O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 32 anos de luta. A classe acredita que a sua semente já existia quando os primeiros indígenas se levantaram contra a mercantilização e apropriação pelos invasores portugueses do que era comum e coletivo: a terra, bem da natureza. Diante desse fato, o grupo se considera herdeiro e continuador das lutas pela democratização da terra e da sociedade.
O 1° Congresso do MST (1985), organizado a partir do 1° Encontro Nacional em Cascavel, no Paraná, em 1984, é um marco histórico do Movimento. Dele foi tirado como orientação a ocupação de terra como forma de luta, além de ter sido definido os princípios do MST: a luta pela terra, pela Reforma Agrária e pelo socialismo.
Ali, o MST deu uma nova característica à luta pela terra e saiu de lá convicto de que teria que partir para as ocupações. Assim, o lema “Terra para quem nela trabalha” e “Ocupação é a Única Solução” são construídos. Em maio do mesmo ano, em menos de três dias mobilizou mais de 2500 famílias em Santa Catarina, em 12 ocupações. Em outubro, o Rio Grande do Sul ocupou a Fazenda Anoni. Todos os estados começaram a fazer ocupações.
Atualmente, o Movimento Sem Terra está organizado em 24 estados nas cinco regiões do país. No total, são cerca de 350 mil famílias que conquistaram a terra por meio da luta e da organização dos trabalhadores rurais. Mesmo depois de assentadas, estas famílias permanecem organizadas no MST, pois a conquista da terra é apenas o primeiro passo para a realização da Reforma Agrária.,
Somente em 2015, o movimento teve mais de 60 novas ocupações de terra. Por outro lado, nos últimos 12 anos, com o processo de aumento de renda, a valorização do salário mínimo, e a geração de empregos ajudou o povo a buscar alternativas que não fossem a terra.
Mas, segundo o dirigente da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, em entrevista a agência Brasil, agora com a nova crise e a tendência é que o número de pessoas aumente por conta do desemprego, e que os trabalhadores comecem a retornar a luta pela terra porque estão vendo que as cidades não têm lugar para eles.
O MST tem como objetivo pautar a reforma agrária popular, que venha a distribuir terra, produzir alimentos saudáveis, combater a utilização de agrotóxicos, proteger o meio ambiente e desenvolver o interior deste país. A teoria é de que com desapropriação de terra, crédito, assistência técnica e assentamento de famílias o país pode produzir alimentos saudáveis, baratos e combater a alta de preços.
“Nosso grande papel é ajudar a combater a inflação dos alimentos. Para isso, o governo precisa desapropriar terra, dar crédito, assistência técnica e colocar o povo em cima da terra. Assim, vamos produzir alimentos saudáveis, baratos e combater a inflação. Ao mesmo tempo, vamos combater o agronegócio, que é uma mentira, uma falácia, que vive dos subsídios do governo, do dinheiro público, das exportações e da dependência do capital internacional. O agronegócio não gera emprego, não produz alimento e, ao mesmo tempo, destrói o meio ambiente”, explicou Alexandre.
Para o diretor de comunicação do Sindipetro-NF, Marcelo Nunes, essa aliança da classe camponesa com a operaria é fundamental. “Na nossa região temos muitas parcerias boas, dentre elas o MST. Normalmente apoiamos as ações promovidas por eles, e eles são uns dos primeiros a trabalhar em parceria nas nossas causas. Esperamos que continue assim por muito tempo”, afirmou Nunes.