P-36: Insegurança continua 19 anos depois

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Neste domingo, 15, a categoria lembrou a passagem de 19 anos da tragédia da P-36, quando 11 petroleiros foram mortos em decorrência da explosão de um tanque numa das colunas da plataforma. A unidade afundou dias após, levando para o fundo do mar os corpos de dez das vítimas. Para marcar a data, o Sindipetro-NF realiza nesta manhã um ato no Heliporto do Farol de São Thomé, com presença de familiares de alguns dos trabalhadores mortos.  

Como faz todos os anos, além de homenagear os heróis da P-36, o sindicato utiliza a lembrança da tragédia para chamar a atenção para a continuidade de condições inseguras de trabalho, especialmente nas áre- as operacionais. O quadro é agravado pela política atual da Petrobrás — de desmonte, venda de ativos e corte de investimentos.  

O acidente  

Na madrugada de 15 de março de 2001, às 0h22, teve início o acidente com a P-36, localizada no campo de Roncador. A maioria das 11 vítimas fatais fazia parte da brigada de incêndio que desceu à coluna de popa boreste para verificar o ocorri- do. Os outros 175 trabalhadores foram retirados com vida da plataforma.  

No dia seguinte, a P-36 começou a mostrar sinais de inclinação e deu indícios que iria afundar. Foram dias de angústia para os parentes, colegas de trabalho e para o país. No dia 21 de março, às 10h45 a plataforma começa a afundar, levando os corpos dos trabalhadores mortos. 

Levantamento 2018 e 2019

Levantamento feito pelo Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, com as CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) recebidas pela entidade, mostra que houve aumento de 3% no número de acidentes de trabalho nas bases de terra e plataformas do Norte Fluminense. Os casos passaram de 532 em 2018 para 544 em 2019. Um dado revelador, em 2019, é o de que não é grande a diferença de incidência de acidentes por faixa salarial, mostrando que todos são vítimas potenciais, mesmo os que recebem salários mais altos. Os percentuais dos acidentes são de 4% entre os que têm remuneração menor que R$ 1 mil; 18% entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil; 24% entre R$ 1,5 mil e R$ 2,1 mil; 12% entre R$ 2,1 mil e R$ 3 mil; 12% entre R$ 3 mil e R$ 5 mil; 25% entre R$ 5 mil e R$ 6 mil; e 5% acima de R$ 6 mil.  

Entre os acidentes com afas- tamento, a relação entre incidência e remuneração é de 3% entre os que têm remuneração menor que R$ 1 mil; 7% entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil; 30% entre R$ 1,5 e R$ 2,1 mil; 6% entre R$ 2,1 mil e R$ 3 mil; 14% entre 3 mil e R$ 5 mil; 36% entre R$ 5 mil e R$ 6 mil; e 4% acima de R$ 6 mil.  

Na relação entre próprios e terceiros, diferentemente do que tem divulgado a gestão da Petrobrás (que afirma ser de 33% próprios e 67% terceiros), as CATs entregues ao sindicato mostram que 20% dos acidentes totais acontecem com empregados próprios e 80% terceiros. Quando o recorte é feito apenas entre os acidentes com afasta- mento, a proporção é de 23% entre os próprios e 77% entre terceiros.  

Nas  áreas  operacionais, em  atividades de produção e transferência de petróleo, manutenção, caldeiraria, soldagem montagem de andaimes, limpeza, pintura, hotelaria, mergulho e serviços de marinharia, as causas relatadas de acidentes são impacto sofrido por objeto, aprisionamentos em ou sob máquinas e equipamentos e queda com diferença de nível.  

As lesões mais frequentes são corte, laceração, ferida contusa, punctura (ferida aberta) fratura, amputação, contusão e esmagamento. Algumas funções possuem especificidade de lesões, como acontece com soldadores, caldeireiros e trabalhadores da hotelaria, que são vítimas mais usuais de queimaduras (70% dos casos). Caldeireiros e soldadores também são os que mais sofrem lesões no olhos.  

Dos motoristas acidentados, apenas uma das lesões foi causada por acidente de trânsito. As causas são mais relacionadas a movimentação de cargas, atingindo os membros das vítimas.  

Os mergulhadores tiveram como agentes causadores de acidentes a intoxicação, devido à aspiração, contato com  substâncias e gases tóxicos e DTA (Doença Transmissível por alimento). 

Administrativo

Embora sejam em menor número e em menor gravidade, os acidentes nas áreas administrativas também são frequentes. Em 2018, foram 39. Em 2019, foram 35. Os casos mais comuns são de quedas e impactos com objetos de mobiliário.

“Chama a atenção a expressiva quantidade de acidentes de trajeto, que agora não são mais considerados acidentes de trabalho pela nova legislação”, observa o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira.

As lesões que mais acontecem nas áreas administrativas são contusão, espagamento (superfície cutânea intacta), escoriação, abrasão (ferimento superficial), distensão e torção. O levantamento foi feito por buscas considerando funções mais típicas do administrativo, como administradores, advogados, analistas, auxiliares de escritório, engenheiros, geólogos e geofísicos.

Presente!

Adilson Almeida de Oliveira

Charles Roberto Oscar

Emanoel Portela Lima

Ernesto de Azevedo Couto

Geraldo Magela Gonçalves

Josevaldo Dias de Souza

Laerson Antônio dos Santos

Luciano Cardoso Souza

Mário Sérgio Matheus

Sérgio dos Santos Souza

Sérgio dos Santos Barbosa.

 

[Foto: Eduardo Hipólito / Imprensa do NF]