Os trabalhadores da Cedae, companhia responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto em mais de 70 cidades do Rio de Janeiro, entram em greve por tempo indeterminado a partir de 0h desta terça, 7. Os sindicatos da categoria garantem que será mantido 30% do pessoal para atividades essenciais e não haverá corte no fornecimento. A empresa conta com aproximadamente seis mil funcionários.
“Não vamos fazer terrorismo com a população. Temos responsabilidade e vamos garantir o abastecimento de água. Mas também temos que mostrar que o que querem fazer com a Cedae é uma covardia. Estão querendo trocar a empresa por um empréstimo”, afirma o presidente do Staecnon, sindicato da categoria no Norte Fluminense, João Marcos Andrade da Silva.
Nesta semana, a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) deve votar um pacote de medidas que inclui a privatização da Cedae, uma das ações exigidas pelo governo federal para liberar um socorro financeiro ao estado do Rio.
“O que estão fazendo sequer é uma garantia, é entrega mesmo. Primeiro privatiza, independentemente do estado vir ou não a pagar o empréstimo”, protesta o sindicalista.
João Marcos destaca que a privatização da Cedae iria deixar a população vulnerável a tarifas mais caras e ao descompromisso das empresas privadas para com as áreas mais pobres. “A Cedae pratica o subsídio cruzado, mantendo o serviço em cidades menores por meio das receitas das cidades maiores. Uma empresa privada não faria isso, iria querer saber apenas das cidades que dão lucro”, denuncia.
Os trabalhadores da Cedae estão mobilizados há vários dias, assim como outros segmentos dos servidores do estado do Rio, contrários às mudanças que o governo do estado tenta aprovar na Alerj. Ontem, um grande protesto foi realizado na orla de Copacabana, na capital.
O Sindipetro-NF é solidário ao movimento dos trabalhadores contra a privatização da Cedae. A entidade, que também luta contra a privatização da Petrobrás, avalia que recursos naturais estratégicos e essenciais para a população não podem ficar nas mãos da iniciativa privada.
[João Marcos Andrade, presidente do Staecnon, denuncia privatização da Cedae e informa sobre greve da categoria – Foto: Staecnon]