Pesquisador afirma que militares do governo Bolsonaro não têm visão estratégica do petróleo

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Em exposição no final desta tarde no XVI Congresso dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense, o vice-diretor do Instituto de Economia da UFRJ, Eduardo Costa Pinto, que é doutor em economia também pela UFRJ e pesquisador, entre outros temas, do papel dos Exército no desenvolvimento brasileiro, avaliou a relação entre os militares que sustentam o governo Bolsonaro e a política de desmonte da Petrobrás, que contradiz posições históricas das próprias forças armadas sobre o setor petróleo no País.

A história da República no Brasil pode ser contada pela participação dos militares na política e na economia, tanto em momentos democráticos quanto autoritários. Forjados na cultura nacionalista, a corporação mantinha uma visão estratégica de bens naturais e da indústria, e influenciaram, nos anos 30, nos debates que envolviam o petróleo e a siderurgia.

Eduardo mostrou como os militares foram essenciais na própria criação da Petrobrás, em 1953, por meio da perspectiva de que o petróleo é um bem estratégico para a atuação militar, em forte relação com a noção de soberania, e o desenvolvimento industrial do País. Hoje, avalia, os militares no governo não têm mais essa visão.

“Esses militares [do governo Bolsonaro] são diferentes dos militares dos anos 50, 60, 70, que tinham um projeto de País e enxergavam no petróleo um bem estratégico, viam na capacidade da empresa uma alavanca para o desenvolvimento nacional. Esses militares do governo atual, assim como o atual presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, enxergam o petróleo como uma mercadoria qualquer”, afirma o pesquisador.

O expositor avalia ainda que os militares bolsonaristas “não se preocupam com a venda do [parque de] refino, acham que o mercado resolve, têm um alinhamento muito forte com os Estados Unidos, não enxergam o petróleo como estratégico e por isso muito pouco fizeram para evitar o encolhimento da empresa, tornaram-se liberais difusos, enxergam as empresas estatais como grande problema e não como saída”.

O XVI Congrenf termina na noite de hoje, com a realização de plenária final com participação apenas dos delegados e delegadas. Esta etapa de encerramento sistematiza propostas da região para a Campanha Reivindicatória e elege representantes ao 18° Confup (Congresso da Federação Única dos Petroleiros), que também será realizado de modo online, na próxima quinzena.