Nota 1000 para a greve da Bacia de Campos

A categoria petroleira da Bacia de Campos mostrou, mais uma vez, o seu valor. A tentativa da empresa de banalizar e tratar com descaso a luta dos petroleiros do mar, serviu de combustível para o nível de mobilização que alcançamos e levou à paralisações de apoio e solidariedade em todo o país, incluindo os companheiros de Cabiunas  que entregaram a unidade para as gerências. 

A  afirmação arrogante de que equipes de contingência – o novo nome de nossos velhos conhecidos pelegos – eram capazes de operar as plataformas normalmente, foi uma farsa, montada para desvalorizar a categoria. Serviu também para distrair o interesse da mídia e da sociedade para o assunto. Esta farsa foi desmascarada com a notícia de que mais de sessenta porcento do gás da Bacia de Campos não está sendo produzido.

Entre as muitas análises que serão feitas sobre esta greve duas serão sempre lembradas: nossa gigantesca capacidade de luta e forte espírito de união. Foram muitas tentativas de desmobilizar. Mudaram a estratégia várias vezes, na tentativa de defender a proposta, realizando um simulacro de videoconferências em que só os gestores podiam falar. Vencemos essa disputa ideológica usando apenas  a webradio  e os argumentos da direção do sindicato durante algumas horas.

Também vai ficar na memória a incoerência entre o discurso e as ações da Petrobras nesse epsódio. A política de segurança não resistiu aos primeiros minutos da greve, com os gerentes rasgando o manual de segurança a cada dificuldade para operar as plataformas. O corte de informações do sindicato, a montagem de equipes sem negociar, a operação insegura das plataformas, o corte dos crachás de sindicalistas e trabalhadores em greve, o cárcere privado, as mentiras para a sociedade e tantos outros desmandos revelaram o medo e o desespero com a greve.

O sindicato e os trabalhadores mantiveram sua organização e seguiram os passos previamente estabelecidos. A greve, que surpreendeu a população, foi nossa resposta para tamanho desrespeito com a hitória de luta da categoria petroleira. O pedido de desembarque coletivo, algo jamais imaginado do outro lado, retirou das plataformas e incentivou o não embarque de quase 1000 companheiros. Esvaziadas as plataformas, o sindicato passou a falar diretamente com os trabalhadores nas suas sedes em Campos e Macaé.

 

O saldo que acumulamos nestes cinco dias será usado para continuar a luta com a construção de um novo calendário e a certeza de que nunca mais duvidarão da nossa capacidade de mobilização. A categoria mostrou de forma incisiva  que não tolera o descaso e seguirá em frente.