PCH-1: Primeiros relatos de trabalhadores mostram a gravidade da explosão e rota de fuga interditada

As circunstâncias do acidente na plataforma PCH-1, na Bacia de Campos, na manhã desta segunda, 21, ainda serão apuradas em comissão que terá participação de representante do Sindipetro-NF. Os primeiros relatos recebidos pela entidade, no entanto, dão a dimensão da gravidade e da grande tensão a bordo.

As informações, obtidas de trabalhadores que não serão identificados pelo sindicato, apontam que o acidente ocorreu em um dos decks de produção localizado abaixo do casario (onde ficam os camarotes e locais de alimentação dos trabalhadores).

Um dos petroleiros que estava no local havia saído pouco antes para subir ao camarote e ouviu uma explosão forte, em torno das 7h20. Ele percebeu que o piso estava esquentando e o alarme começou a soar. 

Ao sair do camarote, viu que um dos lados do corredor estava tomado por fumaça e seguiu em rumo oposto. No entanto, encontrou em sentido contrário outros petroleiros que afirmaram que o fogo estava justamente para onde ele estava indo.

Eles conseguiram atravessar a fumaça e chegar ao ponto de encontro, onde permaneceram até o desembarque. Enquanto isso, a brigada de emergência combatia as chamas, em trabalho exaustivo que durou quatro horas até que o incêndio fosse completamente debelado, às 11h25.

Um outro trabalhador relatou que, durante a fuga, encontrou uma rota destinada a saída em casos de emergência que estava interditada, e teve que passar por outra rota, em meio às chamas. 

A situação dramática incluiu ainda o resgate de um trabalhador que, com a explosão, caiu no mar. Ele foi salvo pela embarcação Locar XXII, apresentando queimaduras, mas se manteve consciente.

Do deck onde os petroleiros aguardavam o desembarque era possível ver o deck atingido pela explosão com as instalações retorcidas, mas ninguém sabia ao certo o que havia acontecido. Alguns dos trabalhadores atingidos estavam justamente próximos de desembarcar.

Desde as primeiras informações, diretores e diretoras do Sindipetro-NF acompanham os desembarques e os atendimentos nos hospitais em Campos dos Goytacazes e em Macaé. Até a noite de ontem, 32 petroleiros haviam sido identificados como vítimas diretas da explosão (14 por queimaduras e os demais por inalação de fumaça).

A Petrobrás segue nesta terça-feira com o desembarque da unidade. O objetivo é que permaneçam a bordo apenas os petroleiros essenciais às operações de habitabilidade, segurança e alimentação. O POB (People on board, número de trabalhadores que atuam na plataforma) de PCH-1 é de 176 trabalhadores. A estimativa é a de que menos de 100 continuem na unidade.

PCH-1 é uma unidade que está em processo final de venda, pela Petrobrás, para a empresa britânica Perenco. Neste período de transição, atuam na plataforma trabalhadores das duas empresas. A previsão é a de que a transferência de propriedade seja concluída no final de 2025. 

A plataforma tem capacidade de produção de óleo e gás, mas há alguns anos a unidade vem operando apenas para escoar o gás produzido em plataformas do entorno.