Seminário de greve: “Novo Plano de Negócios da Petrobrás será um desastre para todos”, analisa Rangel

Aconteceu na noite de ontem, 20, em Macaé a abertura do Seminário de Greve dos trabalhadores da Petrobrás. O Coordenador da FUP, José Maria Rangel, e o coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, analisaram o cenário atual da Petrobrás e alertaram sobre os riscos do avanço do neoliberalismo, com base no Plano de Negócios (PNG) 2017/2021 apresentado na tarde de ontem para o movimento sindical. Os dois são ex-conselheiros de administração da Petrobrás.

Na avaliação de Deyvid, tudo que a categoria debatia até 2015 sobre investimentos e desinvestimentos foi acelerado após a posse de Pedro Parente na Companhia. “Vários ativos estão sendo vendidos no valor abaixo do que foi avaliado. Isso faz parte do pacote de maldades contra a empresa que começa a avançar. Se a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) for consolidada teremos 1 bilhão de dólares em ativos vendidos, faltando só 5 bilhões para atingir a meta definida pelo Plano de Negócios, que é de cerca de 14 bilhões de dólares” – afirmou. A NTS é responsável pela malha de gasodutos da região, que representam 2.500 quilômetros.

O sindicalista alerta que a venda de ativos representa menos investimentos no país, menor geração de empregos e renda para os brasileiros. Deyvid disse que um dos resultados desse processo será a redução de pessoal. “Já estamos vendo um sacrifício enorme por parte dos terceirizados e daqui a pouco será a força de trabalho própria” – colocou, o ex-conselheiro de administração que alertou que a Lei 5811 será colocada para debate no Congresso Nacional e isso representa o possível fim da quinta turma.

Com o novo Plano de Negócios a empresa aumentou a meta de venda de ativos para 40 bilhões de dólares até 2021 e definiu que a Petrobrás será uma empresa de exploração e produção de óleo e gás com foco no pré-sal. Cujo objetivo será de gerar rentabilidade aos acionistas.

Na visão de Deyvid e de Rangel isso destrói a imagem da empresa integrada de energia e é uma afronta à categoria petroleira, porque coloca em jogo os empregos, a Petrobrás e a soberania nacional. Bacelar cita como exemplo a BR Distribuidora que hoje atende um mercado que vai até o sertão brabo, e questiona qual a empresa que irá comprá-la e se esforçará para continuar atendendo essas localidades remotas.

O Coordenador da FUP, lembrou que foi a Petrobrás e seus empregados que descobriram o pré-sal. ” A Shell chegou a perfurar no campo de Libra, mas não achou óleo e devolveu para a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Aí a Petrobrás afundou a broca e descobriu o pré-sal durante o governo Lula. Essa é a diferença entre uma empresa privada e uma estatal. Essa última, corre riscos em benefício do desenvolvimento do país, a outra não” – comentou Rangel.

Ele disse que a mídia sempre associa o endividamento da Petrobrás à corrupção, e nunca à queda do barril de petróleo. Por outro lado, comenta que a mídia esquece que a empresa vinha financiando seus projetos até 2010 e que possibilitou avanços no desenvolvimento do país. “Os projetos eram ousados. Foi investido dinheiro na contratação de sondas, linhas flexíveis, gerados empregos… Num momento que a indústria do petróleo estava bombando. Temos que reconhecer nossas conquistas isso não foi prêmio!”

Para Rangel, o Plano de Negócios será um desastre para a Petrobrás e em consequência para a população que pagará o preço da venda dos ativos, ao pagar mais pelo gás de cozinha e dos combustíveis.

Também vê de forma negativa a saída de quase 20 mil trabalhadores nos últimos três anos, que incluem cerca de seis mil operadores, quase dois mil técnicos de segurança e três mil trabalhadores da manutenção. “Teremos um grande impacto na segurança das atividades, e é nesse cenário que a categoria petroleira terá que atuar” – concluiu Rangel.