PCH-1: Relatos de trabalhadores expõem gravidade do incêndio e reforçam denúncias do Sindipetro-NF sobre sucateamento

O Sindipetro-NF segue acompanhando de perto o grave incêndio ocorrido na manhã desta segunda-feira (21) na plataforma PCH-1 (Cherne 1), localizada na Bacia de Campos. Embora as causas oficiais ainda estejam sob investigação, relatos de trabalhadores presentes na unidade no momento do acidente já evidenciam a gravidade da situação e reforçam as denúncias feitas há anos pelo sindicato sobre o sucateamento das plataformas.

De acordo com os relatos colhidos pelo sindicato, o acidente teria começado com um grande vazamento de gás, provavelmente provocado pelo rompimento de um duto que alimentava a plataforma. Em seguida, uma fonte de ignição ainda não identificada causou uma explosão, iniciando o incêndio.

Trabalhadores relataram momentos de pânico e desespero, com o fogo se alastrando rapidamente e atingindo áreas de convivência como camarotes, salas de espera e a área de desembarque. Segundo eles, a tragédia só não foi maior porque os sistemas automáticos de segurança atuaram com rapidez. A própria Petrobras informou que as válvulas de segurança foram acionadas em menos de 30 segundos após o vazamento, e os sistemas automáticos de combate ao incêndio funcionaram adequadamente.

A atuação da brigada de incêndio, composta por trabalhadores a bordo, foi considerada crucial para conter as chamas. “Sem a atuação desses petroleiros, as consequências poderiam ter sido ainda mais graves”, destacou a direção do sindicato.

Coordenador do Sindipetro-NF, Sergio Borges

Apesar da resposta rápida, os relatos também apontam problemas sérios decorrentes do sucateamento da unidade. Houve dificuldade de evacuação devido a rotas de fuga interditadas, além de falhas no resgate do trabalhador que caiu ao mar e no atendimento médico em terra firme. Esses pontos agravam a já conhecida denúncia do Sindipetro-NF sobre a falta de investimentos em manutenção e integridade das plataformas da Bacia de Campos.

O sindicato reforça que ainda não é possível afirmar com precisão o que aconteceu. “A diretoria do sindicato ainda não sabe exatamente o que ocorreu. Só teremos condições de afirmar algo concreto após a conclusão dos trabalhos da Comissão de Investigação. Até lá, o que temos são relatos dos trabalhadores que estavam lá e que já mostram que o risco vivido foi altíssimo”, afirmou o Coordenador do Sindipetro-NF,  Sergio Borges.

Estado de saúde dos feridos

A Petrobras informou nesta quarta-feira (23), às 14 horas que, dos trabalhadores feridos no incêndio, três já receberam alta médica. Outros cinco seguem internados, todos em observação, com estado de saúde estável e sem risco até o momento. Apenas um dos feridos permanece na UTI. A empresa declarou que está prestando toda a assistência necessária e acompanha de perto a evolução de cada paciente.

Investigação e condições da unidade

Ainda nesta terça-feira, 22, a Comissão de Investigação do Acidente realizou o primeiro embarque na unidade. Segundo a Petrobras, a inspeção a bordo indicou que a integridade da estrutura da plataforma não foi afetada. As condições de segurança foram mantidas, com geração de energia, comunicação, além do funcionamento e integridade dos sistemas críticos de segurança, como detectores de fogo e gás, sistema de combate a incêndio e baleeiras, que já foram testados após o ocorrido.

Sindicato seguirá cobrando providências

O Sindipetro-NF reitera sua solidariedade aos trabalhadores feridos e a todos os que vivenciaram esse momento de tensão. Reforça também sua posição histórica de luta por melhores condições de trabalho e segurança nas plataformas.

“A Petrobras precisa entender que não dá mais para, com toda a tecnologia que existe hoje, continuarmos assistindo a tragédias como essa. Quem sofre com isso não são os acionistas, nem a alta administração. É o trabalhador da ponta: o operador, o técnico de manutenção, o homem do dia a dia”, ressaltou o coordenador do sindicato.

O Sindipetro-NF denunciará o ocorrido aos órgãos competentes, como a Marinha do Brasil, a ANP, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e demais entidades responsáveis pela fiscalização da saúde e segurança na indústria do petróleo.