Os efeitos da Lava Jato e dos desinvestimentos da Petrobrás em Macaé

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Macaé, que fica na região do Norte Fluminense, até poucos anos atrás era conhecida como a “Capital do Petróleo”. Era um município próspero, com arrecadação e empregos em abundância em função do petróleo da Bacia de Campos. A cidade, que se expandiu em poucas décadas, vive hoje uma situação discrepante, de empobrecimento.

“Os efeitos da derrocada da região começaram com a Operação Lava Jato, continuaram com a queda da cotação do petróleo e foram ampliados pelo programa de desinvestimentos da Petrobrás. Nunca a estatal se desfez de tantas áreas de produção como em 2019 e 2020”, afirma o professor do Instituto de Economia da UFRJ Iderley Colombini.


Foram vendidos integralmente seis campos e, parcialmente, outros dois. Em 2020, com a pandemia, o pesquisador contabiliza a interrupção da produção em oito plataformas. Resultado: no acumulado de janeiro a setembro do ano passado, a queda da produção de barris de óleo pela Petrobrás foi de 17%, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A Petrobrás, que sempre foi a grande propulsora do desenvolvimento e da economia na região, além de vender e hibernar campos petrolíferos fechou, em Macaé, três prédios inteiros, alguns andares de outros edifícios e quatro armazéns. E desativou, em Campos dos Goytacazes, dois postos avançados. Iniciou-se uma onda de demissões na região, sem precedentes. Em 2020, pela primeira vez, a produção da Bacia de Campos caiu abaixo da marca de 1 milhão de barris por dia.

Diante do grave cenário, nas eleições do ano passado, o Sindipetro-NF procurou os candidatos a prefeito de Macaé para que aderissem à campanha “Petrobrás Fica no Norte Fluminense”. A maioria deles assinou uma carta de compromisso com essa importante ação e o candidato eleito, e atual prefeito, Welberth Rezende, foi um dos que apoiaram a causa. Na semana passada, o prefeito teve um encontrou com o presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, e pediu investimentos no novo porto, na construção de termelétricas e na ampliação do aeroporto de Macaé.

Mas será que uma empresa que está se desfazendo de todos seus ativos na região teria interesse em investir em novos empreendimentos que não se enquadram no conceito de “classe mundial”? Seria muito mais coerente com seu compromisso e mais eficaz buscar o apoio de Silva e Luna para que a empresa não se desfaça dos campos produtores da Bacia de Campos, como os gigantes dos Polos Albacora (Albacora e Albacora Leste) e Marlim (Marlim, Marlim Sul e Marlim Leste), esses dentro dos critérios da gestão da companhia, ou seja, são campos que estão em águas profundas e ultraprofundas, no pós-sal e com reservatórios no pré-sal. Seria uma forma de tentar conter as privatizações e garantir o pouco que ainda resta pelo bem de Macaé e do Norte Fluminense.

Fonte : https://rosangelabuzanelli.com.br/os-efeitos-da-lava-jato-e-dos-desinvestimentos-da-petrobras-em-macae/