Nascente Setor Privado 172

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Editorial

Gestão MC Reaça

O Brasil de João Gilberto. O Brasil de MC Reaça. Dois músicos. Duas mortes. Dois projetos de país com duas reações muito distintas. Bolsonaro tinha uma vaga ideia de quem era o primeiro — “uma pessoa conhecida” — e enalteceu o segundo. Lula fez uma linda carta para lamentar a morte do primeiro e continua a não ter a menor ideia de quem foi o segundo. É preciso prestar atenção aos detalhes. Eles são muito reveladores.
Sobre João Gilberto, disse o atual presidente: “[Era] uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família”. Sobre o MC Reaça, havia dito também Bolsonaro: “Tales Volpi nos deixou no dia de ontem. Tinha o sonho de mudar o país e apostou em meu nome por meio de seu grande talento. Será lembrado pelo dom, pela humildade e por seu amor pelo Brasil. Que Deus o conforte juntamente com seus familiares e amigos”.
João Gilberto foi o gigante mundial que todos sabemos quem foi. Tales Volpi, o MC Reaça, se notabilizou por ter feito o jingle de campanha de Bolsonaro, paródias contra movimentos de esquerda e por ser acusado de agredir uma mulher grávida com quem mantinha uma relação extra-conjugal, de acordo com o comedido jornal O Globo (glo.bo/2S2N8tI).
Sobre o MC Reaça, o ex-presidente Lula nada disse. Sobre João Gilberto, da sua prisão política emitiu carta que se fosse aqui reproduzida tomaria todo o espaço deste editorial. Apenas um pequeno trecho: [o cantor representou] “um sonho de Brasil criativo, avançado, que conhece seu passado e constrói o futuro, interrompido nos anos 60 pela brutalidade com que nossa democracia e aspirações são atingidas de tempos em tempos. Mas na música as sementes da invenção de João Gilberto cresceram e se multiplicaram”.
Essa diferença é muito sintomática. Até mesmo para o dia a dia das lutas petroleiras. Porque na Petrobrás também vive-se essa mudança drástica. Um dia tivemos uma empresa a serviço de um sonho de país “criativo, avançado, que conhece seu passado e constrói o futuro”. Hoje, o que temos é uma gestão conduzida por MCs reaças.

Espaço aberto

Pô, levei a maior vaia!

Pô, Diário, ontem era para ser um dia feliz, um dia de glória. Mas, se eu não fosse tão macho, tinha chorado até ensopar a gravata.
Antes do jogo, quando eu apareci no telão, já veio a maior vaia. Eu pensei: será que é tudo torcedor do Peru? Mas não, eles estavam de camisa amarela. Os caras eram torcedores mesmo, Diário.
E o pior é que eram daqueles que pagam 600 reais por um ingresso. Era gente com camisa oficial da seleção, aquela que custa 400 paus. E 600 mais 400 dá uns mil e duzentos, pô. Até os coxinhas endinheirados estavam me vaiando…
Naquela hora eu pensei: “Pena que os nossos robôs do Twitter não podem ir no estádio…”
Sabe, Diário?, eu achava que o pessoal ia vaiar a Anitta, porque ela é da turma do “#EleNão”. Mas ninguém vaiou a garota. Também, foi de sutiã pro estádio. Aí não vale. Até eu aplaudo, pô.
Outra coisa chata foi que eu caí na comemoração do primeiro gol. Aí o Moro me segurou e disse: “Estou aqui para segurar o senhor, presidente.” Pô, se eu for depender do Moro para não cair, eu tô ferrado. O cara tá mais comprometido que salário de pobre. Até a Veja ficou contra ele. Fez vinte capas puxando o saco do cara e agora diz que está arrependida.
Essa Veja é uma traidora. Que nem o Villa, o Reinaldo Azevedo, o Lobão e a Xerazade.
Foi ruim ver um camisa 13 levantando a taça, mas o pior mesmo foi no fim do jogo. Na caminhada pelo campo levei uma tremenda vaia. O Paulo Guedes ficou com tanta raiva que deu meia volta e foi embora do Maracanã. Será que o Moro consegue o nome das pessoas que estavam lá pra investigar as contas deles, que nem está fazendo com o Glenn?
Bom, pelo menos me vinguei do Tite e peguei o lugar dele na foto da vitória. O Médici ia ficar orgulhoso de mim.

Capa

Tira a mão do meu direito!

Falcão Bauer está descumprindo cláusula 7 do Acordo Coletivo, que trata do Plano de Cargos e Salários e apresenta novas regras para pagar PLR.

Os trabalhadores da Falcão Bauer estão há dois anos sem ter avanços na sua carreira, porque a empresa está descumprindo o ACT. Em sua cláusula 7, o ACT determina que os Técnicos Químicos serão diferenciados em júnior, pleno e sênior e que uma vez por ano haverá avaliação dos cargos lenvando em consideração o tempo de empresa e o desempenho, só que isso não está ocorrendo. Para o Sindipetro-NF é imprescindível que a empresa cumpra com sua parte do que está definindo no Acordo.
Em relação ao Plano de Cargos, na negociação do novo Acordo a empresa propõe a retirada da proporção dos Técnicos, justificando que não há mais essa condição junto ao cliente.

Regras de PLR
Além desse descum-primento, representantes da Falcão Bauer apresentaram uma nova proposta que altera as atuais regras de pagamento da Participação nos Lucros e Resultados. O Acordo atual possui quatro critérios para concessão do pagamento, já a proposta recém apresentada, aumenta para cinco esse número, sendo que dois deles o Sindipetro-NF considera inviáveis.
Também em relação à PLR, a empresa acordou o pagamento de R$ 1.075,20 divididos em duas vezes, mas ainda não fez o pagamento da primeira parcela que deveria ter sido feita em dezembro de 2018 e os 50% restantes até o mês de dezembro de 2019. E diz que só pagará a PLR depois que for assinado o Acordo em negociação.

Banco de horas
Para o pessoal que trabalha offshore, a empresa quer implementar o Banco de Horas, utilizando o saldo de horas dos empregados que desembarcam antecipadamente das plataformas.
O Sindipetro-NF realizará setoriais nos aeroportos com os trabalhadores da Falcão, com a finalidade de esclarecer esses pontos propostos pelo novo RH da empresa e coloca todos os seus canais de comunicação a disposição da categoria para esclarecer suas dúvidas.

 

Campanhas

FUP e NF negociam Acordos de maio

Já tiveram início as mesas de negociação dos Acordos Coletivos dos trabalhadores da Expro e Grupo Schlumberger que inclui Smith, MiSwaco e Champion.
A primeira mesa da Expro aconteceu no dia 5 de julho e na contraproposta enviada pela empresa no dia 15 de julho, segunda avaliação da diretoria do Sindicato, são atendidos quase todas as reivindicações ddos trabalhadores, mais um reajuste de 4% que é a média dos índices de inflação.
O Grupo Schlumberger se reuniu com os representantes dos trabalhadores no dia 3 de julho, na sede da Federação no Rio. O sindicato aguarda a formalização da contraproposta da empresa para avaliar se as reivindicações foram atendidas no todo ou só uma parte. Ambas as contrapropostas serão apresentadas para a categoria fazer uma avaliação.
Os trabalhadores da Baker/GE avaliaram e aprovaram a proposta de pauta de reivindicações em assembleias realizadas nas bases de Macaé nos dias 26 e 27 de junho. A mesa que estava agendada para acontecer no dia 19, foi transferida para o dia 25 de julho por solicitação da empresa.
O Coordenador do Setor Privado, Eider Siqueira, reforça a importância da unidade já que são os trabalhadores do Setor Privado os primeiros a serem atingidos pela reforma trabalhista, já que as empresas tentam de todo jeito cortar os benefícios que já estavam garantidos. “Cabe à categoria estar unida e apoiar as ações do seu sindicato, não permitindo que cláusulas de retrocesso sejam aprovadas nos novos ACTs” – disse.

Tepor

NF promove debate sobre Porto

“O Porto de Macaé e a região Norte Fluminense” é o tema de uma palestra que será proferida pelo Professor Roberto Moraes no dia 23 de julho, às 18h30 no Teatro do Sindipetro-NF em Macaé.
Durante a palestra, Roberto Moraes vai falar sobre a instalação do Terminal Portuário de Macaé ( Tepor), quais impactos que a cidade pode sofrer e quais possibilidades de desenvolvimento, relacionando com a experiência do Porto do Açu, que está localizado também na região Norte Fluminense.
Roberto Moraes é engenheiro e professor titular do IFF (ex-CEFET, Campos/RJ). Pesquisador atuante nos temas: petróleo, porto, economia e Geopolítica da Energia. Criador do Blog que leva seu nome e é um espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre economia, política e desenvolvimento.
Segundo a organizadora, Coordenadora do departamento de Formação do Sindicato, Conceição de Maria, “desde 2015, Macaé discute a possibilidade da vinda do Porto para o município. Durante um dos Congressos da categoria petroleira, o professor disse que se tratava de mera especulação e interesses dos governantes, além disso, ambientalistas macaenses se manifestaram contra a instalação do Porto”. Por isso e por se tratar de uma demanda da sociedade o sindicato decidiu trazer o tema oara debate.
“Como sindicato temos que debater porque no momento do desmonte da Petrobras o Porto não seria uma ilusão?” – questiona Conceição de Maria. A palestra é aberta ao público.

Serviço:
Palestra “O Porto de Macaé e a região Norte Fluminense”
Com Prof. Roberto Moraes
data: 23 de julho
Horário: 18h30
Local: Teatro do Sindipetro-NF (R. Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257 – Centro – Macaé)
Entrada Franca.

MARCHA DAS MULHERES NEGRAS
Entidades dos movimentos das mulheres negras realizaram dia 14 de julho, na sede de Campos dos Goytacazes do Sindipetro-NF, atividade Pré-Marcha das Mulheres Negras — o evento nacional que acontece no dia 28 de julho e terá comitivas da região. As diretoras Conceição de Maria e Jancileide Morgado representaram o Sindipetro-NF.

A marcha, que acontece em Copacabana, no Rio, terá como tema “Mulheres negras resistem: em movimento por direitos, contra o racismo, o sexismo, e todas as formas de violência”.

Curtas

Privatizar, não!
O Sindipetro-NF promove no dia 24 de julho, às 18h30, no Teatro do Sindipetro-NF um debate com o tema “Privatizar faz mal ao Brasil”.
Essa mesa debate será uma oportunidade de troca de experiências pelos vários segmentos ameaçados – Petróleo, correios, bancos e elétrico – e apresentação de suas expectativas diante da ameaça de privatização, inclusive do medo do desemprego.
O debate é aberto a todos interessados em participar.

Seminário
Está confirmado que de 23 a 25 de agosto o Sindipetro-NF sediará o Seminário Nacional dos Trabalhadores do Setor Privado, que terá como tema “Reconstruir novas relações de trabalho em tempos de crise”.
Além de ser um momento de discussão sobre temas de interesse da categoria, os participantes do Seminário definirão suas estratégias de luta.

FPSO Interditado
Os Auditores Fiscais do Trabalho interditaram parcialmente no último dia 4 de julho alguns equipamentos do FPSO Campos dos Goytacazes, da Modec, que opera para Petrobrás em parceria com a Shell. Os principais motivos para a interdição foram o não cumprimento das NR´s e a demora na execução de manutenções apontadas como críticas em relatórios. A relação de todos as áreas interditadas está disponível no site do Sindipetro-NF em bit.ly/32i7yDG.

Podcast com economista
No Podcast da Rádio NF desta semana, o economista Cloviomar Cararine, do Dieese, explica como a Reforma Trabalhista tramitou com muita rapidez em um ambiente de golpe e causou grandes prejuízos para os trabalhadores. Ouça em bit.ly/32eMfmo.

Plantões do Jurídico
Informe-se no site do NF sobre as formas de atendimento do Departamento Jurídico da entidade. Entre os canais de acesso estão os plantões coletivos todas as terças, às 17h, em Macaé, e todas as quartas, às 14h, em Campos dos Goytacazes.

 

Jurídico

A Lei dos Terços

*Normando Rodrigues

Para os que votaram no fascismo, o escândalo revelado por The Intercept é, senão indiferente, meritório para Moro e Dallagnol. Os atuais 32% de aprovação de Bolsonaro refletem esse “terço da extrema direita”, o voto reacionário.
Já o “terço mediano”, do conservadorismo de classe média, percebe claramente o que ocorreu. Mas são capazes de aceitar qualquer absurdo de Moro, em nome do antipetismo e da prisão de Lula.
No entanto, é também nesse terço mediano que surge o descontentamento. No dia 17 de junho a indústria paulista falou pela voz de João Carlos Saad, da Band: “A Lava Jato destruiu a indústria nacional”.

Reeleição

No dia 20 de junho o Idiota-Mor desastradamente se lançou à reeleição, com seis meses de mandato, o que altera sua relação com Dória, Maia, e Moro.
Dória precisa manter seu eleitorado conservador (33% de votos medianos), e ainda cooptar parte do eleitorado reacionário (os 33% fascistas). Terá que se diferenciar radicalmente de Bolsonaro, e a defesa da indústria nacional, germinada na fala de Saad, lhe serve.
Já o presidente da Câmara quer a aprovação da Reforma da Previdência para poder tocar sua própria agenda de distanciamento quanto a Bolsonaro. Maia buscará conservadores, reacionários descontentes, e até setores da Esquerda, apresentando-se como o “democrata”.
Moro, por sua vez, saindo do cargo ou não, caminha para o ostracismo. A combinação da imatura pré-indicação ao STF, com as denúncias de The Intercept, serviu aos “militares” (Bolsonaro), para escantear “Carlos Lacerda” (Moro).

A volta por cima

Colar de nióbio? 39kgs de cocaína? Isolamento no G-20? O que importa é a economia!
A economia fez a chanceler Merkel defender no parlamento alemão, às vésperas da viagem para o Japão, o acordo UniãoEuropeia–Mercosul independentemente do desmatamento, agrotóxicos, ou violações a direitos humanos no Brasil.
E foi a economia fortaleceu Bolsonaro. Abriu as barreiras para mais de 90% das exportações industrializadas da Europa, restabelecendo a relação neocolonial de exportação de matérias primas, e importação de manufaturas, que tanto agrada às burguesias centrais (de lá) e periféricas (daqui).
Reflexo desse neocolonialismo, toda a modelagem jurídica da indústria do petróleo e gás será refeita, com a chancela do STF, para garantir que as atividades de maior valor agregado da cadeia produtiva (distribuição e refino), sejam entregues ao Capital Internacional.

E, para isso, é vital destruir a Petrobrás.

*Assessor Jurídico do Sindipetro-NF