Petrobras continua produtiva e lucrativa – Cláudio Oliveira

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BALANÇO DE 2015 PUBLICADO MOSTRA QUE PETROBRAS, NA ESSÊNCIA, CONTINUA PRODUTIVA E LUCRATIVA

Cláudio da Costa Oliveira*

 

As demonstrações financeiras publicadas no último dia 21 de março, mesmo que registrando um prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões, causado por um ajuste contábil, chamado de “impairment” (vide anexo) que , em síntese, no caso da Petrobras, trata-se de um exercício de hipóteses distantes da realidade da empresa e desprovidos de bom senso e lógica, mostra também que a empresa mantem intactos todos os seus aspectos positivos.

Apesar de que muitos insistam em tentar denegrir o nome da Petrobras, afirmando que“está quebrada”, “está arruinada” etc, os números apresentados no balanço auditado, mostram uma empresa equilibrada e fadada ao sucesso.
Este artigo é baseado apenas em dados oficiais da empresa.

SITUAÇÃO ECONÔMICA

Como já exposto em artigo anterior (“A Verdade Sobre a Petrobras”), a queda no preço internacional do barril de petróleo melhora o resultado da Petrobras em função de:

– A receita da Petrobras não tem vinculação com o preço internacional do barril. Está baseada nos preços dos combustíveis que nós pagamos aqui no mercado interno. Hoje, acreditamos que este valor equivale a um preço de barril entre US$ 70 e US$ 80;

– Os gastos com royaties e participações especiais caem, pois estes sim, tem os cálculos vinculados ao preço do barril.
– Aumenta a margem da Petrobras na importação e revenda de combustíveis no mercado interno.

Por outro lado, a desvalorização do Real em relação ao US$ atua no sentido inverso, prejudicando o resultado em função de:

– Aumenta os custos baseados em US$, como royalties e participações especiais. (note-se então que royalties tem efeito positivo com a queda do preço do barril, e efeito negativo com a desvalorização do Real).
– Aumenta os gastos com juros com empréstimos efetuados em moeda estrangeira.
– Aumenta o valor total da dívida em moeda estrangeira, com importante efeito contábil (não financeiro) no resultado.

De qualquer forma, considerados os efeitos positivos e negativos, o Lucro Bruto da Petrobras apresentou em 2015 um crescimento de 23 % em relação a 2014, passando de R$ 80,4 bilhões para R$ 98,6 bilhões. Significa dizer que, entre outras causas, o efeito positivo da queda no preço do barril superou o efeito negativo da variação cambial.
Infelizmente, como estávamos antevendo no artigo anterior (A Verdade sobre a Petrobras) existe uma “obsessão pelo prejuízo” não importando os reflexos sobre a imagem da empresa. Assim, no 4º trimestre foi feito um ajuste contábil ou “impairment” no valor de R$ 49 bilhões, tornando impossível qualquer possibilidade de apresentação de lucro em 2015. Importante lembrar que nenhuma das grandes petroleiras, Shell, BP, Chevron etc, registraram perdas por “impairment”, apesar de terem muito mais motivo para isso do que a Petrobras. Elas entenderam que não cabia este tipo de registro tendo em vista a volatilidade do preço internacional do barril. Parece que a Petrobras gosta de ser mais realista que o rei.

De qualquer forma, entramos com um questionamento junto à ouvidoria da Receita Federal, solicitando uma avaliação dos critérios usados pela Petrobras no levantamento dos números. Fato relevante também é que dos 5 membros do Conselho Fiscal da Petrobras, 2 se recusaram a aprovar o Balanço, exatamente devido ao “impairment”, e apresentaram estudos independentes mostrando valores completamente diferentes.
Menos mal que o “impairment” tem somente efeito contábil (econômico), não afetando a situação financeira da empresa como veremos a seguir.

SITUAÇÃO FINANCEIRA

O “impairment” não afetou a situação financeira, e o caixa da empresa permaneceu no nível elevadíssimo que estava ao final do 3º trimestre (R$ 100 bilhões). A liquidez corrente ( ativo corrente/passivo corrente ) está muito bem equilibrada acima de 1,50. A liquidez imediata (caixa/passivo corrente) perto de 0,90. Significa dizer que a empresa tem em caixa 90% de tudo que ela tem para pagar nos próximos 12 meses o que é extremamente confortável.

Sobre isto, o Presidente Bendine, em entrevista logo após a divulgação dos resultados, reconheceu que “a empresa tem capacidade de caixa suficiente até o final de 2017”. Portanto não há o que se falar sobre venda de ativos por necessidade de caixa.

O Presidente Bendine realçou também o fato da empresa ter apresentado um fluxo de caixa livre positivo de R$ 15,6 bilhões em 2015, contra um fluxo de caixa livre negativo de R$ 19,6 bilhões em 2014. Isto indica uma tendência extremamente favorável do ponto de vista financeiro.

Verificamos portanto que a empresa apresenta uma situação financeira equilibrada e o equacionamento da amortização da elevada dívida não é “bicho de sete cabeças”.

SITUAÇÃO PATRIMONIAL
Acreditamos que este seja o aspecto mais positivo na visão geral da empresa. Em recente declaração a Diretora Geral da ANP, Magda Chambriard, informou que as reservas totais de petróleo da Petrobras atingiram 40 bilhões de barris. Trata-se de uma situação ímpar, que mostra as perspectivas futuras da empresa. Junta-se a isto a existência de uma força de trabalho treinada, tecnologia e equipamentos adequados, para extrair petróleo do pré-sal num custo altamente competitivo, o mais baixo custo entre as “majors”.

Só este fato faz com que o Banco de Desenvolvimento da China garanta linhas de financiamento para a Petrobras, tendo como garantia a promessa de fornecimento futuro de petróleo.

O novo plano de negócios da Petrobras, mesmo depois de cortes, prevê investimentos de US$ 20 bilhões por ano, nos próximos 5 anos. Que empresa no mundo tem um programa de investimento tão relevante? Como uma empresa que, como dizem a mídia e vários parlamentares, está com sérios problemas econômicos e financeiros, pode pretender sustentar estes investimentos?

CONCLUSÃO

Por mais que queiram deprecia-la, por inconfessáveis intenções, a Petrobras não tem o que temer por ter aspectos que nenhuma outra petroleira no mundo tem, como um excelente mercado cativo como brasileiro, preço de venda no mercado interno que não sofre oscilações, reservas invejáveis, e pessoal e tecnologia adequadas.

Agora em 2016, quando não há mais nada ser “inventado” para gerar prejuízos, a Petrobras vai mostrar o que sempre foi, o que nunca mudou e que, nos últimos anos, estava apenas artificialmente camuflado: o fato de que, queiram ou não queiram, trata-se de uma empresa antes de tudo sustentável, produtiva e rentável.

Não deixem de acessar o site da Petrobras e ver a Demonstrações Financeiras. Leiam as notas explicativas.
Ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos em nosso email [email protected]

 

* – Economista Aposentado da Petrobras

 

ANEXO
Para melhor entendimento do leitor, vamos tentar esclarecer o que é “Impairment” , uma palavra inglesa que significa deterioração.
Tecnicamente trata-se da redução do valor recuperável de um bem ativo.
Na prática quer dizer que as companhias tem de avaliar, periodicamente, os ativos que geram resultados antes de contabiliza-los no balanço.
No Brasil, as metodologias para avaliação são estipuladas na NBC-TG 01, de 07.10.2010, formulada pelo Conselho Federal de Contabilidade e consistem em projetar o potencial de geração de caixa de uma empresa e calcular o valor presente do caixa projetado.
No caso da Petrobras, para cálculo do valor presente é utilizada a metodologia conhecida como WACC (Weight Average Cost of Capital) ou em português “Custo Médio Ponderado do Capital”
No cálculo do “impairment” em 2015, a Petrobras considerou a perda de geração futura de caixa de suas reservas de petróleo, considerando a queda o preço internacional do barril. E, para estabelecer o valor presente foi utilizada uma taxa mais elevada, tendo em vista a perda do “grau de investimento” atribuído pelas empresas de “rating”.
O primeiro ponto de nossa contestação é que não poderia ser utilizado o preço internacional do barril para determinar a geração de caixa futura, tendo em vista que, como já vimos, as receitas na Petrobras não estão vinculadas às oscilações do preço do barril
E vejam, mesmo as petroleiras que tem suas receitas vinculadas ao preço internacional não fizeram o “impairment”, alegando a volatilidade do preço do petróleo. Quem pode afirmar que daqui a 5 anos o preço do barril vai estar nos níveis de hoje?
Poderiam alegar que “se” a Petrobras fosse colocada à venda hoje, os compradores baseariam suas ofertas no preço internacional atual do barril. Mas pelo que nós sabemos a Petrobras não está à venda. Ou será que está?
Portanto o cálculo do “impairment” na Petrobras é baseado em:
1) “Se” o preço do barril se mantiver nos mesmos níveis de hoje durante 10 anos.
2) “Se” a receita da Petrobras fosse baseada no preço internacional do barril
3) “Se” a Petrobras estivesse à venda.
È um exercício baseado em hipóteses inadequadas para a Petrobras
Outro erro grave que temos visto na imprensa, é querer comparar o resultado da Petrobras com os de outras petroleiras, sem analisar adequadamente as causas das diferenças. Em 2015 muitas petroleiras apresentaram lucro (Exxon, Total, Chevron, Shell) outras apresentaram prejuízo (BP, Statoil, ComocoPhillips). Os resultados destas empresas mostraram dois importantes aspectos comuns:
1) Todas sofreram pesadamente com a queda do preço do barril, umas mais e outras menos.
2) A maioria delas não fez ajuste contábil (impairment) em função desta queda no preço do barril. As que fizeram foi com valores não relevantes
Portanto não é adequado comparar com a Petrobras, que não sofreu com a queda do preço do barril, mas estranhamente fez o “impairment” de R$ 49 bilhões.
Cabe aproveitar a ocasião para falar sobre o “grau de investimento” atribuído pelas empresas de “rating” (Moods, Standard and Poors etc), que a mídia costuma dar tanta ênfase e importância.
Primeiro vamos lembrar que a Petrobras foi criada em 1954 e só veio a adquirir “grau de investimento” em 2007. Portanto a empresa cresceu e se desenvolveu durante 53 anos e ninguém percebeu que ela não tinha o “importante grau de investimento”
O fato é que as empresas de “rating” estão completamente desmoralizadas. Elas recebem dinheiro de grandes Bancos e Empresas para atribuir “rating” de acordo com seus interesses: em 2010 foi feito um documentário chamado “Trabalho Interno”, que recebeu o Oscar em 2011, e esclarece bem o assunto.
Assim, uma empresa como a Petrobras com grandes jazidas descobertas e excelentes perspectivas, perde o “grau de investimento”, enquanto outras petroleiras, que dependem do preço do barril, estão amargando grandes e verdadeiros prejuízos (não por “impairment), tendo de vender ativos para fechar o caixa, tem seus “ratings” elevados.