eleição de Lula e de um congresso representativo dos trabalhadores. A plenária aprovou por unanimidade o apoio às candidaturas de petroleiros para ampliar a defesa do Sistema Petrobras e do Pré-Sal como alicerces da retomada do projeto popular e democrático de soberania e desenvolvimento nacional.
Petroleiras
Em reunião na Plenária, o Coletivo Nacional de Mulheres (CNMP-FUP) aprovou apoios às candidaturas de petroleiras que disputam vagas no parlamento e nos fóruns de representação da categoria. Outro apoio importante definido pelo Coletivo é a reeleição da petroleira Fabiana dos Anjos, atual representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Transpetro. O Coletivo defenderá que a VII Plenafup aprove o apoio à candidatura de Fabiana.
O Coletivo também apresentou às delegações da Plenafup as resoluções do último Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras, realizado em abril em Natal, no Rio Grande do Norte, com participação recorde de petroleiras e petroleiros. A diretora da FUP e coordenadora do Coletivo, Rosângela Maria, ressalta a importância do crescimento da participação feminina nos fóruns e espaços de representação dos petroleiros. “O Encontro do Rio Grande do Norte foi um marco para nós. Reunimos 70 petroleiras, um número de participação recorde, que prova que nosso trabalho está avançando”, destacou.
Campanhas Salariais
Schlumberger terá nova mesa
Proposta da empresa tinha muitos pontos com base na Reforma Trabalhista que não foram aceitos na negocição
A Campanha Salarial 2018/2020 dos trabalhadores da Schlumberger está na fase de realização de mesas de negociação, para debater as propostas apresentadas por cada um dos lados, empresa e trabalhadores.
No dia 8 de agosto aconteceu a segunda reunião, onde foram debatidas as cláusulas da proposta da empresa. Na avaliação do diretor, Eider Siqueira, a proposta tem como base muitos ítens da Reforma Trabalhista, que os sindicatos e FUP não concordam. Foi feita uma nova contraproposta e os representantes da Schlumberger se comprometeram em analisar. Uma nova mesa de negociação será marcada, sem data definida.
Com data base no primeiro semestre, a pauta de reivindicações foi aprovada pela categoria no início de julho
Baker/BJ Services
Após a Reforma Trabalhista a gestão da Baker mudou sua postura em relação ao movimento sindical. Uma demonstração é que a FUP tem insistido junto à Baker para agendar uma reunião sem obter reposta da empresa. A outra é que a empresa está homologando em sua sede, sem a presença do sindicato.
Campanhas de Setembro
Os trabalhadores da Halliburton, Superior, Frank’s, Perbras e Cetco, que tem data base em setembro, devem encaminhar sugestões para a pauta de reivindicações até o dia 27 de agosto, para que a proposta da categoria seja montada pelo jurídico. O e-mail para propostas é [email protected]
Representação
Duas novas empresas negociam Acordos
No dia 8 de agosto, a FUP e Sindipetros NF, Bahia e ES estiveram reunidos com representantes da Anotech e da Great Oil para negociar os Acordos Coletivos dos Trabalhadores que passarão a ter abrangência nacional. O diretor Eider Siqueira e o assessor jurídico, Nestor Nogueira, representaram o Sindicato na mesa de negociação.
Eider avaliou postivamente a reunião. “Gostamos que a empresa tem perspectiva de crescimento e teve o interesse em buscar para negociar sindicatos representativos da categoria” – comentou.
Anotech
A Anotech Energy foi fundada em 2006 e fornece serviços especializados para as indústrias de energia. Se instalou no Brasil em 2011. Acaba de fechou um novo contrato para atuar na área offshore no Rio de Janeiro e está em fase de ampliação.
Great Oil
A Great Oil, que faz parte da Great Holding Brasil, atua no setor de perfuração de poços onshore desde o ano de 2005. Entre os principais clientes, estão Petrobrás, Parnaíba Gás Natural e Petrogal. A empresa adquiriu dois blocos na Bacia do Recôncavo, na Bahia.
Dia do Basta
Diretores do Sindipetro-NF estiveram nas ruas de Campos e Macaé para dar um Basta à opressão da classe trabalhadora.
Jurídico
A luta pela representação da Modec
Marco Aurélio Parodi
No próximo dia 20 de agosto de 2018, será realizada na 1ª Vara do Trabalho do Trabalho, a primeira audiência sobre a representação dos trabalhadores que se desfilaram do Sinditob- Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil e requereram em massa a sua filiação no Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense- Sindipetro-NF.
Recentemente, apenas no dia 8 de junho de 2018, o Sindipetro- NF conseguiu protocolar as fichas de filiação dos trabalhadores da Modec com a empresa, após sucessivos ofícios e recusas da empresa de estabelecer um entendimento, dando continuidade a devida representação dos trabalhadores, documentos esses que já se encontram nos autos do processo.
Durante anos os trabalhadores da MODEC SERVIÇOS DE PETROLEO DO BRASIL-MODEC seguiam descontentes com a sua representação sindical, mais precisamente com Sinditob-Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil. O Sinditob sequer realizava assembleias específicas para os trabalhadores da empresa e o contato com os trabalhadores é praticamente inexistente, sendo inclusive notificado pelo Ministério Público do Trabalho quanto a inúmeras irregularidades e falhas de representação.
Tanto que apenas após os questionamentos do parquet, tentou realizar assembleias, mas desempenhando mais o papel de porta voz da empresa do que representante da categoria do Sindipetro-NF(petroleiros), o que causou bastante insatisfação por parte da maioria esmagadora dos empregados, principalmente os operacionais da Modec.
Nesse contexto, diante dessa insatisfação, o Sindipetro-NF recebeu espontaneamente um abaixo assinado com aproximadamente 874 assinaturas dos trabalhadores da Modec, visando a desfiliação do Sinditob e filiação ao Sindipetro-NF, acrescido 868 fichas de filiação dos respectivos empregados da MODEC.
Aproximadamente 505 trabalhadores e empregados da Modec, em assembleias gerais extraordinárias convocadas nos termos do estatuto do Sindipetro-NF, no dia 30 de março do corrente ano e nos dias subsequentes, nas unidades marítimas da MODEC, com base no direito a livre associação sindical elencado no artigo 8º , inciso V da constituição federal de 1988 e por exercerem atividades relacionadas com o artigo 1º da lei 5811/72, integrando a categoria dos petroleiros do Norte Fluminense, decidiram pela desfiliação do Sinditob e pela filiação ao Sindipetro-NF.
Curiosamente a Modec não transfere seus empregados para trabalhar em outras unidades marítimas ou plataformas offshore de prospecção, extração e produção de petróleo, como descrita na carta sindical do Sinditob.
Pelo contrário, a Modec usa suas próprias instalações offshore com mão de obra própria e primerizada, onde a recentemente, à luz do princípio da interpretação conforme à Constituição e o nosso ordenamento jurídico, a efetiva democracia interna e representatividade do sindicato perante a respectiva categoria, onde a vontade da maioria e de parcela expressiva da categoria interessada deve sempre ser observada para se determinar o sindicato, detentor da representação sindical.
Concluímos, então, que os empregados que hoje requereram corretamente a sua desfiliação, nunca pertenceram a categoria descrita pelo Sinditob, em sua carta sindical: empregados das empresas que prestam serviço em plataformas offshore do Brasil(Empregados das Empresas Privadas/Terceirizadas que prestam seus serviços nas Plataformas de Perfuração, Produção, Prospecção, Operações Especiais e Extração de Petróleo em Alto Mar), mas sim deveriam e sempre fizeram parte da categoria representada pelo Sindipetro-NF.
*Assessor Jurídico do Sindipetro-NF
Curtas
Falcão
De 27 a 31 de agosto o Sindipetro-NF estará nas bases realizando um bate papo sobre assédio sexual e assédio moral.
No dia 27, às 7h, os trabalhadores da Falcão Bauer vão poder participar do debate e de um café da manhã com o NF.
O sindicato também estará aberto a ouvir relatos da categoria sobre esse tema.
Saybolt
A empresa Saybolt entregou ofício ao Sindicato solicitando alteração de cláusula no ACT que já havia sido aprovado pela categoria. Uma reunião foi agendada para dia 28.
A empresa estava se negando a assinar o Acordo Coletivo de Trabalho, já assinado pelo sindicato. Esse Acordo é de outubro de 2017.
Expro
No dia 09 de agosto teve a primeira rodada de negociações entre movimento sindical e representantes da Expro Group, realizada na sede da Federação Única dos Petroleiros. A empresa informou que não havia recebido a pauta de reivindicações. E depois de ser esclarecido essa situação, a pauta foi apresentrada, entregue em mãos e debatida. Uma nova reunião será agendada.