Parar antes do sinal vermelho

O ano de 2010 começa com um acidente grave na P-35 por um motivo torpe. O caso se torna mais torpe ainda se ficar confirmado que é uma reincidência de uma lição não aprendida seis meses antes. No mesmo local um trabalhador quase caiu em condições semelhantes segundo informações obtidas pelo sindicato. Seis meses não foram suficientes para eliminar essa exposição dos trabalhadores ao risco. Durante esse período a produção daquela plataforma e da Bacia de Campos foi gigantesca, o lucro da Petrobras, apesar da crise, foi invejável. Infelizmente, não foi suficiente para priorizarem a segurança dessas pessoas que são os propulsores das realizações da Petrobras.

Trabalhadores(as) da Bacia de Campos começam 2010 preocupados com o sinal amarelo do acidente com lesão e a Petrobras parece esperar que o sinal se torne vermelho. A mudança dessa postura da empresa só vai acontecer quando a segurança se tornar prioridade nas nossas lutas do dia-a-dia. Quando os próprios trabalhadores tomarem para si essa bandeira e junto com o sindicato gritarem bem alto para a Petrobras: “Não queremos mais mortes! Não admitimos mais acidentes!”
Nos documentos da Petrobras está escrito “NA DÚVIDA, PARE”. A principal dúvida que marca o trabalhador na Bacia de Campos é: “Será que termino minha jornada ileso?”. O sindicato quer que o trabalhador considere essa dúvida e PARE. Uma parada para refletir se está priorizando a segurança e se está denunciando as condições inseguras e os acidentes ao sindicato.

Despertar a categoria petroleira para a necessidade de incluir os temas de saúde e segurança nas lutas do dia-a-dia tem sido tarefa do sindicato. Insistentemente, denunciamos as condições inseguras ao MTE, participamos das discussões do anexo da NR-30, das análises de acidentes, denunciamos a Petrobras na mídia, conversamos sobre segurança com os trabalhadores nas setoriais, divulgamos as deficiências e cobramos soluções em campanhas, incluímos temas de segurança e saúde nas mobilizações da categoria, realizamos palestras e seminários.  Tudo isso é pouco e se torna pobre se não contar com um elemento indispensável: o trabalhador.

A luta sem lutadores é vazia. O sindicato não está no dia-a-dia do trabalho e só conta com os olhos e ouvidos do trabalhador para obter informações que possam servir de instrumentos para encaminhar a luta. No caso em questão, o acidente na P-35, o sindicato só tomou ciência de ocorrido pela Petrobras. No acidente em Enchova o mesmo ocorreu. Diversas plataformas ainda não enviaram revisões das pendências de segurança que tem sido repetidamente solicitada pelo sindicato.

As denuncias são instrumentos importantes para construir o sinal verde de um ambiente de trabalho decente e seguro. Sem eles o sindicato não poderá seguir adiante. Ficará como um carro enguiçado no sinal, sem o motor que o impulsiona.
A maior lição que precisa ser aprendida para 2010, que inicia com um enorme sinal amarelo, é de que é preciso parar antes que o sinal se torne vermelho.