O Sindipetro-NF está reforçando os contatos com as unidades petroleiras após o encerramento do prazo, nesta semana, para envio de relatos sobre as condições de alimentação e hotelaria a bordo das plataformas da região. Nesta manhã, a entidade foi representada pelos diretores Guilherme Cordeiro e Tezeu Bezerra em reunião com a categoria no Heliporto do Farol de São Thomé.
“Tivemos o caso emblemático, que foi o caso da P-53, que vários trabalhadores e trabalhadoras desembarcaram com intoxicação alimentar. Sugiro, para quem tenha a curiosidade, de olhar a foto da capa do último boletim do Sindipetro-NF, onde foi flagrada larva na rampa de alimentação”, lembrou Guilherme aos trabalhadores, referindo-se à edição 1339 do Nascente.
Nos retornos dos relatórios, a categoria confirmou o que as diversas denúncias, por diferentes canais do sindicato, já indicavam: é generalizada a precariedade da alimentação e da hotelaria na Bacia de Campos. A adesão foi muito expressiva, com retorno de formulários respondidos por 26 unidades.
Os relatos que constam dos formulários vão compor um dossiê, em fase de sistematização pelo Departamento de Saúde do sindicato, para ser protocolado junto à própria Petrobrás e a órgãos fiscalizadores, como a Anvisa, a Secretaria de Trabalho e emprego e o Ministério Público do Trabalho, entre outras que integram a Operação Ouro Negro.
De acordo com o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, uma das principais demandas da entidade é por fiscalização da Anvisa nos locais de armazenamento de alimentos em terra, onde o NF já flagrou condições insalubres (mostradas em matéria no site do sindicato, publicada no último dia 10).
Relatos dramáticos
Como era de se esperar, os formulários trouxeram relatos dramáticos sobre a realidade enfrentada pelos petroleiros e petroleiras.
Apenas como exemplo é possível citar trechos como “Constante falta de insumos. Falta de opções nas refeições, principalmente no lanche da noite”; “Falta de variedade e comida de péssima qualidade”; “Falta alimento no fim do horário das refeições”; “Quantidade insuficiente dos alimentos servidos, qualidade baixíssima das carnes bovinas servidas, quantidade insuficiente de água de coco e frutas servidas”; “Lugar sujo sem higiene”; “Alimentos mal preparados e/ou estragados, como hortifrutis passados. Falta de atendimento às opções previstas em contrato, como por exemplo frutas”; e “Quantidade de alimentos servida nas refeições não atende a demanda. Quem prefere ir almoçar ou jantar mais tarde próximo do horário de fechamento do refeitório na maioria das vezes fica sem nenhuma opção de proteína. Pontos de lanche mal abastecidos”.