A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou à Petrobras a evacuação completa da plataforma PCH-1 (Cherne 1), na Bacia de Campos, após constatar uma série de falhas críticas na resposta à explosão seguida de incêndio ocorrida na unidade na última segunda-feira (21). A decisão consta no Ofício nº 328/2025, assinado pela Superintendência de Segurança Operacional da ANP no mesmo dia do acidente.
Segundo o documento, a ANP realizou duas reuniões emergenciais com representantes da Petrobras no dia do ocorrido e identificou que a empresa não tinha informações básicas sobre a situação de segurança a bordo da plataforma. Às 16h15, ainda havia 117 trabalhadores a bordo — número muito superior ao limite de 46 pessoas previsto nos procedimentos internos da própria empresa para situações de emergência na PCH-1.
Além disso, a ANP apontou:
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Falta de um plano efetivo de evacuação para redução imediata do pessoal a bordo;
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Desconhecimento sobre a origem e localização do vazamento de gás que causou a explosão;
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Possibilidade de novos vazamentos, já que o local exato do rompimento ainda não foi identificado;
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Danos críticos à comunicação externa da plataforma, com queima de cabos elétricos e da fibra óptica;
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Ausência de comprovação da operabilidade de sistemas críticos de segurança, como detecção de fogo e gás, sistema de combate a incêndio e iluminação de emergência;
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Risco de novos acidentes graves, devido às degradações causadas pela explosão.
Diante desse cenário, a ANP notificou oficialmente a Petrobras para desembarcar todos os trabalhadores da unidade até as 15h do dia 22 de abril, além de atualizar o POB (Pessoas a Bordo) a cada 4 horas a partir das 18h do dia 21. A empresa também foi instruída a comunicar imediatamente qualquer novo ferido ou incidente.
A agência destacou que o não cumprimento da notificação sujeita a empresa às penalidades previstas em lei.
Sindipetro-NF vê confirmação de denúncias
Para o Sindipetro-NF, o conteúdo do ofício da ANP é a confirmação oficial do que a entidade sindical vem denunciando há anos: o sucateamento das plataformas da Bacia de Campos coloca em risco a vida dos trabalhadores.
O sindicato reforça que seguirá acompanhando o caso de perto, participando da Comissão de Investigação do Acidente e denunciando a negligência da empresa aos órgãos competentes — entre eles a própria ANP, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e a Marinha do Brasil.