Da Imprensa da FUP – Levantamento feito pelo jornal O Globo, com base em dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, revelou que 28.845 anúncios da Petrobrás e da Eletrobras foram veiculados em canais no YouTube que veiculam notícias falsas, defendem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) e pedem uma intervenção militar no Brasil, entre janeiro de 2017 e julho de 2019. De acordo com a reportagem, embora o levantamento se restrinja ao período entre 2017 e 2019, a prática continua.
O sistema de publicidade digital utilizado pela Petrobrás é conhecido como programático. Funciona assim: as empresas definem um público-alvo e contratam agências para executar as campanhas. As agências, por sua vez, repassam a verba das ações para intermediárias, conhecidas no mercado publicitário como “redes de conteúdo”.
No caso da estatal, a empresa contratada foi a multinacional Reachlocal, que foi a responsável por pagar o YouTube, que pertence ao Google. A própria plataforma de vídeos distribui anúncios pelos canais de acordo com seu algoritmo que combina elementos como o perfil desejado pelo cliente e os canais com mais audiência dentro deste perfil.
Entre os blogueiros que receberam verba publicitária da Petrobrás e que são investigados pelo STF estão Allan dos Santos, do canal “Terça Livre”, Enzo Leonardo Suzi Momenti, do canal “Enzuh”, e Bernardo Pires Kuster. Os três foram alvos de mandados de busca e apreensão na última quarta-feira. O “Terça Livre”, de Santos, veiculou 3.490 anúncios pagos pela Petrobrás. Já o canal de Kuster no YouTube veiculou 3.602 anúncios, enquanto o canal de Momenti veiculou 1.192.
Canal que mais veiculou anúncios da Petrobras, com 10.027, “O Giro de Notícias” é ancorado pelo youtuber Alberto Silva. Com 1,15 milhão de inscritos, o canal é conhecido por criticar o STF e por defender a intervenção militar. Em sua descrição, o veículo afirma que é “independente” e que “não recebe dinheiro de empresas públicas”.
Outros canais que defendem abertamente uma intervenção militar também veicularam anúncios. O “Intervenção Militar Ceará” recebeu por 693 anúncios da Petrobrás. O “Intervencionistas do Brasil News” recebeu por 101. A lista de vídeos do veículo é repleta de postagens defendendo intervenção militar e com ataques ao STF e ao Congresso. Em um deles, o título é: “Queremos a cabeça do STF”.
Procuradas, as estatais alegaram que não fizeram indicação direta de quais sites ou canais deveriam receber a verba destinada pela empresa para mídia digital. De acordo com a Petrobrás, são os algoritmos das redes de conteúdo contratadas por ela que fazem a distribuição da verba e a companhia disse que utiliza ferramentas “para identificar conteúdos impróprios para a marca, e que, “se durante a campanha houver a constatação de veiculação em canais inadequados, é solicitada a exclusão deles”.
Diante deste comentário da empresa podemos chegar às seguintes conclusões: o direcionamento de público-alvo feito pela empresa para seleção destes canais são de pessoas que defendem a intervenção militar e críticos ao STF. Além de que a empresa não vê problema para a imagem da marca estar ligada a conteúdos deste tipo, além de informações falsas que são usadas para confundir a mente de potenciais eleitores.
Sendo assim, fica clara a posição da atual gestão da Petrobrás. Assim como seu antecessor, Castello Branco apoia a intervenção militar dentro do STF e do Congresso. E quer que a marca esteja ligada a este tipo de conteúdo.
Qual a imagem queremos da Petrobrás?
Esta?
Ou esta?
Nós, da Federação Única dos Petroleiros queremos nossa empresa com sua marca atrelada a grandes conquistas, como a pesquisa e o desenvolvimento. Apoiando a cultura, a ciência e o progresso do país. Muito diferente do que pensa o governo federal, que em 2019 encerrou o contrato com a McLaren, por exemplo. O presidente Jair Bolsonaro havia publicado em sua conta no Twitter em maio de 2019, que por decisão de seu governo a Petrobrás estava buscando uma maneira de rescindir o contrato com a McLaren, também sem apresentar os motivos. Logo ele, que não acredita na interferência do Estado na gestão de empresas.O desenvolvimento dos produtos para a McLaren ocorreria, ao longo de 2018, no centro de pesquisas da Petrobras (Cenpes), na cidade do Rio de Janeiro. Quer uma propaganda melhor que esta? Na concepção da atual gestão, melhor mesmo é investir em canais de fake news e pró intervenção militar no Youtube.
[Nota da Federação Única dos Petroleiros]