Os Auditores Fiscais do Trabalho interditaram parcialmente no dia 4 de julho alguns equipamentos do FPSO Campos dos Goytacazes da Modec , que opera para Petrobras em parceria com a Shell. Os principais motivos para a interdição foram o não cumprimento das NR´s e a demora na execução de manutenções apontadas como críticas em relatórios.
Motivos da Interdição
Questões Elétricas
EPI´s – Houve falta de controle dos equipamentos de proteção individual, o que levou ao vencimento dos mesmos, e também foi identificado que os EPI’s de proteção a alta tensão NR-10 eram compartilhados entre os trabalhadores. Isso não é permitido, devido ao risco de transmissão de infecções.
Itens considerados críticos em inspeções e termografias – Os fiscais observaram painéis elétricos com falta de aterramento e com termografias consideradas críticas, porque estavam há meses sem manutenção.
A falta de aterramento pode permitir que descargas elétricas desses sistemas atinjam as pessoas e as termografias indicam os circuitos que estão em possível sobrecarga e superaquecidos. podendo vir a provocar curto circuitos que podem gerar incêndios
Emissão de Permissões para o Trabalho – Foram encontradas itens proibidos pela NR-34 e todos os serviços foram interditados. Ficaram liberados apenas serviços emergenciais que atinjam diretamente a habitabilidade e a segurança das pessoas a bordo.
O problema mais grave encontrado foi um documento com indícios de adulteração, porque foi apresentado aos auditores por meio digital de uma forma diferente da que estava impressa.
Essa é a segunda vez que a Modec é notificada em relação ao procedimento de emissão de PT´s, a primeira foi durante auditoria realizada no FPSO Fluminense.
Empresas preferem decumprir normas
O diretor do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, alerta que as vidas humanas são consideradas baratas para as empresas. ” A indenização por uma vida hoje é limitada em 50 vezes o salário, esse custo é mais barato para os empresários do que a paralisação de uma unidade ou de serviços”.
Um exemplo claro disso foi o que ocorreu em Mariana e em Brumadinho, onde centenas de pessoas morreram. “As empresas somente enxergam cifrões, não pensam que a auditoria previne acidentes, por fazer uma análise crítica dos processos e paralisar as atividades que estejam descumprindo as normas ou representando riscos às pessoas. Agora imagine essa impunidade, somada ao fato dos Auditores Fiscais do Trabalho perderem a capacidade de interditar as empresas como quer o governo Bolsonaro?” – questiona o diretor sindical.