Paralisações aquecem categoria!

Assim como nas mobilizações de primeiro de julho, os trabalhadores do Sistema Petrobrás deixaram claro nas paralisações dos dias 17 e 18 a disposição de luta da categoria. Assim como os companheiros da Bacia de Campos, os trabalhadores das refinarias e demais unidades da empresa enfrentaram a repressão e os métodos arbitrários das gerências para tentar sufocar o movimento. Se gerentes da Petrobrás pensaram que com autoritarismo  e truculência iriam afugentar a categoria, erraram feio. Os petroleiros estão ainda mais dispostos a intensificar a luta para garantir o que lhes é de direito: uma proposta de PLR que rompa com a lógica de negociação dos anos anteriores e o reconhecimento do dia de desembarque como dia trabalhado nas plataformas.

Os trabalhadores seguem agora com as assembléias para aprovar os indicativos da FUP de rejeição da proposta de PLR e aprovação de uma greve nacional unificada com as bases dos cinco sindicatos dissidentes. A Federação enviou documento às direções dos Sindipetros Litoral Paulista, São José dos Campos, Pará, RJ e Sergipe/Alagoas convidando os dirigentes a participarem do Conselho Consultivo ampliado, que será realizado no dia 25 para discutir a organização de uma greve nacional unificada para pressionar a Petrobrás a avançar no atendimento das reivindicações da categoria. O Conselho Consultivo realizado no último dia 15 estabeleceu prazo até o dia 24 para que a empresa apresente uma nova proposta de PLR. Veja no verso do boletim como foram as paralisações dos petroleiros em todo o país.

Quinta-feira, 24, é dia nacional de luta em defesa da vida

Em menos de sete meses, onze trabalhadores perderam a vida em acidentes nas unidades da Petrobrás. Diariamente, os petroleiros são vítimas de lesões, mutilações e doenças ocupacionais, em conseqüência de um ambiente de trabalho inseguro. Muitas destas ocorrências são subnotificadas, principalmente quando envolve afastamento. 
Por isso, precisamos estar constantemente mobilizados para alterarmos a política de SMS imposta pela Petrobrás, cujas diretrizes, além de distantes da realidade dos trabalhadores, não atendem as necessidades da categoria. Nesta quinta-feira, 24, faremos um dia nacional de luta, exigindo um basta aos acidentes e à insegurança no Sistema Petrobrás e cobrando uma nova política de SMS focada na prevenção. 
O ato do dia 24 antecipa o calendário de luta dos trabalhadores, já que 27 de julho, Dia Nacional de Prevenção ao Acidente de Trabalho, cai no domingo.

Petroleiros mostram a sua força de norte a sul do país

Paralisação com corte de produção – Plataformas da Bacia de Campos (33 das 42 unidades da região mantiveram a greve durante os cinco dias), plataformas marítimas e áreas terrestres de produção de petróleo do Rio Grande do Norte e Pólo de Guamaré (RN).
Corte de rendição dos turnos –  Refinaria de Manaus (REMAN/BA), Refinaria Gabriel Passos (REGAP/MG), Terminal de Cabiúnas (Macaé), Refinaria de Paulínia (REPLAN/SP), Terminal de Barueri (SP), Terminal de São Caetano do Sul (SP), Fábrica de Fertilizantes da Bahia (FAFEN/BA), Refinaria de Capuava (RECAP/SP) e campos e unidades de produção de petróleo da Bahia.
Atrasos na troca de turno, operações padrões e não emissão de PTs –  Refinaria Duque de Caxias (REDUC/RJ), Terminal de Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ), Terminal de São Mateus (ES), Refinaria de Araucária (REPAR/PR), Superintendência do Xisto (SIX/PR), Terminal de Itajaí (SC), Terminal de Distribuição de Biguaçu (SC), Terminal de Guaramirin (SC), Terminal Aquaviário de Paranaguá (PR),  Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor/CE), Refinaria Landulfo Alves (RLAM/BA), Terminal de Madre de Deus (BA), Refinaria Vale da Paraíba (Revap/SP), Terminal de Cabedelo (PB), Terminal do Gasoduto de Paratibe (PE), Terminal Aquaviário de Suape (PE), Terminal de Gurarema (SP) e Refinaria Alberto Pasqualine (REFAP/RS).
Administrativo – Nas unidades administrativas da Petrobrás, os trabalhadores também aderiram à mobilização, com atos e atrasos em São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte e Vitória. Na Replan e no Ediba, os petroleiros do administrativo não entraram para trabalhar na sexta-feira, 18.

Equipes de contingência revelam total irresponsabilidade da Petrobrás com a segurança

Na Bacia de Campos e na Refinaria de Manaus (REMAN/AM), as equipes de contingência que a Petrobrás utilizou para manter a produção colocaram em risco não só a segurança operacional das unidades, como a vida dos trabalhadores e o meio ambiente, em função dos riscos diários de acidentes e vazamentos de petróleo e derivados. Tanto nas 33 plataformas da Bacia de Campos que fizeram a greve, como na Reman, as equipes de contingência da Petrobrás foram compostas por gerentes, coordenadores e supervisores, que não tiveram condições de cumprir procedimentos obrigatórios de segurança, além de operarem com um efetivo reduzidíssimo, aumentando ainda mais o risco de acidentes. 
Na Reman, a Unidade de Craqueamento Catalítico (UFCC), que já estava apresentando problemas há alguns dias, foi parada de forma totalmente arriscada pela equipe de contingência que operou a refinaria. Além de não cumprir as normas técnicas e de segurança necessárias durante a parada de uma unidade, essa equipe não  realizou os procedimentos necessários para manter a UFCC devidamente aquecida e pressurizada, de forma a não oferecer riscos maiores durante a retomada da produção. O Sindipetro Amazonas e a FUP notificaram a Petrobrás, responsabilizando a empresa  por qualquer dano ou acidente que ocorrer em função das manobras  arriscadas feitas pela equipe de contingência da Reman.

Interditos proibitórios, cárcere privado, corte de comunicação, intimidação, repressão…

Em total desrespeito ao direito constitucional de livre manifestação dos trabalhadores, a Petrobrás mostrou mais uma vez a face autoritária e repressora de seus gestores. Contrariando o respeito à organização sindical,à negociação permanente e à interlocução com a FUP e seus sindicatos, gerentes e altos executivos da Petrobrás mostraram total despreparo para tratar um movimento reivindicatório legíltimo, como o dos companheiros da Bacia de Campos. Agiram com intimidação, truculência e desrespeito a direitos básicos ao cortar a comunicação dos trabalhadores das plataformas com a terra e mante-los em cárcere privado. 
Os interditos proibitórios, que a Petrobrás já havia utilizado em Sergipe e repetiu agora no Norte Fluminense e na Bahia, indignaram a categoria petroleira, fazendo-nos reviver os tempos de FHC, quando os sindicatos sofreram multas diárias e intervenções. 
O autoritarismo e a intransigência da empresa levou as gerências a se recusarem a negociar com os sindicatos o controle da produção nas plataformas  e nas refinarias que cortaram a rendição. A Petrobrás foi denunciada por prática de cárcere privado na Bacia de Campos e na Reman, onde o MPT e a DRT obrigaram a empresa a liberar os petroleiros que estavam retidos na refinaria. 
A FUP e seus sindicatos repudiam essas ações repressoras e exigem respeito aos direitos dos trabalhadores e à organização sindical.

Edição 852 – Boletim da FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS Filiada à CUT www.fup.org.br 
Av.Rio Branco, 133/21º andar, Centro, Rio de Janeiro – (21) 3852-5002 
[email protected] Redação e Diagramação: Alessandra Murteira – MTB 16763 Projeto gráfico: Cláudio Camillo MTB 20478 Estagiária de jornalismo: Bianca Rocha Diretoria responsável por esta edição: Alceu, Caetano, Chicão, Daniel, Divanilton, Hélio, José Maria, Leopoldino,  Machado, Moraes, Osvaldinho, Paulo César, Silva, Simão e Ubiraney.