O feirão da Petrobras segue com mais agravantes apesar de todos os seus recordes

Roberto Moraes*

O caso agora que mais chama a atenção é a venda de 51% das ações da BR-Distribuidora. Ou seja, o seu controle. A atual diretoria da Petrobras colocou a empresa literalmente no feirão da esquina. Está oferecendo a companhia para 60 grupos que chama de “potenciais interessados ou investidores”.

Além de varejistas como Carrefour, Lojas Americanas, mas na verdade o interesse é entregar também para fundos financeiros internacionais. Nesta lista estão Brookfield, Blackstone, GP Investments, Advent International e Carlyle Group.

Assim, mais que atender aos oligopólios conhecidos do setor petrolífero privado, o esquartejamento da estatal vai sendo entregue a fortes fundos financeiros. Desta forma ele verticalizarão seus interesses na companhia. Assunto que tratamos em artigo aqui, no último dia 10 de outubro, com o título: “A fase de colapso do ciclo do petróleo contribui para a ampliação da financeirização sobre o setor”.

Porém, o mais esdrúxulo e escancarado entreguismo vem nas ações que estão sendo tomadas nesta fase anterior à entrega.

A diretoria resolveu no novo Plano de Negócios (2017-2012) resolveu ampliar em 22,4% (R$ 2,5 bilhões) os investimentos na BR Distribuidora, dizendo que pretende ampliar a sua fatia no mercado em 1,9% (de 34,9% para 36,8%) e também aumentar a rede de postos de atendimento para 9,5 mil estabelecimentos.

E tudo isto, mesmo prevendo que o aumento do mercado de combustíveis será de apenas 1,3%, até 2021, quando o mercado nacional já chegou a aumentar por ano 8%, como aconteceu em 2010, em relação a 2009.

Estranho – ou não – é você decidir colocar tanto dinheiro, num momento de entregar o controle da empresa (vendendo 51% das ações) até o meado do ano que vem.

Ou seja, o governo Temerário e golpista continua ultrapassando todos os limites do entreguismo. Ou seja, investindo para entregar. É fato que o discurso da turma do mercado com o apoio da mídia comercial – que é remunerada para isto – se dirá que estão sendo tomadas medidas para “vender” melhor. Me desculpem, mas isto é conversa fiada.

Em qualquer lugar do mundo, um caso deste seria motivo de prisão. Vou voltar a repetir o que já comentei aqui neste espaço. Opera-se hoje na empresa com um conjunto de decisões que são bem mais prejudiciais à empresa e ao povo brasileiro do que aquelas feita pelos bandidos como Paulo Roberto Costa, Cerveró, Barusco e cia. ltda. Continuam assaltando a joia da coroa!

* professor e engenheiro do IFF (ex-CEFET) em Campos dos Goytacazes,RJ. Pesquisador do PPFH-UERJ. Publicado originalmente em www.robertomoraes.com.br.