Petrobras desafia petroleiros

A postura da empresa na última rodada de negociações, em relação aos temas segurança e terceirização, é exemplo marcante do desafio que os petroleiros tem pela frente, na próxima mobilização do dia 19 de outubro. Depois de ter diversas plataformas interditadas por insegurança; verdadeiro caos aéreo nos embarques e desembarques na região, que culminou com o desastre e a morte de quatro trabalhadores contratados; ocorrências de vazamentos de gases tóxicos e inflamáveis em terra e no mar; a empresa ainda teima em manter sua política para segurança e terceirização.

 Após duras críticas e de mobilizações por parte da categoria, como o trancaço em Cabiúnas e a Greve pela Vida na Bacia de Campos, as propostas da Petrobrás para os dois temas foram consideradas pífias pela FUP, que assim registrou na rodada de negociações. Ao mesmo tempo, a empresa descartou as reivindicações de SMS e de terceirização apresentadas pela FUP, evidenciando a total falta de vontade política da Companhia, em alterar suas políticas contratação e segurança.

Além de se negar a realizar o diagnóstico conjunto com a FUP das práticas de SMS, conforme foi acordado no Fórum Nacional, a Petrobrás não apresentou qualquer proposta que aponte uma mudança significativa em relação às atuais diretrizes de saúde e segurança. A Petrobrás não atende às reivindicações da categoria, e em suas proposições repete as velhas táticas marqueteiras de “avaliar”, “estudar”, “facilitar”, “onde couber”…

PCAC – Outro tema em disputa neste ACT é o PCAC, que a empresa insiste em transformar em ferramenta de gerentes. A recente mudança, disfarçada de plano de aceleração, é na verdade mais uma forma de dar aos gerentes instrumentos para punir trabalhadores , que se destacam na defesa das melhorias nas condições de trabalho. A empresa se nega a atender a reivindicação de estender os dois níveis para toda a categoria.

 Ganho Real – Em relação ao ganho real de salários, a Petrobrás se mantém calada, marcando a apresentação da proposta para depois da nossa mobilização. Os diversos outros temas importantes para a categoria foram simplesmente ignorados pela empresa.

Chegou o momento da categoria petroleira, mais uma vez, mostrar que faz da luta por melhores condições de trabalho o caminho para as conquistas. Os petroleiros sabem que não há conquista sem luta, nenhuma das muitas vitórias que estão consolidadas nos acordos coletivos caíram do céu.

Não é no campo das negociações que verdadeiramente se dá a disputa do acordo coletivo. As ações do dia a dia e as mobilizações se revelam as “armas” que cada lado tem para o confronto.  O capital já vem apresentando suas armas para essa campanha há algum tempo. Uma delas foi a implantação unilateral desse programa para aceleração de carreiras, que escolhe quem vai avançar mais e quem vai frear na carreira, e discrimina os que tem mais tempo de companhia. Outra, foi a insistência na campanha de PLR, de manter a possibilidade de pagar bônus para quem tem cargo comissionado. E outra ainda, foi a aplicação de punições para trabalhadores que lutavam pela vida. Do lado dos trabalhadores o antídoto para tantas as artimanhas gerenciais é um só: A UNIDADE.

A mobilização nacional, marcada para dia 19, pode e deve dar um recado para a alta administração da empresa: “JUNTOS SOMOS FORTES E VAMOS À LUTA!”. A categoria com essa atitude deixará claro para os gestores que não se intimida com as artimanhas para, de forma sistemática, atingir sua unidade. O propósito é claro: criar grupos e castas e isolar aqueles que se destacam na luta. A resposta também deve ser clara: “Não deixamos nossos companheiros pelo caminho! Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo!”

Para responder a esse desafio é que os petroleiros e petroleiras no Norte Fluminense tem marcado um compromisso nesse domingo: realização de Assembleias para decretar estado de greve e assembleia permanente, além de aprovar a mobilização do dia 19. Esse é o primeiro passo para a construção de movimentos fortes e coesos nessa campanha reivindicatória. Se sua plataforma ainda não realizou assembleias, contribua para que ela aconteça e participe. Vamos à luta!

Macaé, 15 de outubro de 2011

Diretoria Executiva do Sindipetro-NF