Nascente Setor Privado 169

EDITORIAL

Que todos sejamos um

Que cada trabalhador ou trabalhadora entenda de uma vez por todas: ninguém vai se salvar sozinho desta tsunami neoliberal tresloucada que tomou conta do País. Pior do que todas as experiências anteriores, o desmonte atual não guarda, sequer, algum contato com uma racionalidade econômica, pois até mesmo nesta área tem causado prejuízos ao País. O que se tem é apenas a aplicação da ortodoxia de Chicago com pitadas astrológicas olavistas e cumplicidade militar subserviente.

Não há parâmetro na história republicana brasileira para o que está sendo feito agora.

As tentativas neoliberais dos anos 90 deram-se em cenário em que a esquerda não havia estado no poder e era, portanto, uma corrente ascendente, sem os desgastes que o exercício de um governo impõem; mesmo setores conservadores não eram necessariamente neoliberais, e havia dificuldade em falar com a população sobre cortes em benefícios sociais; ainda era recente o clima de conquistas da Constituição de 1988, vários direitos estavam sendo regulamentados e o acúmulo nos movimentos sociais e nas universidades influenciava na disputa de espaços pela definição dessas políticas.

Foram justamente as tentativas anteriores que, em razão dos sucessivos fracassos e impopularidade, formaram o terreno fértil para a construção de uma candidatura presidencial como a de Lula, derrotada por três eleições até ser vitoriosa no pleito de 2002.

Até que este ciclo novamente gire e seja possível reorientar as políticas de governo para o rumo de onde elas nunca deveriam ter saído, levará um tempo de desgaste deste modelo tresloucado em curso. O alarmante é que, por menor que seja a duração deste momento atual, ele é suficiente para promover perdas que poderão levar décadas e décadas para que seja possível uma recuperação.

Trata-se agora, portanto, de estabelecer uma união muito ampla, com recortes largos, para resistir contra os ataques em grande escala que estão sendo empreendidos. No caso específico da Petrobrás, não importa se você é trabalhador da companhia ou do setor privado, se está em área operacional ou administrativa, se ocupa algum cargo de confiança da gestão ou não, se é novo ou antigo no trabalho. Os danos nefastos atingem a todos indistintamente.

Que todos sejamos um para enfrentar as trevas desta noite triste.

ESPAÇO ABERTO

Só o coletivo constrói

Vitor Menezes*

Vídeo da pesquisadora brasileira Joana D`Arc Félix de Souza que viralizou nas redes sociais (bit.ly/2ANLyXD), como um grande exemplo de superação, é, na verdade, um grande exemplo de que só o coletivo constrói.

Mulher negra nascida na pobreza brasileira, filha de pai curtumeiro e mãe empregada doméstica, a cientista conta de modo emocionante a sua trajetória até se tornar doutora pela Universidade de Harvard.

Um dos trechos mais tocantes é quando ela conta que, na época da graduação em Química, como não tinha dinheiro para comer, almoçava no bandejão da Unicamp e levava o pão que acompanhava a refeição, ou uma fruta, para jantar à noite — o que gerava uma lacuna no final de semana que ia sendo preenchida pela generosidade, digamos, extra-oficial das “tias” da cozinha da universidade.

A princípio pode parecer uma história de superação pessoal. Mas essa é só uma parte da história. Na história de Joana Félix há histórias de pais presentes e que valorizaram a educação, uma diretora de escola que percebeu o potencial de uma criança, professores da escola estadual que se mostraram parceiros e o papel imprescindível da universidade pública brasileira (inclusive em razão do jeitinho das “tias” do bandejão).

Indivíduo é uma ficção jurídica que pode ter o seu valor para preservar direitos fundamentais de liberdade e de expressão, mas está longe de ser uma noção que dê conta de explicar a vida em sociedade.

É por isso que uma das maiores tragédias dos nossos dias consiste justamente em tentar desmontar laços de solidariedade construídos a duras penas em um País desigual e autoritário como o Brasil. Quantas Joanas Félix deixarão de existir se continuarmos a criminalizar professores, a desrespeitar as nossas universidades, a reduzirmos a noção de sucesso a trajetórias individuais como desculpa para retirarmos cada vez mais direitos coletivos?
Individualmente, sozinhos, somos das mais frágeis presas da natureza. Não sobrevivemos nem a nós mesmos.

* Jornalista do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF.

Capa

Frank’s:  Pressão da categoria reabre negociação

Sindipetro-NF realiza trancaço na frente da Frank’s e empresa retorna para mesa de negociação do Acordo no dia 6 de maio

Após a realização de um trancaço na Porta da Frank’s no dia 16 de abril, a empresa procurou o sindicato com o objetivo de reabrir as negociações que estavam paradas. Na manhã de segunda, 6, aconteceu uma nova mesa de negociação para debater a proposta da Frank’s enviada no dia 26 de abril.
Mais uma vez aconteceu um impasse em relação à cláusula 7 que trata do pagamento dos adicionais previstos na Lei 5811/72 para quem atua em regime misto. Em mesa, o sindicato se posicionou contrário ao pagamento diferenciado entre empregados e ficou de apresentar uma resposta até o dia 8 de maio.

O trancaço

O Sindipetro-NF realizou na manhã do dia 16, um trancaço com café da manhã na porta da empresa Frank’s, no Parque de Tubos. O ato aconteceu porque após rejeição da proposta da empresa por parte dos trabalhadores, a Frank’s não quis reabrir as negociações, tendo chamado inclusive uma comissão de funcionários para negociar em separado.
“No NF é assim, não vendemos Acordo e não aceitamos perda de direitos. Se a empresa que se nega a negociar nós vamos para a frente dela e fazemos um ato denunciando!” – diz o Coordenador Geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra. Em sua fala na porta da Frank’s ele comentou que como linha da nova política , a Petrobrás vem tentando reduzir os custos de seus contratos, precarizando ainda mais as relações de trabalho e tirando direito dos terceirizados.
O ato para pressionar a Frank’s durou cerca de duas horas

Precarização

Desrespeito atinge trabalhador@s de empresas prestadoras de serviço

Os petroleiros da Bureau Veritas realizaram, na manhã do dia 2 de maio, um ato na porta da Petrobrás, na Praia Campista, em defesa do pagamento do Piso para os trabalhadores de Macaé, como é praticado com os empregados do Rio. Em Macaé a empresa paga metade do piso.
O valor foi estabelecido pela lei 7898/2018, que dispõe sobre os pisos salariais das categorias que atuam em nosso estado e que fixa um valor de R$ 2.421,77 para todos os técnicos industriais. Os trabalhadores chegaram a encaminhar denuncias ao extinto Ministério do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho.
Além da remuneração baixa, os trabalhadores denunciam o não pagamento de alguns benefícios. Com o objetivo de organizar essa luta foi criada uma Associação, na última terça, 30.

Kempetro, Infotec e Ideal

A precarização das relações de trabalho está atingindo trabalhadores de outras empresas que procuram o Sindipetro-NF para apoiar suas lutas.
Os trabalhadores da Infotec passam por problema semelhante ao da BV. Apenas uma parte dos técnicos recebe o piso definido por Lei Estadual, sendo que não foram pagos seus retroativos a janeiro de 2018. A empresa se nega a pagar aos técnicos de planejamento esse piso.
No caso da Kempetro, os trabalhadores denunciaram o atraso no pagamento dos salários e ticket refeição, além do não pagamento das férias. A empresa tem dois contratos e engloba trabalhadores de nivel médio, superior e engenheiros. Os trabalhadores chegaram a fazer uma reunião também no dia 2.
Já na Ideal, cujo contrato é de profissionais de nível médio, está ocorrendo atrasos constantes do pagamento.
O Sindipetro-NF já cobrou localmente e irá cobrar uma posição da Petrobrás sobre a regularização da situação desses trabalhadores na próxima reunião da Comissão Nacional de Terceirização, prevista para dia 16.

OilTanking

Trabalhadores rejeitam ACT

Os trabalhadores da Oiltanking Logística e Serviços realizaram assembleia na sede do porto do Açu, ontem, 7 de maio, para avaliar a proposta de Acordo Coletivo apresentada pela empresa. A categoria rejeitou a proposta por unanimidade, porque o único benefício que teve reajuste foram os tickets alimentação/refeição que a OilTanking propõe aumentar mais R$20,00 por mês.
Agora o Sindipetro-NF encaminhará o resultado das assembleias para a empresa e solicitará a reabertura das negociações, para que possam ter avanços na proposta de Acordo.

PROPOSTA DE ACT 2019 DA EMPRESA

PISO R$ 1.193,36
CESTA DE NATAL R$ 250,00
TICKET ALIM. E REF. R$ 540,00 (aumento de R$ 20,00)
ENSINO FUNDAMENTAL R$ 190,00
PRESENTE DE CASAMENTO R$ 300,00
FRALDAS R$ 200,00
AUXILIO ACADEMIA R$ 120,00

Campanhas de Maio

FUP já enviou a pauta 2019

A Federação Única dos Petroleiros já encaminhou para os sindicatos petroleiros a proposta de pauta a ser negociada em 2019, com base nas propostas de cláusulas encaminhadas pelos trabalhadores da Baker GE, Schlumberger e Expro.
O Sindipetro-NF realizará as-sembleias com os trabalhadores dessas empresas para aprovação da proposta de pauta e em seguida dará início às negociações da Campanha Salarial desse ano.

Curtas

Educação cortada
Após o anúncio feito pelo Ministério da Educação do corte de 30% no orçamento deste ano das 60 universidades federais e dos 40 institutos federais (IFs), os estudantes começaram a ocupar as ruas e mostrar que não aceitarão calados esse ataque à educação brasileira.
O Ministério Público Federal iniciou a apuração dos impactos desses cortes e até o momento já foram abertos três inquéritos cívis.

Falcão Bauer
O Sindipetro-NF está tentando dar continuidade na negociação do Acordo Coletivo dos trabalhadores, que agora foi impactado com a demissão do gerente de Recursos Humanos da empresa.
O sindicato já esteve reunido com a Falcão Bauer no dia 26 de fevereiro para mais uma mesa de negociação, mas até o momento a empresa não apresentou avanços para os trabalhadores

1º de maio
As Centrais Sindicais realizaram em Macaé um ato para marcar o 1º de Maio, Dia do Trabalhador na cidade, contra a Reforma da Previdência. Os trabalhadores se concentraram às 9h no Posto BR da Praia Campista e depois seguiram em caminhada até a Praia dos Cavaleiros. Durante essa caminhada pela orla foram distribuídos boletins do Sindipetro-NF e outros materiais que esclareciam o porquê da classe trabalhadora se posicionar contra a Reforma da Previdência.

 

NORMANDO

“Com mulher, fique à vontade”

Normando Rodrigues*

“Quem quiser vir ao Brasil fazer sexo com mulher, fique à vontade”, disse o presidente. Há pelo menos dois temas implicados em mais essa monstruosidade. O primeiro, óbvio, tem a ver com moral. O segundo com soberania.
No plano moral trata-se de mais uma, dentre muitas, evidência da hipócrita pauta de costumes que caracterizou a opção política da sociedade brasileira pelo mais abjeto de seus representantes.

Hipocrisia retratada, por exemplo, em a classe média niteroiense se manifestar contra o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em 2011, e 7 anos depois, no mesmo exato local, fazer campanha de verde e amarelo para eleger cúmplices ou apoiadores dos assassinos.

Ética

Normal o caso niteroiense, conforme a moral vigente no Brasil da nova Ditadura, que prega certa retidão de comportamento, enquanto admite uma prática completamente oposta.

Fala-se em proteger a família, mas o próprio monstro eleito admite o estupro – salvo quando a mulher em questão seja “feia a ponto de não merecer”. Não surpreende que os casos de feminicídios e estupros tenham disparado no Brasil. O exemplo vem de cima.

Que essa moral torta não se enquadre em nenhum sentido ético, é irrelevante. “Ética” é disciplina da filosofia. E filosofia passou a ser matéria tão demonizada quanto Lula e o PT.

Soberania

Mas qual a relação entre a oferta das mulheres brasileiras, aos gringos, e a soberania?

O modelo feminino idealizado pelo monstro é o da mulher duplamente coisificada, na antiga e hipócrita partição pequeno-burguesa entre “mulher-de-casa” e “mulher-de-rua”. No 1° grupo o estereótipo bolsonarista é o da mulher burra e submissa, bem exemificado por, digamos, Damares. No 2° enquadra-se a prostituição, grotescamente condenada na frente da família, e celebrada no dia a dia por pais e filhos.

Coisificada a mulher, particularmente a do 2° grupo, ela passa a ser um produto. Os mais velhos se lembrarão da expressão “mulata tipo exportação”. O que o monstro fez, em seu sistema de valores, não foi senão propagandear um recurso econômico nacional. Certamente na crença de que o turismo sexual é uma importante alternativa para “alavancar” a economia nacional. Nada que Paulo Guedes não fizesse.

Ofertar as mulheres do Brasil é, assim, parte da agenda. É como entregar as elétricas, o Banco do Brasil, Caixa, ECT, Vale, Embraer, Petrobrás, e o Pré-Sal.

Aliás, significativante, o Fundo Soberano, criado para controle dos recursos advindos do Pré-Sal, foi extinto terça, dia 30 Abril, e você nem ficou sabendo.

* Assessor jurídico do Sindipetro-nf e da FUP.
[email protected]