O que está em jogo nas eleições para a Petrobras?

Rodrigo Leão*

O atual embate eleitoral coloca frente a frente dois modelos muito distintos de gestão da Petrobras e, consequentemente, do seu papel para a economia brasileira. De um lado, o atual governo coloca a Petrobras como um gerador máximo de recursos para seus acionistas (públicos e privados), mas como um ator secundário da indústria energética. Do outro lado, o PT promete resgatar o papel central da Petrobras na indústria de energia e retomar seus efeitos encadeadores para toda a economia, não apenas para a geração de recursos financeiros para os acionistas.

Nesse sentido, a tendência é que o atual governo mantenha a Petrobras focada na produção do pré-sal, o que permite uma maior geração de lucro no curto prazo, mas compromete a sua atuação futura em outros segmentos e reduz os impactos positivos da empresa para os outros setores da economia. Já o governo Lula deve ampliar a participação da Petrobras nos outros elos da cadeia do petróleo, como refino e distribuição, e investir em segmentos de energia limpa. Isso poderia preparar a empresa para o futuro e, ao mesmo tempo, envolver um conjunto maior de indústrias nacionais no seu processo de expansão.

Cabe ressaltar que essa estratégia do governo Bolsonaro só foi possível de ser realizada em razão da estratégia anterior adotada pelos governos do PT. Os lucros atuais da Petrobras são resultados da expansão da produção do pré-sal e da venda de ativos desenvolvidos nos governos do PT. Tais lucros, em vez de serem revertidos em investimentos, foram direcionados ao pagamento de dividendos para os acionistas privados. Durante o governo Bolsonaro, a média de investimento foi três vezes menor (R$ 9,2 bilhões) do que nos governos do PT (R$ 28,0 bilhões).

O que está em jogo, portanto, é uma estratégia de maximizar o lucro no curto prazo para poucos e comprometer o futuro da companhia ou retomar uma visão de longo prazo em que a Petrobras possa compartilhar seu desenvolvimento com mais atores.

Qual escolha você faria?

 

*Rodrigo Leão é mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).