O Sindipetro-NF marca hoje a passagem dos 17 anos da tragédia da P-36 com atividades de conscientização e de protesto por segurança nos locais de trabalho. Pela manhã, diretores do sindicato realizaram atos em todos os locais de embarque e desembarque de petroleiros na região, em Cabo Frio, Macaé e Campos dos Goytacazes.
E hoje à noite, às 19h30, a entidade realiza transmissão ao vivo pelo Facebook para interagir com a categoria e demais interessados sobre a situação da Petrobrás na área de segurança, além de também lembrar o caso P-36.
Um dos atos mais emocionantes foi o realizado no Heliporto do Farol de São Thomé, que contou com a presença de Marilena Souza, viúva de Josevaldo Souza — um dos 11 petroleiros mortos no acidente.
Em entrevista à Rádio NF, Marilena avaliou que o ato no Farol cumpriu o objetivo de despertar os trabalhadores para a segurança. “O salão estava lotado, eles deram atenção, o pessoal do aeroporto foi atencioso, fez silêncio e atrasou as chamadas dos voos”, disse.
Ela destacou que casos recentes de vazamentos e outros tipos de acidentes são sinalizadores de uma tragédia iminente, “apesar de tudo o que tem sido falado e trabalhado” em favor da segurança.
Outra atividade do NF, hoje, foi a veiculação de um vídeo que antecipa trechos de algumas das entrevistas para um documentário que o sindicato está produzindo ao longo de 2018 sobre a tragédia da P-36. Nele, o coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, afirma que o momento é muito crítico.
Perigo está de volta
Na época do caso P-36, o País “vivia uma série de privatizações, de destruições, de vazamento na Baía de Guanabara, de vazamento no rio Paranagua”. Ele adverte que “é muito do que a gente vive hoje também. A gente vai embarcar e é efetivo reduzido, é o cara que não está treinado tendo que assumir um posto de trabalho por que se não assumir a chefia manda cartinha assediando”.
O coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, que participa em Salvador do Forum Social Mundial, gravou vídeo para manifestar a importância desta data na luta pela segurança. “Há 17 anos, os petroleiros da Bacia de Campos transformaram dor em luta, com o objetivo de defender algo que nos é sagrado, que é o direito ao trabalho seguro. A morte dos 11 companheiros da P-36 não foi em vão. A partir de março de 2001 nós continuamos sempre fazendo a luta da segurança e da saúde como uma das nossas principais bandeiras”, disse.
Entre as conquistas que foram frutos da atuação sindical após a tragédia da P-36 foram lembrados os embarques para reuniões de Cipa, as Cipas por plataforma, as participações de representantes do sindicato em comissões de investigação de acidentes e o Direito de Recusa. O sindicato tem advertido, no entanto, que todos estes avanços, no entanto, assim como tantos direitos da classe trabalhadora, estão ameaçados pelo cenário político de retrocessos presente no País.